Amsterdã, 11 am.
Estou perdida, não sei francês, meu inglês é escasso, não sei o que faço. Ninguém aqui parece falar inglês! E agora? Pedi ajuda para um rapaz, ele falava inglês, mas eu não entendi nada...
Opa. Primeiro devo me apresentar.
Olá, meu nome é Michele Montanhesi. Sou brasileira, de São Paulo, capital. Terminei há 6 meses o colegial, na escola mais cara do país. Não, eu não sou rica. Ganhei uma bolsa atleta para estudar no colégio e nadar por ele.
O colégio, que se chama Elite, é onde apenas os herdeiros de grandes empresas estudam, então conheci gente bastante esnobe. Mas consegui fazer algumas amizades, e meu melhor amigo, cujos pais ficaram ricos, passou a estudar lá para me fazer companhia.
Até o meu segundo ano, o Elite era comandado por quatro rapazes, que eram simplesmente os mais ricos entre todos os alunos, conhecidos como F4.
O F4 era composto por:
Alex Müller: seu pai é dono do dojo mais tradicional do país. De lá, saíram grandes atletas, inclusive o irmão do meio de Alex. Como o irmão mais velho não gosta dessas coisas, coube a Alex ficar como o futuro herdeiro do dojo.
Lion Rockford: um nobre inglês, cujos pais vieram morar no Brasil. Gentil, um verdadeiro gentleman, é na verdade gay, e gosta do melhor amigo, Alex. Até o momento que os pais, tradicionalmente ingleses e homofóbicos, não souberem sobre sua orientação sexual, ele será o herdeiro da família, que possui uma empresa de importação de produtos ingleses a baixo custo.
Renato Moreira: foi o primeiro aluno que tive contato no colégio. Sua história familiar é um pouco trágica, por isso ele é o que possui mais pé no chão do que os amigos, em relação ao dinheiro. Sua única família atualmente são seu irmão, sua cunhada e sua sobrinha, a qual ele possui um imenso carinho. É gentil, humilde e... Foi meu primeiro amor. Mas ele gosta de outra, então acabei perdendo minhas esperanças.
Fernando Ribeiro: O "líder" do F4. Ele passava praticamente o ano inteiro sozinho no Brasil, pois sua mãe cuida dos negócios em Nova York, e sua irmã mora na França com seu marido. Então Fernando era sempre paparicado pelos serviçais, e acabou mal acostumado. Ele achava que o mundo inteiro deveria seguir suas vontades, e ai de quem não seguisse! Egoísta, idiota, estúpido, violento, ele marcava a pessoa que ousasse desafiá-lo com uma carta preta em cima de sua mesa. Eu fui uma dessas pessoas que ele marcou. Dei um soco na cara dele perto do fim do meu primeiro semestre no colégio. Mas... Foi para ele que eu falei "eu te amo" do fundo do meu coração.
Sua mãe não aceitava nosso namoro. Passei por poucas e boas para poder estar ao lado dele, mas no fim, a mãe dele venceu: o levou para Amsterdã, onde ele está cursando faculdade. Mantivemos contato por um tempo, mas um pouco antes de acabar meus estudos, ele parou de falar comigo. Um "parabéns por ter passado no colégio" e nunca mais.
Então eu me perguntei todo esse tempo... O que haveria acontecido com ele?
Mudando de assunto um pouco, como eu disse, me formei e não sei o que fazer da vida. Continuo trabalhando na lanchonete, e o colégio me ofereceu um emprego: eu continuo nadando por eles, e eles me dão um salário. Então eu nado de manhã e trabalho a tarde na lanchonete, assim consegui uma renda extra para ajudar em casa.
Após a saída do F4, o Elite voltou a ser como era antes: todos os alunos tinham direito a escolher como o colégio deveria ser[1].
Consegui abrir uma vaga anual para alunos bolsistas, e agora meu irmão está fazendo o segundo ano do colegial no Elite. Então vamos todas as manhãs juntos, e quando as aulas acabam, ele vai me assistir nadar. É bom ter a companhia de alguém, já que Miguel e Suelen já se formaram, e estão fazendo faculdade. Só eu que ainda não decidi...
Bom, chega de lenga-lenga. Vamos a história.