More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 22
Nash - This Is Us




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— Tem certeza disso, Nash? Vai ficar o maior “climão” - Franky argumentava comigo, com medo de algo dar errado – Vocês têm passado por muita coisa e nossos amigos… bem…. Além disso, tem a Sylvana. Eu falei que ia levá-la num restaurante nesse feriado por que eu quero impressioná-la.

— Ela pode vir conosco.

— Para um fim de mundo?

Eu o encarei, ironicamente e ele acabou ficando sem jeito. Não que seus argumentos não fossem válidos, mas eu realmente acreditava que aquele era o melhor momento para a nossa viagem.

Meu projeto estava quase terminado; com o feriado, Franky, Júlia e Logan teriam uma folga e Otto, Amara e Brian podiam vir conosco. Caberia todo mundo na van que eu aluguei. E ainda tinha mais essa! Eu já havia alugado a van e não teria o reembolso. Como é que eu ia adivinhar que Franky sairia com alguém e que Logan seria preso?

Um suspiro involuntário é percebido por Franky, que fitava-me ainda considerando aceitar o meu convite (forçado) ou não.

— Vou me esforçar para tornar a viagem menos estranha, mas vai ser difícil.

— Se esforçar?

— Para a viagem não ser estranha.

— Eu sei. Por isso estou te convidando. Obrigado, amigo.

Eu o abracei. Mais apertado do que pretendia.

— Como ele está? - Perguntou Franky quando eu o deixei respirar.

— Não sei. Se sente mal, eu acho. Sente culpa de alguma forma.

Também não tem se alimentado direito ou falado comigo. À noite quando ele acredita que eu já tenha adormecido, ouço seu choro e, fingindo que estou com frio, mexo-me na cama de forma a me aproximar dele.

— E o verdadeiro culpado disso tudo?

— A polícia disse que ele não seria problema e que poderíamos ficar em paz. Esse traficante para quem Edward devia dinheiro possui contas no exterior e já fez uma cirurgia para mudar um pouco a sua aparência, então podemos dizer que ele está bem longe daqui. Além disso, Logan sabe quase nada das atividades desse cara, então… Eu acho que estamos bem.

— Entendo. Bom, eu… Preciso ir. Vou ter que dar a notícia pra minha namorada.

— Então já é oficial? - falei cruzando os braços e sorrindo para Franky

— Mais ou menos. - Ele respondeu com um sorriso ainda maior e um aperto de mão.

— Obrigado, Franky.

— Eu sou seu amigo. Estou aqui pra isso.

— Espero que os outros encarem dessa forma.

 

Franky foi em direção ao seu carro e deu partida, sabe Deus pra onde. Eu fui até a cozinha preparar um café. Apesar das minhas dúvidas, um sopro de esperança lá no fundo sussurrava dizendo que talvez isso animasse Logan um pouco.

Eu precisava fazê-lo entender que não estava com raiva. Não mais. Quando recebi sua ligação o sangue subiu e fui em disparada até a delegacia, onde os policiais me explicaram tudo o que havia acontecido. Edward confessou tudo e agradeceu Logan, não sei ao certo o porquê, mas acho que de alguma forma meu sobrinho o havia incentivado a não resistir e contar tudo.

Aquilo ficou na minha cabeça durante a volta para casa e foi quando eu consegui pensar direito. Logan não havia dito nenhuma palavra até então, o que me deu tempo para não explodir com ele e ver a situação de Logan como um todo. Ele só estava nos lugares errados nas horas erradas.

Três dias se passaram nessa agonia com a culpa consumindo-o. Eu quis dar-lhe espaço, pois acreditei que seria a melhor forma de demonstrar que não estou mais nervoso e agora… eu precisava fazer alguma coisa.

— Tio Nash…

Logan vinha descendo as escadas calmamente. Quase como um doente ou moribundo, o que não era nenhuma surpresa. Estava sem força, pois não se alimentava direito.

Eu me aproximei da escada devagar e estendi-lhe a mão, demonstrando dar apoio. Ele a segurou, mesmo receando fazê-lo. Eu o fitava nos olhos como se lhe dissesse “estou aqui para você”, mas ele não poderia ler, nem se quisesse, pois não conseguia ao menos me encarar.

— Eu sinto muito – Ele disse quando terminou de descer e em seguida me abraçou. Eu o abracei de volta, envolvendo-o em meus braços, sentindo seu coração pulsar forte e minha camisa umedecer, o que significava que ele estava chorando e isso se confirmou quando ele continuou a dizer – Sinto muito por quebrar seu coração logo depois de você se declarar daquele jeito para mim. Eu tentei lidar com a situação sem depender de ninguém e mostrar a você que posso estar ao seu lado e ser forte assim como você para quando você precisar porque agora todos sabem de nós e…

As palavras foram se perdendo nos soluços e então eu o abracei mais forte ainda, soltando um chiado pedindo-lhe que fizesse silêncio e apenas chorasse.

— Está tudo bem – Eu falei por fim – Está tudo bem, Logan. Não se preocupe. Está acabado agora.

— Você não…

— Eu não me importo. Não mais. Tudo o que me importa agora somos nós. Como nós ficamos.

— Tio Nash… - Pela primeira vez em três dias, Logan pôde finalmente me olhar nos olhos, mas eu continuei a falar. Era agora ou nunca.

— Eu sempre te achei forte, Logan. Se fosse outra pessoa já teria desistido de estar ao meu lado a muito tempo. Não que eu tenha o mesmo sentimento por mais alguém da família, mas o que eu quero dizer é que… - Eu estava me enrolando para falar – Sempre te achei forte – repeti – Sempre te achei forte, bem mais do que eu.

— Obrigado. Por existir na minha vida.

— Eu é quem agradeço. Acho que não podemos ser os mesmos, mas… Vamos ficar bem… Se nos esforçarmos e eu… Eu quero muito, Logan. Quero muito ser forte, mas ao seu lado, então, por favor… Se esforce comigo. Não se esforce sozinho. Eu estou aqui.

— Tudo bem. Eu… Eu me entrego a você.

— E eu a você.

Eu sorri fitando-o. Ele aproximou o rosto do meu e eu descansei meus lábios nos seus. Sentindo-os trêmulos. Sentindo-os deslizarem sobre os meus com medo e receio, porém tive aquilo como um desafio. Eu precisava fazê-lo entender que eu estava falando sério.

Inclinei a cabeça para cima levemente, fazendo meus lábios deslizarem na vertical e nossas bocas se separarem por alguns segundos até que, novamente, eu o beijei novamente depositando ali todo o meu amor e minha vontade de ter meu Logan de volta.

Agora eu o sentia mais seguro. Sua língua avançou abrindo espaço e indo de encontro a minha que pareciam dançar no mesmo ritmo que eu o tinha em meus braços.

O ar já se fazia necessário, porém não paramos. Não conseguíamos, porém… Não podíamos ficar ali para sempre e… Agora que Logan e eu nos entendemos, teríamos tempo para isso mais tarde.

— Eu também te amo – Logan disse ofegante.

Logan me acompanhou de volta à cozinha, onde eu terminei de lhe preparar algo para comer. Ele ainda não estava cem por cento, mas eu já não me preocupava mais, pois me certificaria de que isso aconteceria.

Aproveitei para contar-lhe sobre a viagem que vínhamos planejando a algum tempo. Meus amigos e Júlia estariam indo juntos caso quisessem. Logan não reclamou e também não mostrou entusiasmo. Para ser sincero, nem eu estava muito animado, mas eu realmente acreditava naquela viagem.

 

Até que o dia de irmos finalmente chegou. Julia estava dormindo lá em casa para adiantarmos algumas coisas. O que acabou sendo bom, ter uma mulher em casa às vezes faz falta. Levamos esporro por deixar para arrumar as malas no dia da viagem. Logan e eu éramos bem relaxados, o que eu podia fazer?

O bom era que Julia nos animava e estávamos precisando daquilo. Assim como ela que, de acordo com uma amiga sua, Marcus lhe dava motivos para suspeitar que estava sendo traída. Tanto que, a princípio, ela não queria ir conosco, mas mudou de ideia ao perceber a minha situação com Logan e por querer estar longe de Marcus para pensar sobre o relacionamento deles.

Brian chegou cedo. Estava ansioso para conhecer Julia. A princípio fiquei com medo do jeito desleixado e desbocado do Brian perto da minha filha, mas já estava com dramas suficientes para uma vida. Não queria mais um. Além disso, os dois se deram muito bem, então não vi muitos motivos para me preocupar.

Franky e Otto chegaram juntos, para a minha surpresa. Achei que Amara viria com o irmão, mas ela ficou em casa dando uma última olhada nas coisas que levaria.

Otto ainda não tinha aceitado completamente o fato de que Logan havia sido preso e pior: que estávamos juntos apesar de tudo. Nos olhava torto, mas eu entendia que era quase natural. Assim como sabia que era pedir demais dele e dos meus amigos que aceitassem meu namoro com Logan, visto a cultura que tínhamos sobre incesto. Ainda assim, ele estava se esforçando. Merecia créditos.

Franky se juntou a Julia e Brian. Minha filha parecia já conhecer os dois a mais tempo de tão bem que ficou ao lado deles. Otto estava muito na defensiva, mas Julia parecia acalmá-lo também. Sério, que tipo de poderes essa menina tinha?

E por fim, Amara se juntou ao grupo, chegando alguns minutos mais tarde. Cheia de malas, como se fôssemos ficar um mês inteiro fora, quando na verdade passaríamos menos de uma semana na antiga casa do papai. Ela e Julia não se falaram tanto quanto meus outros amigos, mas não houve tempo para isso. Assim que ela chegou, eu e Logan fomos colocar as malas na van.

— Você tem certeza sobre isso? Ainda dá para mudar de ideia – Logan falou fechando o porta-malas. Estava ofegante devido ao peso destas.

— Você quer que eu mude de ideia?

— Não é isso. É que… Não acha que tem tudo para dar errado? - Logan falou sorrindo, o que me surpreendeu.

— Estou contando com isso – Eu sorri de volta ao perceber a expressão confusa em seu rosto e expliquei em seguida – Depois do que houve, creio que estamos ainda mais próximos do que já éramos.

— E isso significa o que?

— Que precisamos ficar desconfortáveis e até mesmo lavar alguma roupa suja. Mas temos que fazer isso juntos. É o que somos, afinal.

— Uau! Isso é profundo – Logan aproximou-se tirando sarro do meu momento filosófico – Mas eu gostei.

Logan tocou meus lábios com os seus em meio a um sorriso. Foi bem rápido, mas bom. E doce, eu acho. Eu sentia falta daquilo. De momentos tranquilos como esses.

— O que você está fazendo?

— Otto está olhando pela janela. Ele parece bem desconfortável.

— Eu sei. Mas ele está se esforçando. Eu aprecio isso.

Os outros estavam saindo de casa juntos, como se alguém os tivesse chamado. Eu e Logan fomos ocupar os assentos de motorista e carona, respectivamente. Enquanto os outros se acomodavam nas poltronas atrás.

Julia trancou a casa e me entregou as chaves. Tive tal gesto como um sinal para dar a partida e sumir daquele lugar.

A viagem seguiu tranquila, com conversas agradáveis. Até mesmo Otto e Logan estavam mais extrovertidos agora. Coloquei uma música calma para aproveitarmos.

Três coisas me preocupavam, no entanto: Amara, Brian e o tempo. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas Amara não parecia muito feliz ou satisfeita com tudo o que estava acontecendo e não só da minha situação com Logan, mas estar ali conosco. E Brian, que já parecia um amigo íntimo de Julia, provavelmente fosse um ciúme paterno , mas ainda assim, eu conhecia aquele homem desde sempre e estava com maus pressentimentos. E ao que parecia, ia chover. Não daria para aproveitar do jeito que eu havia imaginado. As nuvens negras, carregadas, apareciam rapidamente cobrindo o céu. Talvez, só talvez, não fosse uma boa ideia aquela viagem, afinal.

— Você parece preocupado. O que houve? - Logan perguntou quando recuperou o fôlego de uma piada de Brian.

— Eu estava confiante, mas agora… Não tenho certeza.

— Imaginei que fosse isso.

— Eu devia ter escutado você e o Franky.

— Tudo bem. Todos sabemos das suas intenções e todos concordaram com isso. Além disso, estarei aqui se for preciso.

— Obrigado.

— Pai, que fim de mundo é esse? - Julia perguntou avaliando pela janela o cenário em volta – Eu devia ter trazido as minhas botas.

— Eu trouxe duas. Se quiser e se servir, eu posso emprestá-las – Amara falou sorrindo, finalmente – Eu já imaginava que estaria chovendo. Nash nunca ligou muito para essas coisas.

— Não está chovendo, Madeleine – Falei

— Não quer dizer que não vai chover – ela respondeu

— Pelo menos já estamos chegando na cabana do tio – Otto comentou

— É. Esse lugar me traz lembranças. Fico pensando nas meninas com quem namorei por aqui – Brian disse fazendo todos rirem

— Mas eu te deixava para trás quando saía com vocês – Franky disse com um orgulho um pouco suspeito. Se antes, Otto ria, agora ele fazia algo além disso, sem um nome apropriado.

— Gente, por favor! Não somos troféus! - Julia falou indignada

— Desculpa, moça – Brian respondeu fazendo uma reverência esquisita. Não tinha muita mobilidade para fazê-lo ali.

— Chegamos, bando! - Anunciei ao estacionar o carro, mas… algo estava errado. Havia uma luz acessa no andar de cima e marcas de pneu no chão um pouco mais a frente – Será que…

— O que foi tio? - Logan percebeu minha preocupação

— Tem alguém na cabana do papai.

— Quem será? - Perguntou Brian

— Espero que não seja quem estou pensando – Falei saindo da van.

Os fortes e gélidos pingos de água começaram a cair sobre nós, o que nos forçou a deixar as malas na van e ir direto para a cabana. Nós a contornamos e fomos para a entrada desta e lá estava o carro dele.

Logan, ao reconhecer o carro se aproximou me dando as mãos. Nós íamos bater à porta, mas acabou não se tornando necessário. Ela abriu-se revelando nosso anfitrião.

— O que você está fazendo aqui?

— Viemos passear. Ele era meu pai também.

— Infelizmente.

Josh estava à nossa frente, encarando cada um de nós, já encharcados pela chuva que agora caía ainda mais feroz do que alguns segundos atrás. Aquela viagem foi, realmente, uma péssima ideia.


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