Nami Wa Ungaii escrita por Nyuu D


Capítulo 3
Fim


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei se gostei do final. Eu estou na dúvida, mas... Bem, eu achei que ficou meio fofo. Meio que pra imaginação de quem lê. É isso.
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Nami sentiu o corpo despertar, porém, não abriu os olhos de imediato. Mexeu os ombros num espreguiçar delicado e apertou as pálpebras antes de abri-las e olhar para o quarto de hotel parcialmente iluminado pelo sol que incidia através das persianas. Piscou os olhos escuros diversas vezes, sentindo-se bem, apesar de completamente exausta.

Não se lembrava de muita coisa da noite anterior, mas enfim, pelo menos não estava com ressaca.

Girou no colchão e foi se esticar de forma mais confortável na cama, quando de repente, seu braço encostou-se a um punhado de cabelos espetados. Nami deu um pulo na cama e percebeu que estava completamente sem roupas. E que tinha um cara do lado dela.

E com o movimento das mãos e a agitação na cama, ela sentiu um peso estranho em sua mão esquerda. Ergueu-a na altura dos olhos e deu de cara com um anel com uma pedra transparente horrível... Parecia algum vidro ou sei lá. O que importava é que era horrível! E o pior— o pior, estava no anelar! Era um anel de casamento!

O rapaz que dormia no colchão estava de bruços, roncava não muito alto e suas costas eram ridiculamente largas e bronzeadas. E ele tinha aqueles cabelos verdes e os brincos que imediatamente o identificaram como o tal Zoro, o rapaz da noite anterior. Tudo bem, mas, o que diabos era aquilo? Aquele anel?

– Ei – ela cutucou as costas dele depois de cobrir os seios com o sob lençol. Sua unha afundou um pouquinho nos músculos, mas nada grave. Cutucou de novo e ele nem se mexeu. – Acorda, oe!

Zoro continuou inerte na cama, dormindo profundamente, enquanto Nami começava a se apavorar ainda mais.

E se ela usou o próprio dinheiro para aquele casamento maluco? E agora, como ia reaver o dinheiro? E teria que pagar para ter o divórcio? Era algum tipo de golpe do baú, ou algo assim?

Num ato desesperado, então, Nami invocou todas as forças do seu ser e empurrou-o para fora da cama.

Zoro caiu de bunda no chão e soltou uma exclamação de dor. A ruiva puxou os lençóis e cobriu o corpo nu enquanto ele se recuperava física e mentalmente, visto que foi um susto daqueles. Ele também estava sem qualquer cobertura em suas partes íntimas, o que deixou Nami ainda mais desconcertada, embora ele não tenha parecido perceber sua situação ridícula de imediato.

Ele se ajeitou e olhou para ela. A cama era alta e a cabeça de Zoro era a única coisa que ficava mais alta que o colchão enquanto o rapaz estava sentado no chão. Ele a encarou com seus olhos apertados, confusos e exaustos. – O que diabos foi isso?!

– Você... Você... O que você está fazendo, o que fizemos? Me mostre sua mão esquerda!

Zoro ergueu a mão esquerda distraidamente, Nami se apavorou e tapou a boca. Então os lençóis escorregaram pelos seios da ruiva e o rapaz ergueu as sobrancelhas, arregalando os olhos de leve.

– SEU TARADO!

– QUÊ?! Mas eu não fiz nada!

– Argh! Você também tem um anel! Nós estamos casados?!

Ele olhou para a própria mão e não teve reações de imediato, mas dois segundos depois, Zoro levantou-se num salto e olhou aterrorizado para a aliança em sua mão esquerda. A dele não era como a dela, por óbvio; a pedra era menor que a espessura do anel e estava torta porque a peça era maior que a grossura do dedo dele, fazendo-a deslizar.

– Aparentemente. – Ele tentou ser o mais relaxado possível, mas obviamente não foi muito bem sucedido. Então, percebeu que também estava sem roupas e imediatamente se agitou pelo quarto atrás de suas roupas. Nesse meio tempo, Nami já havia coberto os olhos há muito tempo.

Claro que ela ainda sentia-se curiosa de espiar pelas fendas a movimentação nua dele, mas enfim, ela tentou se controlar ao máximo. Não que isso signifique que tenha conseguido.

Ele vestiu a parte de baixo de sua roupa e ficou estático num lugar só. Então, espalmou as mãos na altura do peito e ficou olhando fixamente para o chão, como que procurando alguma resposta que esvaiu de seus dedos.

– Ok, vamos tentar lembrar o que aconteceu ontem.

Os dois se entreolharam e seguraram a troca por longos segundos até que perceberam que, aparentemente, não seriam capazes de lembrar-se tão cedo de qualquer coisa que houve antes de acordarem casados.

– Meu Deus – Nami lamentou-se com a voz embargada. – Eu sequer te conheço! Eu sequer sei seu sobrenome! Ou melhor – fez uma pausa e arregalou os olhos. – Meu sobrenome também, já que estamos casados!

– Roronoa – respondeu ele imediatamente. – É Roronoa Zoro.

A ruiva franziu ligeiramente as sobrancelhas. – Roronoa Nami, é isso?

– Sim – ele suspirou.

– Deus – a ruiva ergueu a mão para o rosto e o esfregou, mas, dessa vez, tomando o devido cuidado de não deixar a cobertura de seu corpo cair. – Isso nem soa bem! – Lamentou-se com a voz abafada.

Zoro grunhiu, ofendido, mas não falou mais nada. Apenas retomou sua jornada para se vestir, enquanto Nami lamentava-se desesperadamente, choramingando por causa da desgraça que tinha que enfrentar. Não era justo, francamente. – Sério, eu que paguei por isso? Esse anel horroroso? Porque se for, eu quero reembolso! – Exclamou tirando a mão do rosto. – Não, eu quero o divórcio! Mas se eu tiver que pagar, prefiro ficar casada com você.

– Mas o que— você é louca?! – Olhou com a expressão irritada para ela. – Pare de falar essas merdas, se vista e vamos dar um jeito nisso!

– E vamos fazer o quê? Meu, que vergonha, a Bellemere-san iria morrer de vergonha de mim!

– Quem?!

– Minha mãe! – Explicou a ruiva com um suspiro. – Imagina, se ela soubesse que eu me casei com uma pessoa qualquer em Las Vegas, iria me arrancar os cabelos...

– Pessoa qualquer? Você não acha que tá falando um pouco demais, não, mulher?

– Ai, chega disso, Zoro. Sai daqui que eu vou me vestir!

Ele bufou. – Por que, sair? Eu já vi tudo o que você tá aí escondendo.

Nami corou violentamente no rosto e atirou um dos travesseiros nele, com força. – Sai daqui! SAI!

Derrotado, Zoro acabou indo para o banheiro da suíte. Tendo certeza que estava segura, Nami saltou da cama e olhou para seu próprio corpo, procurando alguma marca ou algo assim. Vendo que não havia nada à vista, colocou uma saia branca e uma regata vermelha. Depois, foi para o espelho e viu que... Tinha uma mancha roxa nele. – Argh – ela esfregou o local e procurou por um lenço. Até que encontrou um preto xadrez e colocou-o adequadamente no pescoço para esconder aquela coisa horrível.

Ficou um tempo sozinha. Tinha que pensar, nem que fosse um pouquinho. Não queria pagar o divórcio, mas também não queria ficar casada com aquele homem. Mas as coisas soavam tão complicadas. Como podia deixar algo como aquilo acontecer? Havia bebido tanto, a ponto de perder totalmente a sanidade?

E aquele anel horroroso! Imagina que ela, em perfeitas condições, aceitaria casar com alguém sob aquelas circunstâncias!

Mas... De alguma forma, se Nami pensasse bem no assunto, perceberia que mesmo estando bêbada, ela não era do tipo de fazer algo que não queria, nem que fosse no íntimo de seu ser. Talvez tivesse sido um impulso violento, algo incontrolável e louco, mas havia sido algo.

E esse “algo” tinha que ser significativo, não havia outra explicação.

– Zoro – ela chamou depois de estar adequadamente vestida. O rapaz saiu do banheiro com as mãos nos bolsos, visivelmente aborrecido. Nami sentou-se num dos sofás próximos da cama, cruzou as pernas, apoiou os cotovelos nos joelhos e olhou para o além.

Até que Zoro sentou-se na cama e cruzou os braços. A partir daí, eles ficaram se olhando intensamente.

Por longos instantes, um analisando o outro cuidadosamente. Nami tinha certeza que ele era um tipo de homem interessante, principalmente por conta do temperamento, mas falando sério...! Era um casamento em Las Vegas. Mesmo que ela tivesse ponderado sobre sua loucura, não tinha como aceitar!

Zoro, entretanto, sentia-se numa verdadeira incógnita porque aquela ruiva era muito explosiva e complicada, mas tão bonita e adorável... Só que ela falava com tanto afinco sobre o dinheiro que havia usado no casamento, que até o deixava irritado. Mesmo assim, o que fariam agora? Estavam casados, no papel passado. Se procurasse nos bolsos, ele ia achar o papel que provava isso.

E mesmo Las Vegas não podendo ser levada muito a sério, aquilo era um documento, e só poderia ser revogado com um pedido de divórcio.

Mas Zoro não tinha grana pra isso no momento, e Nami não parecia disposta a pagar, tampouco. Então, o que fariam?

A ruiva fez um bico de descontentamento e assoprou a franja, baixando os olhos castanhos para o chão, tal como estivesse exausta. Zoro ficou prestando atenção nela. Ficaram por longos e intermináveis minutos num silêncio mortal, horrível. Até que Nami saltou do sofá e ajeitou o lenço no pescoço.

Tinha que tomar uma decisão. Tinha!

Caminhou lentamente até ele, com os pés descalços, até ficar parada entre as pernas abertas do rapaz. Depois, sentou numa das pernas dele e se apoiou nos ombros dele. Respirou fundo e o beijou.

Ela queria testar uma coisa, também. Coisa essa que consequentemente resultaria na sua tomada de decisão, ou pelo menos na tentativa desta.

Zoro ficou um pouco perdido no começo, mas logo se beijavam tranquilamente, com uma química ridícula de tão boa que era. Nami não achava que podia acreditar que aquilo realmente era verdade. Ele era um cara qualquer que ela havia conhecido em Las Vegas e com quem se casou enquanto estava bêbada. E a mesma coisa servia para Zoro. Mas assim como ela, ele estava impressionado com a forma como se entendiam perfeitamente num momento silencioso como aquele.

O beijo partiu naturalmente e eles se olharam bem de perto, um olho castanho no outro, analisando cada pequena estria mais escura na íris um do outro.

Nami suspirou, totalmente sem rumo. – Sabe, quando eu vim para esse lugar, era definitivamente um sonho para mim – explicou, sorrindo fechado, pensativa. – Eu sempre sonhei em vim para cá, os cassinos, o dinheiro, tudo, tudo. Era um desejo que eu tinha... Meu sonho, mesmo. – Continuou.

– Hum – fez ele, confuso.

– Talvez – hesitou a ruiva por um instante, apertando os lábios antes de continuar. – Talvez, se eu for positiva... – E parou de falar.

– O quê? – Insistiu Zoro depois de alguns instantes.

– Se eu for pensar, você é o marido dos meus sonhos.

Zoro corou nas bochechas na mesma hora. Não acreditava que estava ouvindo aquilo. Era tão desconcertante, mas tão apaixonante em simultâneo. O deixava bastante atrapalhado, de verdade. Tanto nos pensamentos quanto nas mãos, que começaram a se contrair sem que ele percebesse.

– E-eu—

– É sério.

– Acho que você está tentando arranjar uma desculpa pra não ter que tirar esse divórcio! – Defendeu-se. Na realidade, foi sua primeira reação porque havia ficado nervoso. Não tinha outra maneira de escapar daquela sensação que fazia sua mandíbula travar. Nami estreitou os olhos castanhos de maneira ameaçadora.

– Olha aqui, seu idiota – ela deu um tapa na cabeça dele. – Eu estou tentando fazer isso aqui funcionar, entendeu?!

Zoro fez uma careta. – Então seja sincera, porra!

– E se você for mesmo o marido dos meus sonhos?! – Nami gritou ao saltar o do colo dele, furiosa.

Eles ficaram se encarando mais uma vez, dessa vez, cada um com sua expressão de aborrecimento estampada no rosto. Nami queria esganá-lo, e a recíproca era verdadeira.

Mas ao mesmo tempo, ela definitivamente queria pular no colo dele e o apertar até aceitar que sim, ele era o marido dos seus sonhos. E Zoro só queria que ela o abraçasse e ficasse quieta.

Se ele havia pedido para casar com ela – porque era assim que acreditava que tinha acontecido – certamente havia um bom motivo, não teria sido simplesmente do além. Ainda mais Zoro. Ele se conhecia muito bem, sabia que não faria algo assim sem ter uma razão muito forte para tal.

Quem sabe ela fosse a esposa de seus sonhos, afinal.

Contrariado consigo mesmo, mas insistindo, Zoro virou o rosto para um ponto qualquer do quarto e, com a mão, chamou Nami para que se aproximasse. Ela olhou com suspeita por uns instantes antes de ir na ponta dos pés até ele, assim, poderia escapar mais rápido caso fosse necessário.

Quando ela estava próxima o bastante, Zoro a pegou pela cintura e a tombou sentada em suas pernas. A ruiva esperneou um pouco, mas logo parou, ao perceber que não iria cair. Só então é que voltou a olhá-la e eles novamente trocavam aquela intimidade bem de perto.

– Nós nem moramos no mesmo lugar – lamentou-se ela, baixinho.

– É. Você vai ficar aqui por mais quanto tempo?

– Eu vou embora hoje... Eu acho...

– Acho que devia ficar. – Ele corou de novo.

– E vou ficar aonde?! Acha que eu tenho tanto dinheiro assim?

– Eu aluguei um apartamento, estou aqui há duas semanas e vou ficar mais uma. Você fica comigo, e aí nós descobrimos o que vamos fazer...

– Mas eu tenho que voltar pra cas—

– Olha – ele rosnou. – Você vai voltar, só vai se atrasar um pouco!

– E se nós descobrirmos que damos certo?

– Daí... – Zoro torceu de leve os lábios e desviou o curso do olhar, aborrecido. – Daí nós vamos pensar depois.

– Bom – ela apoiou-se melhor nele, abraçando-o pelo pescoço e apertando os lábios de forma quase tímida. – O check-out é em algumas horas, podíamos pelo menos aproveitar... Um pouco do tempo aqui, né?

Ele virou o rosto e a encarou.

Mas ela era muito espertinha...

Zoro levantou-se com ela no colo, deixou-a sobre a cama e curvou-se para beijá-la mais uma vez. Logo, Nami arrastou o traseiro pelo colchão e ele veio por cima dela, mas sem deixar seu peso cair sobre a moça.

A partir daquele momento que eles compartilharam mais uma vez – com suas horríveis alianças de casamento, e sóbrios – Nami havia tido a certeza que... Que o amor à primeira vista existia.

Talvez o casamento não tivesse sido a melhor maneira de começar aquele relacionamento, mas o importante é que havia sido um começo. E quase invariavelmente, o começo de algo, é uma coisa boa. Sempre. Possivelmente renderia bons frutos. Nami sentia-se bem com ele.

Claro que o cotidiano seria outra coisa, mas...

Algo a dizia que não seria muito diferente daquelas horas em que passou com ele a partir do momento em que acordou. Eles pareciam ter essa tendência temperamental, mas logo voltavam ao normal.

É. Ela era muito sortuda.

E ele era o marido dos sonhos. Só faltava saírem daquele sonho e retomarem a realidade de suas vidas.


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