Estou na cozinha do meu apartamento fazendo café antes de ir para a empresa. Eu acordei mais cedo hoje, de novo, pois mal consegui dormir por ter ficado relembrando o meu beijo com David.

“Estou me sentindo uma adolescente que se apaixona pela primeira vez”. Penso com um sorriso bobo, que logo se desmancha quando me lembro da minha primeira paixão. Não, minha primeira - segunda e até terceira -, paixão não havia sido nada boa.

Hill entra na cozinha com um sorriso do coringa nos lábios, me tirando dos meus pensamentos.

– Onde você estava ontem à noite? – Pergunto me lembrando de que quando cheguei do apartamento de David, ela não estava em casa e eu também não tinha a visto chegar.

– Antônio me levou para um Pub, e depois fomos para a casa dele – Responde com um sorriso safado.

– A noite parece ter sido boa. Você está com o sorriso do Gato de Cheshire – Falo rindo maliciosa e Hill joga o pano de prato na minha cara.

– Você não está muito atrás, Srta. Waltter – Comenta passando geleia na sua torrada.

–Temos muito o que conversar, mas não agora ou eu vou acabar me atrasando e eu quero chegar mais cedo hoje – Digo terminando de tomar o meu café.

– Tudo bem, eu tenho tempo. Não vou precisar trabalhar essa semana – Diz fazendo uma dancinha da vitória. Rio da sua meninice e lhe sopro um beijo antes de sair de casa.

Entro no elevador e sinto meu celular vibrar dentro da minha bolsa, o pego e atendo sem olhar no visor.

– Alô? – Atendo franzindo a testa.

– Alexia? Já está na empresa? – Ouço a voz de David e só de escutar sua voz meu coração acelera. “Calma, Alexia”. Repreendo-me mentalmente. Eu tinha combinado – comigo mesma –, que no trabalho eu iria agir profissionalmente com David, seja qual fosse a nossa relação fora da empresa.

– Eu estou no caminho, na verdade – Respondo.

– Bom. Então, será que você poderia passar no meu apartamento antes de ir para a empresa? – Pergunta envergonhado. “David envergonhado?”.

– Claro. Aconteceu alguma coisa com Nicole? – Pergunto preocupada e saio do elevador.

– Sim e não. Bem, é que ela não quer colocar a roupa que eu escolhi para ela, porque diz que não “combina” e perguntou se você poderia fazer isso – Responde e faz um muxoxo quando termina.

– Claro que posso. Chego aí em alguns minutos – Digo rindo e deligo o celular para pegar um táxi.

Chego alguns minutos depois e toco a companhia do apartamento de David. Lis, a recepcionista, tinha dito que meu chefe me deu um passe livre e que eu não precisava mais ligar para o apartamento dele antes de entrar. Escuto um “A porta está aberta”, então entro e procuro por David e Nicole.

– Nicole, você precisa comer! – Escuto a voz frustrada de David vindo da cozinha e vou para o local.

– Não! – Diz Nicole e a vejo cruzando os braços, sentada na sua cadeirinha. David estava do lado dela tentando lhe dar uma papa verde.

– Eu a entendo. Eu também não iria querer comer essa coisa – Digo parada na porta da cozinha.

David revira os olhos para mim, mas sorri em comprimento. Sorrio de volta e olho para Nicole que ainda estava com a roupa que eu tinha colocado nela ontem.

– Tia Lex! – Nicole grita da sua cadeirinha estendendo os seus bracinhos na minha direção. Tudo bem que Lex é o nome do cachorro da minha vizinha, mas era bem mais fácil para ela falar. Achei fofo o jeito que ela falou meu novo apelido.

– Como vai, querida? – Pergunto a tirando de sua cadeirinha, e ela sorri agradecida.

– Você não está ajudando, ela precisa comer e eu ainda tenho que me arrumar – David diz e eu reparo pela primeira vez que ele ainda está de pijama também.

– Bom, então vá se arrumar que eu cuido dela – Digo ignorando o comentário mau humorado dele. Coloquei Nicole na cadeirinha de novo, que desta vez não protestou, e comecei a procurar alguma coisa que ela pudesse comer.

Vejo que David abre a boca para falar algo, mas não o fez e vai para seu quarto se arrumar.

Encontrei uma caixa de cereal no armário. Peguei o leite na geladeira e misturei os dois em uma tigela. Nicole comeu animada o cereal, e quando terminei de dar a ela, eu a levei para o quarto que ela ficou na noite passada.

Eu escolhi uma calça jeans de cintura de elástico, com uma blusa de manga curta azul escura. Peguei uma sapatilha preta que eu achei em baixo da cama e levei Nicole para o banheiro para junto com as roupas que eu peguei dentro da sua bolsa.

Dei um banho nela, mas cuidei para não molhar o meu vestido social preto. Coloquei Nicole em cima do balcão e a sequei, depois coloquei as roupas nela deixando seus cabelos por ultimo.

Escovo seus dentes e prendo seus cabelos em um rabo de cavalo alto, deixando somente sua franja reta solta na frente de seus olhos.

Sorrio para ela e fico satisfeita com o resultado.

– Gostou? – Pergunto a virando de frente para o espelho.

– Sim! – Exclama e bate palminhas animada. Rio com o seu entusiasmo e pego ela no colo indo até a sala, onde David provavelmente já estava nos esperando.

Ele está conversando com alguém pelo celular, como sempre, mas encerra a ligação depois que entramos no local.

– Prontas? – Pergunta sorrindo.

– Prontas? Onde você está pensando em deixa Nicole, seu gênio? – Pergunto sarcástica. É engraçado ver o quanto uma criança de três anos tinha desestabilizado David, e que ela parecia ser a única que ele não tinha como mandar.

– Eu não pensei nisso, na verdade – Responde franzindo a testa. “Ele fica lindo confuso.” Penso. “Se concentre, Alexia!” Minha consciência me repreende.

– Precisamos de alguém de confiança, que não vá contar para ninguém sobre Nicole, se pedirmos isso – Digo e logo sorrio pensando em alguém perfeito para isso – Bom, eu tenho uma sugestão, mas não sei se você vai concordar.

– Quem?

– Hilary, minha melhor amiga. Ela não vai trabalhar hoje, e é uma pessoa de confiança – Sugiro sorrindo.

– Tem certeza que ela não vai se importar? – David questiona.

– Bom, só vamos descobrir se perguntarmos – Respondo colocando Nicole sentada no sofá para pegar a minha bolsa. Ligo para Hill que atende no segundo toque.

– Fala Loira! – Diz quando atende.

– Hill, eu preciso de um favor seu...

[...]

– Essa é sua filha? – Hill pergunta para David pela terceira vez, olhando de Nicole para ele, alternativamente.

– Sim! Vamos, Hill. Você aceita ou não? – Pergunto frustrada.

Eu tinha ligado para Hill, e pedi para que ela viesse no apartamento de David. Eu contei mais ou menos a situação por cima e perguntei se ela podia ficar com Nicole enquanto eu e David trabalhávamos.

– Claro que sim, eu jamais me recusaria de ficar com essa coisa fofa! – Hill exclama pegando Nicole do meu colo.

Admito que fico com um pouco de ciúmes, porque Nicole gostou dela também, mas descartei esse sentimento. Nicole não é minha filha, eu não tenho o porquê ficar com ciúmes dela.

– Não se esqueça de que você não pode contar sobre ela a ninguém – David alerta pegando o resto de suas coisas.

– Já entendi, e decorei, essa parte Sr. Gostoso! – Hill fala indiferente.

– Sr. Gostoso? – David pergunta rindo.

– Sim, é assim que eu e a loira te chamamos em casa – Ela responde ainda brincando com a Nicole. Eu fico vermelha e não sei aonde enfiar a cara, quando David fica me encarando com a sobrancelha arqueada.

– Vamos?! Eu tenho muito o que fazer na empresa e não quero chegar atrasada – Digo pegando minha bolsa e dando um beijo nas bochechas das meninas.

Passo por David quando o mesmo diz que tem que pegar alguma coisa no seu quarto.

Suspiro de alivio no elevador por não precisar ir com ele para a empresa.

Chego à empresa alguns minutos depois, e vou para a minha mesa começar o meu trabalho.

Organizo tudo para a reunião, que teríamos mais tarde, com uma empresa importante de Londres.

Não vejo David chegando, mas vou para a sala de reuniões de qualquer jeito e começo a organizar tudo no seu devido lugar.

Eu amava meu trabalho, e podia não ter o melhor salário do mundo, mas eu não tinha como reclamar dele também. Não me arrependo, em nenhum momento, de ter feito faculdade de Administração, porque era a faculdade que realmente combinava comigo.

Saio dos meus pensamentos alheios quando as pessoas começam a chegar e eu vou até a porta recepcionar eles.

Quase todos na nossa empresa já estavam sentados na grande mesa de reuniões. Só faltava David e a outra empresa chegarem.

Ainda faltava alguns minutos para o horário que marcamos a reunião, quando David finalmente chega acompanhado por um homem de no máximo 25 anos, e uma mulher que eu imagino como sendo a secretaria dele.

Ele é muito bonito, isso eu tinha que admitir. Seus cabelos loiros junto com seus olhos azuis deixavam uma boa marca nele. Sua altura combinava perfeitamente com sua estrutura muscular.

A secretaria dele é bonita também, mas ficava olhando para a porta parecendo querer fugir da sala. Novata.

– Obrigado a todos por terem chegado mais cedo. Podemos começar – David diz se sentando na ponta da mesa comigo ao seu lado.

A reunião estava andando tranquilamente. Eu anotei cada palavra, como sempre, e então percebi que o Londrino estava olhando para os meus seios. Meu vestido não tinha um decote profundo, mas tinha um, porém nada vulgar.

Remexo-me na minha cadeira, desconfortável, mas não arrumei meu decote, porque ficaria ainda mais estranho se eu ficasse mexendo nos meus seios para arrumar o vestido.

David me olhou discretamente, e eu balancei a cabeça para ele. No final da reunião, ou melhor, daquela reunião, pois alguns funcionários ainda ficariam para a próxima reunião, o Londrino se levantou despedindo-se de David depois de fecharem contrato.

– Eu vou falar com a sua secretaria para não atrapalhar a reunião – Diz o Londrino para David, que arqueia a sobrancelha na minha direção em uma pergunta silenciosa de: “Você vai ir?” e eu devolvo com: “O que você faria se eu fosse?”. É claro que eu não ficaria sozinha com aquele tarado, mas eu gostava de desafiar David quando tinha oportunidade.

– Não creio que seja necessário. Eu entro em contato com você, em breve - David diz antes que eu possa realmente ir, e seu tom de voz deixa bem claro que ele não voltaria atrás no assunto. O Londrino parece entender a indireta e sai da sala com a sua secretaria no seu alcance.

– Acho que já podemos continuar a reunião - Dexter fala jogando a tampa de sua caneta em David, quando o mesmo se senta no seu lugar. Dexter lança um sorriso malicioso para mim e para David, deixando um claro "Ai tem" no seu olhar.

A segunda reunião havia sido mais cansativa que a primeira, mas todos estavam satisfeitos e aliviados pelos problemas da empresa terem sido resolvidos.

Depois de todos terem saído da sala de reuniões, eu a organizei e deixei do jeito que estava antes das reuniões, como sempre fazia.

Fui para a minha sala e peguei a minha bolsa e vejo no meu celular que tenho uma mensagem de Hill e a respondo.

Depois do trabalho vem aqui para irmos embora juntas. Pfvr - Hilary

Ok, quero mesmo dar um beijo em Nick. - Alexia

Estou com ciúmes! - Hilary

Não fique! Eu ainda te amo, gata. - Alexia

Acho bom mesmo! Tbm te amo, gostosa. - Hilary

Estou saindo da empresa. Beijos! - Alexia

Estou esperando. Beijos... - Hilary

Rio com as nossas idiotices e entro no elevador, mas acabo tropeçando quando tranco o salto no vão do elevador. Equilibro-me e me segurando em algo solido. suspiro de alivio e endireito o corpo dando de cara com David que está com o rosto limpo de qualquer expressão.

Posiciono-me do seu lado e engulo em seco por dois motivos: 1º Porque não tinha ninguém além de nós dois no elevador e 2º Porque David não parecia estar com um bom humor e eu acho que a culpa é minha.

– Está bravo comigo, por causa do Londrino? - Pergunto olhando para ele com os cantos dos olhos.

– Londrino? - Pergunta arqueando uma sobrancelha, ainda sem expressar sentimento algum.

– É, eu não me lembro do seu nome, então o chamo de Londrino - Explico revirando os olhos, mesmo que ele não esteja olhando para mim.

– Então você o vê uma vez, e já dá apelidos para ele - Murmura e pela primeira vez se mostra amuado.

– Ciúmes? - Brinco rindo, mas paro quando ele não responde - Você está com ciúmes do Londrino? Eu nem falei com ele, ou melhor, eu nem conheço ele!

– Ele estava bem entereçado em você - Comenta carrancudo.

Eu começo a rir da sua careta e passo meus braços em volta do seu pescoço.

– Sabe, você fica lindo com ciúmes - Digo sorrindo e David revira os olhos.

– Não gosto de sentir ciúmes - Fala finalmente abraçando a minha cintura.

Sorrio para ele e David me beija calmamente, mas me separo dele quando o elevador para.

– Vou pegar Hill no seu apartamento e deixar um beijo em Nick - Digo a David, quando o mesmo me pergunta se eu quero que ele me leve para casa.

– Só em Nicole? - Brinca sorrindo. Seu humor, graças aos céus, havia melhorado.

– Depende - Respondo entrando no seu carro.

– Suas ferias começam essa semana - David me lembra dirigindo em direção ao seu apartamento.

– Verdade, eu tinha me esquecido - Digo franzindo a testa.

– Só você se esquece das próprias férias - Fala rindo.

– Gosto de ser diferente - Me defendo.

– O que vai fazer? - Pergunta e para no estacionamento do prédio.

– Ainda não sei, não planejei nada - Respondo e subimos até seu andar, e entramos no apartamento dele.

– Tia Lex! - Nick exclama abraçando minhas pernas.

– Hey, querida! - Cumprimento me abaixando para lhe pegar no colo.

– Tia Hill fez trança no meu cabelo - Diz me mostrando seu cabelo que tinha uma traça espinha de peixe. Nicole ainda fala enrolado, mas fala bem para a sua idade.

– Que linda! Porque não mostra ao seu pai? - Pergunto e ela desce do meu colo correndo na direção de David, que prontamente a pega.

Vejo os dois conversarem animadamente e faço sinal a Hill para irmos.

– Estamos indo - Digo a David acenando, mas ele vem na nossa direção.

– Obrigado por ter ficado com Nicole hoje, Hilary - David agradece sorrindo para ela e Nick vai para o colo de Hill.

– Por nada, Sr. gostoso - Hill pisca para ele. David ri com o apelido e me olha dando-me um selinho em seguida. Era a primeira vez que nos beijávamos na frente de alguém e eu fiquei vermelha com o olhar que Hill me lançou.

– Boa noite - David sussurra para mim.

– Boa noite - Sorrio e dou um beijo na bochecha de Nick que estava no chão.

– Não se esqueça de não ir trabalhar amanhã - David avisa.

– Pode deixar chefe - Digo e vejo-o fazer uma careta - Mas você sabe que pode me ligar caso aconteça algum problema.

– Eu sei me virar sem você

– Você disse a mesma coisa da última vez - O lembro cruzando os braços.

– Ok, temos que ir - Hill diz me puxando do apartamento de David e vamos para casa.

Eu e Hill compramos sorvete no caminho de casa e quando chegamos, nós tomamos banho e depois nos sentamos no sofá com os sorvetes.

– Vamos olhar um filme? - Hill pergunta pegando duas colheres na cozinha.

– Claro. Qual? - Pergunto me ajeitado no sofá pegando um pote de sorvete e uma colher.

– Que tal Sr. e Sra. Smith? - Pergunta sentando do meu lado e se escorando em mim.

– De novo? - pergunto a vendo fazer o mesmo que eu depois de colocar o CD do filme no aparelho, ligando a TV.

– Sim - Responde rindo.

Depois que o filme acabou, contei para Hill sobre ontem e hoje, e ela se animou e disse que estava feliz por finalmente estarmos juntos.

– Bom, não estamos "juntos" oficialmente - Digo estalando os dedos.

– Ainda. Mas sinto que David vai pedir para namorar você, logo - Diz sorrindo.

– Agora me diz... Você e Antônio? - Questiono sorrindo sapeca.

– Também não é nada oficial - Diz escorando a cabeça no meu colo.

– Ainda. - Repito o que havia dito a mim. Hill ri e suspira.

– Mas eu acho que gosto dele sabe? Ele é diferente

– Para, Hilary Daly Tipson, apaixonada? - Pergunto apavorada.

– Eu não disse que estou apaixonada... - Diz rindo - Mas talvez eu esteja mesmo apaixonada.

– Não acredito! - Grito animada e Hill pega uma almofada, subindo em mim para tapar a minha boca com ela.

– Cala boca sua doida. Eu disse talvez! - Exclama rindo - Vai parar de gritar? - Pergunta e eu concordo com a cabeça e espero até ela tirar a almofada para dar um gritinho contido.

– “Talvez” já é muita coisa para você - Digo fugindo dela, que queria tapar minha boca de novo.

– Ele é diferente - Diz de novo.

– Estou vendo, e eu tenho que conhecer ele - Afirmo arrumando a bagunça que tínhamos feito.

– Você o conhece - Hill diz confusa e me ajuda.

– Corrigindo: Eu o vi uma vez, e eu estava bêbada - Digo me lembrando da antepenúltima vez que eu fiquei bêbada.

– Mas conheceu, e aquele dia foi legal - Diz também lembrando e ri.

– Bom, não sei o seu, mas o meu dia foi cansativo e eu vou dormir - Falo recolhendo uma almofada do chão e colocando em cima do sofá.

– Ok, vou ver mais um filme.

– Bonne nuit! (Boa noite!) - Desejo em Francês.

– Buonanotte! (Boa noite!) - Hill responde em Italiano.

Eu sempre gostei mais de Francês, e Hill, obviamente, Italiano. Outra diferença nossa que nos completava.

Eu me deito na cama e lembro-me de uma cena no filme Alice no País das Maravilhas:

– Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui? - Perguntou Alice.

– Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.

– Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.

– Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.

Naquela noite eu dormi com um sorriso no rosto e feliz com o caminho que eu tinha escolhido.

"A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser."