SixHunters (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 5
Coração


Notas iniciais do capítulo

O último quiz deu Luna Song!! Esperei o máximo, mas tivemos poucos comentários no último cap. Comentem, é importante. Mesmo que seja para criticar. Eu iria postar ontem, mas não tive tempo o suficiente para terminar de escrever. E agora está feito. Nesse cap, não teremos quiz nas notas finais!


—-Por Luna Song--



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– E qual é? – peço eu, naquele momento. – Diga logo de uma vez!!

– Se Tsuky é mesmo a pessoa para isso... – a coelha dá uma pausa em suas palavras, mas logo as completa. – Só será capaz de fazê-lo... Com a própria vida.

Sou Luna Song, uma terceiranista deste colégio. Procuro sempre a razão, já que minha vida é normal e nunca deixou de ser. Aliás, nunca deixou de ser até hoje. Pois, hoje, exatamente hoje, as coisas parecem ter mudado para algo que chega a ser assustador de tão novo.

– Eu não vou deixar que isso aconteça. – garante Thoma.

– E como pretende fazer algo a respeito se nem mesmo foi capaz de reconhecer a verdade a respeito de você mesmo? – indaga Beth, focando seu olhar nele. – Você precisa entender que você é diferente. Você, as irmãs Scarlet e Yuru Lazuri. Por consequência, Raviel e Luna.

– Eu também? – questiono, ainda sem entender. – Mas o que posso ter de especial se eu...

– Você também foi afetada pela convivência com eles. Ou então com a convivência com Sakura Inoue, já que sequer sei o que há por trás dela. – declara o animal falante. – De todo jeito, você também tem algo de especial.

– E como pode ter tanta certeza disso? – procuro saber.

– Garota, deixe de ser chata. – reclama, aparentemente irritada. – Apenas me escutem e façam silêncio.

Desse modo, nos calamos. É então que ela faz um pedido a nós, ou melhor, a mim:

– Traga os outros aqui.

– Os outros?

– Yuru Lazuri, Lucky Scarlet, Serena Burk, Lex Blood, Alice Lewis Foster, Maxuel Lopes e John S. S. – cita o nome de cada um. – Explicarei tudo de uma só vez.

Desse modo, eu vou até a minha classe às pressas. Chegando lá, peço licença e desculpas para o atual professor, mas chamo todos aqueles que Beth está convocando. Digo que é urgente e que nada pode ser mais importante do que a razão pela qual fui buscá-los. Desse modo, sem insistir muito, consigo trazer todos eles comigo. Em poucos minutos, estou de volta.

– Aqui estão, senhora Beth. – determino, com todos eles.

Nos aproximamos o suficiente. E então, com exceção de Tsuky, noto que todos que vieram comigo se espantam por estarem diante de uma coelha falante. Apesar disso, não há nenhuma manifestação a respeito.

– Agora vamos começar.

Ao dizer isso, o animal em questão retoma tudo o que Temen havia dito anteriormente. Não deixou dúvidas sobre as Espadas Lendárias, os Mascarados e nossos potenciais ocultos. Contudo, é quando Beth toca no assunto mais recente, a ida de Tsuky até o seu pai, que Lucky reage:

– Como é que é!? – parecendo estar revoltada, atraindo toda a atenção. – O meu pai está vivo e mandou alguém aqui para levá-la até ele!?

– Sim. – confirma Thoma. – Foi o que aconteceu.

– Não pode ser... – retruca, ainda chocada. – Isso não.

– Aceite, por mais que seja difícil, Lucky Scarlet. Não há outro modo de mudar o rumo das coisas sem ter que aceitá-las em primeiro lugar. – recomenda Beth. – Sua irmã é especial. E ela pode fazer toda a diferença para manter a divisão entre este e o Necro World.

Necro World seria o mundo no qual as criaturas perigosas foram seladas pelos Mascarados tempos atrás. Beth garante que o QG dos Mascarados é lá. Ou seja, é onde Tsuky está agora.

– Quem aqui possui vontade e coragem para ir até lá, manifeste-se.

– Não posso deixar Tsuky de lado. – garante Thoma, sem esperar nenhum segundo sequer. – Não importa o que aconteça comigo. De agora em diante, eu não fugirei mais desse meu tal destino. Mesmo que ainda não possa fazer muito por ela, eu tentarei.

– A determinação é o primeiro passo para alcançarmos nossas metas. – afirma Beth. – Sua vontade ardente é o seu grande começo.

– Eu também irei. – diz Raviel, que já está ao lado de Thoma. – Eu estava aqui quando aquilo aconteceu e não posso ignorar tudo isso.

Em seguida, Lucky toma alguns passos, se aproximando dos dois. Colocando-se do outro lado de Thoma, declara:

– É mais do que minha obrigação ir até lá buscar a minha irmã. – Lucky, por sua vez. – E dar um soco bem na cara do meu pai caso ele não tenha boas desculpas por tudo isso.

– Quem mais? – Beth, em seu momento, voltando-se para mim e os demais.

Alguns segundos de silêncio imperam. Porém, isso dura somente até o instante em que Yuru abre sua boca:

– Muita coisa mudou entre nós, não é? – e olha para seus dois amigos de infância presentes. – Thoma... Lucky... ?

Os dois permanecem calados, mas com os olhos firmes em Yuru. Ele sorri de leve, como quem tenta esconder seu verdadeiro sentimento. Parece estar um pouco hesitante, mas ainda sim...

– Eu também irei. – afirma. – Tudo isso ainda me é muito louco, mas eu irei. Eu ainda não me esqueci do nosso passado.

E, então, Yuru vai até Thoma, Lucky e Raviel. Já são quatro pessoas. Beth continua de olho em mim e nos outros que estão comigo.

– Determinação é o passo inicial, como já deixei claro. Contudo, é necessário também ter interesse em ir atrás de Tsuky Scarlet. Ninguém aqui é obrigado a fazer nada que não queira. – esclarece a coelha, sendo que eu suponho que sua intenção é aliviar o peso da repentina questão que está nos sendo imposta. – Por outro lado, não devem ignorar o fato de que, cedo ou tarde, terão que a verdadeira natureza das coisas. Cada um de vocês terá um papel importante a exercer no futuro.

– Belas palavras. – determina alguém, que não estava aqui, ao surgir.

Ela vem por trás do quarteto que já tomou sua decisão. Olhamos para a tal pessoa e então identificamos a mesma: Sakura Inoue.

– Eu não sou uma mulher covarde para escapar das adversidades quando elas finalmente aparecem. – determina ela, trazendo em suas costas uma espada embainhada. – Minha espada, Kusanagi, a terceira, deseja acordar para participar disso.

Com isso, Sakura se coloca junto de Lucky, Thoma, Raviel e Yuru. A quinta.

– Seis é um número muito bom. – opina Beth. – Pois é exatamente o limite de pessoas que podem atravessar um portal dimensional por vez. – e, observando a face misteriosa de Sakura, se volta para mim e os outros logo depois. – Quem será o último?

Me sinto pressionada. Não por ela, não pelos que já decidiram, mas por mim mesma. Eu me sinto na obrigação de fazer algo, afinal eu estava aqui quando Tsuky se foi junto de Temen. Eu ouvi tudo e vi com meus olhos o que não constava na realidade que eu conhecia. Mesmo assim, adotar uma escolha parece ser extremamente difícil. Por quê? Não sei nem mesmo dizer. Só sei que estou perdida, confusa e...

– Luna, o que você pode fazer sem determinação? O que você pode fazer sem força em suas vontades? – pergunto para mim mesma, abaixando meu rosto. – Você é ou não somente uma mera colegial que tira notas boas e que é sempre uma dos "nerds" que auxiliam os demais? O que você sabe do mundo? O que você sabe do Necro World? O que você sabe de Tsuky Scarlet? Nada.

– Mais ninguém? – insiste Beth. – Não temos tempo a perder. Quem estiver indo tem que deixar de lado as suas preocupações e ligações com tudo neste mundo. Pois Necro World é um universo completamente diferente e muito mais cruel do que este.

Ouço tais palavras ainda de cabeça baixa. Não tenho uma convicção forte, então talvez eu não deva...

– Alguém aqui sabe de onde surge a determinação? – questiona Beth, atraindo o meu olhar, um pouco surpreso pela pergunta.

Ninguém responde. Então, ela declara:

– Do coração. É ele quem guia nossos sentimentos e, consequentemente, fortalece nossas decisões. É no coração que tudo tem um começo. Tudo, em absoluto. Até mesmo as más ações, ou aquelas forjadas por interesses egoístas, surgem do coração. Tendo um coração forte, tudo é possível.

– Eu vou! – exclamo, surpreendendo a todos. – Eu serei a sexta!

Dessa forma, me agrupo junto dos outros cinco. Com um leve sorriso, e um suspiro em seguida, Beth articula:

– Que assim seja, minha jovem. Vamos então nos retirar daqui. Quanto aos demais... – e ela se volta para Serena Burk, Lex Blood, Alice Lewis Foster, Maxuel Lopes e John S. S. – Não se enganem pensando que estão longe desta realidade. Pois já fazem parte dela.

Então, a coelha dá as costas para os citados. E exclama:

– Linhagem Usagi! Técnica Secreta do Portal Luminoso!!

E, de imediato, surge um portal entre a coelha e nos seis que decidimos seguir esse animal tão esquisito. Um portal que se parece com aquele que Temen criou e usou para levar Tsuky, mas muito mais iluminado. Chega a trazer uma certa tranquilidade de espírito, como se fosse um legítimo mensageiro da paz.

– Já vamos assim, tão diretamente para o Necro World? – pergunto, surpresa.

– Não. – nega. – Esse é um portal que levará cada um de vocês para suas casas. Façam tudo o que vocês têm para fazer, pois, em exata uma hora, segmentos desse mesmo portal os transportará instantaneamente até o local onde estarei aguardando.

Com isso, a coelha salta para dentro do portal e desaparece.

– Não se preocupe, Lucky. – sugere Thoma, observando-a. – Tudo será resolvido. Estaremos contigo pelo melhor à sua irmã.

– Agradeço a ajuda de vocês. – fala Lucky.

– Por favor... – Serena se manifesta, chamando para si todos os olhares. – Tragam Tsuky de volta em segurança. Pois eu sei que todos vocês vão voltar sãos e salvos.

– Mas é claro. – garante Lucky. – Eu fiz uma promessa à minha irmã de que iria sempre protegê-la. Mesmo que seja nosso pai uma ameaça, eu não a deixarei sofrer.

Desse modo, nós despedindo de Serena e os outros colegas, entramos no portal. É, magicamente, sou tomada por um turbilhão de luz que força minhas pálpebras a se fecharem. Quando me dou conta, já estou na minha casa, em meu quarto, sozinha.

– Nossa... – ainda impactada por tudo o que aconteceu em menos de uma hora na minha vida.

Atrás de mim, a minha cama. Assento-me e suspiro de leve, fechando meus olhos outra vez. Logo depois, os abro. Observo o meu quarto, a minha cama as minhas coisas... Não sei quando verei tudo isso outra vez. E será que as verei? Não faço a mínima ideia.

– Como sou tola. – opino, após uma leve risada desconfortável. – Eu sempre tentei defender e proteger as pessoas que me são importantes. Sempre fiz de tudo para rejeitar injustiças. Eu acreditava que eu tinha força, mas...

Espadas Lendárias, Mascarados, Necro World e suas criaturas fora de qualquer padrão. Um universo, de fato, novo e inesperado. Inédito, para definir melhor. O que pode estar nos esperando lá?

– Os humanos são assim mesmo, não é? – comento para mim, me lembrando de cada momento importante da minha vida: das vezes em que fui amparada por meus pais quando machucada ou quando tirava notas ruins na escola, das ocasiões onde me metia nas brigas dos meus amigos, até mesmo quando ganhava meus tão esperados presentes nos meus aniversários. – Sempre acreditam que conhecem e sabem de tudo o que precisam para viver. Pensam que são fortes e se consideram felizes mesmo em situações complicadas. São tolos, inocentes, frágeis e mutáveis. Talvez, inconsistentes. Humanos são assim. Porém, talvez seja justamente por sermos assim que nós somos tão imprevisíveis ao ponto de realizar o que não deveríamos conseguir considerando a ordem natural das coisas...

Sim. Afinal, eu decidi ir. Não pela Tsuky, não pelos outros, mas por mim. Na verdade, eu sou egoísta. Por mais que eu queira o bem de uma pessoa, o que eu quero não é por ela, mas por mim. E não sou a única. Todas as pessoas são assim. Se uma pessoa quer o bem de alguém, não é por nenhum outro motivo além de que, no fundo, não deseja diferente para si mesmo. Quem salva quer ser salvo, quem protege quer ser protegido, quem ama quer ser amado. É inevitável ser assim.

– Por quê? – me pergunto, levantando-me e indo até o espelho do meu quarto. – Por qual motivo estou chorando?

Sim. Lágrimas caem dos meus olhos agora, mas não conheço a razão. Ou talvez conheça e esteja negando-a.

– Tsuky. – recito. – Eu vi dor, uma dor tão grande, um choro de lágrimas de sangue do seu coração. Ela foi pressionada, muito mais do que eu fui. Ela não teve escolhas, não teve alternativas. E quantas pessoas passam por isso neste mundo?

Caio sobre meus joelhos, ainda observando a minha face ser molhada por essas minhas lágrimas.

– Quantas pessoas sentem o mesmo sentimento que você sentiu, Tsuky? Quantas pessoas derramam essas lágrimas dolorosas e pesadas? E quantas nem isso podem fazer, obrigadas a guardá-las consigo?

É, eu não quero. Eu não quero isso para mim. Sim, entendi o motivo da minha decisão: eu jamais desejo para mim aquela dor. Eu não quero viver a mesma dor que Tsuky está vivendo. É por isso que eu farei o que for necessário por ela. Porque eu ainda sou fraca, eu ainda sou frágil, ainda sou incapaz.

– Você é tão forte, Tsuky Scarlet. – digo para mim mesma, sorrindo, mas ainda em lágrimas. – Você carregou por anos o fardo de ter por alguém o mesmo sentimento que sua irmã. Você carregou por anos a ausência do seu pai e a distância de sua mãe. Carregou também o entendimento dos sacrifícios de Lucky por você. E agora, quando finalmente tem o direito de levantar a sua voz, calam a sua boca.

Mais e mais lágrimas caem dos meus olhos. O choro não para. Por quê? É quando grito, o mais alto que posso, intensificando o meu pranto.

– Não! Não!!! Isso não é justo! Mas mesmo assim, você suporta tudo. Sem cobrar de ninguém absolutamente nada. Você nunca pediu para ser salva, para ser protegida, nem para ser amada. Mesmo que seu coração pedisse desesperado por isso, você viveu. Permaneceu e chegou até aqui com seu choro em silêncio.

Levanto-me novamente. Séria, navego em meus próprios olhos procurando entender um pouco mais do que Tsuky pode estar passando agora. O medo, a angústia e a solidão. A falta do seu refúgio, a casa onde mora, para poder chorar quieta sem incomodar ninguém.

– Você é a pessoa mais forte que eu já conheci, Tsuky Scarlet. – digo para mim mesma, tentando me inspirar a ter ao menos parte dessa força. – Incrível, você é incrível.

Volto meu olhar para o Sol que está brilhando lá fora. Não temerei nada mais no meu caminho. Nunca mais.

– Preciso deixar uma carta explicando tudo aos meus pais. – e caminho em direção à minha escrivaninha, onde está a gaveta que guarda o meu diário. – Eu serei forte. Eu prometo, Tsuky, que serei forte. Eu prometo que serei o pilar da ponte que levará os seus amigos até você.

Thoma Dales, Yuru Lazuri, Lucky Scarlet. O desejo dos três será o combustível que levará esse sexteto até o Necro World. E eu também exercerei a minha função sem medo.

Assento-me. E, então, lanço no meu diário tudo o que estou sentindo agora, mas não como se estivesse falando comigo mesma ou com o diário em si, mas com meus pais. É uma despedida. Não entrarei em detalhes, pois de nada adiantaria já que não poderão entender tudo o que Beth nos explicou. Porém, não posso partir sem me retratar. E sem cravar neste papel o que está em meu coração agora. Sim, o que está em meu coração.

– O meu coração já não sente medo, dúvida ou insegurança. – recito, já nas últimas palavras dá mensagem que estou registrando. – Os meus olhos assumiram a tarefa de expurgar tudo isso através das minhas lágrimas. Sim, pois a força humana pode ultrapassar tudo. Mesmo sozinhos, nós somos capazes de vencer. É ele, o coração, quem guia nossos sentimentos e, consequentemente, fortalece nossas decisões. É no coração que tudo tem um começo. Talvez enganoso, talvez frágil, e egoísta. Mas humano, e único, meu coração...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!!