Os seus, os meus e os nossos [HIATUS] escrita por mywriterside


Capítulo 2
We don't need no education


Notas iniciais do capítulo

Voltei, amores. Recebi alguns comentários e já vi que tem gente acompanhando, pois bem, então vamos continuar isso aqui!

O título do capítulo está propositalmente escrito errado. Caso alguém não entenda, é uma linha da letra de "Another Brick in the Wall" do Pink Floyd. Não, o capítulo não tem nada a ver com a música, é só que como cita a escola me veio essa música na cabeça. Caso ainda não entendam, deem uma pesquisada no clipe, vocês vão entender :)

Espero que aproveitem a leitura :)



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Will foi o primeiro a escutar o despertador tocar. Ele sempre era o primeiro da casa a acordar, devido aos tempos no serviço militar americano onde sua rotina se iniciava às quatro da manhã. Então Shelby acordava e eles acordavam as crianças. Hoje era um dia especial, as crianças estavam começando na nova escola. Eles precisavam se levantar e deixar tudo preparado antes das sete e meia, já que o horário escolar iniciava às oito. Will sentiu Shelby se mexer ao seu lado e encarou o despertar lento de sua esposa.

— Bom dia, querida.

— Bom dia. — Shelby respondeu, se espreguiçando. Will se inclinou e beijou os lábios dela, que sorriu — Quem vai com quem hoje?

— Blaine é o mais fácil e Rachel provavelmente já está acordada. Então eu vou com os meninos e você as meninas.

— Tudo bem. — eles se beijaram outra vez e saíram da cama.

Depois de se vestirem para o dia, Will caminhou até o quarto de seu caçula e Shelby entrou no de Brittany. Um mundo cor de rosa encheu os olhos da mulher enquanto ela abria as cortinas pink e balançava a garota encolhida sob o cobertor. Brittany resmungou um pouco, abriu os olhos azuis e encarou a mulher que sorria para ela.

— Bom dia, querida. É hora de levantar e se aprontar para a escola.

— Okay. — Brittany bocejou e se sentou na cama, recebendo um beijo na cabeça.

— O café da manhã sai em meia hora. — Shelby avisou saindo do quarto.

Ela subiu as escadas para o sótão e o local estava completamente escuro. Não parecia um sótão assustador como nos filmes, o teto era relativamente mais baixo aqui em cima, mas o local estava arrumado ao gosto de Santana, e realmente parecia um quarto. A menina morena estava desmaiada no meio da cama com um pé encoberto por uma meia listrada pra fora do edredom vermelho escuro, a cabeleira escura espalhada no travesseiro e o som do ronco baixo deixando suas narinas. Shelby abriu as cortinas da pequena janela e chamou pela filha.

— Me deixa em paz! — ela resmungou dando as costas à mãe.

— Santana, você tem aula em uma hora. Levante e se apresse se quiser comer antes de sair. — Shelby pediu se aproximando da porta — Se não estiver lá embaixo em vinte minutos, mando Will ou Rachel vir aqui.

— Já estou indo. — a garota resmungou com a voz abafada pelo travesseiro.

Descendo para o segundo andar, Shelby bateu na porta de sua filha mais nova e entrou quando a mesma gritou lá de dentro.

— Bom dia, querida.

— Bom dia, mãe. — Rachel falou, escovando seus cabelos em frente à penteadeira.

Ela já estava vestida para a escola com suas costumeiras roupas que não agradavam em nada suas irmãs: meias 3/4, saia plissada e suéter. A menina de quatorze anos tinha um senso de moda, digamos, peculiar. Ela parecia presa entre a infância e a adolescência e nada que suas irmãs diziam a incomodava. Até mesmo Shelby tentava mudar o gosto da menina, ela chegou a esconder algumas peças e substituir por outras, mas no fim Rachel acabava vestida daquela forma, ou como ela dizia, bibliotecária formal sexy. Para suas irmãs era mais uma estudante do jardim de infância.

— Tudo pronto para o primeiro dia?

— Sim. Eu levantei às seis e fiz alguns alongamentos. Eu pensei em sair para uma corrida, mas eu não conheço muito bem o bairro ainda. Talvez na próxima semana eu encaixe isso na minha rotina matinal. Depois eu preparei uma vitamina de fibras e tomei antes de começar a ficar pronta pra escola. E ah, já fiz aquecimentos vocais também. Eu vou me inscrever para o clube Glee daqui também. — Rachel tagarelava se movimentando pelo quarto de paredes amarelas com pôsteres de musicais que a menina era fã.

Rachel podia falar muito quando queria. Shelby não entendia de onde veio isso.

— Hm, estarei torcendo por você.

— Com certeza eu ingressarei. Você sabe, meu talento nunca me diz "não", para qualquer coisa. Além do mais, nenhum treinador de corais é capaz de dizer não para a minha voz. Eu sou uma estrela.

Outra coisa: o que Rachel tinha de talento, ela tinha, talvez o dobro, de ambição.

Shelby tentou muitas vezes mudar isso nela, não completamente, porque ambição pode te levar longe, mas deixá-la um pouco mais humilde e fazê-la encarar a realidade que nem sempre as coisas serão sobre ela e ao redor dela. Mas Rachel era teimosa, e se denominava uma estrela. Estrelas brilham, dizia ela. E ela, com certeza, também.

A mãe balançou a cabeça olhando a menina.

— Pois bem, estrela. Se apresse para o café da manhã.

— Eu vou só passar a música que vou cantar na audição e estarei pronta.

Shelby rolou os olhos enquanto fechava a porta atrás dela. Com uma rápida passada no quarto de Quinn, ela encontrou a menina dormindo pacificamente e deixou que ela tivesse mais alguns minutos de paz.

Na cozinha, ela separou ingredientes para panquecas e ovos mexidos para todos. Com o bacon estalando na grelha, ela colocou as panquecas prontas em uma pilha no prato e levou para a mesa na sala de jantar. Os ovos ficaram prontos em seguida e ela arrumou tudo para o café da manhã. Aos poucos cada filho foi aparecendo e tomando um lugar. Will ocupou a ponta e Shelby se sentou ao seu lado. Cada um serviu seu prato e eles comeram em meio à conversas triviais.

Ou quase isso. Porque todos queriam falar ao mesmo tempo, clamando por atenção.

— Ok, pessoal. Última chamada para a partida. O navio sairá em cinco minutos.

— Pai, não traga o trabalho para casa, por favor. — Sam pediu enquanto se levantava com os irmãos para buscar as coisas para saírem.

Will encarou Shelby, que deu de ombros.

— Ele adorava brincar de comandante e fuzileiro.

— Amor, ele não tem mais sete anos. — Shelby acariciou a mão do marido — Temos que aceitar o fato de que nosso pequeno Sammy cresceu.

— Me sinto velho. — Will riu.

— Ei, eu sou mais velha que você.

— E mais sexy também. — ele sorriu e se inclinou para beijá-la.

— Ei, tem filhos no recinto. — a voz de Blaine fez seus pais se separarem com risadas.

— Se você não guardar seus comentários para si, eu farei questão que isso mude. — Will brincou e ameaçou se levantar, fazendo o garoto correr.

— Coitado. Dez anos e já tendo que fazer terapia. — Santana falou descendo as escadas — Vocês vão traumatizar a criança.

— Santana, deixe eles serem felizes. — Rachel apareceu ao lado da irmã.

— Ninguém te chamou na conversa, anão.

— Não me chame de anão.

— Então não respire perto de mim.

— Suficiente, meninas. — Shelby apartou — É hora de ir ou vão se atrasar. Venham todos me dar um beijo.

Um por um, cada filho beijou Shelby no rosto e ela desejou boa sorte e pediu que se comportassem. Will decidiu dirigir a mini van como era apenas o primeiro dia e eles não sabiam o caminho. Depois da costumeira discussão pelo banco da frente, Brittany, que estava de fora da briga, deu a volta no carro sem ninguém perceber e ocupou o lugar ao lado do motorista. Os outros quatro se acomodaram nas duas fileiras de bancos e seguiram para o prédio estudantil.

— Aqui vão vocês, crianças. Já sabem, se comportem e se precisarem de qualquer coisa é só telefonarem. Boa aula.

— Tchau, pai. Tenha um bom dia no trabalho. — Brittany se inclinou para abraçar seu pai.

— Obrigado, querida. Não entre em confusão.

Juntos, os cinco caminharam pelo campus da escola abarrotado de alunos. Brittany estava animada com seu último ano na escola, Santana estava entediada, Sam não queria estar ali e Rachel estava ansiosa por estar começando no Ensino Médio. Blaine era um caso diferente, ele estava uma pilha de nervos. O garoto estava começando na quinta série, uma série em que a maioria das crianças se conheciam do ano letivo anterior, ou seja, ele era novato.

— Hey, baixinho. Quer que te deixemos na ala do Ensino Fundamental? — Santana se virou para Blaine.

— Err, não precisa. Eu posso ir sozinho. — ele respondeu, nervoso.

— Ei. — Sam se aproximou e colocou as mãos em seus ombros — Não há nada de errado em ter medo, ok? Eu sei como é, já passei por isso um monte de vezes.

— M-mas... E se caçoarem de mim? Você sabe, por agir como um bebê medroso...

— Você não é um bebê, B. E eu aposto que a maioria das crianças da quinta série ainda têm seus pais com eles na entrada do prédio. — Santana sorriu para seu irmãozinho e o virou em direção ao lado do Ensino Fundamental — Vamos lá, vamos todos juntos.

— B, saiba que se você precisar, eu sempre trago meu unicórnio de pelúcia comigo. Você pode ficar com ele enquanto assiste as aulas. — Brittany disse ao garoto quando eles chegaram ao prédio correspondente.

— Er, não, Britt. Eu agradeço mesmo assim. — Blaine deu um olhar esquisito à irmã, que deu de ombros.

— Tudo bem, vai lá, B. Qualquer coisa, e eu quero dizer qualquer mesmo, você pode nos chamar. Estaremos a um prédio de distância. — Santana ficou ao nível dos olhos do menino e sorriu — Boa sorte, nanico.

— Obrigado, San. — ele sorriu e olhou para todos os seus irmãos — Obrigado, pessoal. Boa sorte para vocês também.

— Estaremos torcendo por você, B. — Rachel saltou no lugar.

— Se precisar do unicórnio. — Brittany gritou.

Blaine a encarou já de longe e balançou a cabeça com as sobrancelhas franzidas.

— Chute alguns traseiros se precisar. — Santana gritou com um polegar pra cima. Duas garotinhas que pareciam ter a idade de Blaine a encararam de olhos arregalados.

— Ok, pessoal. Vamos voltar. — Sam chamou e eles seguiram para o outro lado do campus — Nos vemos depois da aula?

— Sim. A gente pode se encontrar na porta do refeitório para o almoço. — Santana disse.

— Combinado. — e assim cada um seguiu para sua primeira aula do dia.

O sinal tocou avisando o intervalo do almoço e os alunos saíram em alvoroço da sala de aula. Blaine calmamente arrumou seu material e seguiu para o refeitório, pegou sua bandeja de comida e sentou sozinho em uma das mesas. Seu dia estava indo relativamente bem, tirando a parte em que sua professora de estudos gerais fez cada aluno novo ficar de pé na frente da classe e se apresentar. Blaine sentiu seu rosto esquentar quando ele disse seu nome e a cidade que tinha vindo, era sempre assim a cada mudança de escola, e por mais que ele passasse por isso mais de uma vez, era sempre uma experiência nova, e ele nunca se acostumava. Na verdade, ele odiava.

Seus pensamentos foram interrompidos quando um menino de cabelos bem penteados e olhos claros se sentou na mesa que ele ocupava. Ele estava em sua turma, Blaine o viu sentado em uma carteira no canto, mas ainda não sabia o seu nome.

— Oi. — o menino disse sorrindo. Blaine o encarou confuso e deu uma olhada por cima do próprio ombro — É com você que eu estou falando.

— Oi. — Blaine sorriu sem graça quando o menino deu uma risada.

— Tem problema se eu me sentar aqui? É que eu te vi sozinho...

— N-não. Não tem problema.

— Obrigado. Meu nome é Kurt Hummel. Eu sei que é chato ser o novato, estudo aqui desde o ano passado e passei pelo mesmo. Você tremia hoje na frente da classe.

— Minha família se muda bastante, e mesmo assim eu não me acostumo.

— Deve ser chato ter que dizer adeus aos amigos. Eu mudei de escola, mas sempre morei em Hartford, então eu ainda consigo ver todos os meus amigos. Quero dizer, eu não tenho muitos, mas você entendeu.

— Por que mudou de escola?

O rosto de Kurt tomou uma tonalidade rosada e ele olhou para baixo.

— Eu sofria bullying em minha antiga escola. Você sabe, pelo meu jeito de vestir e agir e tal. Eu apenas gosto de me arrumar, mas os outros garotos caçoavam de mim por isso.

— Eu não vejo nada errado em gostar de se vestir bem. — Blaine disse, fazendo Kurt sorrir — Eu também gosto de me vestir bem. E gosto de usar gel no cabelo. Tenho muitas irmãs e elas sempre opinam no que eu visto.

— Nossa, deve ser muito legal ter irmãs que te ajudam e não julgam. Eu tenho um irmão mais velho, o Finn, mas ele não é muito ligado nessas coisas. Ele gosta de videogame e futebol, só. Em casa, na verdade, a única figura que me inspira é minha mãe. Meu pai é como Finn.

— Isso é chato.

— É, às vezes. — Kurt acenou — Mas então, já que suas irmãs te ajudam, você pode me ajudar também. Somos amigos, não somos?

Blaine arregalou seus olhos verdes idênticos aos de sua mãe e assentiu.

— Cl-claro. Somos amigos. — ele sorriu.

Kurt sorriu de volta. Blaine finalmente tinha um amigo.


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Notas finais do capítulo

Sem muitas emoções ainda, mas eu prometo que elas virão. Então, o que acharam? Me digam nos comentários.

Beijos e até o próximo.