Morcegos para o café da manhã escrita por U5H10


Capítulo 1
Voa, voa morceguinho.


Notas iniciais do capítulo

"Some men aren't looking for anything logical like money. They can't be bought, bullied, reasoned or negotiated with. Some men just wanna watch the world burn."



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Mesmo grisalho, o mesmo cabelo verde limão mal cuidado e o não tão impecável terno roxo, companheiros de tantos anos e o dobro de aventuras, o acompanhavam em seus esquemas doentios já tomados como rotina na vida de certo bilionário com dupla identidade. Joker, o palhaço se intitulava. Joker o caos espalhava.

Roubar não era suficiente, matar não era suficiente. Ele queria vê-los queimar, ver Gotham queimar. E, juntamente com suas piadas macabras com humor pouco visível, ele espalharia sorrisos, talvez forçados, mas, ainda sim, belos sorrisos.

Mas nem todos apreciavam sua belíssima arte, o grande ideal por trás de seus trajes antiquados e atos estupidamente macabros e geniais.

Afinal, não era ele somente um louco.

Afinal, não era ele tão diferente do homem de vestes negras por quem tanto era obcecado.

E então, jurou para si e para todos ao seu redor que, enquanto seus ossos aguentassem seu peso, nem que seja necessário rastejar, o palhaço ainda sim pintaria seus lábios de vermelho e vestiria seu antigo paletó. Tudo por uma causa maior. Tudo porque alguns homens só querem ver o mundo pegar fogo.

E com esse pensamento seguiu em sua missão. Imergiu em suas causas desonestas e a sua rotineira sede por anarquia em momento algum o abandonou.

Incompreendido e subestimado, o palhaço seguia incansavelmente à busca de novos desafios. Algo que fosse realmente interessante destruir.

Não demorou muito a descobrir que a monotonia que via em cada rosto o entediava e parecia querer excluí-lo da sociedade. Ignorantes, Joker os julgou. Como um livro infantil sem ilustrações e tão idiota quanto. Firmou-se ainda mais e decidiu colorir de rubro tal realidade cinzenta e sem graça.

E, do nada, em meio a sua rebelião interior que naquele instante grande parte da população daquela cidade, considerada por ele medíocre, já tinha como inimiga, algo mudou os planos até então concretos de Joker. Esse era Batman, que, além de possuir um nome tão estranho quanto o próprio palhaço, ainda corria com sua imponente aura e capa negra desafiando meliantes nas noites sombrias de Gotham.

Fascinou-se, pegou-se perguntando inúmeras vezes a si mesmo se aquele homem era mesmo uma ameaça tão diferente do que já havia encontrado até o momento. Seu instinto dizia que sim, e apesar de nem acreditar em coisas deste gênero, decidiu que brincaria com o tal vigilante noturno.

O que nunca imaginou é que fosse dedicar tantas horas, tantos dias e tantos anos em busca da mesma coisa e ainda sim a obsessão pelo morcego continuasse fresca em sua mente.

Viu-se então se esquecer da cidade, das pessoas, da polícia e até mesmo dos colegas mafiosos que tanto se impunham em seu caminho.

Em seus pensamentos palavras soltas iam aos poucos criando planos e mais planos envolvendo certo Cavaleiro das Trevas.

Para Joker era intrigante ver o modo como Batman agia. Como alguém tinha esperança em meio a tanto caos e ainda lutar por mentes já há muito perdidas?

O palhaço o confrontaria e teria suas tão aguardadas respostas enquanto vê o mocinho de Gotham esfarelar-se por dentre suas mãos lentamente, e, quem saiba, consiga no fim colocar um belo e agonizante sorriso na face daquele que tanto o fascina.

Mas, enquanto isso não acontece, ele está satisfeito.

Pois a única coisa que Joker quer é morcegos para o café da manhã.

Voa, voa morceguinho
Quero ver você voar
Faz de conta que é mocinho
Só pra ti irei cantar
Voa, voa morceguinho
Voa, voa lá em Gotham
Vou ficar aqui quietinho
Pra esperar seu fim cruel


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Notas finais do capítulo

Brilha, brilha estrelinha (8



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