Capítulo 1 - O Despertar da Adaga

Japão; meados da mística Era Feudal.

  Era uma bela manhã de primavera, o cantar dos pássaros anunciava a chegada da manhã; o sol a despontar no céu, varava as cortinas da janela e invadiam o quarto da jovem ainda adormecida, acariciando-lhe o rosto com sua luz e seu calor, como se lhe quisesse desejar "bom dia".

  Mergulhada em devaneios, foi acordada por uma voz, já há muito conhecida.

—-- Ryoko-channn!!! Hora de acordar, dorminhoca! – dizia Natsume, sua serva e leal amiga, sorrindo enquanto abria as volumosas cortinas brancas.

  A luz entrou pelo grandioso quarto, revelando suas paredes brancas, que aumentavam ainda mais a luminosidade, uma espécie de estante de madeira, com várias vestimentas cuidadosamente dobradas, sapatos e outros acessórios. Um belo espelho emoldurado em madeira delicadamente trabalhada, que refletia o centro do aposento, onde se encontrava a bela jovem, deitada num grande futon, rodeada de almofadas e lençóis de seda.

—-- Nããooo!!! Estou tão cansada! Só mais alguns minutos, por favor! – reclamava a garota enquanto protegia seus olhos da luz solar.

—-- Ryoko! O dia está tão lindo! E hoje você não tem treino! Tem que aproveitar! Não é sempre que o mestre Yashiro lhe dá folga! – insistia Natsume, puxando o lençol que cobria Ryoko.

—-- Ahhhh!!! Tá, tá, tá, eu já vou me levantar! – dizia meio sonolenta, sentando-se e esfregando os olhos, ainda incomodados pela claridade.

   Ryoko era uma jovem e alegre princesa. Descendia do nobre clã dos "Doragon", protetores da lendária Adaga do Destino, elo entre a terra e o céu. Tinha 16 anos, 1,65 m de altura, magra, de pele alva, levemente dourada pelo sol, fruto de seus infindáveis treinamentos ao ar livre. Seu cabelo castanho escuro, liso, batia-lhe no meio das costas. Seus olhos cor de mel irradiavam a ternura de seu coração.

  Natume tinha a mesma idade de Ryoko, porém, era um pouco mais baixa, tinha 1,62 m de altura, magra, de pele branca, suavemente avermelhada, com leves sardas, típicas de ruivas como ela. Seu cabelo vermelho, encaracolado, na altura do queixo, contrastava com o vívido verde de seus olhos.

—-- Aiiii!! Que sonoooo!!! – dizia enquanto se levantava, espreguiçando-se – ao abrir os olhos, deparou-se com o rosto deprimido da amiga e preocupou-se ao ver que ela estava com profundas olheiras – O que aconteceu, Natsu-chan? – perguntou se aproximando e recostando uma de suas mãos no ombro da amiga.

—-- Ah.....nada de mais...você sabe...o de sempre... – murmurou, desviando o olhar em direção ao chão, esforçando-se para não volta a chorar, afinal, tinha passado a noite inteira aos prantos.

—-- Ahhhhh não! Por causa DELE de novo, Natsu? Nossa! Como ele pode ser tão cego! – perguntou fazendo um sinal de negação com a cabeça, em forma de desapontamento.

—-- Pois é, Ryoko. Ele parece só ter olhos para você... – disse, ainda olhando para o chão, sentia a inveja mais uma vez aflorar em seu coração, não tinha coragem de encarar a amiga....não queria que ela visse tal sentimento tão obviamente explícito em seu olhar.

—-- Natsu-chan...por favor, não diga isso! Algum dia ele cairá em si, e verá q eu nunca poderia amá-lo...pois vejo tanto ele quanto você como os irmãos que nunca tive... – os três eram amigos desde pequenos, haviam crescido juntos, e ela nunca sentira nada por Yuki, razão do sofrer de Natsume.

—-- Tomara, Ryoko-chan... – disse num tom desesperançoso, forçando um falso sorriso para a amiga.

—-- Com certeza, Natsu-chan! – disse com um sorriso radiante em seu rosto, pegando nas mãos de Natsume e chacoalhando-as um pouco – Mas vamos mudar de assunto, né?! Como você mesma disse, hoje está um dia lindo! Temos que aproveitar! – finalizou, dirigindo-se à estante de roupas para se vestir.

—-- Certo! – disse sorrindo com alegria, indo, em seguida, ajudar Ryoko a se arrumar.

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—-- O quê?! É mesmo verdade o que nos disse? – um ser alado, rodeado por mais quatro, perguntava aflito, a uma figura feminina, sentada numa grande poltrona à frente do grupo, coberta de mantos, que lhe encobriam inclusive a face, uma aura prateada a envolvia.

—-- Sim......não podemos deixar que esta pessoa se aproxime dela....se isso acontecer....a vida de muitos seres vivos correrá perigo.....a catástrofe será certa.....vocês têm que separá-los! – dizia misteriosamente a mulher, seus olhos desfocados, perdidos em visões de diversas dimensões do tempo e do espaço.

—-- Mas....para isso, precisamos saber quem é essa pessoa! Quem é ela!? – o mesmo ser alado questionou mais uma vez.

—-- Esta pessoa....esta pessoa é alguém que certamente cresceu com ela, dividindo lágrimas e sorrisos.....alguém que sempre esteve presente em sua vida.....alguém muito próximo....e que é obcecado por ela.... – disse, enfim, ainda em transe.

—-- Mas....o que faremos, então?! – um dos 4 seres alados perguntou ao relator do grupo, que parecia ser o chefe do grupo.

—-- Bem...nesse caso, teremos que tomar...medidas drásticas... – respondeu o líder.

—--- Quer dizer que....

—-- Sim.... – o chefe então cochichou algumas palavras para o resto do grupo, e logo a face de todos estava estampada com um sorriso maléfico um tanto quanto...."aterrorizante"?

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  Ryoko queria aproveitar ao máximo o seu dia de folga! E, para se divertir, nada melhor do que sair com seus dois melhores amigos!

—-- Yuki-kun!!! – disse sorrindo, descendo a escadaria, sendo seguida por Natsume.

—-- Hã? Ohime-sama! – o cavaleiro, que estava no salão central do palácio, lustrando sua espada, na companhia de seu fiel tigre branco Koorí, ao ver a princesa, logo guardou a espada e se ajoelhou, fazendo-lhe uma reverência formal.

—-- Yuki-kun! Já lhe disse mil vezes para deixar de lado essas bobagens! Afinal, somos amigos, não é? Vamos! Levante-se daí! – disse sorridente.

—-- Ah...sim, Hime-sama! Perdão! É que eu estava lhe esper...er..digo...lhes esperando, e me distraí um pouco! Mais uma vez, peço que me perdoe se lhe desobedeci, não foi por mal e... – justificava, ou melhor....TENTAVA se justificar, totalmente desconcertado com a visão de tão belo sorriso no rosto de sua amada.

—-- Yuki! Não precisa me pedir perdão! Você não fez nada, oras! – interrompeu Ryoko, meio sem graça, já ficando um pouco nervosa.

—-- Hã....sim! Tudo bem, Ohime-sama! Como a senhorita desejar! – disse Yuki, corando um pouco, suava frio, seus olhos brilhavam com a força de sua emoção.

  Enquanto isso Koorí apenas assistia o desenrolar da conversa, ainda deitado, aos pés de seu dono, apenas balançando o rabo de vez em quando.

—-- Bem...Yuki, Natsu e eu vamos dar uma volta no vilarejo, nos acompanha? – convidou Ryoko.

—-- C-c-claro, Hime-sama! Vamos, Koorí! – respondeu o jovem espadachim, chamando seu tigre branco de "estimação" para que o acompanhasse.

Yuki era um jovem e talentoso espadachim. Tornou-se órfão ainda pequeno, tragédia, essa, fruto das intermináveis guerras da época. Foi adotado pelos pais de Ryoko como se fosse filho deles. Em sinal de gratidão, Yuki jurou proteger Ryoko a qualquer custo. Treinou arduamente, desde muito jovem, tornando-se extremamente habilidoso nas artes marciais, principalmente no manejo da espada.

  O jovem de 17 anos e 1,80 m de altura tinha cabelos lisos e negros, curtos na altura dos olhos, levemente aparados atrás, e franja com mechas que praticamente lhe caíam aos olhos. Olhos estes que com sua cor roxo intenso, contrastavam com sua pele clara, parecendo violetas radiantes. Tinha excelente preparo físico, seu corpo era bem torneado, mas não chegava a ser musculosamente grande.

  Amado por Natsume, amando Ryoko, assim cresceu Yuki, em meio a essas duas garotas.

—-- Yuki-kun! Vamos logo! Temos que aproveitar o dia! Não podemos perder tempo! – dizia Natsume tentando lançar seu mais belo sorris para o rapaz, que caminhava meio lentamente, parecia estar pensando....provavelmente "NELA"....Ryoko.....DE NOVO! Como aquilo enfurecia Natsume!

—-- Nossa! Como está um dia agradável, não é Natsu-chan! – dizia Ryoko, sorrindo e pulando alegre com o tênue calor do sol e a leve brisa que sentia em sua face.

  Yuki não conseguia disfarçar o deslumbramento estampado em sua cara. Admirava a cena em cada detalhe, como se quisesse guardá-la em sua memória para sempre.

  Ele só olhava para ela....só se importava com ela......só pensava nela...só sonhava com ela....Por quê?! Afinal...o que a "princesa" tinha que ela não tinha?! Natsume não conseguia parar de se questionar. Queria tanto aquele olhar penetrante para ela....sempre sonhou no dia em que se veria iluminada pela luz violeta dos olho de Yuki.

  Natsume estava tão entretida em seus próprios pensamentos que continuava caminhando sem prestar atenção no q tinha à sua frente.

< POF! >

—-- Aiii!!! – gritou Natsume, devido à trombada – Não olha por onde anda não?! – disparou Natsume por impulso.

—-- Ora, ora, ora! Que garotinha mais mal educada! – bravejou em tom brincalhão, um senhor de cabelos brancos. Parecia um sábio ancião chinês....sua barba branca chegava quase à cintura, bem como seus longos cabelos, lisos, presos em rabo de cavalo. Vestia uma túnica branca, que ia até seu tornozelo e sapatilhas pretas. Uma expressão de alegria em seu sereno sorriso.

—-- M-m-mestre Yashiro?! O que faz aqui?! – disse Ryoko, surpresa, afinal...o que seu mestre estaria fazendo vagando por aquelas bandas?

—-- Ryoko-chan! Como está, criança? – indagou, voltando-se para Ryoko.

—-- Eu...eu estou bem, mestre! – sorriu Ryoko – Mas me diga...o que o senhor faz por aqui? O senhor não costuma sair do campo de treinamento....aconteceu alguma coisa? – perguntou desconfiada.

—-- Huhuhu.....realmente.....nada passa despercebido por você, não é? – respondeu Yashiro, admirado com a capacidade de percepção de sua aprendiz.

—-- Oh! Então realmente aconteceu alguma coisa! O que é, mestre?! Por favor, diga! É grave?! – Ryoko tivera um mau pressentimento.

—-- Oh, criança... – a expressão de Yashiro deixara de ser suave, estava preocupado....e também um pouco triste...com pena de sua pequena aprendiz...tão jovem....será que ela suportaria aquilo?

—-- Diga, mestre! Não me deixe nesta agonia! – disse a garota, já preocupada e impaciente.

—-- Ryoko.......chegou o dia..... – disse com uma expressão muito séria no olhar.

—-- É...é...h-hoje?! – Ryoko não conseguiu conter seu espanto, sentia um aperto enorme no coração.....um frio percorrendo-lhe a espinha...aquela sensação....gelada...incontrolável....e....inevitável....o medo....misto de insegurança e instabilidade, que lhe fazia tremer ao saber que......"chegou a hora".

  Ryoko sentia suas pernas e mãos gelarem.....uma grande aflição lhe percorria as veias. Não conseguia aceitar as palavras de seu mestre, talvez ela tivesse entendido errado...talvez ele se referisse à outra coisa...e não...àquilo....mas a certeza que tanto temia, veio firme e forte, expressamente nas palavras de Yashiro:

—-- Sim, Ryoko.....a adaga....despertou!

  E assim começa a história de Ryoko, uma jovem garota, com uma grande missão.

  Romance, intrigas, lágrimas, gargalhadas, emoção, sentimento, magia e misticismo.

Uma aventura no mundo dos sonhos, na misteriosa Era Feudal.