New Moon Nova Versão escrita por Samara Cullen


Capítulo 2
Capítulo dois: Pressão




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__ Eu vou estar na praia - Disse pra Billy abruptamente, e corri para a porta.

Estar do lado de fora não me ajudou tanto quanto eu esperava. As nuvens empurravam um peso invisível que não permitia que a claustrofobia fosse embora. A floresta parecia estranhamente vazia enquanto eu caminhava na direção da praia. Eu não via os animais - nada de pássaros, nada de esquilos. Eu também não ouvia os pássaros.
O silêncio era melancólico; não havia nem o som do vento nas árvores.
Eu sabia que isso era só um produto do tempo, mas isso ainda me deixou nervosa. A pressão pesada, quente da atmosfera era perceptível até para os meus fracos sensos humanos, e isso significava algo mais no departamento climático. Uma olhada para o céu levou minhas suspeitas embora; as nuvens estavam se agitando preguiçosamente apesar do pouco vento que havia no chão. As nuvens mais próximas erma de uma cor cinza de fumaça, mas entre as aberturas, eu podia ver uma outra camada que era de uma horrível cor roxa. Os céus tinham um horrível plano pra hoje. Os animais deviam estar se escondendo.
Assim que eu cheguei na praia, eu desejei não ter vindo - eu já tinha agüentado esse lugar o suficiente.
Eu havia estado aqui quase todos os dias, vagando sozinha. Será que isso era tão diferente dos meus pesadelos? Mas onde mais eu poderia ir? Eu me abaixei para a árvore de salgueiro, e me sentei no seu fim pra poder me encostar nas raízes emaranhadas. Eu olhei para o céu raivoso sangrando, esperando que as primeiras gotas de chuva quebrassem a quietude.
Eu tentei não pensar no perigo que Jacob e seus amigos estavam correndo. Porque nada podia acontecer com Jacob. O pensamento era insuportável. Eu já havia perdido muito - será que o destino iria levar embora os únicos traços de paz que foram deixados pra trás? Isso parecia injusto, fora de equilíbrio. Mas talvez eu tivesse violado alguma regra desconhecida, cruzado alguma linha que havia me condenado. Talvez fosse errado estar envolvida com tantos mitos e lendas, para a minha volta para o mundo dos humanos. Talvez.
Não. Nada aconteceria com Jacob. Eu tinha que acreditar nisso ou nunca seria capaz de funcionar direito.

__ Argh! - eu rosnei, e pulei pra fora do tronco. Eu não podia ficar sentada, isso era pior que ficar vagando.

Eu realmente estava contando com ouvir Edward essa manhã. Parecia que essa era a única coisa que faria esse dia suportável de viver.
O buraco estava em chamas ultimamente, como se ele estivesse se vagando pelos momentos em que a presença de Jacob o acalmava. As extremidades queimavam.
As ondas aumentaram enquanto eu andava, começando a se chocarem com as rochas, mas ainda não havia nenhum vento. Eu me senti esmagada pela pressão da tempestade. Tudo estava girando ao meu redor, mas eu estava perfeitamente imóvel onde estava. O ar sofreu um leve alteração elétrica - eu podia sentir a estática nos meus cabelos.
Á distância, as ondas estavam mais raivosas do que estavam na costa.
Eu podia ver elas banhando a fila de precipícios, espalhando grandes nuvens brancas que saiam do mar em direção ao céu.
Ainda não havia nenhum movimento no ar, apesar das nuvens estarem se movendo mais rapidamente agora.
Era uma vista melancólica - como se as nuvens estivessem se movendo por vontade própria.
Eu tremi, apesar de saber que isso era só um truque da pressão.
Os precipícios pareciam a ponta de uma faca preta indo contra o céu lívido. Olhando pra eles, eu me lembrei do dia em que Jacob me contou sobre Sam e sua "gangue". Eu pensei nos garotos - nos lobisomens - jogando a si mesmos no espaço vazio. As imagens das figuras caindo, rodopiando, ainda estavam vívidas na minha memória. Eu imaginei a liberdade infinita da queda... eu imaginei o jeito como a voz de Edward soaria na minha cabeça - furiosa, aveludada, perfeita... – Eu sabia que devia voltar para casa e ficar com Will, mais queria tanto ouvir sua voz - A queimadura no meu peito ardendo de forma agonizante.
Tinha que haver um jeito de extinguir isso. A dor estava mais intolerável a cada segundo. Eu olhei para os precipícios e para as ondas batendo.
Bem, porque não? Porque não extingui-lo agora?
Jacob havia me prometido o mergulho nos penhascos, não havia? Só porque ele não estava disponível, será que eu devia abrir mão da distração que eu precisava tanto - e precisa ainda mais porque Jacob estava arriscando sua vida?
Se arriscando, em essência, por mim. Se não fosse por mim, Victória não estaria matando pessoas aqui... só alguma outra pessoa, em um lugar distante. Se alguma coisa acontecesse com Jacob, seria minha culpa. Essa realização me atingiu profundamente como uma facada e eu saí correndo pela estrada na direção da casa de Billy, onde minha caminhonete estava esperando.
Eu sabia o caminho para a rua que passava mais próxima dos penhascos, mas eu tive que fazer um pequeno desvio para o caminho que me levaria á beira deles.
Enquanto eu seguia por aí, eu procurei por retornos ou encruzilhadas, sabendo que Jake havia planejado me levar para o penhasco mais baixo e não para o mais, mas o caminho acabava numa única linha fina na direção dos penhascos me deixando sem opção.
Eu não tinha tempo pra procurar outro caminho pra baixo - a tempestade estava se movendo mais rapidamente agora.
O vento finalmente havia começado a me tocar, as nuvens se aproximando ainda mais do chão. Assim que eu cheguei no fim do caminho de terra que levava ao precipício de pedra, as primeiras gotas começaram a cair e bater no meu rosto.
Não foi muito difícil me convencer de que eu não tinha tempo pra procurar outro caminho - eu queria pular do topo. Essa era a imagem que havia ficado grudada na minha cabeça. Eu queria a longa queda que faria parecer que eu estava voando.
Eu sabia que essa era a coisa mais estúpida e irresponsável que eu já havia feito. Esse pensamento me fez sorrir. A dor já estava se acalmando, como se o meu corpo soubesse que a voz de Edward estava a apenas alguns segundos de distância... O oceano parecia muito distante, de alguma forma mais do que antes, quando eu estava passeando perto da árvore. Eu fiz uma careta quando pensei na provável temperatura da água.
Mas eu não ia deixar isso me impedir.
O vento soprava mais forte agora, soprando a chuva como um redemoinho ao meu redor.
Eu pisei na beira do precipício, mantendo meus olhos no espaço vazio á minha frente. Meus pés seguiram em frente cegamente, acariciando a margem da pedra quando a encontraram. Eu respirei fundo e segurei a respiração... esperando.

__ Bella.

Eu sorri e exalei

__ Sim? - Eu não respondi em voz alta, com medo que o som da minha voz alta fizesse a minha linda ilusão desaparecer.

Ele parecia tão real, tão próximo. Era só quando mentir era reprovável como nessa hora que eu conseguia ouvir a memória real da sua voz - a textura aveludada, a entonação musical que fazia a mais perfeita das vozes.

__ Não faça isso - ele implorou.

__ Você queria que eu fosse humana - eu lembrei ele. - Bem, me observe.

__ Por favor. Por mim... Pelo William ele precisa de você.

__ Mas de outro jeito você não vai ficar comigo.

__ Por favor - era só um sussurro na chuva forte que soprava os meus cabelos e encharcava as minhas roupas, me deixando tão molhada como se eu estivesse dando o segundo mergulho do dia.
Eu rolei nos calcanhares.

__ Não, Bella! - ele estava com raiva agora, e a raiva era tão adorável.

Eu sorri e ergui meus braços pra fora, como se eu fosse mergulhar, levantando o meu rosto para a chuva. – Eu pensava em Will, nunca deixei de pensa nele em nenhum momento, mais era tão grande minha dor - Mas eu estava bem treinada demais por causa dos anos de piscinas públicas - pés primeiro, primeira vez. Eu me inclinei para a frente, me abaixando pra conseguir mais impulso...
E me joguei no penhasco.
Eu gritei enquanto caia no espaço como um meteoro, mas era um grito de excitação, não de medo. O vento resistiu, tentando inutilmente lutar contra a invencível gravidade, se empurrando contra mim e me girando em espirais como um foguete caindo na terra.
Sim! A palavra ecoou na minha cabeça enquanto eu entrava cortando na superfície da água.
Ela estava mais fria, mais gelada do que eu temia, e mesmo assim o frio só aumentou a adrenalina.
Eu estava orgulhosa de mim mesma enquanto mergulhava mais fundo na água negra congelante. Eu não tive nenhum momento de terror - só pura adrenalina. Realmente, a queda não foi nem um pouco assustadora. Onde estava o desafio?
Foi aí que a corrente me pegou.
Eu estive tão preocupada com o tamanho dos penhascos, com o óbvio perigo da sua altura das suas faces afiadas, que eu não havia me preocupado nem um pouco com a água negra esperando. Eu nunca sonhei que a verdadeira ameaça estivesse embaixo de mim, embaixo da maré alta.
Eu senti que as ondas estavam brigando comigo, me jogando pra frente pra trás, como se estivessem determinadas a se juntarem pra me partir ao meio.
Eu sabia o jeito certo de evitar a maré cheia: era melhor nadar paralelamente até a praia do que lutar pra chegar na praia. Mas esse conhecimento não ajudou muito já que eu não sabia pra que lado a costa estava.
Eu nem sabia dizer pra que lado estava a superfície.
A água raivosa era preta em todas as direções; não havia nem um brilho pra me guiar. A gravidade era toda poderosa quando lutava com o ar, mas ela não era nada nas ondas - eu não conseguia me sentir sendo puxada pra baixo, ser guiada em nenhuma direção.
Eu só podia sentir o banho das correntes que me jogavam pra lá e pra cá como se eu fosse uma boneca de pano.
Eu lutei pra manter o meu ar pra dentro, pra manter os meus lábios selados na minha última reserva de oxigênio.
Não me surpreendeu que a minha ilusão de Edward estava lá. Ele me devia muito, levando em consideração que eu estava morrendo. Eu estava surpresa de ver o quanto esse conhecimento era certo. Eu ia me afogar. Eu estava me afogando.

__ Continue nadando! - Edward implorou urgentemente na minha cabeça.

__ Pra onde? - Não havia nada além da escuridão. Não havia nenhum lugar pra nadar.

__ Pare com isso! - ele ordenou. - Não se atreva a desistir! Bella pelo amor de Deus nós demos um filho que precisa de você.

Eu sabia disso melhor que ninguém mas a água gelada estava deixando meus braços e pernas dormentes. Eu nem sentia mais as ondas batendo. Agora era mais como uma vertigem, como um rodopio sem esperança na água.
Mas eu escutei ele. Eu forcei meus braços a continuarem avançando, minhas pernas a chutarem com mais força, apesar de estar indo para uma direção diferente a cada segundo. Isso não estava levando a nada. Qual era o ponto?

__ Lute! - ele gritou. - Droga, Bella, continue lutando.

__ Porque?

Eu não queria mais lutar. E não era a cabeça leve, o frio, e nem os meus braços falhando quando os meus músculos desistiram de exaustão, que me deixaram contente por estar aqui onde eu estava. – Charlie cuidaria bem de Will eu tinha certeza disso, e que eles nunca esquecessem o quanto eu os amei e o quanto eu tentei - Eu estava quase feliz por estar tudo acabado. Essa era uma morte mais fácil do que as outras que eu enfrentei. Estranhamente tranqüila.
Eu pensei brevemente nos clichês, de como você devia ver a sua vida passando na frente dos seus olhos. Eu tinha muito mais sorte. Quem queria ver um replay, afinal?
Eu via ele, e eu não tinha vontade de lutar. Era tão claro, quase mais definido do que qualquer memória. Meu subconsciente havia guardado Edward com perfeição de detalhes, guardando ele para esse momento final.
Eu podia ver seu rosto perfeito como se ele estivesse realmente lá; o tom exato da sua pele gelada, o formato dos seus lábios, a linha da sua mandíbula, o brilho nos seus furiosos olhos dourados.
Ele estava com raiva, naturalmente, por eu estar desistindo. Seus dentes estavam trincados
e suas narinas estavam infladas de raiva.

__ Não! Bella, não!

Meus ouvidos estavam cheios da água gelada, mas a voz dele estava mais clara que nunca.
Eu ignorei as palavras dele e tentei me concentrar no som da sua voz. Porque eu iria lutar quando estava tão feliz por estar aqui?
Mesmo com os meus pulmões queimando por mais ar e com minhas pernas congeladas pela água fria, eu estava feliz. Eu havia me esquecido do que é a verdadeira felicidade.
Felicidade. Isso fazia toda a coisa de estar morrendo ser bem suportável.
A corrente ganhou nesse momento, me jogando abruptamente contra alguma coisa dura, uma rocha invisível na escuridão. Ela bateu solidamente no meu peito, me atingindo como uma barra de ferro, e então o ar foi roubado dos meus pulmões, escapando com uma grossa nuvem de bolhas prateadas.
A água entrou pela minha garganta, me engasgando e queimando. A barra de aço parecia estar me arrastando, me puxando pra longe de Edward, mais profundamente para a escuridão, para o fundo do oceano.

__ Adeus, eu te amo - foi meu último pensamento.

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