Karina, se preparava para treinar como sempre, foi em direção ao local, onde pôs suas ataduras. Começou dando alguns polixinelos, respirando e inspirando para não cansar tão rápido. Gael observava tudo atentamente, com os ombros apoiados no batente do escritório, via a dedicação de sua filha, naquilo que mais ama no mundo: Muay Thai.

Vendo a vida voltar ao normal assim, nem imaginavam a tranquilidade e a paz surgir. Lobão manteu a lutadora trancada em sua casa, o que foi arruinado, depois de a policia ser acionada. E como sempre o vilão têm um pouco de esperteza, conseguiu se livrar das supostas acusações. Mesmo assim, perdeu o direito de ainda continuar sendo pai de Karina, e ela voltou aos braços de Gael e de sua irmã.

Um golpes, dois golpes. A lutadora parecia chutar o saco de areia com vontade, talvez tivesse acumulado uma grande cota de raiva do seu falso pai. Ela queria poder bater nele, como bate nos aparelhos de soco. Porém não valeria a pena sujar as mãos com algo tão podre.

À alguns metros dali, vinha seu guitarrista maroto, e todo engraçadinho. Fazia meses da volta dos dois, tudo parecia bem e os dois demonstravam felicidade, outras pessoas tinham essa percepção. Sempre estavam abraçados e rindo de piadas bobas, ditas pelo próprio Pedro.

– Esquentadinha, estava pensando na gente sair pra. Ah! termos nosso momento à sós. - falou maliciosamente, arrancando uma risada de sua lutadora.

– Pê, não vai dar, prometi ir ver... – tentou desfaçar o que quase acabara de dizer. – vou ter um compromisso mais tarde, podemos deixar para outro dia?

– Tá, mas na próxima você vai comigo. - falou beijando o rosto da sua namorada

A menina olhou para o chão desconcertada, sabia muito bem que acabara de inventar uma péssima mentira. Não queria envolver Pedro, e muito menos fazê-lo saber do seu plano com um certo amigo.

No outro lado rua, Cobra estava com Jade. Os dois aparentavam estar bem, com Lucrécia aceitando tudo numa boa, o rapaz sentia-se mais confortável com a situação.

Deram um último beijo de despedida, pois a bailarina teria de ir a Ribalta para mais um dia. Lembrou que havia combinado com sua amiga, para arquitetar todos os planos de reunir provas contra o canino. O lutador refletia em sua cabeça, girando a caneta em cima do balcão. Parecia que sua cabeça começava a fazer paradoxo de seu mestre bandido. Ou talvez um novo cobra estava por surgir quem sabe.

Sentiu seu celular tocar. Olhou no visor, e viu a foto de uma certa loira. Não demorou para passar o polegar no visor e atendê-la.

– Ô que devo à honra? - brincou com uma voz rouca.

– Quero saber se o plano tá de pé. - interrogou Karina.

– Sim, pequena. Você vai passar aqui mais tarde, podemos acertar tudo?

– Tê vejo a noite então.

Desligaram ambos telefones e foram fazer suas respectivas coisas. Cobra treinar na Khan, e Karina ir para escola.

....

O dia passou rápido. Karina chegou e foi treinar novamente, pois a noite iria encontrar com o lutador. Enquanto isso o moreno já estava no QG, esperando pela sua amiga. Demorou alguns minutos, até ouvir batidas sequenciais no vidro. Sorriram um para o outro, com a empolgação de se encontrarem. Mesmo tão amigos, a rotina corrida impedia de se verem mais vezes. E quando se encontravam, a alegria parecia se estabelecer entre os dois.

– Pequena! - disse com saudades. E a abraçando em seguida.

Pode notar o suor correr na testa de Karina, e as pontinhas dos cabelos úmidas.

– Foi mal vir nesse estado, mas só achei esse espaço na minha agenda. - divertiram-se ao ironizar o dia cansativo. Cobra deu o punho para ela bater, e assim fizeram.

Ela olhou para o chão sem graça, com as roupas molhadas. Cobra vendo-a toda envergonhada, fez a mesma levantar o queixo para encará-lo.

– Relaxa, Ka. Nem está com cheiro ruim. -replicou tentando confortá-la.

Jogaram um pouco de conversa fora e em seguida, combinaram como seria a busca pelos rastros da velha toupeira.

As vezes brincavam fazendo golpes de lutas, e falavam das coisas passadas.

Karina retirou o celular do bolso, e percebeu a hora badalar absurdamente tarde.

– Cara, preciso ir. - falou arregalando os olhos. – Depois volto ai, e a gente vê o que mais precisa ser planejado. - sorriram cúmplices um para o outro. E a menina saiu pela porta. Cobra sentiu um impulso mexer e remexer dentro de si, e segurou o meio do braço da loira, depositando um beijo no canto de sua boca. Essa ação repentina por parte dele, a fez larga-se com força das mãos dele, e correr ao outro lado da esquina. Se virou buscando a visão dele novamente, e o viu sorrir bobamente para ela.