Gatinha Manhosa escrita por Myla Oliveira


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Estava entediada e sem sono, daí comecei a escutar essa música e a ideia me veio em mente. Espero que gostem ♥



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Eu ainda me lembro da primeira vez que a vi. O nariz empinado e os cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo perfeito. Acho que as pessoas subestimam o quanto um garoto de 11 anos pode ficar apaixonado, e como o primeiro amor pode mexer com o seu coração por todos os seus anos no colegial.

Mas me deixa explicar, sou Scorpius Malfoy. Talvez essa história não faz mais sentido, pois já é antiga e sem fundamento, mas minha família e a dos Weasley sempre se odiaram, desde a primeira geração até os dias atuais. Só que atualmente, as pessoas davam menos bola para isso, assim como para a rivalidade entre Sonserina e Grifnória, ela não acabou totalmente, mas quase não existe mais.

Então, imagina como é para mim ser apaixonado por uma Weasley, e o pior de tudo, sempre que começamos a conversar acabamos discutindo, seja pelos motivos mais banais, vamos discutir, então a alguns meses atrás paramos de tentar, mesmo pelo Alvo. Alvo Potter era meu melhor amigo e ele era um Weasley também, viu como as coisas mudam? Ele sempre insistia para que eu falasse com Rose, acho que bem lá no fundo ele sabia que eu era completamente apaixonado por ela desde que a vi naquela estação aos 11 anos. Mas uma coisa é ser amigo de um Weasley, outra coisa é ser apaixonado por um deles.

Eu gostava de pensar que éramos como Romeu e Julieta, obvio que sem o final trágico e sem a parte em que eles se apaixonam pela primeira vista e ficam juntos o máximo que conseguem. Bom, acho que é só a parte em que eu me apaixono a primeira vista e nossas famílias serem rivais, a comparação acaba por aí.

– Hey, cara, temos que ir agora se quisermos pegar uma carruagem – diz Alvo e eu assinto – Olha, sei que é difícil todo esse lance com Rose, mas você tem que superar e bola para frente ou então faça alguma coisa, deixe-a saber como se sente.

– Não faço a menor idéia do que está falando – digo dando de ombros – E a propósito, ela tem um namorado.

– Miller? Ele é um otário – diz Alvo revirando os olhos e eu sorrio – Espero que não fique com raiva de mim, mas Rose vai com a gente até Hogsmeade.

– Ela vai passar o dia conosco? – pergunto com um tonzinho de esperança.

– Não, vai encontrar com o Miller por lá.

– Ah...

– Se anime, Scorpius! – diz ele me empurrando de leve.

– Eu estou animado, cara! É Hogsmeade! – digo ironicamente e ele revira os olhos.

Terminamos de descer as escadas e vamos para o jardim para nos encontrarmos com Rose e pegar uma carruagem.

– Oi – ela diz vindo até nós em passos apressados.

– Oi – diz Alvo a dando um rápido abraço. Ela sorri para mim e eu retribuo, mas não falamos mais nada.

Vamos para carruagem e ela e Alvo começam uma discussão sobre quadribol, era isso que era incrível nela, a maioria das garotas de hoje em dia não estão nem aí para quadribol e ela não ligava para isso, era uma versão completamente diferente de todas as garotas que você poderia conhecer.

– O que acha sobre isso, Scorpius? – ela pergunta do nada e eu arregalo os olhos.

– Me desculpe, eu não escutei – digo e ela franze as sobrancelhas.

– Diga a Alvo que os Chudley Cannons são melhores que Falmouth Falcons! – diz ela e eu sorrio.

– Eles são muito, muito melhores, Alvo sabe disso, só não admite! – digo e ela sorri e concorda com a cabeça.

– Não são não, fala sério!

– Claro que são, eles ganharam o último jogo! – diz Rose cruzando os braços.

– E o penúltimo – digo e ele me lança um olhar mortal.

– Eles são melhores – diz ela com um tom mais manhoso e Alvo revira os olhos.

– Ta bom, Rosie, eles são melhores!

– Eles são, não é? – ela diz sorrindo de orelha a orelha e Alvo ri da expressão dela, acabo rindo também. Passamos o resto da viagem até Hogsmeade falando sobre Quadribol, e devo acrescentar que Rose e eu não acabamos brigando, porque pela primeira vez estávamos do mesmo lado do jogo.

– Vejo vocês mais tarde – ela diz e dá um abraço rápido em Alvo e então vem até mim me dando um abraça também, acho que meu coração quase parou quando ela fez isso e ela provavelmente percebeu, pois se afastou em um tom um pouco corado e colocou uma mecha do cabelo ruivo atrás da orelha

– Até mais.

– Até – responde Alvo e então se vira para mim com um sorriso malicioso.

– Cale a boca! – digo revirando os olhos e saindo dali, ele me segue rindo.

– Cara, Rose quase nunca te abraça, mas quando abraça você fica com uma cara tão idiota, que nem sei como ela tem coragem de te abraçar de novo.

– Não é verdade – digo com uma careta, pois eu sabia muito bem que era completamente verdade.

– Vou gravar da próxima vez, ganhei aquele aparelho trouxa de Natal e ele é bem mais útil que cartas.

– Se chama celular, Alvo – digo e ele concorda.

– Sim, isso daí mesmo.

Vamos para o Três Vassouras e pedimos nossas cervejas amanteigadas.

– Scorpius, você sabe que está perdendo tempo, não é? – ele diz sério.

– Do que está falando? – digo como se não soubesse e dou um gole grande na minha cerveja.

– Você sabe o que é, já vai começar nosso último ano, você deveria fazer alguma coisa. Fala sério cara, você gosta dela a seis anos!

– Isso não depende só de mim, ta legal? – digo impaciente – E outra, ela está namorando o cara mais popular da escola, nunca iria querer nada comigo!

– Ambos sabemos que Miller é um idiota, e que não é e nunca será bom o suficiente para Rose!

– Não importa, Al, ela gosta dele.

– Não gosta nada – ela revira os olhos e eu arqueio as sobrancelhas – Certo, Lílian e eu pegamos o diário da Rose.

– Vocês o que? – pergunto olhando ao redor para ter certeza de que ninguém ouvira, Rose o mataria e me mataria por pensar que eu era cúmplice.

– Fizemos isso um milhão de vezes, relaxa! – ele dá de ombros e dá um sorriso divertido – Quer saber o que estava escrito lá ou não?

– Já que começou termina – digo e ele enfia a mão no bolso interno do casaco e me entrega um livrinho cor de rosa.

– Abra na metade – ele manda e eu o abro, ele passa algumas folhas para mim e eu começo a ler – Eu vou no banheiro, vai lendo enquanto isso.

– Certo – concordo e o vejo se afastar, sabia que ele só queria me dar privacidade e o agradeço mentalmente por isso quando começo a ler

“Querido diário,

Miller é um amor, ou ele tenta ser na maioria das vezes, mas ambos sabemos que ele é um grande idiota. Ele e Mackenzie estão tendo um caso a quase um mês, acho que ele pensa que eu não sei e se acha o máximo por isso. Sei que deveria estar chateada, mas a verdade é que realmente não me importo, Miller é só alguém com quem é legal estar as vezes e um bom amigo, eu deveria simplesmente terminar com ele e colocar a culpa na traição, acho que assim seria mais fácil.

E também tem aquela outra pessoa, mas ele ou não gosta de mim ou nunca vai admitir, e bom... não serei eu a dar o primeiro passo. Lembro que na festa de 14 anos de Alvo fui até ele e lhe dei um super abraço quando ele chegou n’A Toca e adivinha só? Ele não falou comigo pelo resto da noite! Nem na hora de ir embora! Sempre que conversamos, ou pelo menos na maioria das vezes, acabamos brigando, acho que está na hora de deixar para lá. Não quero ficar como algumas garotas de Hogwarts correndo atrás dele, e não vou.

Acho que vou terminar com Miller amanhã em Hogsmeade, não faz sentido continuarmos juntos, estamos enganando um ao outro. E vai me fazer bem ficar sozinha, não sou nenhuma gatinha indefesa, sou uma Grifinória, uma leoa, que se dane a opinião alheia.”

Releio umas duas vezes até ter certeza que não estava alucinando, era eu o garoto da festa de 14 anos de Alvo, era eu quem sempre discutia com ela e era eu que tinha que dar o primeiro passo! Talvez a essa altura ela já tivesse terminado com o Miller, pego o meu casaco e o diário e corro para fora do Três Vassouras sem nem pensar duas vezes.

Passo pelas ruas lotadas de Hogsmeade e a procuro por quase meia hora antes de encontrá-la perto da Casa dos Gritos, ela estava sozinha brincando com a neve que se acumulava em seus pés de forma distraída.

– Hey – chamo e ela se vira para mim assustada e então assume uma expressão surpresa.

– Oi.

– Acho que isso é seu – digo e lhe entrego o diário, ela cora tanto que suas bochechas quase ficam mais vermelhas que seu cabelo, ela se aproxima rapidamente e o pega da minha mão.

– Onde você cons.... Lílian – diz e revira os olhos o guardando.

– E Alvo – completo e ela suspira e encara os próprios pés.

– Você... ahn... leu alguma coisa? – pergunta e eu me aproximo um pouco.

– A última página, que você escreveu ontem – digo e ela assente.

– Isso foi errado, é invasão de privacidade.

– Eu sei, me desculpa – digo e ela dá de ombros – Você já terminou com o Miller?

– Já, acho que ele ficou feliz por poder ficar com Mackenzie sem me magoar, vamos continuar amigos – diz e eu mordo um pouco os lábios.

– E você está legal com isso?-

Se você leu a última página sabe que não me importo – diz e eu suspiro e tento criar coragem. Era agora ou nunca.

– Sobre quem era a outra parte? Quem era o garoto? – pergunto e ela volta a encarar o chão e se abraça.

– Realmente precisamos falar sobre isso? – pergunta impaciente.

– Responde a pergunta, Rose.

– Você sabe a resposta, agora se me dá licença – diz e passa por mim, puxo seu braço e a faço fica de frente para mim.

– Você é a garota mais incrível que eu conheço – digo e ela arregala os olhos por alguns segundos.

– Eu... o que?

– Eu sou apaixonado por você desde que te vi naquela estação de trem a seis anos atrás e nunca teria falado isso, nunca teria me permitido falar isso em voz alta se não tivesse liso seu diário.

– Talvez deva agradecer a Alvo – ela diz num sussurro e eu sorrio com o seu tom de voz.

– É só isso que tem a dizer?

– O que mais quer ouvir? – ela pergunta e eu tombo a cabeça para o lado.

– Não banque a gatinha manhosa agora.

– Sou uma leoa, não uma gatinha – ela diz e eu assinto.

– Você tem razão.

– Eu geralmente tenho.

– O que me diz? – pergunto e seguro seu rosto entre as mãos – Vai embarcar nessa comigo ou vamos continuar fingindo que estamos bem aonde estamos?

Ela segura a gola do meu casaco e me puxa para baixo para encostar os lábios nos meus, continuo segurando seu rosto e só nos separamos para tomar fôlego.

– Por favor, me diga que isso foi um sim – digo e ela sorri.

– Sempre será um sim.


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Notas finais do capítulo

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