Coração Inglês escrita por FireboltVioleta


Capítulo 15
Angústias, Alívios e Umas Coisinhas Mais


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas lindas!
Mais um capítulo para vocês! :3
Boa leitura!



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Raven ainda estava mergulhada na escuridão ao ouvir uma voz familiar.

– ... a paciente do 203 pediu uma revista pra ler.. aquela nerd metida á inteligente...

Raven abriu os olhos, piscando ao ver a luz forte, e, aos poucos, o rosto de Mila Santos surgiu em seu campo de visão.

– Ai, Meu Deus! – exclamou a menina – você acordou!

Raven fez uma careta, incerta se aquilo era real.

Oh, my... eu morri, não é?

Mila deu um sorriso estranho, uma mistura de sarcasmo e preocupação.

Sei não... você tá pálida que nem um vampiro, mas se está falando comigo...

A menina arfou.

– Então é verdade? Mas... o que aconteceu...?

– Ei, calminha, super-heroína... – Mila riu – vou explicar tudo... mas primeiro me diz... como está se sentindo?

Raven apalpou o peito, onde teria levado o tiro de André, mas não encontrou nenhuma dor ou ferimento. A menina mexeu a perna, e fez uma careta de dor ao ver que ainda estava doendo. Fora isso, parecia ilesa.

– Estou bem...

– O.K., agora que confirmei sua recuperação física ou seja lá que porcaria isso signifique, acho que está na hora de contar o que sucedeu depois que você apagou...

– Desembucha logo, Mila! – bufou Raven, preocupada.

Mila revirou os olhos.

– Tá bem, Bond Girl... assim que a Amanda se escondeu, a malandra pegou o celular, ligou pra polícia, e ensinou pros caras como chegar naquele prédio horroroso. Eu e a Helena tínhamos saído do prédio por uma porta, aos berros, ou seja, metade da rua já estava sabendo do troço antes da polícia chegar. O último tiro que você deve ter ouvido foi da polícia imobilizando o André. Aí você deve ter apagado...

Enfim, o André foi preso... é, ele não morreu, uma pena... e aqueles capangas dele também, incluindo a senhorita Cara-de-pau. A loirinha aqui contou tudo que aconteceu para o delegado e mostrou onde estavam as coisas surrupiadas, entende. Não precisavam de maior prova pra concluir que tínhamos achado a toca do lobo. Então, eles vão ser julgados não sei quando, por formação de quadrilha, extorsão de verdinhas, quase homicídio-pra-lá-de-doloso e sabe-se lá mais o quê. Enfim, eles descobriram que essa era a mesma quadrilha que tinha roubado outras escolas há algum tempo... vinha dando no Jornal Nacional. Tudo o que foi roubado já voltou pra Hermes, e... bom, você vai ver o que vai acontecer depois.

– Nossa... isso tudo aconteceu á quanto tempo... quer dizer... há quanto tempo eu estou... apagada?

Mila deu de ombros.

– Não muito. Umas dez horas.

Então, Raven se lembrou de algo, e a menina arfou, chocada.

– Ginevra! Ela está bem? E os outros? E... – ela sentiu um nó surgir na garganta - ... e.. Josh?

A expressão de Mila ficou mais séria.

– Bom, se você consegue andar... vem comigo...

Raven se levantou da cama, tomando cuidado para não bater a perna machucada. Mila ajudou a amiga, apoiando-a nos ombros.

– Minha perna ainda está inteira? – indagou Raven.

– É... eles tiraram a bala... não teve nenhuma pinguela, ou sequela, ou seja lá qual for o nome da bodega. Um tempinho de repouso e você vai estar novinha em folha.

Mila guiou-a até outro quarto, passando por uma enfermeira de rosto simpático. Raven se pegou pensando em como ela estava deixando uma paciente naquele estado descer da cama e ir para outro quarto.

– Eles disseram que não tinha muito problema, já que não estávamos tão feridas, então não estão achando ruim de você sair do quarto ou nem de ficarmos passeando por aí... o diretor do hospital ficou doidão com a história e deu um tratamento VIP pros heróis aqui. – explicou Mila, parecendo ler a mente de Raven – Bom, esse é o quarto da Ginevra.

Raven quase quebrou a perna boa ao avançar para o leito em que uma menina com uma faixa de gaze enrolada no busto lia uma revista da Veja São Paulo. Ela sorriu para Raven, com a expressão confusa.

– Ray! – exclamou Ginevra, abraçando a amiga - Você tá...

– Viva? É, ela tá sim, projeto de Steve Jobs – brincou Mila.

– Puxa, Gi! – Raven sorriu – estou feliz que você esteja bem.. mas, na boa, o que aconteceu contigo?

– Eu desmaiei quando levei o tiro... de susto... – riu Ginevra – a bala atingiu um músculo, nada de mais... eles a retiraram e, bem, cá estou eu, lendo essa revista na página de cinema, procurando algum filme que preste para assistir depois de convalescer ou coisa parecida.

Raven riu.

– Cadê a Helena?

– Estou aqui, inglesinha – disse uma voz animada do outro lado do quarto, e Helena saiu do banheiro, erguendo os braços para abraçar Raven.

– Você tá bem? – Raven perguntou.

– Nunca estive melhor – Helena sorriu para a amiga.

Raven soltou Helena, e sorriu ao ver Amanda parada na porta do quarto. Para a surpresa de todos, Amanda correu até Raven e a abraçou alegremente.

– Pensei que você ia morrer... – disse Amanda, preocupada.

– Tá brincando? – brincou Raven – precisa de uns vinte Andrés para acabarem comigo...

Todas riram. Raven riu com as amigas, mas seu sorriso se esvaiu na mesma hora.

– Mila... e Josh?

Mila e Amanda se entreolharam, sérias. Raven sentiu a aflição esmaga-la de novo.

– Mila.. ele está bem... isnt...

Mila suspirou.

– Vem comigo, Ray.

Raven já estava tremendo quando deixou Ginevra e Helena e foi para outro quarto. Quando olhou para a cama, ela soluçou, angustiada.

Josh estava com uma máscara de inalação no rosto, parecendo estar inconsciente. Uma agulha estava enfiada no braço do rapaz, pingando soro de uma garrafinha em sua veia, e uma faixa grosa de gaze estava enrolada em seu peito nu. Raven chegou perto do garoto adormecido, e beijou sua testa, tristonha.

– Eles tiraram a bala – Mila murmurou – mas ele ficou muito fraco... parece que atingiu alguma veia.... ele sangrou muito... – a menina balançou a cabeça, parecendo relembrar a cena – Já fizeram uma cirurgia nele, e o médico disse que ele já está melhor... mas ele não acordou até agora.

Raven acariciou os cabelos de Josh, parecendo que ia sufocar de angústia.

– Ah, Josh... dear... – ela sussurrou para o rapaz - por que você ficou entre mim e André? Por quê?

– Por que ele te ama, pamonha – Mila tentou brincar, mas sua voz saiu meio trêmula.

Raven assentiu, com os olhos tristes, mas forçando um sorriso.

– Agora eu não tenho mais dúvida.

– Pobrezinho – suspirou Helena, se aproximando do leito.

As meninas se viraram para a porta, e Raven já estava dando a volta na maca, quando ouviram um suspiro pesado vindo da cama.

A menina arfou quando Josh se mexeu e seus olhos se abriram.

– Josh! – exclamou Raven, voltando onde estava antes. Mila arregalou os olhos e Helena riu quando o rapaz deu um sorriso fraco para suas visitantes.

– Oi, Mila – disse ele, com a voz abafada pela máscara.

Mila fungou.

– Não faz mais isso, seu mané... fiquei mortinha de medo! –suspirou Mila, se inclinando na maca para abraçar o irmão delicadamente.

Josh riu, afagando sem graça os cabelos da irmã com o braço livre. Os olhos dele encontraram os de Raven, que tinha as mãos na boca, sem saber o que fazer. Mila soltou o rapaz, rindo, e fez um gesto para que Raven se aproximasse – o que foi completamente desnecessário, pois assim que Mila se afastou, Raven quase se jogou nos braços do garoto.

– Josh... – gemeu a menina, abraçando-o.

– Ah, Ray... – Josh revirou os olhos, sorrindo – estou bem, sua bobinha.

– Fiquei preocupada... – soluçou Raven, beijando a bochecha do rapaz. Josh riu quando viu uma lágrima na beira do olho dela, ameaçando cair.

– Desculpa, fofa...

– Ah, meu Deus! – exclamou uma voz vinda da porta. Raven arfou outra vez quando viu entrarem, em sequência, sua mãe, seu pai, o Sr. e a Sra. Santos e Bob.

Ray! My daughter! – disse a Sra. Summer, correndo para abraçar a filha, seguida pelo Sr. Summer, que abraçou as duas – ah, Ray... fiquei tão aflita... as coisas que me contaram!

– Puxa, maninha... – Bob abraçou a irmã quando Raven soltou os pais – é sério? Você enfrentou um monte de bandidos?

Raven sorriu ao ver que tudo parecia ter dado certo.

– É uma longa história, Bob. Longa pra burro.

O Sr. e a Sra. Santos ainda estavam ao redor do filho mais velho, parecendo aflitos e aliviados ao mesmo tempo, quando Raven voltou ao lado do namorado.

– Bom, não devíamos poupar nossos pais da história completa, não acha? – perguntou Josh, rindo fracamente, para Raven.

Raven levantou a mão para dar um tapa no rapaz, mas deu apenas uma batidinha suave no ombro do garoto, por que ela estava morrendo de medo de machuca-lo ainda mais. Josh riu de novo.

– Ah, tudo bem. Mas o negócio é longo.

– Senta que lá vem a história – brincou Bob, sentando-se no sofá no canto do quarto.

Raven revirou os olhos.

– Se for começar com bordões do Rá-Tim-Bum, eu não conto.

A Sra. Summer, que parecia ter se acalmado, deu um tapinha no filho, rindo.

Pelos quinze minutos seguintes, Raven contou tudo o que acontecera, desde o anúncio do roubo na escola, até a hora em que a polícia chegou. Quando terminou, os quatro adultos ali estavam boquiabertos, e Bob nem piscava.

– Que história... que história... – a Sra. Santos balançava a cabeça.

– Ah, filha... – o Sr. Summer sorriu para Raven, e levantou para afagar a cabeça da filha – você foi muito corajosa.

Nem me diga! – ganiu a Sra. Summer, dividida entre irritação e a diversão – se não estivéssemos tão orgulhosos, você ia ficar de castigo pelo resto da vida.

Todos caíram na risada.

– E o mesmo vale para vocês, mocinhos – disse o Sr. Santos, olhando com uma mistura de orgulho e preocupação para Mila e Josh – que, nesta hora, havia melhorado a ponto de mostrar a língua para o pai, sorrindo.

Raven bateu palmas, alegre, pensando no como tudo parecia ter acabado bem, no final das contas.

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As meninas receberam alta no mesmo dia, mas não quiseram voltar para casa. Helena, Ginevra e Amanda receberam visitas de seus pais, que não cabiam em si de preocupação, fizeram mil perguntas e xingaram a falta de segurança nas escolas. Todos ficaram até a noite, e, quando eram quase oito horas, Helena e Ginevra foram embora com a família.

Raven e Mila, assim como Amanda, pediram permissão ao diretor do hospital para passarem a noite lá. Conformado com a história do que ocorrera, ele abriu uma exceção, e deixou os Summer e os Santos ficarem. Josh saiu do hospital no dia seguinte, tendo se recuperado tão rápido que foram os médicos que quase morreram - de susto.

Todos foram para a casa dos Summer logo em seguida, ainda falando dos últimos e loucos dois dias.

Helena comemorou o sucesso da missão grudadinha em Bob, que dizia para todos que tinha orgulho de ter uma heroína como namorada. Mila mal chegou na casa dos Summer e já ligou para Fausto, chamando-o para comemorar também. Ginevra, que ainda estava meio indisposta, disse que já que não tinha namorado nenhum com quem comemorar porcaria nenhuma, ia dormir um pouquinho no quarto de Raven. Quanto á Raven, ela passou boa parte da tarde sendo, outra vez, a enfermeirazinha de Josh, que mesmo ainda estando um pouco fraco, não deixou de ficar agarrado na garota, dando seus sorrisos maliciosos. Para completar, Guilherme, o colega de Ginevra, ajudava a Sra. Summer á fazer um belo almoço para todos os visitantes, com direito á purê de batata, peru, atum, sopa de ervilha e, para fechar com chave de ouro, uma fabulosa torta de frutas.

– É uma velha receita da minha grandmother – disse a Sra. Summer.

Raven deu uma risadinha irônica.

– Eu duvido que o site de culinária Make Food Yourself exista á tantos anos...

A Sra. Summer mostrou a língua para a filha, enquanto os meninos riam. Josh aproveitou a distração de Raven para lhe dar um beijo nada inocente no pescoço.

– Olha a safadeza! – brincou Bob, que, apesar disso, estava praticamente fazendo a mesma coisa com Helena.

Olha quem fala – ronronou Helena, abraçando o namorado.

– Aí, cadê a Ginevra? – indagou Fausto, que fazia uma hilária paródia de imobilização em Mila, agarrando-a pela cintura e prendendo seus braços. Mila riu antes de inclinar a cabeça para Raven.

Sei lá – Raven deu de ombros – e o Guilherme também sumiu.

Todos se entreolharam, gemendo.

–Ui... acho que todos aqui já sabem onde eles estão... – disse Josh, dando um sorriso maroto.

– Como é...? – gemeu Raven, antes de ir atrás do namorado. As amigas seguiram-na, curiosas, enquanto Fausto e Bob bufaram e ajudavam a Sra. Summer á pôr os pratos na mesa..

– Cara, você pirou na batatinha? – disse Helena.

– Fica quieta, Helena. Eu falo com ele – brincou Raven – ei, mané, você pirou na batatinha?

Josh indicou o canto da sala de estar com a cabeça. Quando Raven olhou, deu o gemido mais comprido de sua vida.

– É... nós achamos a Ginevra... e o Guilherme – ganiu Mila baixinho, com os olhos esbugalhados.

Como Mila dissera, Ginevra e Guilherme estavam ali – abraçados e se beijando.

– Ai, mamãe – disse Raven.

Guilherme pareceu perceber que ele e Ginevra não estavam sozinhos, e cutucou levemente a menina. Ginevra olhou para trás e avermelhou ao ver os amigos.

– Ah... – gemeu Ginevra,, inconscientemente escondendo o canto do rosto no peito do rapaz – ah, oi, gente.

– Oi – disse Helena, com uma careta hilária.

Raven piscou mil vezes antes de rir.

Oh, my Lord... parece que agora todo mundo está comprometido, não é, Josh?

Comprometidos é eufemismo – riu Josh, antes de agarrar a menina e beija-la na boca. As meninas riram, e Ginevra e Guilherme sorriram, envergonhados.

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Raven teve um dia muito gostoso com os amigos, com o namorado e com a família. O Sr. e a Sra. Summer fizeram o milagre de encaixar todo mundo na sala de estar, e, após longos cinco minutos indagando que raio de filme os moleques iam assistir, todos finalmente chegaram á unanimidade e escolheram um X - Tudo (como Raven chamava os filmes que tinham um pouco de cada coisa), um filme adolescente de espionagem. Enquanto os últimos pacotinhos de pipoca de micro-ondas sabor manteiga da Sra. Summer eram cruelmente devorados, os casais da turma ficavam fazendo piadinhas sem graça de algumas partes do filme, e, vez por outra, dando uns beijinhos discretos. Quando o herói da história levou uma surra do vilão, as meninas gritaram feito loucas, e a Sra. Summer quase deu uma surra em todo mundo, revirando os olhos como se nunca tivesse visto um grupo tão maluco.

Assim que o filme terminou, quase todos, exceto Guilherme, jogaram um bizarro jogo de cabra-cega, em que todo mundo fazia verdadeiras acrobacias ou qualquer coisa parecida para não serem pegos pelo colega vendado. Quando Josh finalmente achou Raven, o rapaz aproveitou a oportunidade e puxou-a para si, rindo, fazendo o Sr. Summer estralar as juntas e estreitar os olhos. Mas o homem preferiu ficar quieto, ou ia acabar enforcando o rapaz até ele desmaiar ou coisa pior.

No final, Raven conectou seus dois tapetes de dança no videogame, e fez uma verdadeira maratona de dança. Ginevra e Josh começaram; Ginevra perdeu para Josh, Josh perdeu para Raven (que á essa hora deu um sorriso tão metido que parecia o tipo de sorriso à lá Amanda que a dita sempre havia dado), e por aí foi a brincadeira. Quando o último perdedor, Guilherme, deixou o tapete aos tropeços, todos estavam fazendo massagem nos pés, e Raven brincava com as amigas, dizendo que não eram páreas para uma inglesinha. As meninas mostraram a língua, mas riram.

Quando uma alegre Ginevra foi embora com Guilherme, e todos estavam confortavelmente deitados nos colchões espalhados pela sala (porque só um milagre poderia fazer tantos adolescentes caberem no quartinho de Raven ou de Bob), a Sra. e o Sr. Summer se despediram dos garotos. Josh começou á contar uma história de terror sem sentido, aos bocejos, e como ninguém estava entendendo mesmo, todos adormeceram logo.

Raven dormiu sorrindo, finalmente tendo um sono tranquilo e sem pesadelos.




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Notas finais do capítulo

Então? Comentários?
Beijinhos e até os últimos capítulos! *u*



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