Pov Tris.
Senti um movimento na cama e me remexi um pouco. Não queria acordar ainda. Senti um leve carinho nos meus cabelos e então uma voz masculina que me arrepiava e aquecia sempre que eu ouvia.
"Você me assustou um pouco hoje garota" - me sentei assustada e encarei o garoto a minha frente.
" Peter? O que você está fazendo?"- eu realmente estava feliz em ve-lo, mas de alguma forma aquilo era estranho.
"Eu precisava saber como você estava" - ele estava sendo sincero.
" Estou bem. Sua namorada não conseguiu o que queria. Você e Quatro chegaram a tempo então acho que devo te agradecer." - eu provoquei levemente, mas acho q ele não levou isso a sério.
"Ela não era minha namorada" - eu quase sorri com aquilo, mas ela parecia uma pra mim, ela agia como tal.
"Não? Ela sempre me pareceu como uma."
"Ela é louca... Mas fique tranquila ela não irá mais te perseguir."
"O que você fez?"
"Lhe disse quais são meus sentimentos pra ela" - minha curiosidade deve ter ficado evidente, porque ele logo completou -"Não foi nada romântico".
"Oh... Você não deveria estar no dormitório?" - mudei de assunto.
"Provavelmente."-respondeu simplesmente. -"Você também deveria estar lá."
"Sim e eu gostaria. Mas Quatro esta me mantendo aqui por segurança diz ele" - a superproteção de Quatro me irritava as vezes.
"Entendo, mas não concordo. Já disse que resolvi as coisas com Molly."
"Certo" - eu disse e um silêncio se instalou no quarto.
Peter estava me olhando como se eu fosse o brilho do sol após um longo inverno, seus olhos se prenderam em meus lábios e por insegurança eu os mordi. Quando percebi suas mãos se embrenharam em mim, uma em meu cabelo próximo a nuca e outra em minha cintura, me puxando pra perto, e nós nos beijamos. Ele era inicialmente contido, somente um roçar, eu não sabia exatamente como fazer isso, era meu primeiro beijo. Então seguia somente seus movimentos. Logo sua língua estava pedindo passagem entre meus lábios, eu cedi. O sabor mentolado de sua boca era ainda melhor do que eu imaginei. Seu beijo me aqueceu de uma forma louca. Até que um barulho na porta nos interrompeu e eu pulei pra trás nos separando abruptamente. A luz preencheu o quarto em seguida.
"O que está acontecendo aqui?"- havia me esquecido completamente de onde estávamos. No quarto de Quatro.
Que droga.
"Então... Pode me dizer o que esta fazendo no meu quarto Peter?" - não parecia que ele tinha visto qualquer coisa.
"Estava procurando Tris".
"Você deveria estar no dormitório garoto, eu disse que cuidava dela" - ele o repreendeu, as vezes era bem difícil acreditar que ele tinha somente 18 anos.
"Ela também deveria, não sei o que os outros iniciados achariam de saber que ela esta dormindo no seu quarto. Alguém poderia dizer-lhes que isso a ajudou na classificação de alguma forma." - Peter sabia jogar sujo, ele era um verdadeiro idiota quando queria.
"Eles não tem de achar nada, ela irá ficar aqui"- Quatro rebateu. Aquela briguinha já estava me irritando. Eles queriam decidir por mim.
"Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui"- os dois me encaravam, Quatro parecia não acreditar que eu me rebelava, Peter parecia segurar um sorriso me olhando admirado -"E eu realmente acho que deveria voltar para meu dormitório"
"Mas e se Molly tentar algo?" -Quatro tentou.
"Eu acho que sei me virar quando estou atenta, e eu realmente vou estar assim essa noite"- eu disse já de pé.
"Se é o que você quer? Estarei de olho nas câmeras de qualquer forma" - ele finalizou.
" Bom já que é assim, já podemos ir não é? Você vem agora?" - Peter me perguntou e eu assento.
"Muito obrigada de qualquer forma Quatro" - eu agradeci antes de sairmos em direção ao dormitório.
Antes de chegarmos lá, ao passar pelo Abismo, vimos algo estranho, um corpo ia e voltava com a força da água e eu suspeitava que conhecia o cabelo preto embolado sobre a cabeça. Eu não pude controlar um grito que saiu estrangulado da minha garganta.
"oh meu Deus é... É... Molly".
Meu grito deve ter alertado todos, pois logo alguns membros Audácia retiravam o corpo ensopado e aparentemente sem vida de Molly.
Uma enfermeira fez alguns procedimentos e disse que ela havia entrado em coma. E que muito provavelmente ela não voltaria tão cedo e teria diversas sequelas. Eles iriam manda-la para um hospital na Erudição. Eu não sabia o que pensar, mas eu estava me sentindo culpada sobre isso.