Pov. Docete

Mais um dia de escola. Vesti-me e olhei as vitrines enquanto seguia pela cidade. Era uma sexta-feira nublada, fria. Ironia era que hoje era dia 13. Quando cheguei na escola, já tive minha dose de horror do dia, Ambre.

–Não fique no meu caminho, pestinha. - ela disse com desdém. - Olhar para você me dá náuseas.

Eu apenas revirei os olhos enquanto ela saia acompanhada por Li e Charllote. Segui para meu armário. Quando peguei meu livro, alguém apertou a minha cintura e eu bati a cabeça.

–Ai!

–Ei, cuidado! -Alexy deu risada.- Imagina quando tiver namorado, o quanto você não vai se machucar.

–Você me assustou. - esfreguei minha cabeça. -Não faça isso de novo.

–Claro que vou fazer.- ele piscou. - Agora me ouça, tenho uma proposta para você.

–Qual ?- perguntei curiosa.

–Que tal você ir lá em casa hoje á noite para fazermos uma sessão de filme de terror ? - ele sorriu abertamente.

–Eu adoraria, claro.- eu disse sem pestanejar. - Mas preciso falar com a minha mãe.

–Okay. Quando chegar em casa, me ligue e diga o que sua mãe disse. - começou. - Se ela deixar, eu vou buscar-lá.

–Tudo bem. Mas será só nós dois ? - perguntei rapidamente.

–Se o Armim largar o jogo novo que comprou ontem, acho que ele se junta a nós. - disse. Logo levantou uma sobrancelha. - Algum problema ?

–Não, claro que não. - eu sorri. - Estava apenas curiosa.

–Você está sempre curiosa. - o sinal tocou. - Até mais tarde.

Alexy me deu um beijo na bochecha antes de ir. Era realmente uma pena que ele não gostasse de garotas. Aposto que ele seria um namorado perfeito. Tão gentil e carinhoso. Eu quase poderia me apaixonar por ele.

O dia passou rápido, quase nem o senti. Fiquei apenas pensando no convite de Alexy. Ele era meu melhor amigo, mas ainda assim. Eu nunca tinha ficado tanto tempo sozinha com um garoto... Mas devia parar de pensar baboseiras, ele não gostava de garotas.

Minha mãe deixou eu sair, porém, iria me buscar na hora estipulada. Quando liguei para o Alexy, ele parece ter pulado com o telefone na mão. Logo viria me buscar. Fui correndo me arrumar. Tentei ficar bonita, e o esperei em frente a minha casa.

–Hey! - Alexy veio até mim. - Então, vamos ?

Até a casa de Alexy era um caminho curto. Nos rimos bastante enquanto caminhávamos. Quando chegamos, Armim e os pais dele tinham saído. Sentamos no sofá e começamos a escolher o filme que iriamos olhar. Logo, falei.

–Olha, Alexy. São meio fortes, os filmes que escolheu.

–Não se preocupe, é só ficção. - ele me tranquilizou. - E além do mais, eu estou aqui. Se sentir medo, pode me abraçar.

–Oo-kay...- eu disse corada.

Colocamos o filme. Assim que iniciou as cenas mais fortes, eu escondia meu rosto no ombro de Alexy, ou apertava sua mão forte. Assim, no final do primeiro filme, nos dois estávamos agarrados em cima do sofá. O segundo filme, no qual um casal fugia de um maníaco, eu fiquei corada quando o casal teve uma noite de amor na casa. Alexy me olhou de canto de olho nessa cena, e apenas sorriu.

Assim que acabou o filme, olhei o relógio. Ele me olhou desanimado.

–Já tem que ir ?

–Acho que ainda dá tempo de olhar o começo do outro filme. - respondi.

–Então... Não tem outro filme. -ele sorriu, desculpando-se. - Eu aluguei apenas esses dois, achei que podíamos conversar.

–Okay. - eu sorri, sem entender. Ele sentou ao meu lado. - Sobre o que quer falar ?
–Eu não sei. - ele ficou corado. - Só queria conversar com você.

–Tudo bem. -disse. - Da onde surgiu a ideia de escolher esses filmes para nós ?

–Ah, eu queria assusta-la bastante com o primeiro. - ele disse malicioso.

–Alexy!

–Hahaha, me perdoe. - ele riu. - Eu não resisti. E o segundo, queria ver o quanto conseguiria corar essas suas bochechinhas. - ele apertou minha bochecha de leve.

Continuamos a conversar um bom tempo sobre os filmes. Ele já tinha os olhado com Armim, portanto, sabia o que esperar. Já estava escuro lá fora, e logo minha mãe chegaria. Enquanto falávamos, percebi que Alexy estava diferente. Mais sério, tenso, até.

–Sabe, você é a minha melhor amiga. - ele disse próximo de mim. - Queria que soubesse.

–Fico feliz em saber. - eu sorri. - Você também é meu melhor amigo.

–Então...- ele começou devagar. - Não se importaria se eu quisesse que provasse algo ?

–Não me importo. - disse animada.- O que é ? Doce ou salgado ?

–Hahaha... Doce, eu acho. - disse com certa dúvida. - Feche os olhos.

Eu obedeci. Senti ele levantar do sofá e sentar-se na minha frente, bem próximo a mim. Esperei.

Logo, senti algo diferente do que esperava. Alexy tinha encaixado os lábios nos meus, me beijando. Fiquei muito surpresa, mas retribui o beijo. Sua língua era gentil, se mexendo junto com a minha. Ele segurava meu rosto e o acariciava devagar. Coloquei as mãos em seu ombros que senti serem largos. Só agora, percebi o quanto Alexy era bonito. Era alto e levemente forte. O rosto bem formado e bem cuidado. Ele sugou meu lábio inferior, e se afastou. Quando voltou, seu beijo era mais rápido, intenso. Nunca iria imaginar que Alexy beijasse tão bem. Nunca imaginaria que ele iria me beijar. Foi algo totalmente novo, doce.

Ouvi meu nome e me afastei dele.

–Preciso ir. -levantei rapidamente.

–Tudo bem, eu te levo até a porta. - ele a abriu para mim. - Tchau.

–Tchau...- falei e ele passou a ponta dos dedos no meu rosto.

Cheguei em casa e tentei agir normalmente. Quando fui dormir, não conseguia tirar ele da cabeça. Eu senti conhecer um Alexy totalmente diferente. Só não sabia o quanto tempo esse novo Alexy ia durar.