Frank desligou o telefone e tornou sua cabeça em direção a janela, franzindo a sobrancelha cada vez mais enquanto os minutos iam passando. Com os olhos encarando estreitamente a paisagem do Monte Michigan e com os seus cotovelos apoiados de modo inconfortável na mesa da cozinha*, mão em sua boca, bloqueando as palavras que ele queria ter gritado quando ela disse; "Eu te amo” “Você significa o mundo para mim” “Não vejo a hora de nos casarmos, Frankie...” “Não vejo a hora de você voltar para casa, Frankie...”.

Ele sentiu o assento afundar à sua esquerda, mas ele não se preocupou em virar-se. Sabia quem era.

“... Por que você está fazendo isso com ela?" Gerard suspirou. Uma voz tão calma. Frank pressionou seus lábios sobre seus dedos tatuados, movendo-se para direita, mais próximo da janela. Longe dele.

* Considerando que eles estão naqueles ônibus de turnê, não é bem uma cozinha. Mas vocês sabem como é, só para constar isso. É mais um espaço onde se encontra a comida 8D

"O que você quer que eu diga, Gerard?".

Derrotado. Inseguro. Ele queria dar um fim em tudo aquilo. Gerard deu um longo e lamentável suspiro.

"Eu não quero que você diga nada, Frankie".

"Não me chame disso”.

"Disso o que?”.

"Frankie".

"Oh...”.

Um silêncio desconfortável instalou-se no local. Ray entrou na cozinha por um breve segundo, até notar que estava no meio de algo, imediatamente voltando e murmurando algo estranho que aparentemente soava como um "Desculpe". Frank irritou-se com isso, observando então uma placa verde, escrito "Altamente Ingênuo" voar por ele. Apoiou sua cabeça na janela, se perguntando quanto tempo demoraria até eles chegarem na porra do lugar*. Ele desejou que Gerard deixasse a merda desse assunto com ele. Ele já era adulto. Sabia fazer a porra de suas decisões por si mesmo...

* No lugar onde eles tocariam, teria o show.

"Só... Imagine se você fosse ela”.

Frank não respondeu. Fingiu que não escutou nada. Não funcionou. Gerard se aproximou ainda mais dele.

"Qual é, Frank". Ele abaixou sua voz. Era quase inaudível. "Você sabe que isso não está certo”.

Frank sentiu a pele quente de Gerard esfregando seus dedos em seu joelho (n/a: No joelho do Frank, dedos do Gerard) através do buraco de seu apertado jeans azul. Frank bufou irritado e empurrou a mão de Gerard.

"Eu não sou um idiota, droga”.

"Não é certo, Frank”.

"Eu te amo, Gerard”.

"Você vai se casar com ela, Frank".

Frank abriu sua boca para retrucar algo, mas sua garganta falhou e seus olhos ameaçaram despejar lágrimas. Mordeu seus lábios, para mantê-las lá. Gerard continuou.

"Você diz que a ama toda porra de dia. Desde quando você é tão mentiroso?".

Frank engoliu em seco. Ele não precisava escutar aquilo. Gerard chegou mais perto de seu rosto.

"Nós não podemos mais continuar com isso. Droga de dia. Eu já te disse isso, Frank”.

Ele parou e lambeu seus lábios, batendo os dedos na mesa e balançando seu joelho para cima e para baixo. Obviamente não era muito fácil para ele dizer a Frank tudo aquilo.

"Eu estou cansado de toda essa droga, e eu não vou fazer parte disso. Você... Você está confundindo a porra da minha cabeça”.

Ele desviou o olhar e afogou seu rosto em suas mãos, frustrado. Isso já vinha o incomodando. Frank só ficou o encarando, calado. Ele não sabia o que dizer.

"E ela merece... Ela merece algo melhor”.

Gerard virou-se de repente e fez menção de se levantar, mas pareceu se lembrar de algo e encarou Frank novamente, os penetrantes olhos verdes, a voz tão baixa e oh, tão séria.

"E não tente nenhuma merda no show de hoje. Não se atreva”.