A.C.A. escrita por Cyndaquil
Notas iniciais do capítulo
Um dia qualquer...
– O-O que é isso? Eu não consigo me mexer. Socorro, SOCORRO!
E nada saía de sua boca. Era a terceira noite seguida que Pedro tinha paralisia do sono.
Minutos depois, apavorado, ele conseguiu acordar. Sua cama estava encharcada de suor; seu rosto estava pálido e molhado, reflexo de seu pavor. Ainda trêmulo, pegou o celular que repousava em cima do criado-mudo, aproximou-o de seu rosto e viu as horas, 5:30.
– Ainda? – pensou ele. Também pensou em voltar a dormir, mas a ideia logo fugiu de sua cabeça espantada pelo medo de ter outro caso de paralisia. Sem muitas opções, decidiu começar o seu dia.
Ele finalmente estava de férias. Era final de semana, sábado. Três semanas atrás os seus pais decidiram dar a ele a casa cuja obra havia sido terminada há um mês. Assim que terminaram de mobiliar ela toda, entregaram-na como presente de aniversário. Ele ficou feliz, afinal, odiava barulho ou qualquer coisa que o perturbasse. Na casa de seus pais, visitas sempre davam as caras por lá, e junto com elas o barulho.
Mas ele já estava começando a se arrepender.
– Varrer a casa dá um trabalho… Ainda tenho que cozinhar, lavar minhas roupas, ir pagar as contas, fazer a compra do mês… É, acho que ficar ouvindo reclamação dos meus pais e aturando o barulho valia a pena. –pensou ele, típico de qualquer recém adulto… Quero dizer, 16 anos, mas já conhecendo a vida adulta.
A parte boa de morar sozinho é que a casa é toda sua: você pode fazer o que você quiser, quando você quiser. Se ele quisesse poderia sair correndo por ela pelado e gritando, o que seria meio estranho, mas ele poderia.
Ainda de pijama, começou os afazeres de casa: varreu todos os cantos da casa; apesar de ser 6 da manhã, colocou a comida no fogo; verificou o que estava faltando na dispensa e anotou tudo em uma lista para ir no mercado comprar; trocou os lençóis da cama, capa do sofá, capa das almofadas e dos travesseiros e foi se arrumar para sair.
Aprendeu desde cedo com a mãe que Deus ajuda quem cedo madruga.
– Bom dia senhor! Em que posso ajudar? – perguntou a atendente no corredor alimentício do supermercado.
– Err… Eu tô só olhando mesmo, ok? Mas obrigado. – respondeu-a com educação.
– Se precisar de mim, estarei ao seu dispor. – e deu um sorrisinho. Era estranho para ele já que nunca soube deduzir se alguém estava sendo educado com ele ou dando mole pra ele. Sua amiga, Perla, vivia zoando-o e chamando-o de “tapado” por não perceber que sempre tinha alguém dando em cima dele, mas nunca o fazia por querer: por algum motivo, ele não percebia. Talvez fosse realmente um “tapado”.
E lá foi ele, andando pelos corredores e pegando o que era necessário… Ou pelo menos, o que ele achava que fosse necessário.
– Há! Finalmente posso comprar o que eu quero sem ter ninguém por perto pra ficar me dizendo o que comprar ou o que não comprar. – talvez ainda fosse necessário ter alguém ao lado dele mediando suas compras para impedi-lo de levar aquelas 12 caixas de biscoito, mas ele tinha razão. Havia começado a estagiar como eletrotécnico no início do ano, ganhando cerca de R$500,00 por mês, mas aquilo lhe era suficiente.
Agora era hora de ir para o caixa. Caso continuasse ali, aquelas guloseimas deliciosas o fariam perder a cabeça e todo o dinheiro que restava de seu salário. Quando de repente…
– Achei você! – boom. As luzes de todo o supermercado se apagaram.
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... num supermercado qualquer.