Alison's Body escrita por Katreem


Capítulo 6
Fake Night


Notas iniciais do capítulo

Aeewww, voltei. Amém ou misericórdia? A fic já no fim... Que triste.



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Emily admirava-se por ainda não ter sido chamada na reitoria pelo número de faltas que havia acumulado todos esses dias. Sim, outro dia perdido em seu quarto, queimando aulas, enchendo a cara e estudando livros de ocultismo. Em que a boa moça preocupada e saudável havia se tornado. Pelo visto, Alison não foi à única que sofreu uma mutação assombrosa e bizarra. Seu novo ser transformou Emily em algo tão decadente quanto o que habitava dentro dela, fosse sabe-se o que. Coçou os olhos cansados, o dia havia raiado e o sono lhe era distante. Tudo o que pensava sobre era como Alison lidaria com suas amigas, e como Spencer reagiria àquela loucura toda. Tinha como prever o que aconteceria a noite? Afinal, se ela está lidando com o sobrenatural, que custa manejar adivinhações também?
O punhal que rodava em sua mão ria da cara de Emily, alto e claro. Ou seria apenas a bebida. Ou ela estaria esquizofrênica. Seu dedo deslizou pela ponta do objeto apenas de leve, porém aquilo já foi o suficiente para cortar seu indicador. Tamanha era à força daquela navalha. Tamanha foi à dor que Alison deve ter sentido quando a faca daquele infeliz lhe perfurou o corpo diversas vezes... Oh, aquilo lhe fazia querer se arranhar por dentro. Ela deveria acabar com esse sofrimento idiota, e trazer de uma vez sua garota de volta. Só se perguntava se teria forças para pressionar uma estaca tão violenta contra seu corpo esplendoroso. E se ela amarelasse? Alison, ou o que quer que fosse ela, torceria seu pescoço em uma vingança demoníaca? Novamente não poderia prever. Apenas decidir-se. E aquilo já era algo bem convicto em sua mente.
Jogou a estaca ao seu lado e caminhou até seu guarda- roupas, agradecendo mentalmente por duas coisas: Uma, ela havia encomendado o maldito vestido e por sorte ele ainda estava lá. Dois, ela havia sido covarde demais para chamar Alison como sua companhia para o baile, e agora isso era uma coisa boa. Se matar a garota pela qual se é apaixonada é um absurdo, matar sua acompanhante numa noite tão especial deve ser ainda pior. Além do mais, seria mais difícil bolar algum jeito de atraí-la para sua segunda morte se tivessem que ficar juntas e agir com formandos normais a noite toda. Seus pedidos de que Spencer e as outras não comparecessem eram ignorados, tanto por gravações de voz quanto por mensagens, e ela não atendia o seu telefone sob nenhuma hipótese. Provavelmente, imaginava o que Spencer queria e provavelmente havia sim ouvido as gravações e lido as mensagens. Mas a ideia de aparecer era fixa na cabeça de Spencer. Plateia para o grande desastre.
E então, lembrou-se do dia em que Alison lhe arrastou para comprar seu vestido. Era preto e tinha brilhos uniformes como pequenas estrelas, com formato de coração em decote onde os seios ficavam, um corte longo mostrava de sua coxa até em baixo e ele lhe armava um pouco, dando ainda mais volume ao seu corpo definido. Ela puxou a cortina e sorriu, os cabelos loiros caindo de um lado só de seu ombro, um batom vermelho definia seus lábios volumosos e ela lhe sorriu de baixo pra cima, apoiando as mãos na cintura e deixando o azul de seus olhos fazerem o trabalho final.
“Então... Vai falar algo?” Ela perguntou e aquilo soou como música aos ouvidos da garota. Falar algo? Emily poderia possuí-la ali mesmo naquele provador, se não conseguisse conter a excitação em seu jeans. Nunca viu algo tão belo em sua vida, tão angelical e ao mesmo tempo tão perigosamente tentador.
“E-e-e-eu, e-eu acho que você... Ahn...” E esse foi seu comentário sobre tudo antes que Alison gargalhasse e fechasse a cortina para tirá-lo. Sorte a de Emily que aquilo não a fez pensar que ela estava feia. Ela o comprou, por fim. E deixou Emily pensando sobre aquilo durante muitas noites.
Aquela combinação de lembranças tornava que seu auto-encorajamento para usar o objeto jogado em sua cama ainda mais complicada. Jogou o vestido ao lado de seu punhal e checou seu relógio de cabeceira. Hora de tomar um banho, arrumar seus cachos no lugar. Hora de por um sorriso falso no rosto e livrar-se também do cheiro de bebida, assim como do efeito dela. Hora de vestir-se para as fotos e danças, como se fosse aquele o foco de sua vida e como se fosse importante. Hora de guardar sua surpresa dentro de seu vestido. Hora do show.
***
A noite caiu tão rápido quanto os restos dos dias que haviam se passado, e às dez horas da noite o auditório do campus estava um formigueiro humano. Garotas bonitas e outras nem tanto, exibindo seus vestidos maravilhosos e seus namorados que pareciam ter saído de capas de revistas femininas. Alguns caras bebiam e fumavam perto do bosque ao lado de fora, atentos aos olhares dos professores. Outros alunos corriam até suas famílias ou amigos que não viam há tempos, e estavam de visita para fotografar e documentar a grande noite de seus filhos. Era apenas a conclusão de um período... Emily não via porque tanto “auê”. Ou talvez, era apenas seu ponto de vista amargurado. Havia visto de tudo e todos, mas seus olhos não bateram em quem ela queria encontrar. Cavavam o salão em agonia, e enquanto ela tentava passar pela gritaria das pessoas e pelo som da musica eletrônica ensurdecedora que era mixada aos berros pelo DJ parecia mais difícil tentar achar quem ela desejava. Havia tocado o ombro de varias garotas loiras de vestidos pretos e se desculpado por isso depois. Nenhuma delas era Alison. Até que o barulho de seu scarpin vermelho pareceu silenciar toda a agitação, e chamar apenas a atenção de Emily em meio a todo o resto.
Ao virar-se, a viu. Caminhando sensualmente com o mesmo vestido que havia provado quando ainda era Alison. Seu charme provocava inveja nas outras garotas, pois nenhuma tinha o que ela parecia ter. Os cabelos divinamente cacheados e fixados de um lado só, enquanto mechas desfiadas e poucas caiam do outro. Brincos longos e prateados abalançavam-lhe perto ao pescoço, um batom que beirava o sangue de tão vermelho desenhava seus lábios tão beijáveis, um bracelete prateado e rodeado de pedras fixado em seu pulso e um anel pesado e vermelho destaca-se em seu vestido. A proximidade a qual Alison estava agora fez com que Emily quase perdesse a força nas pernas. Por achar que ela não poderia superar o que ela havia visto na loja, e ela havia sim superado. E por agora, ela ia saber o que aquilo era.
— Bensonrine... Achava que não ia aparecer. — Alison saudou.
— Porque achou isso? — Disse, controlando-se para não correr dali, ou correr para cima dela. Ou simplesmente, aparentar mais imbecil do que já devia estar aparentando.
— Bom... Você simplesmente sumiu. O que andou fazendo? Estudando? — A ironia transbordava de seus lábios pintados, e aquilo aterrorizava Emily. Estaria ela sabendo de seus planos?
— Só queria ficar sozinha...
— Você não está impressionada com o que te contei, não é? Ou com medo... Ou com raiva de mim.
— Não, não e não, Ali. Eu nunca teria raiva de você.
Sorriu satisfeita e deu um passo a frente, subindo as mãos pelos braços de Emily numa caricia perigosa.
— Você é linda, Em.
Emily corou. Sentia tanta vontade de segurá-la nos braços e beijá-la. Deus, ela queria apenas uma noite mágica com ela. Queria apenas uma dança, umas risadas, queria beijos na escada. Queria amá-la! Respirou fundo e franziu o cenho, apertando os punhos de nervosismo.
— O que eu posso dizer de você? Você é a garota mais linda deste baile e desse campus.
— Que bom que percebeu. Mesmo não me convidando para o baile.
— Desculpe por isso... Eu sou uma idiota.
— Esqueça. Quer dançar?
— Ali... — Disse de forma afobada, encarando seus olhos fixamente. — Sabe que Aria, Hanna e Spencer estão vindo hoje, não é?
— Acha mesmo que eu vou esquecer isso?
— E como você... Vai se comportar?
Ela gargalhou e pegou a mão de Emily, arrastando-a consigo e cruzando seu braço ao dela.
— Emily, eu não machuco amigos.
— Mesmo?
— Você está duvidando de mim?
Ela engoliu seco, controlando sua respiração extremamente alta e ofegante. Alison passou os braços pelo pescoço de Emily, forçando-a a entrar no ritmo daquela música agitada e segurar sua cintura. A cabeça da morena girava como um redemoinho. O perfume dela, suas unhas em seu pescoço. Alison roçava seu corpo no dela com uma provocação exagerada e excitante. Volta e meia e Emily já tinha caído novamente naquele jogo suicida. Os olhos dela brilharam, escuros, fazendo os de Emily se arregalarem quando a boca de Alison tomou a dela num beijo indecente, sujando-a de batom vermelho e mordendo o lábio inferior dela deliciosamente.
Ora... Mas que merda? Aquilo não era Alison. E ela tinha que por isso em mente, por mais inacreditável que fosse. Suas mãos a separaram dela, empurrando-a para longe. Ela olhava Emily frustrada, os ombros altos de raiva.
— O que você está fazendo, Emily?!
Ela congelou. Deu alguns suspiros pesados e tocou os próprios lábios, correndo para o lado de fora e escutando os passos nervosos de Ali atrás de si. Vez ou outra olhava para trás, checando a que distancia ela estava. Até que seu rosto avermelhado e suado bateu forte contra algo que lhe segurou pelos ombros.
— Emily!
— Spencer?! Vo-v-vo-você...
— Que vestido lindo! Senti sua falta! — Spencer lhe abraçou rapidamente, e logo Aria e Hanna se aproximaram, sufocando-a com abraços que ela não conseguia retribuir.
— Emily. — Hanna a esmagava, beijando seu rosto com doçura. — Deixa eu te arrumar. — Ela cochichou, limpando a boca suja dela e lhe dando uma piscadela. — Onde está Ali? E que cara é essa? Parece que viu um fantasma!
— Vocês tem que me desculpar, m-ma-mas eu...
— Mal chegamos e você já vai farrear e nos deixar aqui? Não sentiu minha falta? — Aria lhe perguntou, abrindo os braços de forma divertida. — Que cara é essa, Em? — Sussurrou em seu ouvido e voltou para encará-la, agora um pouco mais séria. — Está mesmo se sentindo bem? Não parece que está aqui.
— Emily, onde está a Ali? — Spencer perguntou de forma ameaçadora, fazendo uma força extrema ao colocar a mão em um dos ombros de Em, machucando-a. — Está tudo bem, não está?
— S-s-sim... E-eu... Vou procurar a Ali e trago ela aqui. Só... Fiquem aqui.
E correu floresta adentro, deixando Hanna e Aria encararem Spencer com desconfiança.
— Está sabendo de algo que nós não sabemos, Spencer?
— Não, Aria... Claro que não! Só fique aqui com a Hanna, certo? Eu já volto. Querem beber algo?
— Ah, eu quero um...
— Claro, vou trazer! — E saiu apressada, fazendo a baixinha bufar de indignação. Hanna tentou apaziguá-la, arrastando-a para a pista de dança enquanto Spencer seguia o caminho que havia visto Emily percorrer. Bebida uma ova.


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Notas finais do capítulo

E agora? Fodeu neh?



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