Crônicas de um Bebê escrita por Kuroashi Boy


Capítulo 3
Dia da Creche




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Olá! Fiquem feliz, pois hoje vou lhes contar um dia memorável da minha infância e, certamente, o que a maioria de vocês também passaram. É isso mesmo, hoje é o dia em que eu, Donquixote Law, deixarei de ser um bebê idiota e farei parte dos bebês intelectualmente superiores! O tão temido DIA DA CRECHE.

Tá certo que a maioria de vocês não se lembra dos maravilhosos dias que passaram na creche, mas eu me lembro, pois foram esses dias que mudaram a minha vida. O dia em que eu conheci as três pessoas mais i̶d̶i̶o̶t̶a̶s̶,̶ ̶i̶r̶r̶i̶t̶a̶n̶t̶e̶s̶,̶ ̶d̶e̶s̶n̶e̶c̶e̶s̶s̶á̶r̶i̶a̶s importantes da minha vida!

Tudo começou quando o meu papai malvado enfiou na cabeça que eu poderia ir pra escola das crianças mais velhas e me tornar um gênio, começar a faculdade aos oito e terminar aos nove. Na cabeça dele, se eu fosse pra creche, eu cresceria mimado e seria igual às crianças inúteis do mundo.

Mas tudo bem, o meu papai sensato tomou a liderança e o convenceu de me botar na creche como as demais pessoas civilizadas fariam. E cá estamos nós três, na mesma creche em que o filho do Vergo estuda, fazendo a minha inscrição.

– Aqui é um lugar ótimo! – Afirma a diretora otimista. – Todas as crianças são amigas e eu tenho certeza que o Law vai se dar muito bem.

– E se ele não se adaptar? E se ele sentir saudade de nós? E se alguém implicar com ele? E se ele não comer direito? E se não tiver a comida que ele gosta? O Law é bem específico, ele não gosta de pão. Ele gosta de coisas fáceis de comer. Bom, tá certo, ele não tem uma arcada dentária muito forte...

– Rosinante, cala boca, ela já entendeu.

– M-Mas, Doffy, eu me preocupo! Desde que a gente adotou o Law nós não nos afastamos um segundo dele e agora ele vai pra escola. Ah, crianças crescem tão rápido...

– Não faz nem uma semana que nós o adotamos...

– Bom, não se preocupem! – Afirma a diretora inocente que não faz nem ideia do que terá de enfrentar daqui para frente. – O filho de vocês será muito bem cuidado.

– T-Tem certeza? N-Nós podemos entrar na creche com ele?

– N-Não, senhor, sinto muito...

– P-Por favor! Já me disseram que eu tenho rostinho de bebê, eu passaria fácil por um. Deixa eu ficar?

– Rosinante, para com isso. Aqui eles só recrutam bebês.

– Mas, mas, mas...

– Esquece isso, tá? O Law vai ficar bem. – Doflamingo se vira pra mulher. – Só uma coisa, aqui vocês trocam fraldas, né?

– Sim, não se preocupem quanto a isso.

– Ótimo, isso me polpa trabalho. O Law não gosta de vasos sanitários então ele fica só na fralda, tá bom?

– S-Sim, senhor...

– Então nós estamos de saída. Vamos, Rosinante.

Foi necessário muito esforço para que o meu pai sensato saísse da creche, já que seus olhos estavam chorando e ele cismou que não iria me deixar lá. Então, ele teve a brilhante ideia de me sequestrar do carrinho de bebê e fugir comigo, saindo correndo de lá.

– VAMOS LAW, NÃO PRECISAMOS DESSA GENTE! VAMOS SER FELIZES JUNTOS!

– PELO AMOR DE DEUS, ROSINANTE, FICA PARADO.

Ignorando os avisos do outro, ele começou a correr pela creche inteira comigo no colo. O Doflamingo foi atrás dele, gritando, tentando me salvar e a mulher ficou com a mão na boca, olhando para nós como se fossemos loucos!

O Rosinante pulou na cadeira, tentando me levantar pra que o marido não me pegasse e eu estava rindo pra caralho! O Doflamingo ficou terrivelmente puto e subiu na cadeira também, mas daí ele pulou e começo a correr por aí feito uma gazela bêbada.

– Você não vai tirar o Law de mim! Não vou deixar!

– Volta aqui, você vai quebrar a porra do bebê!! – Era o que ele estava dizendo, perseguindo o coitado desengonçado pelos quatro cantos da creche. A mulher estava em choque e repetia para si mesma o número do telefone do hospício.

E eu continuava só a rir porquê, na cabeça de um bebê, ver seu pai psicopata correndo atrás do seu pai desastrado era ótimo! O Rosinante não desistia nunca, ele pulava em várias cadeiras, derrubava os vasos por acidente, subia na mesa, bagunçava as papeladas e criava um tumulto total!

Foram necessárias várias tias da creche para pará-lo e mesmo assim ele não desistia nunca. A creche já estava inteira atrás do meu pai e até mesmo as crianças torciam para que ele saísse vitorioso e algum desastre acontecesse. Porque criança é assim, só quer ver o circo pegar fogo e os adultos ficarem emputecidos. Tudo filhote de capiroto.

Até que o inevitável aconteceu. Enquanto ele invocava a sua gazela bêbada interior e as crianças riam, o Rosinante finalmente cansou de correr, até porque ele havia tropeçado. Tropeçou, me jogou pelos ares e lá estava eu novamente fazendo cosplay de super homem e voando como um avião descontrolado.

– ALGUÉM SEGURA ESSE BEBÊ!

Sabe aquele culto de igreja onde todo mundo levanta a mão? Então, nesse momento a diretora, as tias e até mesmo as crianças tentavam me pegar no ar. Eu fui caindo e rindo pra caralho, esperando que o inevitável viesse e me levasse ao mundo dos céus. Mas por sorte, o meu pai psicopata pegou-me.

– Tsc, só me dá trabalho. – Doflamingo diz, depois de ter dado vários cascudos no marido desastrado.

– Desculpa... – Ele diz, com vários galos na cabeça. Eu finalmente fui entregue aos braços seguros da diretora, que estava em choque demais para nos expulsar.

– Bom, então nós estamos indo. Até mais. – Meu papai psicopata apenas virou-se e deu um rápido aceno de costas, arrastando o pobre marido pela gola da camisa.

– Tchau, Law, se cuida! Tchau, beijos, não me esquece, viu?! – Porém, este, acenava várias vezes e ficou me olhando até finalmente cruzar a porta. – Qualquer coisa é só me ligar! Ah, mas você não fala... tudo bem, nós conversamos pela ligação que existe em nossos corações!

– Dá... – Eu não entendia muito bem, mas vê-lo acenando me fez querer imitá-lo, então eu fechei minhas pequenas mãos e as abri, olhando para ele.

Bom, então foi isso. Assim que eu FINALMENTE pude ficar em paz na creche e me relacionar com as crianças normais que, certamente, tinham pais mais normais que os meus, a diretora me levou até o berçário. Tinham vários bebês da minha idade lá.

Eu fui posto no chão junto com os demais pirralhos. Ficaram me encarando, com certeza pensando "oba carne nova no pedaço!" Já que todos sabemos que bebês são criaturas endemoniadas e sádicas, que dão risada de adultos sofrendo e gostam de fazer as tias se descabelarem.

Falando em bebês demoníacos, lá eu pude conhecer as três pessoas que eu citei anteriormente. Um ruivo, um moreno e um loiro, para ser mais exato. O Dellinger também estava lá, mas ficou afastado de mim. Talvez ele ficara traumatizado graças a nossa luta no capítulo anterior.

O primeiro a tentar socializar comigo foi um ruivo idiota. Ele ficou me encarando e engatinhou até mim, com aqueles olhos da mesma cor do cabelo e um pequeno robô nas mãos. De praxe já não gostei dele por algum motivo e, como dizem, a primeira impressão é a que fica.

Ah sim, nós conversamos um pouco já que bebês se entendem, mas não se preocupem. Eu irei traduzir as falas baseado na nossa relação atual.

– Dá! [Olá!] – Ele me dizia quando finalmente se aproximou com o robô. Ambos estávamos sentados no chão.

– Dá... [Oi..] – Fiquei coagido e um pouco tímido, mas releva. Não estava com a mínima vontade de socializar.

– Uhn dá? [Qual é o seu nome?]

– Dá dá, dá. [Não é educado perguntar antes de se apresentar, ruivo idiota]

– Dá dá. [Foda-se] Dá dá dá, dáa! [Me diz a porra do seu nome, caralho!]

– Bu, dá. [Que seja, Law]

– Hn, dá. [Então tá, Law] Dá dá. [Eu me chamo Kid]

– An, dá dá dá? [Você é uma criança e seus pais te chamaram de Kid?]

– Dá. [Eles não são muito criativos]

– An, uhn... dá. [Então, bem... foda-se]

– Ahn, DÁ! [Hã? Foda-se você!]

– Dá dá? [Como é que é?]

Vi que aquele ruivo infernal estava cheio de marra pra cima de mim, então fiz o que qualquer bebê faria. Me equipei com um chocalho que eu encontrei no chão e bati na cabeça dele!

– Dá, dá, dá! [Hahaha, se fodeu, ruivo idiota!]

– Dá? [Tu tá querendo morrer?] – Ele pegou o robô dele e bateu na minha cabeça.

– Dá. [Foda-se você] – E bati de novo em sua cabeça com minha arma.

– Dá. [Vai à merda] – E ele bateu na minha cabeça com o robô.

– Dá. – Bati de novo na cabeça dele com meu chocalho.

– Dá. – E ele retribuiu.

– Dá. – De novo.

– Dá. – E de novo.

E nós ficamos em um ciclo infinito de bater na cabeça um do outro com armas perigosas. As tias estavam pouco se fudendo pra nós, algumas estavam até dormindo e sendo vítima das outras crianças, que riscavam a cara delas com canetinha pillot.

Continuamos a bater em nossas cabeças e acabou-se criando uma amizade dali, eu acho. Enfim, nós teríamos ficado o dia todo naquele ciclo vicioso, se não fosse pela interferência do moreno. Ele chegou no meio de nós dois e interferiu.

– DÁ, DÁ! [Não briguem, sejamos todos amigos!]

– Dá dá, dá? [Quem porras é você, garoto?] – Perguntei.

– Arg, dá. [Affê, é o Luffy] – Disse o ruivo idiota chamado Kid.

O tal do Luffy ficou olhando para mim e seus olhos brilhavam. Achei que ele fosse dizer algo importante ou inspirador, do tipo "Abaixem as armas, paz e amor" mas não. Ao invés de dizer qualquer frase, ele simplesmente ME MORDEU.

– DÁ DÁ DÁ?! [Mas que porra é essa?!] – Disse, tendo meu braço mordido como se fosse um pedaço de carne qualquer.

– Dá! [Eu tô com fome!] – Ele simplesmente sorriu e continuou me mordendo.

– Dá! [Foda-se!] – Bati com o chocalho na cabeça dele, o que o fez parar, mas também fez com que Luffy começasse a chorar.

– Nhéééé! [Buááá]

Ele chorava como um condenado e eu fiquei encarando aquela cena, sem saber muito bem o que fazer, já que ele berrava muito alto. Então eu fiz o que qualquer pessoa faria naquela situação e, simplesmente, fui embora. Engatinhei do meu jeito bizarro até o outro canto da sala, até ser impedido por um loiro ridículo.

– Dá dá dá! [Como você pode fazer isso com aquele garotinho?]

– Dá? [Quem merdas é você?]

– Dá dá. [Eu sou Cavendish] – E ele simplesmente me olhou se gabando, como se aquela informação fosse valiosa demais. Um sujeito bem narcisista.

– Dá. [Foda-se] – Me retirei do local.

– Dá dá... [Essa é minha chance...] – Ele murmurou baixo, para si mesmo, e foi até o pobre garoto chorão. O Kid já havia saído de lá também.

– Nhééé! – Luffy continuava a chorar.

– Dá dá, dá! Dá dá. [Não chore, pequeno gafanhoto indefeso! O grande Cavendish está aqui para salvá-lo]

– Uhn? – Luffy não entendeu muita coisa, mas pareceu gostar. Ele interrompeu o choro e ficou encarando o loiro.

Considerando a personalidade do Cavendish atual, ele provavelmente só fez o pobre Luffy parar de chorar para chamar a nossa atenção. Ele queria ser visto como uma espécie de Angelina Jolie e salvar os pobres bebês que sofriam na creche. Um bravo herói.

Mas não deu lá muito certo. O Cavendish foi completamente ignorado e teve seu braço mordido por Luffy, já que esse moreno era muito esfomeado. Eu fiquei em um canto recluso com o Dellinger, importunando ele, já que ele estava brincando com umas bonecas.

– Dá! – Disse, fazendo a Barbie dar um beijo no Ken. Ou seja, ele estava batendo os bonecos uns nos outros.

– Dá, dá. [Olá, Dellinger] – Me aproximei com um sorriso malicioso no rosto para amedrontá-lo.

– D-Dá... [L-Law...] – O que deu certo, já que ele ficou com medo de mim.

– Dá dá. [Não se preocupa, eu não vou te bater]

– Dá dá?! [Então você quer brincar comigo?!] – Ele disse, entusiasmado.

– Dá, dá. [Não, eu não gosto de boneca] – Disse, rispidamente.

– Dá dá dá, dá dá!! [Essa aqui é a Barbie. Ela está num conflito amoroso com a Susi, já que essa piranha tá tentando roubar o bofe dela!!]

– Dá. [Foda-se]

– Dá dá, dá. [Ai credo, você é muito emo]

– Dá. [Pensando bem, eu mudei de ideia, eu quero te bater]

– Dá! [E eu quero dar!]

Bom, agora que vocês conhecem a personalidade desse loiro ridículo, vocês podem ter uma ideia do porque de nós não nos darmos bem atualmente. Essa foi a curta e chata história de como eu fiquei amigo dessas quatro pessoas super desnecessárias e irritantes.

Fim.

Próximo capítulo: Dia de Falar.


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Notas finais do capítulo

Yay ~ o

Law dirá suas primeiras palavras no capítulo seguinte! E aí, qual vocês acham que será? :3