–Ai meu pai, que fofo! - eu disse, olhando para Dobby, e seus olhos brilharam com o elogio.

–Senhorita, poderia ir pegar as suas coisas para tentar, enquanto Dobby prepara uma vasilha com o que restou do pudim?

Sem pensar duas vezes, saí em disparada à torre da Grifinória. No meio do caminho, me deparo com os gêmeos Weasley.

–Oi Naomi! - eles disseram em uníssono

–Tá afim de nos ajudar numa pegadinha com o Pirraça?

–Eu queria muito, mas não posso agora...

Continuei correndo feito idiota até o quadro da Mulher Gorda. Disse a senha e fui correndo para o quarto que divido com Mione e outras duas meninas. Fiz um rápido bilhete pra sabe-tudo, dizendo que sentiria falta e tal.

Antes de guardar qualquer coisa, lancei um feitiço ampliador na mesma mochila que eu trouxe. Isso iria ajudar muito. Consegui separar as roupas e pertences num canto, os livros noutro canto, e os objetos eu coloquei de forma que pudesse pegar facilmente numa enrascada. Peguei a varinha e a coloquei no coturno que usava(eu uso o uniforme, mas continuo com um coturno ou all star). Suspirei, pensando que talvez não voltaria...Espera, quem disse que não vou voltar? Ah, é claro que vou tentar vir de novo. Mas preciso ir pra casa, esfriar a cabeça... Só que não. Vai que os outros papéis me levam para outros mundos? Ah, isso vai ser muuito legal.

Depois de guardar tudo, eu desci e voltei para o mesmo lugar de antes. No caminho, esbarrei de novo com os gêmeos.

–Onde você vai? - eles disseram juntos.

Digamos que, nesse meio tempo em que estive aqui, certas pessoas tiveram certas paixonites. Como é com o Fred. Segundo Rony, ele não para quieto, e está sempre comentando sobre mim. Eu nunca entendi muito bem a cabeça dos garotos mesmo...

–Embora... É uma longa história. Eu disse na primeira vez que nos vimos, que eu não ficaria por muito tempo. Tenho que ir, muitos problemas no Brasil, e tenho que dar apoio pra minha mãe...

Eles não conseguiram entender nada. Suspirei, explicando de novo.

–Tenho que ir. Tchau meninos. - os abracei, e pedi para que explicassem a situação para o trio, que são meus amigos quase inseparáveis. Só não explicava pessoalmente para eles, por que estavam em aula.

Fui correndo para o Salão Principal, e lá me deparei com Dumbledore comendo um doce de abóbora e Dobby terminando de embalar o resto do pudim. Suspirei (estou suspirando muito ultimamente), sei que não verei essa cena por muito tempo...

Peguei a embalagem e me virei para Dumbledore. Caramba, tantas perguntas...

Segurando o amuleto com a mão livre, eu pronunciei a frase "πύλη, έλα και πάρε με στον κόσμο ήρθα." (Dumbledore descobriu a pronúncia com a professora de Runas). Nada aconteceu.

–Você mencionou uma caneta, não? Creio que terá de desenhar no ar esse símbolo no verso do amuleto. - Dumbledore sugeriu

Talvez... No verso, tinha desenhado um P caprichoso, que é o p no alfabeto grego (nem sabiam disso, né?). Encarei o desenho por um tempo, então peguei na mochila a caneta. Fiz o desenho no ar, e a tinta da caneta pareceu... voar? Repeti a frase, e passado alguns segundos, a tinta da caneta se transformou em um vórtex oval, do mesmo tamanho da moldura.

Hesitei em entrar; pela primeira vez, acho que vou sentir falta de uma escola. Olhei para Dobby.

–Dobby, me faça um favor? - ele me olhou - Quando ver Rita Skeeter, chute a bunda dela por mim, sim? - Ele assentiu, feliz, e eu me voltei a Dumbledore - Obrigado mesmo, Dumbledore! Por tudo.

Ele sorriu, e eu entrei no vórtex/portal.

Impressão minha, ou estava tocando o instrumental de instrumental de Back in Time?

Acho que passei cerca de um minuto nesse vórtex. Ou menos, não contei o tempo e nem me importei com isso. Quando finalmente saí, eu estava de costas para o portal. Olhei para o celular, e vi que ainda estava marcado no dia 24 de julho, 2015. Comassim??? Tinha passado uns seis dias lá, e agora... Gente, isso é confuso!!!

Fui até o escritório, me sentei na cadeira e tentei raciocinar algo. Eu passei seis dias em Hogwarts, ou melhor, no mundo bruxo, e voltei aproximadamente 3 horas depois de ir... Pego um papel qualquer e um lápis, e começo a calcular algumas coisas. Por fim, deduzo que a cada trinta minutos que eu passei no mundo bruxo, é equivalente a um minuto... Não, espera, tem algo errado... Refaço os cálculos, com uma paciência incrível. Chego aos resultados: se for exatas três horas, então a cada minuto que se passou aqui, se foi exatos 48 minutos no mundo bruxo. Trabalhar com aproximados não é a minha praia...

É incrível como paciência e horas estudando matemática podem te ajudar!

Certo. É melhor eu ir pra casa logo. Descansar, deitar na minha casa confortável, me enrolar like a múmia com o cobertor... Coloco o papel num mural que tem no escritório. Escrevo em outro papel "1 MIN REAL = APROX. 48 MIN BRUXOS". Guardei tudo que estava espalhado pela escrivaninha. Pego minha mochila, e coloco a caneta dentro da mesma. Partiu, manow.

Quando estava indo em direção à porta que me trouxe aqui, vi que estava trancada. Diferente da pichação, por dentro é feita de uma madeira escura, é dupla, e tem uma janelinha em cada lado da porta. Contornando a janelinha, há arabescos lindos, que aparentam ter sido feitos à mão. No lugar onde deveria estar a fechadura, tem um desenho, igual à pedra do meu amuleto. E as maçanetas são redondas, esculpidas no formato de um botão de rosa. Encostei o amuleto na fechadura, abrindo a porta. Saindo, verifiquei se estava bem trancada. Mas não havia mais aquela madeira: a porta voltou a ser uma pichação. Porém, foi alterada: a pichação do amuleto, antes longe da porta, estava agora no lugar da fechadura.

Coloquei o amuleto no pescoço, e comecei a andar até aminha casa. Se eu conseguir, chego a tempo de assistir a maratona de O Senhor Dos Anéis, que vai passar na HBO. Com esse pensamento, começo a correr feito louca. Algumas pessoas me olham estranho, mas ignoro. Só depois, quando estou a uma quadra da minha casa, que eu percebo que ainda estou com o uniforme de Hogwarts. Sorri automaticamente, pelo menos terei alguma lembrança que dure. Por que o pudim não dura nem dois dias comigo...

Entrei em casa, contente, feliz, animada, e... e... AI MEUS DEUSES, SANTO ODIN, POR MÉRLIN, ESTÁ TENDO MARATONA DE FILMES DA MARVEL!!! EBAAAAAA!!!

Deixei minha mochila num canto qualquer, pegando o pudim logo em seguida. Fui até a cozinha e peguei uma colher. Coloquei o pudim e a colher na mesinha de centro da sala, então subi correndo para tomar um banho, guardar o uniforme - lindo, divo, perfeito, tudo de bom -, e logo em seguida voltei à sala, com um pijama confortável. Me joguei no sofá de qualquer forma, ligando a tv. Estava justamente no começo de um dos filmes, em que o Loki aparece. Deuses, como esse cara consegue ser chato e sexy ao mesmo tempo???

A propósito, vocês devem estar se perguntando: uma adolescente como você não tem aulas? Não precisa ir à escola e se socializar? Pois bem, pra começo de conversa eu nem tenho muitos amigos na escola. E eu meio que estou com um mês de férias, pois tem alguns canos estourados na escola e resolveram dar um mês pra arrumar tudo.

Bom, tecnicamente, é impossível que alguns canos furados repentinamente tenha sido culpa minha, não? Mas foi uma baita coincidência por isso acontecer justamente durante um ataque de uma garota que estava me julgando pelo livro que eu lia. Em minha defesa, a culpa não é minha!

E é por isso que eu estou sem aulas por um mês. Portanto, meus queridos, não venham com essa de "a autora deve ter esquecido das aulas delas e bla bla bla", nah. A autora sabe sim das aulas, e está esperando o momento certo para atacar com várias provas. Mas ainda assim sou grata a ela por me dar a vida. Mas vamos voltar ao filme, sim?

Depois de assistir dois filmes da marvel (ambos dos Vingadores, QUERO UM CAPICOLÉ PRA MIM!!!), eu acabei caindo no sono na sala mesmo. Fui acordar com Leeroy fazendo cafuné em mim. É possível um gato fazer cafuné? Mas enfim, ele estava passando as patinhas no meu rosto, como que para me acordar. Imediatamente me lembro do dia em que minha mãe me mostrou ele, um filhote que a tia falecida dela a deu. Minha mãe resolveu me dar, e não é que eu me afeiçoei ao bicho? às vezes, é como se eu estivesse conversando telepaticamente com ele...

"Mas não é?" uma voz fala na minha cabeça. Não é como o meu consciente, que tem uma estranha voz masculina (admito que tenho dúvidas sobre o meu consciente). É mais uma voz de... Ahn, sei lá. Não sou boa descrevendo vozes. Mas parece ser de uma criança de 8 aninhos. "Ei, tá falando de mim?" É, acho que sim, né?

Suspirei, me levantando e vencendo a minha preguiça diária. Olho para Leeroy, e a voz se pronuncia de novo. "Quero comida!"

Se eu estivesse de pé, tombaria na hora. Olho espantada para o meu gato. O MEU GATO!!?! ELE ESTÁ... É ELE QUE... AI MEUS DEUSES, QUE É QUE TÁ ACONTECENDO COMIGO?

Já sei: comi muito pudim ontem. Então eu olhei para a vasilha e me perguntei se tudo que aconteceu ontem é verdade. Será que foi tudo um sonho? Será que ainda estou sonhando? Belisco o meu braço e tomo uma conclusão de que estou bem acordada. Encaro Leeroy mais uma vez.

"Não olha pra mim não! Eu não fiz nada além de perseguir ratos no quintal enquanto você estava fora."

Okay, acho que agora é definitivo: eu pirei na batatinha.