Relicário de uma vida [Hiatus] escrita por Farfalla


Capítulo 4
Libertação


Notas iniciais do capítulo

Estou aqui de novo! Queria começar agradecendo a cada alminha que está acompanhando a fic, de verdade s2
E fazer um MEGA agradecimento à alguém que está me ajudando muito, meu beta, o Fernando. Imagina um anjo caindo bem na sua frente? Foi o que aconteceu hahaha esse é o primeiro capítulo que postarei já betado, mas ele também já me ajudou com os anteriores. Super paciente e com ótimas dicas, às vezes me dando uns esporros por minha sonseira e preguiça, mas isso só faz dele um beta ainda melhor xD
Obrigada por tudo, sério, você está melhorando a história, deixando ela melhor para os leitores, e mais bonita aos meus olhos *-*
Voltando ao capítulo, ele é menor e com poucos acontecimentos, mas começaremos a descobrir coisas interessantes hehehehhe
Vejo vocês lá embaixo!



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"Mulher".

Orihime sentiu um arrepio na nuca. Moveu a mão direita para perto de si, pois estava em um ângulo estranho e desconfortável. Abriu os olhos lentamente, sonolenta.

Fitou a porta aberta do quarto, se perguntando se não a tinha fechado antes de dormir. Isso não importava, pois mesmo ainda estando escuro, seu estômago roncava.

Um barulho na sala a fez arregalar os olhos e ficar alerta. Um ladrão? Outra coisa? Seu coração disparou em resposta, e ela agarrou um travesseiro, como se ele fosse protegê-la. Começou a pensar em coisas que tinha no quarto para usar como defesa. Não poderia usar Tsubaki se o intruso fosse um humano, então precisava estar preparada.

Seu raciocínio não durou muito tempo, pois uma luz azul banhou o corredor, e logo um arco Quincy apareceu em seu campo de visão. O garoto de óculos retangulares a olhou com alívio evidente, mas não pronunciou nenhuma palavra, sumindo de vista novamente.

Orihime ouviu o barulho dos passos dele para todos os lados antes que o visse novamente à sua frente.

— Ishida-kun?

Uryuu recolheu o arco e relaxou os ombros.

— Eu tenho certeza que senti a reiatsu dele aqui minutos atrás. Estava muito fraca, mas estava aqui. Ele fugiu? — o garoto falou consigo mesmo, em voz baixa.

"Ele?" O coração de Orihime estava saltando por outros motivos dessa vez.

— Você quer dizer o... o Ulquiorra-kun?

Ishida olhou para ela. Aproximou-se e pousou as mãos em seus ombros.

— Você o viu? Ele fez algo a você? Eu tinha certeza…

A garota limitou-se a balançar a cabeça de um lado para o outro. Não sabia mentir, e agora tinha certeza de que aquilo não havia sido um sonho. Ela simplesmente vira os grandes olhos esmeralda brilhando no escuro, como se seu sono estivesse sendo velado, e pensou que pelo menos em sonho poderia tocá-lo.

"Eu sabia que ainda estava vivo, Ulquiorra-kun. Onde quer que você esteja, saiba que pode vir conversar sempre que quiser". Orihime dispensou o comentário logo em seguida. Tinha certeza que dizer aquilo só faria Ulquiorra não voltar ali.

Ishida se afastou novamente, e tinha uma das mãos sob o queixo, pensativo. A ruiva abriu um sorriso compreensivo.

— Está com fome? Eu já ia fazer algo para comer.


Ulquiorra se viu finalmente livre. Tirou suas pernas das trevas depois de voltar a si. Sonhar — ou seja lá o que tivesse acontecido — com aquela mulher, de alguma forma, o havia dado forças. Talvez porque aquilo o fazia perceber que não queria ser tão patético quanto ela.

Estava caído de joelhos, juntando energia para se mover. Não havia luz em canto algum, mas ele ouvia o som de coisas que se mexiam. Fitou um ponto à sua frente e percebeu que voltara ao início. Renascera no mesmo ponto que havia despertado como hollow. Havia uma pequena diferença dessa vez: não importava para onde olhasse, era como se visse o corredor escuro de sua casa humana, exatamente como quando tinha nove anos.

Desde que se se tornara um hollow, aquela era a primeira vez que se sentia paralisado. Ulquiorra não sabia o que era aquilo, mas não passava de medo. Um medo puro e inocente, que ele sempre tivera quando humano, embora lutasse contra isso: medo do escuro.

Respirou fundo, mesmo que não precisasse, e ignorou os barulhos à sua volta. Tinha nojo de si mesmo naquele momento. Levantou-se, fraco, machucado e trêmulo, e começou a caminhar em seu ritmo habitual, sem saber onde iria parar.


O moreno estava deitado com as mãos atrás da cabeça. A garota deitada ao seu lado levantou o corpo e virou-se para ele, apoiando os antebraços em seu tórax despido. Cutucou o nariz dele com a ponta do indicador.

Ulquiorra fitou seu olhos com indiferença, quieto. Aquilo parecia divertir a mulher.

— Tem certeza que você só tem dezesseis anos? Esse ar melancólico não combina com alguém da sua idade.

Ela contornou as sobrancelhas dele, sem receber qualquer resposta.

— Mas eu gosto. Uma vez eu vi escrito em algum lugar: "As coisas mais belas são as mais tristes". Acho que isso se aplica a você. Seus tristes olhos verdes são a coisa mais linda que já vi, Ul-chan.

Ele ficou tenso ao ouvir o apelido.

— Meu nome é Ulquiorra.

O sorriso dela se alargou com a irritação dele.

— Sim, sim, "aquele que chora". Isso é tão depressivo, Ul-chan.

Dessa vez, Ulquiorra empurrou-a para longe, levantando-se. Começou a vestir suas roupas, enquanto a mulher ria na cama. Realmente, mulheres só tinham uma utilidade; fora aquilo, só serviam para perturbá-lo.

Assim que passou a camisa pelos ombros, um estrondo o fez olhar a parede do quarto, que estava agora demolida.

Um grande demônio — como ele chamava os hollows, já que não sabia o que eram — olhava-o através de duas fendas vermelhas em sua máscara.

A garota na cama fitava os destroços com as sobrancelhas erguidas, obviamente sem compreender.

— Eu sairia daí se fosse você — aconselhou Ulquiorra, enquanto enfiava as mãos nos bolsos e seguia para o lado contrário.

Por algum motivo, o monstro o perseguiu, e o moreno, vendo a movimentação pelo canto do olho, apenas teve tempo de desviar, saltando para o lado.

Inclinou a cabeça, enquanto observava o grandalhão demolir outra parede do cômodo. Os demônios não costumavam ir atrás dele.

Deu meia volta e foi para a rua, atravessando a pilha de entulhos que fora a parede de seu quarto.

A criatura se levantou mais uma vez, seguindo-o com olhos ferozes. A grande máscara branca deixava à mostra dentes afiados, ansiosos por devorar.

Schiffer entrou em um beco estreito, no qual o hollow ficaria agarrado caso tentasse segui-lo. Era um beco escuro e sombrio, ao qual ele voltaria muitas vezes depois, para enfrentar seus próprios medos.

A escuridão o deixava inquieto, e uma movimentação o informou que havia mais alguém ali. Ulquiorra seguiu adiante e viu uma silhueta parada na saída.

O homem vestia um quimono preto e levava uma katana pendurada nos quadris. Era um traje que ele via às vezes pela cidade, em pessoas que saltavam pelos telhados e postes, e corriam pelas ruas. Também já constatara que era mais uma daquelas coisas que apenas ele próprio via.

Mas então reconheceu os cabelos negros e olhos castanhos do Shinigami.

Bart o olhava com ódio e mantinha os braços cruzados.

— E aí, moleque?

Ulquiorra não respondeu. Dessa vez, não por achar que falar era algo impertinente, mas simplesmente porque estava com medo. Ele havia matado Bart sete anos atrás. Tinha sujado suas mãos com o sangue dele, então o que aquilo significava? Era um espírito vingador ou algo assim?

Bart sacou a katana, e Ulquiorra automaticamente deu um passo para trás. Sua mente trabalhava para entender o que via, ao mesmo tempo em que tentava pensar em uma forma de sair daquela situação.

Tomou a decisão de voltar por onde viera e despistar mais uma vez o hollow, mas Bart moveu-se em uma velocidade sobre-humana, e encostou a ponta da katana em Ulquiorra.

Os olhos verdes do garoto se arregalaram ligeiramente enquanto este fitava o pai. A lâmina fria parecia bem hostil, assim como a presença do homem. Não era um fantasma, era outra coisa.

Então Bart perfurou o mais novo. Enfiou a katana até o punho, de uma só vez, na base da garganta de Ulquiorra. Uma luz cegante inundou a noite.

Ulquiorra levou a mão até o pescoço. Não havia ali nem ferida, nem espada. Olhou para baixo, e, para sua surpresa, ele próprio estava com roupas negras e uma katana embainhada na cintura.

Se encontrava sozinho no beco, e o silêncio reinava mais uma vez.

— Parece que você era forte demais para ele, e o inútil virou pó — uma voz masculina comentou.

Ulquiorra observou um segundo homem, que utilizava o mesmo traje que ele próprio, aparecer na entrada do beco. Os olhos castanhos por trás dos óculos retangulares eram gentis.

— Meu nome é Sousuke Aizen. Permita-me explicar algumas coisas.


Ah, então Aizen o havia manipulado mesmo quando humano. Usando a fachada de bom Shinigami, explicando tudo sobre o mundo após a morte, ensinando o mais novo sobre seu novo poder. E, mesmo assim, Ichigo Kurosaki havia sido o único humano de quem ouvira falar que adquirira poderes de Shinigami. Nem uma palavra sobre outra pessoa que também fosse assim.

Aizen escondera esse fato tão bem assim?

Ulquiorra percebeu que continuava se movendo, mesmo enquanto sua mente vagava para seu passado humano. Ficar indo e voltando era desagradável. Lembrar de sua vida humana servia apenas para mostrá-lo que aquela era uma raça inútil, como sempre imaginara. Ichigo e aquela mulher, que sempre o surpreendiam, eram meras exceções, e, se ainda estivessem vivos, mais cedo ou mais tarde seriam consumidos por suas ações.

Uma luz brilhou à sua frente e logo ele se viu fora das trevas. Seus joelhos cederam, e o moreno tombou na areia branca do deserto do Hueco Mundo. As árvores de quartzo eram familiares, assim como a enorme construção branca à distância: Las Noches.

Caiu com a bochecha contra o chão, com todas as energias gastas. Os grãos de areia entravam em sua carne exposta, mas ele não se importava. Em algum momento iria se regenerar, mesmo que demorasse.

Foi quando ouviu uma voz infantil:

— Ei! Pesche! Dondochakka! Tem alguém ali. Será que ele quer brincar com a gente?


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Notas finais do capítulo

Uma nova personagem surge! Se vocês não souberem quem é, vou chamá-los de posers até a morte xD
Amo ela s2
Ah, se você está lendo isso, e passou direto pelas notas iniciais, VOLTE E LEIA! Tem um agradecimento especial, e ele merece que todos o vejam :3
Beijos, amores e amoras, e até o próximo! ;*