A água quente cai na minha nuca,
o peso de minha mente finge escorregar pelo meu falho corpo nu,
se esconde como um aperto no peito sem motivo,
apoiado por mentiras momentâneas que o medo irracional provém.

De corpo aberto, as feridas feitas por algo pouco corriqueiro.
Sinto com mais detalhes o piso com o pé descalço,
evitando os cacos de vidro que deixei cair por descuido,
quando procurava uns goles de café para destravar meu corpo.

Ignorando meu raciocínio lógico, meu subconsciente me ataca com fervor,
se aproveitando do meu elo mais humano e criativo,
e os sinais do mundo que é meu quarto, vêm às mensagens hipnóticas,
que minha mente atordoada de fome e desejo engole e pelo esôfago desce como um cacto.

Se a corda pendurada no teto balança ao vento como um relógio de bolso pende na corrente,
quem sou eu para desconfiar do sentido da minha mente?
Se meu corpo sofre com isso, é só um preço tolo para um esforço belo.
Se tal epifania de resultado infinito não tem fórmula, por que a vejo escancarada?

A janela que se abre hoje no meu quarto já não dá de cara com o muro,
meu pudor mental já não aborda o cotidiano, só o que consigo absorver pelo tempo.
Desregrado de mente, pelo menos preso sozinho ao quarto,
onde minha vontade divide-me em um plano denso.