Castelo de Vidro escrita por Purple Sparkle


Capítulo 23
Melancolia


Notas iniciais do capítulo

Olá voltei com mais um capítulo fresquinho. Eu sei que demorei um pouquinho pra postar, mas peço que me perdoem, afinal aconteceu muitas coisas esses dias. Uma delas foi o show do flow que foi incrível e me deixou sem voz. Ainda estou rouca por causa dele haha. Detalhe o show foi no domingo. Enfim sem mais delongas aqui está o capítulo, boa leitura.



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# Narração Amanda (ON):

Estava chateada, porque Lucas não passaria o dia todo comigo hoje, dormi muito mal, principalmente porque quando cheguei em casa meus pais estavam discutindo novamente. Não queria ter voltado pra casa, mas não conseguiria ficar perto de Lucas naquele momento, ele estava me trocando por um jogo de tênis.

Se fosse em qualquer outro momento eu não ligaria, eu entendo que é quase uma tradição, mas eu estou num momento frágil. Tenho certeza de que a Anna entenderia se ele falasse com ela. Com toda certeza eu sei que ela entenderia e aceitaria numa boa cancelar o compromisso.

As vezes ele se preocupa demais com ela, já falei várias vezes com ele que ele não tem que ficar vivendo a vida dela, que ele também possui uma vida e não tem que sair largando tudo por causa dela.

Admito que eu sinto ciúmes da relação deles, gostaria que ele fizesse o mesmo por mim. Como sou ciumenta sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo de sê-lo, porque temo que meu ciúme machuque o outro, porque me deixo dominar por uma mera banalidade.

Conversaria com ele mais tarde depois do tal jogo, até lá espera estar mais calma e menos chateada.

Desci para tomar café da manhã e vi que minha mãe estava chorando, quando ela me viu ela tentou disfarçar e secou as lágrimas.

– Mãe tá tudo bem? - perguntei preocupada.

– Tá sim querida, foi só um cisco no meu olho. - ela respondeu sorrindo.

– Se a senhora diz...

Já que ela não queria tocar no assunto eu não insistiria, preferiria nem saber do que estava acontecendo, assim eu não me envolveria mais do que estava envolvida.

Tomei meu café da manhã em silêncio. Apreciava o silêncio como se ele fosse a minha companhia favorita, fazia tempo que não tinha a sua companhia.

Eu sei que o silêncio muitas vezes tira a vontade de alguém ouvir uma palavra, mas tem hora que as palavras doem mais do que o silêncio.

# Narração Amanda (OFF):

# Narração Bernardo (ON):

O passeio ontem no shopping foi bem agradável, Melissa muitas vezes podia ser uma ótima conselheira, ela me fez entender que preciso ler nas entrelinhas.

Não é tão simples assim enxergar nas entrelinhas, afinal requer muita observação, reflexão, avaliação e desprendimento sobre as minhas opiniões.

Estava disposto a tentar e entender o mistério que Anna Júlia é, e quem sabe talvez conseguir ajudá-la a viver sem a máscara que cobre o seu rosto.

Buscarei Melissa daqui a pouco, nós vamos ao Rotary Club assistir o jogo de tênis entre a Anna e o Lucas.

Conversaria com ela de qualquer jeito, precisava esclarecer tudo. Passei correndo pela sala, parecia um furacão e minha mãe percebeu isso.

– Aonde você vai mocinho? Tá parecendo um furacão! - ela gritou.

– Vou no Rotary Club com a Melissa.

– Você não acha que tá cedo? - ela falando assim parecia que eu nunca acordo cedo.

– Não. Nós vamos assistir um jogo de tênis.

– Já tomou seus remédios? - as vezes ela me tratava que nem criança.

– Já, mãe!

– Juízo!

# Narração Bernardo (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Estava aquecendo enquanto Luke não chegava, daria uma bela surra nele hoje, descontaria toda a minha raiva e frustração nesse jogo, talvez assim eu esvaziasse a minha cabeça.

Enquanto aquecia muitas pessoas conhecidas passavam por mim e me cumprimentavam e eu apenas acenava. A maioria daquelas pessoas não me conhecem realmente, porém me idolatram como se eu fosse uma pessoa perfeita, mal sabem das coisas horríveis que fazemos. Tudo é altamente articulado e calculado a fim de não envergonharmos as nossas famílias.

Chega uma hora que todo o brilho, glamour e moda, o pandemônio e a loucura fica cinzento.

Parei de devanear quando Lucas entrou na quadra, o olhei e ele foi para o seu lado da quadra. Dessa vez começaria sacando e eu não pegaria leve nem se ele implorasse.

O jogo estava bem equilibrado e a exaustão já estava aparente em nós dois. O terceiro set estava terminando e eu estava com a vantagem. Com algumas poucas jogadas terminamos o set e eu consegui a vitória. O jogo terminou 3 sets a 1, sentei no chão da quadra e tentei recuperar o fôlego.

Lucas me estendeu a mão e eu aceitei, fui pega num abraço caloroso assim que levantei e foi impossível não retribuir, a raiva já tinha se esvaído.

– Você está afiada demais hoje. - ele passou a mão pelo seu cabelo bem aparado.

– Tinha muita energia pra gastar.

– Percebi. Você está mais calma agora?

– Estou. - o respondi suspirando.

– Então podemos conversar? - senti que ele estava com medo de que eu acabasse brigando com ele.

– Se for sobre aquele assunto eu prefiro não falar. Eu entendo que você ficou preocupado, mas eu não quero falar disso agora.

– Eu não tinha que ter me metido nisso. Por favor me perdoa. - ele me olhou suplicante.

– Não tem motivos para você me pedir perdão, você estava preocupado e com toda razão.

– Achei que você não falaria comigo tão cedo.

– Impossível ficar sem falar contigo por muito tempo, nós temos o mesmo sangue e tudo o que acontece somente fortalece os nossos laços. Eu te amo, não importa o que aconteça.

– Eu também te amo, AJ.

Saímos da quadra e fomos em direção ao vestiário, quando fomos interceptados por Melissa e Bernardo.

– Nossa que jogo foi esse amiga!? - ela estava euforica.

– Vocês jogaram muito bem. - Bernardo disse.

– Obrigado. - Lucas respondeu.

– O quê vocês fazem aqui? - perguntei cruzando os braços.

– Viemos caminhar e vimos vocês, com isso resolvemos cumprimentá-los. - Melissa me contou essa lorota ridícula.

– Você tá de sacanagem se você acha que eu vou acreditar nessa palhaçada! Tá achando que eu sou retardada? - me segurei para não aumentar o meu tom de voz.

– Eu pedi que ela me trouxesse até você. Não sabia que você iria ficar chateada. - Bernardo intercedeu.

– Não estou chateada, mas não suporto que tentem me fazer de imbecil.

– Podemos conversar? - Bernardo perguntou.

– Desde quando vocês se falam? - Lucas perguntou.

– Desde que nos encontramos num lugar. - o respondi.

– Lucas, vamos sair daqui, deixe eles conversarem e também eu quero levar um papo contigo. - Melissa segurava na camisa de Lucas.

– Não me puxa, Melissa! - Lucas esbravejou.

– Então para de ficar parado que nem um dois de paus. - ela retrucou.

– Anna, nos encontramos naquele restaurante natureba aqui perto. Relaxa que eu não vou matar o Lucas hoje. Esse mané têm ainda muito o quê viver.

– Tá bom nos encontramos lá.

Melissa saiu arrastando Lucas e eu não consegui segurar e comecei a rir. Sentamos perto do chafariz que presenciou o nosso primeiro encontro.

– Na última vez que conversamos eu forcei a barra e por isso quero te pedir desculpas.

– Não precisa se desculpar, eu exagerei e perdi a linha.

– Melissa me explicou que vocês tem uma certa restrição a terapeutas e que muitas vezes preferem lidar sozinhos com seus monstros internos. Eu não consigo entender o porquê, mas respeito.

– Os nossos monstros internos muitas vezes não nos fazem mal. Aprendemos a lidar com o que acontece. Um dia você passa a entender.

– Eu espero… Melissa falou que eu estou no caminho certo. Um dia eu consiguirei ligar todos os pontos.

– Eu acho que você é capaz de ligá-los.

– Dizem que os olhos são como um espelho. Eles refletem tudo aquilo que o seu coração tá cheio. Eu deveria conseguir enxergar tudo o que você sente através de seus olhos.

– Você disse muito bem. Você deveria. Sabe por que você não consegue? Porque eu aprendi a esconder a dor e a camuflar os meus sentimentos.

– Anna, cuidado com a tristeza, ela é um vício.

– As palavras salvaram-me sempre da tristeza.

– Você sabe que a melancolia é um estado psíquico de depressão com ou sem causa específica caracterizada principalmente pela falta de entusiasmo e predisposição para atividades em geral? - ele me perguntou.

– Existem vários significados para a melancolia. Freud dizia que a melancolia é um estado emocional semelhante ao processo de luto, mas não há a perda que o caracteriza. Já no Romantismo, a melancolia era um estado emocional apreciado, pois representava uma experiência que enriquecia a alma. - o retruquei.

– Só você pra me retrucar falando de Freud e Romantismo. Quando eu ligar os pontos eu prometo que vou acabar com a sua escuridão e te livrar da melancolia. Eu serei a tua luz. Eu te prometo.

– Não faça promessas, porque eu não sei lidar com a decepção.

– Eu nunca te prometeria algo que eu não possa cumprir. - Ele disse sincero.

– Então ligue os pontos e me faça encontrar a luz. Leia nas entrelinhas.

– Eu estou tentando ler, mas é difícil. Vocês gostam demais de mistérios.

– Costumo me esconder nas entrelinhas para ser encontrada apenas por quem realmente se interessa em ler a minha alma. Não sou um ser complicado, mas gosto de parecer como um.

– Uma coisa é esconder, quem realmente é. Outra é fingir que não existe.

– Então descubra o que é real e o que não é.

– Eu vou e quando eu descobrir tudo mudará, Anna.

– Eu espero… - suspirei levemente.

Fui para o vestiário tomar um banho e trocar de roupa para ir almoçar com eles, demorei um pouco para sair e quando sai abracei Bernardo forte e ele retribuiu.

Estava começando a ter certeza que ele é capaz de me tirar da escuridão que estava me enfiando.

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Lucas (ON):

Mais uma quinta feira seguindo a nossa tradição e eu espero que ela dure por muitos anos. É sempre bom jogar tênis, geralmente durante o jogo consigo relaxar e colocar os meus pensamentos em ordem.

Amanda está chateada comigo, eu sei que ela está sensível e quer atenção e carinho, mas eu não posso abandonar as tradições. Entendo que ela não aceita que eu cuide da vida da minha prima, mas eu não consigo evitar cuidar das pessoas que amo e ela está entrando nessa lista. Espero me entender com ela o mais rápido possível, não quero ficar brigado com ela.

O jogo foi bem disputado, Anna estava afiada e muito focada, estávamos dispersando a nossa raiva e frustração no jogo. No final ela acabou me ganhando, estávamos exaustos.

Vi que ela se sentou no chão da quadra e fui em sua direção e estendi a mão para ajudá-la a levantar e aproveitei que ela estava desarmada e a peguei num abraço forte e caloroso.

Conversamos um pouco e fomos caminhando para os vestiários quando encontramos Melissa e o tal garoto do chafariz. Não sabia o nome do tal garoto, mas Anna disse que eles se falam desde o dia que eles se encontraram em um lugar. Ela teria que me explicar essa história depois direitinho.

Fui arrastado pela Melissa, ela queria conversar, ou seja, ela iria falar e eu a escutaria, pois a probabilidade de apanhar e tomar uma bronca era grande.

– Melissa, para de me arrastar.

– Já estamos longe o suficiente deles, então agora posso te comer no esporro.

– O quê eu aprontei dessa vez, maluca?

– Maluca? Sério isso? É impressionante como você consegue se fazer de retardado certas horas. - Melissa estava ficando irritada e isso não era nada bom.

– Tá bom não te chamo mais de maluca. Agora se você puder simplificar as coisas eu agradeço.

– Esqueci que a sua bola de cristal tá quebrada. - ela debochou descaradamente da minha cara.

– Justamente... - respondi soltando um muxoxo.

– Quantas vezes eu já te falei pra não se meter aonde não é chamado?

– Não era a minha intenção deixá-la chateada.

– É incrível quanto estrago pode ser feito quando só se tem boas intenções.

– Eu sei...

– Não vou te falar para não se meter aonde não é chamado, pois não adianta, mas te peço que pondere as suas palavras, afinal nem sempre estamos prontos para ouvir tudo o que se tem para dizer. Nós dois sabemos muito bem o que é se preocupar e só por isso não te julgo mais, tudo o que fazemos é porque queremos proteger aqueles que nós amamos.

– Nunca pensei que você me entenderia. - fui sincero.

– Não sou essa frígida que vocês pensam. Eu me importo com todos, é óbvio que temos exceções. É por isso que te falo isso, Lucas. Eu mais do que ninguém sei como você se importa com a Anna, porque eu também me importo com ela, afinal aquela besta é a irmã que eu escolhi e é por causa disso que eu te peço deixe-a tomar as próprias decisões e também tome cuidado pra você não se machucar.

– Obrigado pela preocupação, Melissa. Eu não vou me machucar e vou deixar ela fazer suas próprias escolhas, mas mesmo assim ainda acho que ela deveria dar uma chance de se reaproximar com a mãe dela.

– Você mais do que ninguém entende que esse assunto é complicado, vamos dar um tempo pra ela digerir essa história toda. Nada que falarmos vai convencê-la, a única pessoa que pode fazê-la mudar de ideia já está falando com ela.

– Tá de brincadeira né? Desde quando aquele garoto tem intimidade com a minha prima?

– Claro que não. Bernardo tem uma visão diferente de toda a loucura que vivemos. Eles estão se tornando amigos.

– Então esse é o nome dele... Interessante. - soltei um sorriso de canto.

– Não faça nada para afastá-lo. O garoto é gente boa.

– E como você pode afirmar isso? - estava curioso.

– Simplesmente porque ele nos ajudou quando ele poderia ter muito bem ter nos largado porque não era problema dele, além de outras coisas que não vem ao caso. Ele tem uma visão diferente de tudo, mas sabe muito bem como as coisas funcionam. Simpatizei com ele e nós dois sabemos muito bem como isso é um fato difícil. - ela respondeu sem hesitar.

– Tudo bem, você me convenceu.

Melissa me deu um toque que eu realmente precisava, não que posso forçar a minha prima a fazer as coisas mesmo que seja a coisa certa a se fazer. Ela tem que aprender a lidar com as consequências dos seus atos. Apesar de amá-la e querer protegê-la de tudo, nem sempre estarei por perto pra ajudá-la. Aquela ruiva louca tinha razão no final das contas.

Fomos caminhando para o restaurante natureba que combinamos de encontrar Anna e Bernardo.

No caminho observei que as pessoas nos olhavam, aquilo era normal. Tudo o que fazíamos era comentado, por esse simples motivo não podíamos sair dos limites, caso isso acontecesse envergonharíamos não só a nós mesmo, mas a nossa família também.

Melissa soltou um pequeno muxoxo quando percebeu que as pessoas olhavam demais na nossa direção.

– Nossa até parece que eles nunca nos viram conversando sozinhos. - ela revirava os olhos.

– Deve ter algo a mais pra eles estarem olhando tanto.

– Espero descobrir o que é logo. Odeio que fiquem comentando sobre mim quando não sei qual o motivo.

– Faço suas palavras as minhas.

– Acho que descobri porque eles estão olhando tanto e comentando mais ainda.

– O quê aconteceu?

– A sua namoradinha tá chegando. - disse como se fosse óbvio.

– Não estou namorando. - respondi automaticamente.

– Não minta pra mim, sabemos muito bem que você tem um rolo com a Amanda, só falta vocês assumirem.

– Ótimo. Então você também já sabe.

– Vocês não são os melhores pra esconder nada, na verdade a Amanda não sabe disfarçar muito bem as coisas, mas eu ainda continuo gostando dela. Faça um favor pra todo mundo, assume logo o relacionamento de vocês.

Amanda vinha caminhando na nossa direção e as suas feições não era uma das melhores. Melissa olhava pra mim com aquela cara de quem sabia que o circo ia pegar fogo.

– Nossa que ótimo encontrar vocês juntos. - Amanda disse debochada.

– Você debochando? Estamos evoluindo, até porque a que geralmente debocha aqui sou eu. - Melissa soltou enquanto ajeitava seu cabelo ruivo.

– Não briguem.

– Nós não vamos, Lucas. - Amanda respondeu.

– Não vamos mesmo, até porque ela quer comer suas tripas e eu não vou me meter. - Melissa soltou.

– Obrigado pelo apoio, Melissa.

– Disponha. - ela respondeu. - Vou deixá-los sós, afinal vocês tem algumas coisas para conversar e acertar. Não demorem muito, estaremos os esperando no restaurante.

Melissa saiu andando e eu fiquei sozinho com Amanda. Estava suando frio, tinha medo de discutirmos novamente.
Ela pareceu perceber o meu nervosismo e me lançou um sorriso terno.

– Relaxa eu não vou brigar contigo outra vez. Pelo menos é o que espero.

– Eu também espero que não briguemos outra vez. - disse sincero.

– Eu exagerei ontem, estava carente e fiquei com ciúmes. Queria ter a mesma atenção que você dá pra sua prima.

– Você tem a minha atenção, talvez até mais que a minha prima. Não precisa sentir ciúmes, eu vou cuidar de você.

– Vai mesmo? - ela me olhou esperançosa.

– Claro que vou. Se você deixar obviamente.

– É claro que eu deixo. Acho que tô precisando de alguém pra se importar comigo enquanto tudo desmorona.

– Você não tem uma pessoa só que se preocupa contigo, a galera toda estará contigo pro que você precisar.

– Eu não quero que eles saibam o que está acontecendo. Não agora. Têm tanta coisa acontecendo que às vezes penso que não vou aguentar.

– Eu respeito a sua escolha, quando você estiver pronta contamos. Eu estou contigo, vamos enfrentar tudo isso juntos.

– Você é um ótimo amigo. Não sei o quê faria sem você. - ela segurou a minha mão forte.

– Os amigos servem pra isso. - retribui o gesto.

– Na verdade você não é só um amigo, mas eu não consigo encontrar uma palavra pra defini-lo. - ela olhava no fundo dos meus olhos.

– Eu entendo, afinal estou no mesmo dilema que você. Um dia descobriremos o que somos um para o outro. - retribui o mesmo olhar.

– Desculpa por ter agido feito uma idiota ontem. - seus olhos marejaram.

– Não se desculpe. Não precisa. Eu fiquei sem entender o motivo de você ter ficado tão chateada.

– Eu fiquei chateada que você me deixaria hoje pra ficar com a sua prima, mas eu fui uma imbecil, não posso te pedir pra largar uma tradição, não tenho esse direito e mesmo que tivesse não pediria. Acho incrível o laço de vocês dois, mesmo achando que você a trate como criança às vezes, mas pelo que vi você estava conversando com Melissa e pelo que a conheço ela já deu uma bronca em você, então não vou falar nada, até porque acho que acabaria repetindo algumas coisas que ela falou.

– Realmente eu tomei uma bronca da Melissa. Não precisa ficar chateada, irei te dar a atenção que precisa.

– Acho que vou acabar a agradecendo. - ela riu.

– Não faz isso. Ela vai ficar se achando a dona da razão se fizer isso. - supliquei.

– Vamos encontrar a galera, não quero escutar a ruiva reclamando que demoramos um século.

– Vamos, mas depois a mocinha volta lá pra casa.

– Já que o convite está feito eu volto.

– Mi casa es tu casa. - falei e recebi um belo sorriso.

– Bom saber disso, Lucas. - ela continuou sorrindo.

Segurei sua mão e fomos caminhando para o restaurante, era muito bom fazer as pazes. Estava me sentindo leve depois de tudo o que aconteceu. Tudo estava se resolvendo aos poucos.

# Narração Lucas (OFF):

# Narração Melissa (ON):

Fui a primeira a chegar no restaurante e aproveitei esse momento para pensar em tudo que estava acontecendo. Todos estavam se acertando de uma maneira ou outra é isso era bom, gostava de ver meus amigos bem e de principalmente ajudá-los quando eles precisam.

Era irônico como eu conseguia ajudar as pessoas a se acertarem umas com as outras, enquanto eu tinha tantos problemas.

Acordei dos meus devaneios quando vi Anna e Bernardo entrando no restaurante, eles acenaram para mim e se sentaram na mesma mesa, agora só faltava Amanda e Lucas.

– Cadê o Lucas? - Anna perguntou.

– Encontrou Amanda pelo caminho e eles precisavam conversar, então vim andando na frente. Logo logo eles chegam. Eu espero.

– Ah sim...

– Espera eles chegarem, aí você mata a sua curiosidade. - Bernardo falou.

– Me respondam, vocês se acertaram né?

– Sim... Obrigado pela ajuda, Melissa. - Bernardo disse.

– Não me agradeça. Odeio ver meus amigos brigados.

– Olha Bê você já faz parte do grupo, não que você não fizesse antes, mas agora é oficial. - Anna disse enquanto batia palmas.

– Assim vocês me fazem se sentir especial. - ele olhava pra gente com os olhos brilhando.

– Pode se sentir assim, afinal não é qualquer um que anda conosco. Não é Anna? - não aguentei e botei pilha.

– Isso mesmo, se prepare pra virar assunto na boca do povo. - ela respondeu e sorriu.

Estávamos rindo e brincando enquanto aguardávamos Lucas e Amanda, que casal pra demorar a chegar. Já estava quase ligando para o celular dos dois quando eles entram no restaurante. Finalmente eles chegaram, as duas criaturas estavam reclamando de dois em dois segundos que estavam com fome.

– Finalmente chegaram! - não aguentei e soltei.

– O importante é que estamos aqui. - Amanda soltou.

– Por que demoraram? Por um acaso estavam tendo uma rapidinha? - tive que provocá-los.

– Não sua pervertida. - Lucas respondeu enquanto Amanda, Anna e Bernardo estavam engasgados. - Tive que ir no vestiário tomar um banho e me trocar já que você saiu me arrastando.

– Ah sim. Desculpe por pensar no mais óbvio. Sentem-se logo, aqueles dois estão morrendo de fome e estavam reclamando no meu ouvido.

– Não exagera sua mocréia. - Anna soltou e todos rimos.

– Vocês são engraçadas e loucas. - Bernardo não aguentou e soltou.

– Vai dizer que você só percebeu isso agora. - Lucas o respondeu.

– Você ainda não viu nada. - Amanda disse.

O clima na mesa estava incrível, pedimos o nosso almoço e comemos tranquilamente. Não tínhamos pressa pra terminar com aquele clima.

Conversamos bastante e Bernardo falou um pouco mais sobre ele, pra mim e pra Anna foi bom porque sentíamos que tínhamos recrutado uma pessoa incrível para o nosso time e para Lucas e Amanda foi a oportunidade de conhecê-lo.

Naquele momento cheguei a conclusão que Bernardo nos defenderia até no inferno e nós faríamos o mesmo por ele. Mais um estava entrando no nosso ciclo e entendo totalmente a nossa loucura e união.

Eu não poderia estar mais satisfeita com tudo.

# Narração Melissa (OFF):


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo.
Deixe a sua opinião nos comentários, vou adorar saber!!
Beijinhos!!!



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