- quero que seja sincero. – pedi mordendo a unha do dedão.

- bem sincero?

- sinceramente sincero! – ele gargalhou e se jogou no sofá.

- certo, senta aqui. – caminhei até ele e me sentei ao seu lado, logo ele envolveu os braços na minha cintura e me puxou para deitar ao seu lado. – não gostei dele. – o senti da de ombros e murchei. – mas não sou eu que vou namorá-lo, o que me conforta muito.

- mas porque não gostou? – choraminguei manhosa.

- ah! Ele... não é meu tipo. – ele disse brincalhão e eu ri alto.

- Ger!

- certo, certo. Eu o achei muito arrogante e cheio de si, fútil, alienado, pouco carinhoso com você, não deu a mínima por eu ser seu melhor amigo, zombou da minha banda e disse que não tinha futuro e que desenhar qualquer um conseguia.

- Uau! É a maior lista que você já fez. – observei e ele riu me apertando contra si.

- o que te chamou a atenção nele? – ele perguntou e eu não soube o que responder. Por algum tempo eu fiquei me perguntando o que me chamava à atenção pra ele.

- ele é bonito. – disse por fim e senti Gerard bufar atrás de mim.

- e vazio. – ele completou mal humorado.

- te apresentei ele por que... já faz um tempo que estamos juntos, não oficialmente, mas é algum tempo.

- você quer algo oficial com aquele cara? – ele perguntou com nojo na voz e eu ri envergonhada. Eu queria?

- não exatamente. Não combinamos muito bem, mas o sexo com ele é bom. – disse e gargalhei mesmo sentindo minhas bochechas quentes.

- você já dormiu com ele? – Gerard sentou-se e eu me desequilibrei, parei de ri e o fitei confusa. – qual é? Vocês nem namoram.

- com quantas mulheres você já dormiu, Gerard? – perguntei erguendo a sobrancelha.

- algumas. – ele deu de ombros.

- e com quantas delas você namorava na época em que dormiram juntos?

Ele ficou sem fala, coçou a nuca bagunçando graciosamente os cabelos negros que combinavam tão bem com seu tom de pele, seus olhos semi-cerrados em minha direção deixavam seu rosto mais bonito e fofo, seu nariz perfeitamente moldado que combinava perfeitamente com o formato do rosto estava um pouquinho enrugado o que mostrava que ele ficara desconfortável com a minha pergunta.

Cheque-mate.

  -

É! De certa forma o Gerard estava certo sobre Kevin. Depois da lista que Gerard fez em relação a meu quase-namorado, ficou quase insuportável ficar muito tempo conversando com ele, mas eu achei uma forma melhor de não conversar com ele.

Estávamos na festa de algum amigo dele, Gerard também estava por lá, mas não tive a chance de falar com ele. Desde que chegamos Kevin começou a beber toda e qualquer bebida que continha álcool daquela casa e eu o acompanhei, não no mesmo ritmo, mas no final da noite eu havia bebido tanto quanto ele.

Como previsto acordei com uma baita dor de cabeça, parecia que meu cérebro ia rachar no meio. Ação e reação. Às vezes bem que essa lei estúpida podia se esquecer de mim.

Mas eu ainda não tinha descoberto a maior das reações daquela noite.

Passei muito tempo tentando ficar quieta na cama para a dor de cabeça passar, mas tudo parecia piorá-la, Kevin roncando ao meu lado, o som das molas da cama rangendo quando Kevin se mexia, o som que os carros faziam na janela do quarto do Kevin, ele era a única pessoa anormal que morava no primeiro andar em NY e pior ele não acordava com a barulheira.

Quando aquele imprestável acordou, nós brigamos, foi uma briga bem violenta, o que prejudicou ainda mais a minha dor de cabeça, xinguei ele de todos os nomes feios que eu conhecia em todas as línguas que eu conhecia, que eram poucas, basicamente inglês e um pouco de espanhol, depois mandei ele pro inferno e pegar o tridente do diabo e enfiar você-sabe-onde e saí da casa dele.

Tinha certeza que tinha fumaça saindo das minhas orelhas. Como eu não havia percebido o quão estúpido ele era? Ele foi uma grande perda de tempo, fato.