Fazia três meses desde que havia conhecido minha Cachinhos e não houve um dia durante todos esses meses que eu não fiquei fascinado. Ela passou a correr comigo todos os dias, eu voltava do trabalho e ela da faculdade, a esperava com Grimm enfrente a sua casa e passávamos horas correndo.

Ela sabia muito bem sobre meu lado “drogado” e nada fazia ou falava sobre isso. Era incrível porque as vezes eu saia a noite sem avisa-la só pra gastar esse energia sexual que eu tinha só por estar perto dela. Claro que depois eu me sentia um lixo que não merece qualquer tipo de sentimento que ela tenha. Algumas vezes eu estava tão chapado que não conseguia ir para casa sozinho de moto, então eu ligava para ela e quase a obrigava ir me buscar. Ela nunca reclamou ou me deu sermão.

Já tinha em médio 4 mil reais guardado, todo meu salário. Trabalhava de manhã, corria a tarde e à noite depois do curso muitas vezes ia farrear. Confesso que diminuiu a quantidade de festas que eu vou e garotas que eu pego pois agora, sinto como se a estivesse traindo sabe? E eu não aguento essa consciência na minha mente, ela não merece.

Hoje é sábado e optei por um passeio com Georgiana. Já faz algumas semanas desde que tirei uma foto sua escondida pela primeira vez, depois disso não parei mais. Quando o assunto é fotografia eu sou o mais antiquado possível portanto montei uma pequena sala escura, para poder revelar essas fotos. Era lindo, tinha a água em cima do balcão e uma linha logo acima, onde havia várias fotos de Georgiana. Ela sorrindo, dormindo, fazendo careta. Tudo em mim gritava “apaixonado” mas eu não queria acreditar, não podia.

Saio do curso e vou direto para a casa de Georgiana, digo que cheguei e em cinco minutos, lá vem ela correndo com um short jeans escuro e uma blusa nadadora folgada, meio bege com linhas douradas e um all star. Seus óculos marcando presença e aqueles lábios que eu tanto cobiço em um batom simples.

Ela andou até mim e me abraçou desajeitadamente por eu estar na moto. Pegou o capacete e logo subiu apoiando as mãos na minha cintura, pego as mãos dela e as deslizo até que ela esteja abraçada as minhas costas. Ligo a moto e saio em disparada, ouso ela rir nas minhas costas. Ela sempre faz isso quando saímos na minha moto, rir, quando estamos velozes e quase sem destino.

Minutos depois paro na calçada e começamos a andar de direção ao mar, em dado momento pego sua mão e a encaixo na minha ela abaixa a cabeça e sorri tímida. Era macia e pequena. Incrivelmente gostosa de apertar e segurar. Pego a câmera e na frente começo a bater diversas fotos. Nossas mãos, de seus olhos muitas vezes pegando somente um olho e a lua mas principalmente dela. Diversas dela. Fiz até um vídeo: ela estava beira do mar, observando o horizonte quando eu deixei a câmera na areia com meus sapatos e tirei a camisa, corri para a pegar no colo e entrar no mar que estava gelado. Muito gelado. Quando emergirmos a superfície ela me jogou água e começamos uma pequena guerra. Horas depois nos apressamos a arrumar tudo, sua blusa estava encharcada lhe estendi a minha de frio que estava na bolsa que ela pegou e virou. Retirou sua blusa molhada e desabotoou o sutiã, eu vi suas costas meias amorenadas e depois minha blusa a cobriu e ela colocou a roupa na minha mochila, enquanto eu colocava a minha blusa que ficou na areia. Estava de madrugada e por puro instinto segui para minha casa, rapidamente entrei na garagem e vi os carros do meu pai e irmão. Ela desceu e me esperou em pé junto a escada que dava acesso a casa, estaciono a moto e a cubro rapidamente e sigo na direção dela pego sua mão e subo a escada.

Corremos em direção ao meu quarto porque eu não queria acabar cruzando com alguém da minha família. Assim que entramos ela olhou tudo, era a primeira vez que ela entrava no meu quarto e parecia lindamente feliz. Mostro-lhe onde é o banheiro e entrego uma toalha junto com uma cueca, blusa e calça de moletom. Ela me olha surpresa e corada e entra rapidamente no banheiro saindo 15 minutos depois pronta de cabelo lavado e penteado preso em uma trança. A calça fica caindo por ser grande demais e no fundo da minha mente desejo que a incomode e ela a tire. Minha vez de tomar banho onde demoro em média 20 minutos. O que eu posso fazer sempre amei banhos demorados.

Georgiana estava deitada na minha cama quieta, com o celular do lado. Quando me viu entrar, me olhou e corou e escondeu o rosto, não entendi ao certo o porquê até deitar ao seu lado deixando somente a luminária acessa. Ela estava sem a calça de moletom, soltei uma risadinha e ela me deu um murro no ombro.

–É algo íntimo alguém usar minhas roupas e dormir do meu lado. Antes no máximo dormiam ao meu lado – eu acabo dizendo em voz alta e Georgiana se vira pra me olhar

–Talvez fosse isso que você estivesse precisando. Alguém que você pudesse dividir as coisas, ou mostrar que é mais do que o garoto problemático da família. – ela disse em uma certeza que me perguntei se ela não fazia psicologia ao invés de arquitetura. Acho que lá no fundo mesmo era o que eu queria. Alguém. Uma pessoa que mexesse comigo e me mostrasse o outro lado das coisas. Perdido em pensamentos sou trazido de volta para a realidade quando Georgiana tímida me diz – E talvez já tenha encontrado.

O sorrio que dei poderia iluminar todo um país, ela corresponde meu sorriso e se vira de costas pra mim. Me aconchego nela, escondo meu rosto no espaço entre seu pescoço e ombro e a abraço, ficando de conchinha. Dou um beijo em seu pescoço e ela sorri se aproximando de mim. Acho que se fosse possível nós tornaríamos o mesmo ser. Dormimos daquele jeito, cada um comemorando internamente esse momento que nós dois queríamos mas não tomávamos a iniciativa, ela dormiu ali comigo pela primeira vez mas parecia que sempre tinha sido seu lugar e eu repetia como um mantra na minha cabeça que se fosse um sonho eu não queria acordar.