Doragon Blood escrita por Lady Loreley York Lancaster


Capítulo 3
Capítulo 3 - Um Caminho de Flores e Lágrimas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6195/chapter/3


Capítulo 3 - Um Caminho de Flores e Lágrimas



Após explicarem resumidamente a situação para a jovem Akai, que não fez perguntas sobre o explanado, o grupo decidiu partir rumo ao castelo de Ryoko, para arrumarem as coisas, pois pretendiam partir o quanto antes. Mestre Yashiro resolveu acompanhá-los até o castelo.

A caminhada até o lá foi tranqüila e silenciosa, apenas com uma pequena conversa entre Ryoko e Akai.


--- Akai, tem certeza de que não quer ficar no castelo? Lá estará mais segura. Como deve ter percebido, nossa jornada será longa e arriscada. – ponderava Ryoko, perante a decisão da moça em partir junto com eles.


--- Não, Ohime-sama....eu agradeço vossa preocupação, mas quero retribuir ao meu salvador! – sorriu docemente para Yuki, que corou um pouco, dando um sorrisinho sem graça.


   De novo........aquela sensação.....aquele aperto no peito, queimando..........corroendo.........Natsume não conseguia conter aquele sentimento.......não suportava ver seu amado olhando para outra garota daquele jeito....já não bastava Ryoko?!


--- Por favor, Akai, não precisa me chamar assim! Chame-me de Ryoko! – sorriu.


--- Ah....sim, se me permite, então....tenho certeza de que nos tornaremos grandes amigas, Ryoko-chan! – Akai sorriu contente.


   O quê?! Quem essa garota pensa que é? O que a fazia pensar que conseguiria ficar amiga da Ryoko-chan tão facilmente?! Ryoko era SUA melhor amiga, e não daquela metida! Os pensamentos de Natsume circulavam em sua cabeça.


   Logo chegaram ao castelo. Era um típico castelo japonês, grandioso com imponentes muralhas e três andares. Pararam em frente aos portões.


--- Bom......vamos entrar? – perguntou Ryoko, voltando-se para o grupo e forçando um sorriso.


--- Acho melhor só você, Yuki e Natsume entrarem. Assim ficam mais à vontade para se aprontar. Nós esperaremos aqui fora. – Yashiro sugeriu, ao ver o rosto de sua aprendiz. Ela estava triste, pois teria que se despedir de seu pai.....se todos entrassem, ela não se sentiria à vontade para conversar abertamente, ou chorar.....ela se recusava a chorar na frente dos outros...e repreender o choro seria pior, então Yashiro achou melhor só eles entrarem, assim Natsume ia para o quarto dela e Yuki para o seu, deixando Ryoko e o rei a sós – Vocês concordam, não é, Saosuke-kun, Akai-sam? – disse, dirigindo-se aos dois.


--- Claro! Sem problemas! – sorriu Akai. Saosuke apenas fez um sinal afirmativo com a cabeça.


--- Então tudo bem! – sorriu Ryoko – Vamos? – chamou Natsume e Yuki.

E assim, Ryoko, Natsume, Yuki e Koorí entraram no castelo, enquanto os outros esperavam nos portões.


   Caminhavam pela longa trilha de pedras brancas incrustadas no chão, formando um caminho largo e comprido que ia dos portões, através do grande jardim de relva verde, até a entrada principal do castelo. De ambos os lados da trilha, inúmeras cerejeiras, enfileiradas, contornavam o caminho, perfumando e pintando o chão com suas pequenas flores rosa em tom suave.


   No fim da trilha, guarnecendo a entrada do castelo, uma imensa varanda, de piso de madeira. Ryoko se lembrava de como foi feliz naquele lugar, de como brincava naquela varanda quando pequena....seus pés descalços sobre o piso frio....quando sua mãe lhe contava histórias em noites estreladas.....e como a brisa fresca e terna daquele jardim confortara suas lágrimas quando "ela" se foi. As noites alegres, em que passava conversando com seu pai......os sonhos que confessava às milenares cerejeiras sob a luz da lua.....


   Seus olhos começaram a marejar...deixou escapar uma pequena lágrima pelo canto do olho esquerdo, que ela limpou o mais rápido possível.


--- Ryoko-chan? Está tudo bem? – perguntou Natsume, ao sentir que sua amiga estava melancólica, perdida em pensamentos, andando devagar.


--- Sim! Está tudo ótimo! Vamos nos apressar! Não podemos perder tempo, não é? – disfarçou e sorriu, apertando o passo e levantando a cabeça. Precisava ser forte.....para que tudo não fosse em vão.....ela faria tudo...para que a morte de todos.....valesse a pena.....lutaria até o fim....não queria perder mais ninguém para aquela terrível maldição....


   Entraram no castelo. Natsume e Yuki, junto com Koorí, foram cada um para seu quarto arrumarem suas coisas, como Yashiro havia previsto. Ryoko aproveitara o momento para conversar com seu amado pai, e avisá-lo de sua partida.

O bom monarca estava sentado na sala do trono, e
parecia impaciente.


--- Ryoko! – se levantou para abraçar a filha que vinha em sua direção assim que a viu – Onde você estava?! Eu já estava preocupado! Já viu como está tarde?! Minha filhinha! Não faça mais isso comigo! Você é o meu bem mais precioso, eu... – o rei parou de falar ao ver que sua filha chorava agarrando-se a ele – O que foi, meu anjo? O que aconteceu? – perguntou preocupado.


--- P-papai....mestre Yashiro me avisou....chegou minha hora..... – Ryoko soluçava, escondendo seu rosto no peito do pai, molhando as roupas dele com suas lágrimas.


--- M-m-mas...assim?! De repente?! Tão cedo?! – o pai sentira como se seu coração estivesse sendo apertado com força – V-você...é tão jovem...minha filha!! – abraçou Ryoko mais forte, permitindo-se chorar também.....tudo o que ele queria era que sua filha tivesse uma vida normal....coisa que ela teve por muito pouco tempo – Malditos sejam aqueles...!!! – bravejava o pai, quando foi interrompido pela filha.


--- N-não fique assim papai! – olhava fixamente para ele, no fundo dos seus olhos – Vai ficar tudo bem! Eu vou trazer aquela adaga de volta, e honrar a memória de todos! – afirmou determinada.


--- E-eu não quero que você vá, Ryoko! – murmurava o pai – Não quero....perder tudo...tudo o que me restou...não aceito que queiram tirar você de mim também...não! Você é tudo o que eu tenho! – dizia com as mãos e a voz trêmulas.


--- Papai! – aclamou a menina – O senhor também é tudo o que eu tenho! E eu não vou aceitar perder o senhor sem lutar! Não quero que aquela maldição te tire de mim! Não vou permitir! – disse em tom firme, uma chama em seu olhar.


--- Filha...minha...filhinha.... – deu mais um abraço na filha, beijando sua testa, comovido – Então...tudo bem......que Deus te acompanhe! Por favor, tome cuidado! Lembre-se....eu te amo muito!!! – o coração dele chorava lágrimas de sangue por deixar a filha partir....mas ele entendera os sentimentos dela...não havia outro jeito...se a maldição não fosse quebrada, sempre haveria tragédia....e ela era a única que podia mudar isso....desistir...traria uma dor pior do que a da morte, para ela.....


--- Sim, papai! Tomarei cuidado, sim! E pode deixar! Tudo vai dar certo e logo trarei essa adaga para casa, de onde nunca deveria ter saído! – disse confiante, limpando o pranto de sua face, estampando um sorriso esperançoso no rosto, queria dar segurança ao pai... – Bom...vou arrumar minhas coisas então!


--- Sim, filha...


   Ryoko sai em direção ao seu quarto, deixando o rei sozinho na sala do trono. Ele olhava para o grande retrato da mãe de sua filha, fixado na parede principal da sala do trono. Adornado com moldura de ouro e pedras preciosas que brilhavam como brilhava o seu olhar....cortinas de seda vermelha enfeitavam a parede, caindo como duas cascatas em torno do quadro....no centro da pintura, a figura de uma bela mulher...um sorriso doce, um olhar meigo e indescritível, transmitia uma sensação de conforto e ternura. A pele alva, realçada pelas roupas brancas rendadas que contrastavam delicadamente com seus cabelos negros e olhos amendoados. Olhos cheios de vida e emoção, piedosos.......pareciam entender a tristeza do bom homem que a observava.


--- Fuyú....minha querida...como eu gostaria que estivesse aqui comigo agora..... – o rei se deixa cair de joelhos diante do retrato....segurando forte na roupa do lado esquerdo do peito...como se sentisse uma imensa dor em seu coração......sozinho, permite-se chorar sem medo, para aliviar sua angústia.


   Enquanto isso Ryoko aprontava suas coisas. Não ia levar muitas roupas, pois iriam andando até a próxima cidade, para só depois seguirem com montaria. Afinal, não queria chamar a atenção das pessoas.


   Escolheu roupas leves, confortáveis, maleáveis e mais curtas do que o de costume, que lhe permitissem movimentar-se livremente. Dos quimonos tradicionais, justos e apertados, levara apenas três, para o caso de alguma ocasião especial.


   Natsume e Yuki acabavam de se despedir do rei, quando Ryoko chegou. Logo, todos já estavam nos portões do castelo. Antes de sair, Ryoko dá um último abraço apertado em seu pai.


--- Papai! Se cuida, tá? – Ryoko pede, em tom choroso. Se controlando para não chorar de novo...detestava despedidas.


--- Claro, filha! Você também! Prometa-me que irá tomar cuidado! – pediu o pai, retribuindo o abraço.


--- Bom....não poderei mais acompanhá-la daqui em diante, minha criança....mas quero lhe deixar algumas últimas palavras....por favor, memorize-as bem, para sempre lembrar delas....você e seus amigos também... – dizia Yashiro, num tom de seriedade.


Todos fazem sinal afirmativo com a cabeça.


--- O quebra-cabeça se completou...agora vocês são como um só....e apenas unidos, conseguirão derrotar o mal que nos cerca... – disse o mestre, em tom misterioso, e....sumiu!


   Todos estavam boquiabertos ao verem-no sumir diante de seus olhos. Mas Ryoko já conhecia o mestre há muito tempo....ele era cheio de truques...e uma de suas maiores façanhas era desaparecer do nada, como se dissolvido no ar.


--- Er...acho que ele não gosta muito de despedidas! – disse Akai, ainda surpresa, para quebrar o gelo, sorrindo suavemente de sua própria piada.


--- Hahaha! Faz sentido! Aquele velho coroca sempre faz isso! – Yuki sorriu, enquanto acariciava seu tigre, que estava fielmente ao seu lado.


--- Ei! Não admito que chame meu mestre de velho coroca na minha frente! – Saosuke defendeu seu mestre, cruzando os braços, com uma expressão de extremo aborrecimento.


--- Ei, ei! Vamos parar com isso! Temos que partir, não podemos ficar perdendo tempo! – Ryoko tentava colocar ordem na situação – Vamos! – chamou o grupo, e começou a caminhar.


   Ryoko já ia saindo, junto com os outros, quando seu pai chama por seu nome.


--- Ryoko!.... – estendia a mão no ar como se quisesse alcançar a filha e impedir que partisse.


--- Sim, papai?! – vira para trás para ver seu pai de olhos marejados, sente seu coração espedaçar.


--- Só mais uma coisa filha........eu.....me orgulho muito de você! – disse com a voz trêmula pela emoção, abaixando a mão que estava suspensa, em sinal de redenção.


--- S-s-sim! – Ryoko sentiu que choraria de novo, então apenas tentou dar a seu pai seu mais lindo sorriso – EU TE AMO, PAPAAAAIII!!!!!


   Gritando essas últimas palavras com todas as forças de seu coração, a garota virou-se novamente, e saiu correndo, enquanto suas lágrimas, assim como as pétalas das cerejeiras, eram arrastadas pelo vento....


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Doragon Blood" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.