Sede escrita por Tutti


Capítulo 1
Capítulo Único




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Elesis estava com sede.

Infernos, ela estava com muita sede!

Grunhindo, revirou-se na cama, totalmente acordada. Sua garganta queimava e ela nem se lembrava de quando foi a última vez que se sentiu assim. Mentira, ela se lembrava, exatamente na noite passada e na anterior e na anterior.

Malditos dias de tortura.

 Mexeu os pés freneticamente para arrancar os lençóis de si, deixando uma bagunça na cama, mas ela não poderia se importar menos porque deuses; Ela está com sede!

Era a terceira vez essa semana que isso acontecia. Terceira! Acordava ao meio da noite, ofegante, suada, com a garganta queimando e uma sede que competia com os chãos arenosos do vale do juramento.

Virou-se para a estante ao seu lado, tateando-a desesperadamente em busca da jarra que havia deixado com água, suas mãos tremiam mais que o normal, mais que da noite passada, mais que a alguns minutos atrás. Alcançou o objeto e o puxou, ignorando totalmente a existência do copo.

Nem sabia ainda o porquê trouxe um copo já que nunca o usou.

Balançava o objeto de vidro de tal forma que se ainda houvesse alguma gota d’agua lá dentro provavelmente já teria sido derramada. E para o seu azar não havia nenhuma.

Isso era desesperador.

Colocou a jarra de volta em cima da estante com um pouco mais de força que o normal, mas como dito antes – Ela não poderia se importar menos, porque Deuses; Ela estava com sede!

Uma olhada rápida no relógio em cima da cômoda informou-lhe que fazem apenas dez minutos que bebeu todo o líquido. Dez. Minutos. A esse nível tem quase certeza que já pode se inscrever, e ganhar, em alguma competição que envolvesse beber quantidades absurdas de água no menor tempo possível.

O que, por sinal, seria uma competição saudável que incentivava o consumo de água e – e ela estava com sede.

Voltou seu olhar para as suas mãos, essas quais apertavam os lençóis da cama com força. Mesmo tomando uma jarra inteira ainda se encontrava com muita sede, mais do que há dez minutos atrás!

Isso era loucura. Há uma lógica natural para as coisas que não estava sendo comprida aqui.

De repente respirar ficou difícil. Uma queimação na garganta e o quarto todo girava e duplicava. Há duas, três, quatro; portas, camas, estantes. É tudo tão confuso, misturado, bagunçado.

E a sede é ainda pior.

Respirar é pior.

O quarto parecia menor, e menor, e menor.

Ela está quase louca.

Tomando um folego seco. Quando ar ficou tão seco assim? Levantou-se da cama a cambaleadas, caminhando rápido e desajeitada para a porta a abrindo de forma desesperada.

Em algum lugar sua mente talvez tenha registrado o barulho dela batendo contra a parede, mas não tinha certeza.

De repente era tudo tão confuso, e se achou que seu quarto era ruim, o corredor era pior. Havia tantos objetos e ele pareceu tão pequeno e longo, distante, comprido.

Deuses.

E respirar se tornou pior ainda.

Cada passo até as escadas é contado, ela tem que contar! Ela vai contar, caso contrário não consegue imaginar o que vai acontecer se se perder nesses sentimentos.

Um, dois, três, dez, doze, vinte, trinta; conta todos, curtos, longos, apressados. Todos até a escada.

Finalmente as escadas!

Segura fortemente no corrimão enquanto desce rapidamente, a visão já começando a apagar.

Estava com medo, o que vem depois da escuridão?

Da escada a cozinha é o mesmo ritual, a mesma distração. Talvez, rezava, a sede fosse embora?

Quatro, cinco, seis, dez. Longo, curto, acelerado, lento. Ops, tropeçou.

Tremia ansiosa, desesperada, agoniada, suava de frio, de medo, de desespero. Finalmente entrou na cozinha! Não se aguenta em pé, mas isso não importa, pois, a sua frente estava a geladeira.

Água. Ela estava com sede.

Deuses ela estava realmente com sede e ela precisava de água agora!

Seu corpo todo queimava. É doloroso, agoniante. Suava, tremia, gemia em dor e desespero.

Rosnava de ansiedade.

Abre a geladeira tão desesperada, há algo, uma voz la no fundo que lhe diz; mate a sede. Mate a sede. Mate a sede!

Joga a mão no seu interior puxando a jarra e tudo que a antes dela consigo. O barulho? Pouco importa.

Ela tem que matar a sede!

Trouxe-a rapidamente aos lábios e a vira totalmente sobre si em goles longo, grandes quantidades de água caem pelas laterais de seu rosto, molhando suas roupas.

Mas ela tem que matar a sede.

E a sede não passa, não passa!

Desesperada começa a beber mais e mais rápido, em maiores goles até que a jarra se encontra vazia.

E a sede não passa!

Em fúria, joga o objeto na parede mais próxima, rosnando em raiva.

Os sintomas pareciam estar piores e piores. Seu corpo se treme a ponto de duvidar de uma convunção. Seus joelhos sedem e vai de encontro com o piso da cozinha, a vista some gradualmente e a queimação no corpo piora.

Elesis geme em dor e cai e se curvando no chão da cozinha, abraçando o próprio corpo.

Deuses, o que estava acontecendo consigo?

Então a luz da cozinha acende. Desesperada, vira-se rapidamente em direção a porta, seu olhar cravado nas figuras que entravam; A Arquimaga, o Caçador de recompensas e a Comandante, todos a encaravam atentamente.

Arme, cautelosamente, deu um passo à frente hesitante sobre a situação.

— Elesis?

Era um chamado, um simples chamado, e a fez quase consciente de tudo, da dor, da queimação, do desespero, da sede.

Ela estava com sede.

Abriu a boca para tentar responder, falar que algo, um pedido de ajuda, qualquer coisa! Nada, nenhum som, não havia voz. Não havia nada além de sons incompreensíveis.

Mas eram o suficiente para que Arme chegasse, rapidamente, ao seu lado no chão.

O que foi um grande erro.

— Ela está muito pálida, é melhor levar ela para enfermaria. — Advertiu Lothos.

Um cheiro doce, bom, delicioso tomou conta dos arredores, impregnando o local.

Era quase enjoativo, como tanto convidativo.

Convidativo ao que?

Lupus, que apenas se manteve a observar de fundo, estreitou os olhos.

Desesperada olhou para cima, qualquer lugar, tentando afastar sua mente de lá. Da Arme, da cozinha, da sede.

Tinha que pedir para ela se afastar, tinha que falar algo.

Qualquer coisa!

Abriu a boca querendo pedir para a Arquimaga sair de perto, seu cheiro, seu maldito cheiro a deixaria louca! E em vez disso sua respiração ficou mais rápida, a sede aumentou, a queimação na garganta ficou mais forte e mais forte.

— Elesis, vamos para a enfermaria.

Olhou para cima, passou seu olhar pela amiga para a Comandante até parar no Caçador de recompensa mais atrás, pedindo silenciosamente por ajuda.

E grandes três deusas, ela só tinha mais um segundo, um segundo! Ela só precisava de mais um segundo e então tudo... tudo!

Ela não sabia e sabia ao mesmo tempo, e é tudo confuso.

O ar, a agua, o cheiro, o lugar.

Algo vem, do interior de si, consegue sentir, comendo, torcendo, rasgando-a, uma vontade animalesca aproxima-se de sua consciência rapidamente.

Tão rapidamente.

O jovem louro arregalou os olhos.

— Arme, se afaste dela agora! – Alerta o rapaz, correndo em direção as duas.

E o aviso é dado tão tarde.

E o cheiro a sua volta, de repente, é tão bom.

Elesis se levanta e avança em direção a Arme, empurra-a para armário, abre a boca o máximo que pode antes de afundar os dentes na curva de seu pescoço. Uma grande quantidade de sangue é jorrada no processo sujando a si e a sua amiga, mas ela não se importa.

Bebe-o desesperadamente em goles longos.

É tão doce.

Somente quando o gosto metálico invade sua boca, somente enquanto da longos e longos goles que se sente bem, se sente certo.

Se sente incrível.

E não se importa de ser puxava para trás, de ser prendida contra o chão, de sua amiga que a encara em choque e do sangue que escorre e mancha o chão, o armário e suas roupas, pois ela se sente bem.

Elesis sente completamente saciada.


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Notas finais do capítulo

Link da Fanfic no AS: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-grand-chase-sede-3547231/capitulo1



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