Pov Lene

Ficamos mais um tempo ali observando aquela princesinha e fico imaginando meu pai me olhando assim como Brad, com pura fascinação e alegria. Percebo que lágrimas quentes escorrem por meu rosto .

– Lene, o que foi que aconteceu? - diz James se sentando ao meu lado e sussurando

– Nada - digo enxugando as lágrimas

– pode falar - ele diz segurando minha mão e isso me faz sorri

– Não quero fazer esse clima de alegria ficar triste com meus pensamentos - digo

– OK .. mas depois você me conta o motivo dessas lágrimas, certo? - ele pergunta

– Tudo bem - digo sorrindo fraco e ele retribui

– Nossa .. já são 2:00 h da madrugada .. tempo passou rápido .. desculpe, Lene .. você deve estar cansada e com fome já que interrompemos o jantar - ele diz

– Que nada .. nem estou com muita fome mais .. mas admito estar com um pouco de sono - digo com vergonha

– Eu tbm estou .. enfim .. Brad - ele o chama e ele se vira - nos vamos pra casa, amanhã eu venho visitar a Lisa

– ok .. e obrigado por vim irmão - diz Brad o abraçando - e obrigado você também Lene - ele me dá um beijo na bochecha e vejo James fazer uma cara estranha

– De nada - digo tendo a certeza de estar vermelha, ter uma pele branca não me ajuda em certos casos

– Então, vamos? - diz James

– Sim - respondo e ele pega minha mão novamente - até mais, Brad

– Tchau - ele diz mas vejo um sorriso estranho em seu rosto .. que não consigo identificar e franzo o cenho com isso .

Pov James

Não sei por que, mas quando Brad beijou a bochecha da Lene, senti algo estranho, será ciumes? , não, admito que ela é a primeira pessoa que me desmancha só com seu sorriso, tão lindo, mas ela é só uma garota que me vê como amigo, e eu posso ter qualquer outra em minhas mãos, mas a questão é, por que fico nervoso perto dela? e por que pareço tão obcecado por essa garota?

Balanço a cabeça afastando esses pensamentos quando adentramos no elevador, a olha rapidamente e ela está pensativa mas não questiono nada.

– James? - ela me chama

– Sim .. - digo a encarando

– Você não achou estranho aquele sorriso que o Brad deu assim após nos despedimos? .. eu realmente não entendi - ela me pergunta, e logo sei qual ela está falando, do sorriso malicioso que eles deu ao ver nossas mãos entrelaçadas já que nunca fiz isso com nenhuma mulher

– Foi um sorriso malicioso, típico do Brad - digo

– Mas por que desse sorriso ? - diz ela, ela é tão inocente

– Por que ele viu nossas mão dadas, Lene, e eu não costumo ter esse tipo de carinho com as mulheres - digo esperando sua reação

– Mas .. ele sabe que nós .. ahm .. somos amigos..e não um casal real - ela diz corada e desviando seu olhar pro chão, e estranhamente algo em mim parece murchar

– Sim .. mas ele sempre foi bobo desse jeito então vai se acostumando com algumas piadinhas - digo sorrindo e lembrando que com certeza Brad irá me zuar sempre que puder - digo

– ok - ela dá um risada que me contagia

Chegamos no térreo e vamos em direção ao carro e quando o ligo, lembro de uma coisa.

– Agora você pode me contar por que estava chorando - pergunto e ela me olha sempre com brilho triste

– olhando o Brad tão alegre observando sua filha .. fiquei pensando se meu pai tinha a mesma feição quando eu nasci - ela diz agora desviando o olhar, sempre faz isso quando parece se envergonhar de algo

– Entendo .. e eu tenho certeza que ele ficou muito feliz - digo tentando animá la

– Você acha? - me pergunta com os olhos marejados e brilhando

– Sim .. mas vamos esquecer esses assuntos tristes, ok - digo e ela enxuga os olhos - me conta .. sei lá .. o que você quer fazer na faculdade?

– Direito - ela abre um sorriso contagiante

– Sério? por que? - pergunto sorrindo pois minha mãe é advogada porém parou de atuar para cuidar de mim, ela queria participar da minha vida, sem babás, e isso já é mais um ponto positivo pra Lene conquistá la

– é uma área que eu admiro desde criança, não gosto de ver injustiça no mundo ..e o fato de que meu pai era um advogado também contribui na minha escolha - ela diz sorrindo

– Você será uma ótima advogada - digo com toda sinceridade que nunca pensei em achar dentro de mim

– Obrigada - ela diz sorrindo

Chegamos e vamos logo para meu apartamento, entramos e Apolo vem em nossa direção.

– Oi garotão - diz Lene agachando para acariciá lo

– Parece que ele gostou de você - digo jogando meu casaco no sofá

– E também o adorei .. sempre quis ter um cachorro .. ou qualquer companhia - ela diz olhando fixamente para qualquer lugar como se lembrasse de algo ruim

– Tem certeza que não quer nada? , eu chamo a Maria e num instante ela prepare algo pra você - digo

– Não precisa acordá la pra isso .. se eu quiser eu mesmo preparo algo .. e não estou com fome - ela diz e ainda estranho o fato dela saber cozinhar

– Tudo bem, pode ir tomar se arrumando primeiro .. eu vou resolver uns emails pois não estou com sono agora e vou depois - digo apontando em direção ao meu quarto

– Será que eu poderia dormir no quarto de hóspedes, só hoje? - ela diz e franzo o cenho - é que não estou acostumada com aproximação ainda .. e preciso me preparar pra te contar a verdade sobre algumas coisa - ela diz tremendo um pouco

– Verdades? - pergunto mais que curiosos

– Lembra que você me pediu pra dizer por que Dominique me odiava tanto? .. a história é muito dolorosa pra mim .. e não gosto de olhar de pena .. e eu só consegui me abrir com a Mary .. não queria contar isso pra você .. é meio constrangedor .. mas já que você é meu primeiro amigo e viveremos juntos .. acho melhor desabafar logo - ela diz com feição triste - enfim .. eu posso dormir no quarto de hóspedes, hoje?

– Claro .. - digo mais ainda estou pensativo, história dolorosa? , primeiro amigo?

– Ok, boa noite - ela diz e só aceno com a cabeça

Resolvo os emails da empresa, e vou dormir, mas custo a dormir, o que tão ruim aconteceu com ela?, e por que essa maldita Dominique a odiava?, não sei quem a maltratou no passado, e ela pode ser minha amiga, mas uma coisa eu já prometo.

Ninguém toca no meu anjo .

Não consigo dormir direito então acordo cedo, então vou direto a cozinha e vejo que Maria já prepara o café.

– Acordando cedo .. - Maria diz surpresa

– Não consegui dormir muito bem .. - digo bocejando

– Por que, meu filho? - Maria é poucos anos mais velha que minha mãe, mas me trata como um filho

– é a Lene .. ela me disse que vai me explicar sua vida hoje .. e estou muito ansioso com isso - digo me servindo de café

– Mas por que essa ansiedade toda, James? - ela pergunta arqueando a sobrancelha

– é que a Lene é orfã, mas foi criada por sua tia .. mas o que ela já me contou.. parece que a tia dela a odiava - digo e Maria está chocada

– Pobrezinha .. desde quando ela é orfã? - ela diz

– os pais dela morreram quando ela tinha 8 meses .. ela nem os conheceu - digo

– Meu deus! - Maria exclama de olhos marejados - ela não merecia isso, só a conheço a um dia mais ela parece ser tão boa

– Ela é ... -digo pensativo

– E você está se apaixonando por ela - ela diz com um sorriso enorme e nesse momento engasgo com meu café e Maria só ri da minha cara

– Claro que não - volto a minha carranca séria

Passa se algum tempo e ela ainda não acordou, então Maria pergunta

– acho que vou lá chamá la, senão ela vai perder o café - diz Maria

– Vou com você - digo terminando meu iorgute

Maria abre a porta e eu entro logo atrás mas o que vejo em minha frente me faz ficar paralisado

– James .. o que fizeram com essa menina? - diz Maria com voz chorosa

Não consigo me mexer, só consigo observar o que está em minha frente. Lene está dormindo, como um anjo, mas seu pijama é um blusa e um short de tecido fino o que dá vista do seu corpo magro porém com lindas curvas, mas meu foco é outra coisa. Seus braços e pernas estão cheio de hematomas roxos e algumas marcas vermelhas. Maria ainda a olha agora de perto, com a mão na boca, e eu me aproximo também e do faço sinal de silêncio para Maria pois Lene começa a falar algumas coisa, ainda dormindo

– .. para por favor .. não me bate mais Dominique .. eu juro que vou limpar a casa de novo .. mãe .. pai .. me salvem . - cada palavra Maria e eu nos chocamos mais e vemos que ela começa a se mexer e a suar frio e do nada ela levanta num surto assustado e com lágrimas escorrendo feito cascata

– Ei, ei! calma, Lene .. já passou .. - digo a abraçando - foi só um pesadelo

– Ja- james? .. Maria? - ela diz assustada - o que vocês estão fazendo aqui?

– Nós viemos te chamar para o café da manhã .. mas .. mas - Maria se enrola nas palavras - vimos essas marcas em você e não conseguimos te acordar

Lene repara que suas marcas estão visivéis e se encolhe nos cobertores como quisesse se esconder

– Eu não queria que você visse isso, James! .. deve estar com nojo de mim - ela diz chorando

– Não estou com nojo .. só chocado .. e nesse momento só quero saber como arrumou essas marcas? .. - digo a encarando

– Maria .. será que você poderia nos deixar a sós um momento - ela pergunta

– Claro que sim querida, vou preparar seu café - diz Maria dando um beijo no topo da cabeça dela e saindo

– Foi Dominique que fez isso com você, não é? - digo

– Como você sabe? - ela pergunta surpresa

– Você estava gritando para ela não te bater mais - digo com os punhos fechados, meu corpo tdo treme de raiva - me diz Lene, por que essa mulher te odiava tanto? e o que mais ela fazia pra você?

Ela respira fundo umas tres vezes e se senta ao meu lado na cama.

– Vou tentar resumir .. mas só me escute, ok - ela pergunta olhando pro chão e eu só afirmo com a cabeça

– Tudo bem .. minha mãe era a única irmã de Dominique .. meus avós tinha muito orgulho de Dominique pois ela era a aluna perfeita .. minha mãe era uma grande bailarina de balé, sempre aplaudida de pé por multidões .. meus avós tinha orgulho das duas igualmente mas Dominique sempre achou que eles favoritavam a minha mãe.. ela tinha inveja e ódio no coração .. Dominique tinha me contado que minha mãe roubou meu pai dela .. sendo que meu pai nunca teve nada com ela.. e o ódio só aumentou .. quando eu nasci minha mãe resolveu fazer sua ultima apresentação assim encerrando sua carreira de bailarina pois ela queria uma vida calma ao lado do meu pai .. nesse dia da apresentação a minha mãe ganhou um lindo colar de diamantes que eram um legado de família .. Dominique sempre quis esse colar pois ela achava que por ser a mais velha ele pertenceria a ela . Dominique desde esse dia, jurou acabar com alegria da minha mãe para sempre, só que ela não tinha ideia do que fazer, então ela ia me sequestrar .. mas meus pais morreram em um acidente de carro e ela ficou frustada por não consegui sua vingança então ela pensou em desmanchar todo seu ódio e toda em sua vingança em mim.

Ela termina e lágrimas caem de seus olho e eu me levanto jogando qualquer coisa em minha frente no chão, e os objetos se partem

– Filha da p*ta! como ela pode fazer isso com você, Lene? essa mulher é um monstro! - digo ou quase gritando

– James.. se acalme .. - diz Maria entrando no quarto - desculpa, querida, mas eu estava trazendo seu café ..- ela aponta para a bandeja deixada no canto - e acabei escutando a conversa

– Tudo bem, Maria .. um dia você saberia .. - ela diz constrangida

– hey! - levanto sua cabeça com minhas mãos e seus olhos estão vermelhos de tanto chorar - não se envergonhe disso, você só foi uma vítima dessa mulher - digo

– Ele tem razão minha filha, não se culpe por estamos preocupados com você - diz Maria a abraçando

– Obrigado .. aos dois - ela diz emocionada

– Agora .. nos conte o que ela fazia com você? - pergunto

– James .. - Maria me olha com reprovação

– Não, eu preciso saber .. melhor contar agora do que depois - digo encarando Lene

– Tudo bem .. bem .. como eu tinha dito ela usou sua vingança em mim então ela não me deixou ter uma vida normal ..- ela diz

– Como assim, querida? - diz Maria afagando seus cabelos

– Bem .. desde criança ele me proibia de sair e ter contatos com outras crianças .. eu estudava em casa .. depois quando fiz 12 anos que comecei a estudar em uma escola .. ela sempre me proibiu de arrumar qualquer amigo(a) e me ameaçava dizendo que se descobrisse que eu falava com alguém, coisas ruins aconteceriam com essa pessoa .. e eu sabia que isso não era blefe pois Dominique era envolvida com tráfico, agiotagem e essas coisas então eu me afastava das pessoas com medo de machucá las - ela diz

– Se essa mulher tivesse viva eu a mataria com minhas próprias mãos - digo e as duas me encaram com espanto

– E essa marcas roxas em seu corpo? como as adquiriu? - pergunta Maria

– Desde os 12 anos fui obrigada a trabalhar como empregada pessoal dela, todo dia, após chegar do colégio eu limpava a casa toda de cima a baixo e quando algo não ficava do jeito que Dominque queria ela .. ela .. hum .. vocês já sabem - diz apontando para as marcas

– Que horror! como pode existir alguém tão cruel assim!? - Maria exclama indignada

– E como eu nunca vi essas marcas em você antes, Lene? - pergunto

– Eu usava bastante maquiagem e passava corretivo nos olhos para tirar as olheiras - ela diz

– Olheiras? - pergunto confuso

– É que quando eu comecei a trabalhar pra você eu não dormia muito - ela diz

– Por que? - pergunta Maria

– Por que eu limpava a casa de manhã, trabalhava a tarde e terminava as tarefas domésticas a noite até de madrugada - ela diz

– Você fazia isso tudo e ainda trabalhava .. - digo me sentido um pouco culpado

– Não se preocupe James, trabalhar na sua empresa foi muito importante pra mim.. eu estava precisando do dinheiro - diz ela

– Estava? por que? - pergunto curioso

– Por que eu estava esperando completar 18 anos e ter uma quantia boa para fugir de casa - ela diz

– E pra onde você iria, Lene? - pergunto

– Pra qualquer lugar .. só estava cansada de ser mal tratada - ela diz e me Maria e eu nos calamos

– Preste atenção no que eu vou te dizer, Lene .. acabou, ok .. Dominque não está aqui mais e não vou deixar mais ninguém te maltratar novamente - a encaro e pego suas mãos e vejo Maria sair de fininho e lançando um sorriso de orgulho pra mim

– Mas, James .. não precisa se preocupar tanto comigo .. você quitou a minha dívida, me deu meus primeiros amigos em toda vida... eu estou bem agora, obrigado por tudo - e ela me abraça e a aperto contra mim como se nunca mais tivesse coragem de soltar.