Em um Canto Escuro escrita por The Wandering Fox


Capítulo 4
Dominância


Notas iniciais do capítulo

Meu ritmo de escrita sofreu muito nos últimos tempos, devido à volta às aulas (o que significa que agora estou trabalhando novamente), meu reingresso na faculdade e um irritante bloqueio para escrever. Mesmo que demore mais do que gostaria, esta fic continuará atualizando, então sendo alguém que já esteja lendo há algum tempo, ou tenha começado a pouco, peço pela sua paciência quanto aos novos capítulos, estarei postando na medida que forem ficando prontos.



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Um brilho púrpura surge do orbe, se abrindo na forma de asas prateadas que adornam a esfera e a circundam em seguida, formando um anel dourado. O vento se desloca em um uivo quando a luz se dissipa, terminando de acordar a arma de Requy.

“Prepare-se garoto. Essa é sua última chance.”

A primeira das sombras avança contra o garoto. Pulando para trás para aumentar a distância entre ele e os seus oponentes, aponta o cetro para sua frente, anunciando seu ataque:

— Fire!

Um raio de chamas atinge a criatura em cheio, impedindo seu ataque. Requy, num segundo movimento, move a sua arma na horizontal, lançando assim um segundo raio, que faz a criatura desaparecer ao contato. Uma das criaturas atrás da primeira faz um ruído, se preparando para o bote, ao mesmo tempo que a outra que a acompanha começa a correr contra o garoto e pula sobre ele com suas garras preparadas para acertarem seu peito. Em um novo movimento, Requy estende a palma de sua mão na direção do ataque, erguendo uma barreira entre ele e seu adversário, conseguindo anular o ataque e jogando seu oponente de volta ao chão, já preparado para atacar novamente.

Ele sente sua mente acelerada, reagindo instintivamente a tudo que está acontecendo a sua volta, como se alguém o estivesse guiando. Seu sangue corre rápido pelas suas veias, e seu foco se torna melhor a cada segundo. Esta é uma sensação que ele nunca havia experimentado antes, seria isso o que os estudiosos de Dark Planetary chamam de Instinto?

Mais uma vez, seu oponente o ataca, garras a postos para atingir seu corpo, porém o ritmo do ataque é outro, e Requy se vê obrigado a desviar, e para sua surpresa, sente seu corpo deslizar para a sua direita, e que seus pés não estão em total contato com o chão.

A criatura corta o ar no local onde o garoto esteve até um segundo atrás, voltando seu rosto para ele novamente, dando um segundo de oportunidade para que Requy o atinja com uma esfera flamejante em cheio, desaparecendo assim como as anteriores. Ao olhar a sua volta, nota que agora há somente ele naquele círculo iluminado, mas nenhum método de saída. Escadas, portas… Nada!

— Muito bem, fiz o que pediu! E agora, como saio daqui?

“Não estamos prontos garoto. Você ainda não está pronto.”

— Pronto? Como assim?

“Quando sua casa está em perigo, você a protege.”

Uma porta se materializa das sombras que envolvem o lugar. Uma porta alta, esguia, feita de madeira com diversos detalhes dourados e nota, através da luz proveniente do chão do local, que ela não tem maçaneta nem fechadura, e que uma fumaça negra escapa por entre as frestas, como se algo estivesse em chamas lá dentro. O garoto aproxima-se, parando a um metro da porta. A fumaça que escapa de lá começa começa a se tornar densa, como se já estivesse cobrindo o local mesmo antes da chegada de Requy, não fazendo sentido na cabeça do garoto. Mesmo assim, sua mão se estende, tocando a superfície de madeira e empurrando-a com firmeza, porém, a mesma não cede um centímetro e continua exatamente no mesmo lugar.

— Ora, vamos! - grunhe Requy, continuando a forçar a porta.

“Uma porta pode ser aberta das mais diversas formas, dos mais diversos sentidos. Às vezes, ela só leva para dentro, às vezes, só para fora. Algumas tem chaves, outras tem segredos, e ainda há aquelas que foram feitas para se manterem fechadas. Porém, portas são portas, e elas sempre podem ser abertas.”

Com um forte ruído, a porta se abre de dentro para fora, e aquela fumaça negra se espalha, começando pelo chão e subindo, escurecendo quase toda a visão de Requy. Consegue notar, porém, uma silhueta no outro lado da porta, e esta silhueta começa a andar na direção do garoto, e cada vez mais ela cresce, e cresce, até estar maior do que a porta e bem na frente do garoto, que observa aquilo atônito.

Uma centelha se acende no peito daquela enorme criatura, e então Requy consegue ver finalmente com o que ela se parece. Um enorme humanóide com diversas linhas azuladas por seu corpo, trajando o que parece ser uma armadura esguia, porém ameaçadora, com espinhos em suas juntas, por trás do visor do capacete, olhos amarelos observam o garoto atentamente, como se tivesse o estudando, e pelas juntas e frestas da armadura aquela fumaça continua a se espalhar, obscurecendo ainda mais a visão já limitada de Requy. Ele pisca inúmeras vezes, tentando melhorar suas vistas, sem sucesso. Ele ergue a sua arma na direção do inimigo, apenas para sentir o chão sobre os seus pés sumir, e um grito segue sua entrada em queda livre.

A névoa some após uma certa altura, e ao olhar para baixo, vê um grande vitral iluminado, com a figura de uma lua com dois anéis prateados a adornando diagonalmente paralelos um ao outro, e diversos planetóides pousados sobre os anéis, com uma gravura prateada circulando todo o desenho. O vitral se aproxima velozmente, e ele se prepara para o impacto, mas logo antes de chegar ao chão, seu cetro brilha novamente, e aos poucos sua velocidade diminui, e ao chegar à superfície, seus pés levitam a alguns centímetros do chão. Algo enorme cai a sua frente com um grande estrondo, fazendo o vitral balançar por um momento, e aquilo logo se ergue, indo muito mais alto que Requy, pelo menos três vezes maior que ele. A Armadura que está a sua frente tem a forma de um humano muito magro e alto, com detalhes de um azul muito escuro, quase se confundindo com o negro da armadura, espalhados em linhas por toda a extensão de sua proteção. A fumaça escura continua saindo dos vãos, e o par de olhos amarelos brilham ainda mais forte de dentro do capacete, fitando o garoto de forma estática.

“Seu teste começa agora, jovem. Use seus novos poderes e prove ser capaz de combater a invasão que está a vir.”

A Armadura contorce o seu corpo e solta um rugido ao mesmo tempo que seus olhos se tornam vermelhos, e assume uma posição de combate. Requy responde preparando a sua arma, sua mente preparando seus feitiços, e a energia começa a fluir pelo seu corpo, que serve como catalisador para seus novos poderes. Tudo que houve desde que entrou neste lugar foi um aquecimento para seu teste, que agora está diante dele.

— Vamos lá! - grita Requy, preparando seu primeiro ataque.

Um rajada de faíscas roxas são lançadas a cada movimento do cetro, que atingem diversas partes do corpo do inimigo, sem demonstrar danos notáveis, mas ainda assim deixando visíveis aranhões. A Armadura avança contra o seu oponente, mais rápida do que seu tamanho aparenta, e prepara-se para desferir um soco contra o chão, na posição de Requy. Sua capacidade de levitar mostra-se muito útil, facilitando sua esquiva, mas a onda de choque do ataque é forte o suficiente para empurar-lo para trás, desestabilizando-o. Mal se recupera e um segundo ataque, agora um chute, vêm em sua direção. O garoto ergue sua mão esquerda e prepara um escudo, que é atingido em cheio pelo pé da Armadura, e ainda que bloqueie o dano, faz com que Requy seja jogada alguns metros para trás. Seus pés se arrastam pelo chão, tentando frear a força do arremessou de seu ponto prévio, parando aos poucos e recobrando a sua levitação logo em seguida, a arma do garoto novamente a postos.

— Vamos tentar algo diferente. Blizzard! - dois cristais de gelo se formam e começam a orbitar a volta de seu conjurador. Ele repete a magia uma segunda e terceira vez, e a cada repetição dois cristais de gelo se juntam aos anteriores, flututando ao redor de Requy como pequenos planetas, apenas esperando a ordem de atacar. A Armadura se reposiciona, voltando-se para o garoto novamente, seu corpo se curvando, preparada para continuar sua investida. O gigante de ferro levanta seu punho movendo seu corpo para por todo o seu peso atrás de seu ataque, e com um pulo cobre toda a distância entre ele e seu oponente. Requy desliza para trás e ergue-se aos ares, esquivando do ataque da Armadura e ficando na altura do capacete do inimigo. O braço de Requy ergue-se, com a palma de sua mão aberta contra o oponente, e seus cristais de gelo disparam todos de uma vez contra o capacete da Armadura, causando um grande estrondo e dano visível à criatura.

Rachaduras se formam na cabeça do gigante, e uma fumaça preta escapa por entre as frestas. A Armadura tenta recobrar o equilíbrio após o potente ataque, cada passo causando um estrondo de metal e fazendo o vitral sob os pés dos combatente tremer.

 

— Ainda não acabei. - deslizando pelo chão até a Armadura, o garoto se lança contra o peito de seu oponente, erguendo seu cajado acima de sua cabeça. Palavras mais uma vez correm pela sua mente, e novos códigos se revelam à sua frente. - Thunder!

Um trovão atinge a Armadura em cheio no exato momento em que ela recobra o seu equilíbrio. O ataque é absorvido e o inimigo ataca Requy com uma sequência de golpes com seus braços. Evitando o primeiro golpe em pleno ar, o garoto se posiciona para bloquear o segundo com seus novos poderes, criando uma barreira que apara o soco que atingiria-o de corpo inteiro. Ainda que não tenha sofrido danos, ele sente a força do golpe e fica exposto ao terceiro ataque, um golpe de mão fechada que o joga contra o chão, levantando poeira e arremessando estilhaços de vidro para o ar, onde ficam flutuando, rodando em si mesmo, fazendo com que pequenas luzes se formem no campo da batalha.

Sem dar tempo para seu oponente descansar, a Armadura se lança ao ar, com a intenção de prensar o jovem contra o chão e esmagá-lo de uma vez por todas. Com o máximo de forças que consegue reunir, Requy se puxa para o lado e uma força o empurra na mesma direção, tirando-o a tempo do local onde seu grande inimigo pousa, causando uma onda de choque e ainda mais dano ao vitral em seus pés. O impacto derruba Requy de costas contra o chão, e, por um momento, a Armadura balança, como se estivesse sem equilíbrio. Quando o som de vidro se partindo corta o ar com ainda mais força, o jovem sente-se leve, e o chão em suas costas some.

Ele e seu inimigo agora caem em meio à escuridão.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a leitura. Até o próximo capítulo!



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