A.C.A. escrita por Cyndaquil
Notas iniciais do capítulo
Devagar, motorista! Você tá levando gente, não um saco de batatas.
Ambos tombaram para a esquerda do carro. Nenhum dos dois bateu a cabeça ou algo do tipo, mas alguns pertences que estavam nos compartimentos abertos do carro caíram durante a curva brusca provocada por Pedro.
Por um breve momento foi possível ver, através da janela do lado direito do carro, o Foccus passando direto pela ponte, seguido de gritos e por um grande splash! Ambos ecoaram por segundos até que o som se dissipou… Mas o problema não tinha acabado aí.
Após um giro de 180º, Pedro liberou o freio de mão. Suas mãos estavam trêmulas, e Alice, por incrível que se pareça, pasma.
– Assuma o controle do carro! – gritou Pedro.
Com os pneus traseiros furados foi difícil de se estabilizar, e como se não bastasse ainda havia o detalhe de estarem numa superfície muito, muito íngreme. Aos trancos e barrancos, o carro foi descendo aquela ponte. Devido à inclinação e outros fatores, não dava para reduzir ou controlar a velocidade, o que tornava mais difícil ainda a tarefa de Alice.
Ela dirigiu o carro ao lado direito da pista pouco antes de passar pelo que antes era a cancela. Os motoristas encaravam o carro atônitos ao mesmo tempo que tentavam enxergar através do vidro, mas o estranho era que ninguém aparentava estar com um celular ou algum aparelho para registrar o incidente.
– O que você acabou de fazer? – perguntou Alice, dando ênfase à cada sílaba pronunciada.
– Err… Salvei a gente?
– Salvou? Você quase nos matou! Que ideia maluca foi essa de dar um cavalo de pau numa ponte levadiça que estava subindo?!
– Se isso não matasse a gente, talvez eles nos matassem.
– Como você sabia que sua ideia ia funcionar?
– Bem… Para falar a verdade, eu não sabia. – nessa hora ele teve certeza que apesar de ter sobrevivido à uma perseguição de carro com pessoas armadas, a chance de ser morto tinha acabado de subir. – Que cara é essa…? – perguntou ele, depois de Alice ter ficado em silêncio por alguns segundos. Sua única resposta foi a expressão no rosto dela de “Eu não acredito que você fez isso.” enquanto dirigia com os dois pneus furados até o lugar onde estavam antes. Ele decidiu continuar a falar.
– Sabe, ontem, quando fui dormir, estava chovendo. Chovendo muito, muito mesmo, mas quando acordei o céu já estava bem mais… Como posso dizer… “Feliz”. Com eles nos perseguindo àquela velocidade, eu pensei que poderia usar a aquaplanagem ao nosso favor, só não sabia como. Até lembrar de uma cena do filme.
– O cara que fez isso no filme sobreviveu?
– Bem… No final das contas, sobreviveu. – agora ele tinha certeza que morreria.
Quando chegaram no lugar onde estavam antes de Pedro notar que estava sendo perseguido, ele voltou a guia-la e os dois foram para a casa dele.
Pelo caminho várias pessoas olhavam para a traseira do carro, se perguntando o que poderia ter acontecido, mas depois simplesmente ignoravam. Já estava perto das 10:30 e ambos estavam famintos.
Depois de um longo e cansativo caminho os dois chegaram, exaustos, à frente da nova casa de Pedro.
– Tem algum problema em guardar o carro aqui na garagem? – perguntou Pedro.
– Claro que não, acho que seria bem melhor do que deixar no meio da rua. – assim, ele foi empurrando o portão de madeira e Alice estacionou o carro. Ele fechou-o e, finalmente, os dois podiam descansar.
– Que dia louco… – comentou Pedro.
– Nem me diga. – concordou Alice.
– Bem, acho que está na hora de tomar um banho. Quer ir na frente? Posso pegar uma toalha daqui mesmo.
– Ah, não, pode ir. Vou fazer algo pra gente comer por enquanto, ok?
– Está certo então. Bem… Estou indo. – disse Pedro, se direcionando ao quarto dele para pegar a toalha e deixar a de Alice já separada.
Dava para ver a cozinha da sala, afinal de contas, a casa não era uma mansão. Pedro passou por ela, que estava na sala, sentada, pensando sobre o dia que mal tinha começado e já fora daquele jeito. Pedro entrou no banheiro e Alice se levantou para ir na cozinha fazer algo para comer.
– Adivinha quem vai lavar os pratos? – gritou Alice enquanto observava a cozinha, como se estivesse reconhecendo o território.
– Só se minha barriga ficar feliz! – devolveu Pedro, rindo. Os dois formavam um casal bem animado e feliz, discutiam de vez em quando como todo casal, mas eram um belo casal.
– Hmm… o que que eu faço? Acho que primeiro vou fazer uns sanduíches, e o almoço eu faço junto com ele. – pensou ela.
Cozinhar juntos era um passatempo que os dois haviam desenvolvido. Ambos já gostavam de culinária, mas eles gostavam mesmo era de estarem juntos.
– Nossa, que cheiro bom. – pensou Alice. – Espera… O quê? – por algum motivo, o fogo estava desligado e a comida que Pedro havia começado a preparar antes de ir ao mercado estava pronta. Os dois haviam esquecido das panelas que deveriam estar exalando fumaça e fedor de queimado. Ela ficou assustada.
– Pedro, você não tinha deixado o fogo ligado?! – gritou ela, começando a ficar nervosa.
– O quê? – respondeu ele. E seguido de sua resposta, veio um grito.
– AAAAAAAAAH!
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... CÊ DÊ RÊ, AH, DÊ RÊ (8)