A Realeza escrita por Amanda Amaral


Capítulo 16
Scar


Notas iniciais do capítulo

Oiie meus amores! Espero que gostem desse novo capítulooo.



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Chegando à entrada do palácio comecei a ficar com toda aquela tensão que eu pensei ter me livrado no banho. Escutava barulhos do povo do lado de fora e isso só piorava a situação. Todos já estavam lá, e, pelo que parecia, me esperando. Tentei não olhar para ninguém em especifico mas o olhar acolhedor e preocupado de Kile me tirou muita atenção e talvez um pouco da tensão também.

Assim que me posicionei meu pai deu sinal para que os guardas abrissem as portas e levassem Ean antes que o resto de nós saíssemos também. Quando as portas foram abertas a gritaria do povo aumentou, eu quase não conseguia entender o que eles falavam mas pelo que parecia eles estavam xingando Ean. Eu não estava tão surpresa pelo ódio que o povo passou a ter por Ean depois de tudo o que ele fez e disse. Eu só pensei que eles não seriam tão duros.

Meu lugar era entre minha mãe e Kaden, que parecia estar achando tudo aquilo muito interessante. Já eu e minha mãe trocamos olhares de tristeza misturado com mágoa e outras coisas inexplicáveis que nós simplesmente sentimos. Parecíamos ser somente nós duas nessa onda de tristeza, o resto das pessoas estavam animados ou no mínimo dividindo o ódio por Ean.

Acho que para minha mãe era especialmente mais difícil por causa da Sta. Tames, aquele dia deve ter sido um dos piores das vidas delas. Fui obrigada a parar de devagar quando o executante anunciou a sentença que ele estava prestes a cumprir nas costas de Ean. Quando ele anunciou o lugar onde a pena seria executada minha mãe se revirou em seu lugar e perguntou em um tom um pouco elevado para meu pai:

–Nas costas?! –ela olhava horrorizada para meu pai. Eu não entendi qual era o motivo para ela ter ficado tão brava por ser nas costas. Meu pai olhou para ela com olhos tristes, acariciou o rosto dela e disse alguma coisa que eu não consegui escutar e ambos abaixaram a cabeça.

–UM! –gritou o executante, desferindo o primeiro açoite na pele lisa e antes perfeita de Ean. Um corte gigante foi aberto. Eu comecei a chorar, minha mãe também. Ela segurou minha mão com bastante força, como se estivesse tentando me proteger dessa parte ruim do mundo.

–DOIS! –novamente.

–TRÊS! –e mais uma vez. A cada açoite eu e minha mãe nos retorcíamos um pouco mais.

–CINQUENTA! –eu já não aguentava mais. Já havia chorado demais. Estava exausta daquilo.

–Mãe, eu vou interromper isso. Eu não aguento mais. –eu disse tentando parar de chorar e enxugar meu rosto. Minha mãe simplesmente olhou para mim sem nenhuma expressão mas com o rosto vermelho e inchado de choro. Meu pai não demostrava emoção nenhuma também. Se eles não fariam nada, eu faria. Meu pai ficaria com muita raiva de mim, mas eu não aguentava mais.

–CINQUENTA E U...

–Pare! Já chega! –eu disse descendo da arquibancada que havia sido montada somente para aquela barbaridade. –Essa punição já é o suficiente. –o executante parou e ficou encarando meu pai esperando que ele intervisse. Ele não fez absolutamente nada. Continuou imóvel. Me encarando. Todos estavam calados. –Guardas, podem levá-lo daqui. –os guardas também estavam imóveis esperando a palavra de meu pai. –Majestade...? –meu pai acenou positivamente com a cabeça e fez um gesto com as mãos mostrando que poderiam leva-lo.

Assim que os guardas começaram a retirar o corpo exausto de Ean do meio do show de horrores o povo voltou a gritar, mas agora eles estavam contra mim.

Eles gritavam palavras rudes e diziam que eu não sabia o que estava fazendo e que não sabia lidar com essas situações. Minha mãe tinha um semblante um pouco menos tenso agora. Já meu pai era pura tensão, seu maxilar estava travado e ele passou por mim sem dizer nem uma única palavra. Fiz um aceno com a cabeça para o povo que continuava gritando e sai atrás de meu pai.

Hoje ainda era dia de Jornal Oficial, o que significava que eu precisava responder sobre minha intervenção e eu não fazia a mínima ideia de o que meu pai tinha achado sobre aquilo.

Eu o procurei por vários lugares prováveis mas não o achei. Então decidi voltar ao meu quarto para lavar o rosto e voltar a parecer apresentável. Neena já me esperava junto à porta. Ela sorria singelamente esperando para que eu a ordenasse fazer alguma coisa. Eu a abracei, ela ficou um pouco assustada mas logo já me abraçou com muito carinho.

–Ah Neena... eu não tenho certeza se o que eu fiz foi o certo... –eu estava perdida.

–Eadlyn, você será a próxima rainha de Iléa. Tem que saber dos seus atos. –ela disse em um tom de aviso. Eu a larguei. Não gosto que julguem meus atos.

–Eu sei disso. –ela percebeu que eu não queria mais conversar então abriu a porta.

–Posso fazer alguma coisa por você, Alteza?

–Não, quero ficar um pouco sozinha. Está dispensada. –ela fez uma reverência. –Obrigada, Neena. –isso a fez sorrir. Eu sorri também.

Fui lavar o rosto para tentar tirar todos aqueles sentimentos acumulados de mim. Quando já estava prestes a me sentar em minha cama alguém bateu na porta.

–Sim?

–Minha filha, sou eu. –meu pai abriu a porta devagar.

–Pai! –eu corri até ele. E o abracei. -Eu jurava que você tinha ficado muito bravo comigo.

–Eu não fiquei. Eu fiquei até um pouco... aliviado. –ele me afastou um pouco para que pudéssemos nos olhar diretamente. Ele sorria mas eu pude perceber que estava um tanto nervoso.

–Aliviado? Mas... Eu não estou entendendo mais nada pai... –eu o observava, confusa.

–É por isso que eu vim. Eu tenho uma coisa para te contar... mas você não deve ficar revoltada ou com pena de mim, tudo bem? Isso já passou. –eu já estava um poço de emoções novamente. Meu pai me fez sentar em minha cama e se virou. Quando ele começou a subir a camisa eu entrei em um estado louco de desespero. Suas costas estavam cheias de cicatrizes de chibatadas. Dava para perceber o quão profundas elas eram. Eu me sentia tão mal com aquilo que parecia que eu era quem havia levado aquelas chibatadas.

–Minha filha! –ele se assustou por eu estar quase sem conseguir respirar. –Está tudo bem, eu estou bem agora. –ele sorriu.

–C... como? –eu disse entre soluços.

–Seu avô... Ele era muito autoritário... Ele queria que eu fosse perfeito e me punia por qualquer coisa menos que isso. Eu só estou te mostrando isso para que você soubesse o quanto esse tipo de dia é difícil para sua mãe. Eu não sabia, ou não prestei atenção quando eu e os guardas estávamos decidindo onde Ean seria punido. Quando eu e sua mãe percebemos como aquilo aconteceria, foi como se estivessem pisando em cima de nós. Eu precisava permanecer forte, mas sua mãe não aguentou. Ela sempre achou esse tipo de punição o pior. E eu fico feliz em saber que você pensa como ela, eu também penso assim, mas Ean me tirou tanto do sério que eu estava fora de mim.

–E-eu sinto mu-muito pai. –eu disse.

–Eu sei que sente minha querida, mas isso já passou. Você não precisa ficar mal por isso. – ele sorriu. –Eu só queria te pedir que ficasse com sua mãe essa tarde enquanto eu pensarei em o que iremos falar sobre isso hoje no Jornal Oficial. Tudo bem? –eu estava começando a retomar o fôlego.

–Tu-tudo bem. –eu o abracei muito forte. Meu pai era minha base, meu modelo, minha força dependia de toda a força que ele tinha. Aquele fato tocou em uma ferida minha que eu nem mesmo sabia que existia.


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Notas finais do capítulo

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XOXO Mandy



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