“ – mãe eu sou gay! ’’ escrita por Itzdara, Personagem 8


Capítulo 17
Capitulo 15 Um tempo para pensar I




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“What's the worst that I can say?

Things are better if I stay

So long and goodnight

So long not goodnight”

Eu poderia dizer que essas foram as piores férias da minha vida, mas eu estaria mentindo pois essas foram as melhores. As mentiras acabaram, nenhum de nós continuou se escondendo na sombra da idealização de um filho perfeito, isso deveria ter melhorado as coisas certo? Mas ficou tudo tão pior, mais tortuoso. Meu pai nem olhava nos nossos rostos ou falava conosco, agia como se tivesses feito a pior coisa do mundo, ele sempre nos pediu sinceridade e quando nós a damos somos crucificados. Feng nem se quer passava na minha rua, por causa é claro, do excelentíssimo senhor coração partido. Pior que eu só Rafael, coitado, ele é mais apegado com o pai do que eu que “vivo na rua”, mas isso não significa que estou menos sentida, só que eu estou com raiva, mesmo aprontando, chegando tarde em casa eu nunca fui uma filha ruim e só porque o meu namorado não o agrada estou sendo tratada como uma indigente.

Já sou de maior, tenho minhas ambições e vou atrás delas. Arrumei minhas malas, Feng e eu vamos pro Chile ser tatuadores, somos muito bons nisso e o corpo do meu namorado é uma prova viva do que sou capaz.

Fui até a sala para me despedir da minha família ou do pedaço que sobrou dela, como preferir.

— Oh! E agora quem me meterá em confusões? — disse Rafael me abraçando.

— Oh! Nada tema pois eu tenho substitutos. — respondi. Rafael começou a chorar.

— O que vou fazer sem você Elena? Vou sentir tanto a sua falta.

— Relaxa, pode me visitar quando quiser.

Abracei minha mãe e beijei sua barriga.

— Ei projeto de gente! — disse para o feto que estava dentro da barriga da minha mãe. — Eu te amo! Toma conta do Rafael pra mim ouviu? Mete ele em mais confusões que eu e...— será que devo dizer? — E se quiser continuar tendo um pai case-se com quem ele quiser e de preferencia alguém do sexo oposto! — Foda-se!

Minha mãe me deu um cascudo na cabeça. Fiquei de frente para o meu pai, começamos a nos encarar, eu preciso dizer isso.

— Você sempre pediu sinceridade, sempre disse que jamais nos julgaria, que independente de nossas escolhas nos apoiaria e que eu era uma mentirosa... Quem é o mentiroso agora? Eu ou você?

Virei as costas e fui embora. Ele não me deu adeus e nem me desejou boa noite. Fui até Feng que estava rua de trás me esperando. Encostado no carro e de mãos nos bolsos esta o homem com quem construirei minha própria família. Ele me abraçou, deixei que ele me embalasse em seus braços como se fosse uma criança perdida.

— Como foi? — perguntou ele.

— Péssimo. Ele não me disse nada, olhou pra mim como se não me conhecesse, como se eu fosse uma louca que parou ele na rua.

— Sinto muito Elena, se eu tivesse sido um cara melhor no passado seu pai jamais teria te martirizado.

— Não sinta. Quando te conheci você já estava melhor, por isso me apaixonei por você.

— Eu prometo que vou ser um bom marido, que vou cuidar de você e de nossos filhos e ...

— Não prometa. — interrompi— Apenas seja. Se algum dia você fizer com nossos filhos o que meu pai fez comigo e com meu irmão eu largo você.

— Não farei.

Ele me beijou e entramos no carro, rumo ao nosso futuro.

Nas férias eu havia visto o sol se pôr um monte de vezes, meus olhos se escureceram e não conseguia ver além do escuro, o depois de uma vida inteira, mas agora que o sol nasceu e a luz entrou eu sei que posso recomeçar.

“Wakatten’dayo

Ika nakucha ikenai koto

Niji no mukou de matteru mou hitotsu no mirai e”


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