- Prometa que vai me ligar minha pequena? – Berta chorava e me abraçava fortemente, me deixando sem ar.

         - Sim Berta, eu vou ligar pra você! Mas agora me solta, você ta me deixando sem ar! – ela se afastou um pouco.

         - Eu amo você pequenina, como se fosse uma filha minha. – ela sorriu e eu acariciei sua bochecha.

         - Eu também amo você Berta, como se fosse minha mãe – enxuguei suas lágrimas – Vou sentir muito a sua falta, mas agora eu tenho que ir se não vou perder o avião.

         - Tudo bem – ela falou enquanto nós caminhávamos até a limusine – E o seu carro vai chegar lá amanhã ok?

         - Sim... – eu suspirei, nem motorista eu ia ter mais!

         - Tchau Bella – ela me abraçou mais uma vez.

         - Tchau Berta – eu retribui e fui para o carro.

         Mamãe estava sentada no banco contrario toda chorosa.

         - Seu pai não vai poder ir conosco ao aeroporto – ela avisou – ele vai ter uma reunião importante.         

         - Ah que novidade – balbuciei.

         Ela veio sentar do meu lado e o carro já estava a caminho.

         - Seu carro chegará amanhã junto com o resto de sua bagagem – ela falou enquanto passava o braço por meus ombros – Seu tio está contente por você estar indo para lá, não dê trabalho pra ele.

         - Eu sei mãe, eu já falei que eu vou mostrar para você e para o pai que eu sou bem mais do que uma vergonha pra família.

         - Não dê ouvidos para seu pai, ele falou isso por que estava estressado.

         - Tanto faz!

         - Filha, é só você estudar e passar de ano que já poderá voltar. Tente fazer isso para voltar logo! – ela me apertou em seus braços – eu vou morrer de saudades da minha modelo preferida.

         - Eu também mamãe – cedi ao seu abraço.

         Eu e minha mãe costumávamos ser bem mais unidas antes de eu me tornar essa garota que sou hoje, eu sentia falta da minha antiga Renée.

         - Chegamos – Alfred avisou.

         - Bom, é agora! – limpei minhas lágrimas.

         - É – ela murmurou chorando.

         Alfred abriu a porta do carro, eu peguei minha bolsa e sai.

         Observei ele pegar meu conjunto de malas Louis Vuitton, até de Alfred eu sentiria falta.

         - A senhorita deseja que eu leve suas malas? – ele falou com sua voz assombrosa.

         - Sim, por favor – respondi.

         Nós entramos e minha mãe me deu a passagem enquanto falava com alguém no telefone.

         - Sabe Alfred, eu queria agradecer.

         Ele me olhou surpreso.

         - Pelo que senhorita?

         - Por ser sempre legal comigo, sabe como é. – eu sorri – Vou sentir sua falta também.

         Ele se limitou a sorrir, o que era uma coisa muito rara vinda de Alfred.

         - Boa sorte em Port Angeles senhorita.

         Eu acenei e fui fazer o check in.

         Estava quase na hora de eu embarcar e minha mãe ainda falava ao telefone.

         - Hey! Renée! – eu a chamei pelo nome irritada.

         Ela continuou em uma discussão árdua sobre alguma agência de modelos. 

         Eu me enfezei, peguei o celular de sua orelha e desliguei.

         - ISABELLA! – ela ralhou – era importante!

         - EU TO PARTINDO HOJE! – berrei e todos olhavam – SERÁ QUE DÁ PRA PELO MENOS SE DESPEDIR DE MIM?

         E todas as lágrimas que eu estava segurando transbordaram.

         - Oh minha filha! – ela me abraçou e eu me afastei – Me desculpe! É que eu ando tão estressada, seu pai e eu precisamos de férias!

         - tanto faz – murmurei – ta na hora de eu ir.

         Ela ignorou meus protestos e me abraçou apertadamente.

         - Sei que você acha que nós não ligamos pra você, mas seu pai mandou dizer que te ama e que está fazendo isso para o seu bem. E eu, bom, eu sempre amei você Isabella, e vou sentir sua falta a cada minuto minha filha! – ela suspirou – Mas tudo isso é para o seu bem.

         Eu a abracei apertadamente.

         - Eu amo você mamãe.

         Me afastei gentilmente.

         - Comporte-se e me ligue ok? – ela falou.

         - Sim, tchau mãe.

         - Tchau meu bebê.

         Eu fui em direção ao avião e embarquei.

         Eu fiquei pensando em como seria minha vida em Port Angeles... Bom pelo menos não iria ser naquele buraco verde chamado Forks, isso era de certa forma um começo.

         O meu tio Carlisle era um médico super conceituado, mas insistia em ficar nas pequenas cidades e atendendo a ralé. [i]Vai entender?[/i], minha tia Esme era o que podemos considerar uma boa dona do lar, que segue todas as regras, impõe horários para absolutamente tudo e gosta de estar sobre o controle da situação. Minha mãe e Esme eram irmãs e quando mais jovens elas eram igual eu e a Rose, então eu já tinha sacado o que minha mãe quis fazer com isso.

         Por que os filhos de Esme eram os ‘modelos’ de filhos perfeitos, seguiam todas as regras – na frente dela pelo menos – passavam de ano sem grandes problemas, enfim eram extremamente chatos.

         E mamãe queria que Esme me colocasse nos eixos, mas mal sabia ela que essa atitude partiria de mim. Isso mesmo, eu ia seguir as regras pela primeira vez em minha vida e por quê? Simples, pra fazer meu pai e a imprensa engolirem a sua língua quando eu estiver em Princeton ou Yale.

         E bom, Esme tinha dois filhos Alice e Emmet, e outro que era filho da falecida irmã de Carlisle que se chamava Edward.

         Alice era baixinha e parecia uma fadinha, eu me dava bem com ela apesar dela achar errado a maioria das coisas que eu faço nós duas sempre tivemos afinidades, como conversar sobre moda e coisas do tipo, ela amava as lojas de Nova York que obviamente são as melhores.

         Emmett era o fortão e pegador, na verdade ele era o mais errado naquela casa, o seu objetivo era entrar pra faculdade com uma bolsa de estudos por futebol, no caso ele só queria jogar e a faculdade se ferrasse. Eu dava boas risadas e até alguns beijinhos no meu primo.

         Edward era o mais nerd, ta bom que ele perdeu a mãe e o pai, poxa isso pode acabar com a vida de qualquer um, mas eu não conseguia ter uma conversa com ele por apenas um minuto sem me irritar, ele só sabia estudar, estudar, usar o computador e estudar.

         Nós não nos dávamos muito bem, mas esse ano seria diferente por que eu sabia quem iria fazer meus trabalhos e tarefas. Sorri.

         Uma hora e meia depois o avião estava aterrissando, eu esperei todos saírem ficando por ultimo, respirei fundo ergui minha cabeça e sai daquele avião.

         Com ajuda do segurança consegui empilhar minhas malas e fiz um esforço desumano para empurrar aquele carrinho.

         Logo vi Emmett e Alice a minha espera e dei um sorrisinho sem graça. Fazia tempo que nós não nos víamos.

         O ultimo que eu tinha visto era Emmett, mas por que ele fora para Nova York.

         - Bella! – Alice acenou animada.

         - Oi Alice! – falei dando um abraço nela.

         - Eai Bella! – Emmett me deu um daqueles abraços de urso – Tava com saudade priminha!

         - Emmett... Eu... Preciso... Respirar.... – falei enquanto ele me girava.

         Alice começou a rir e logo Emmett me colocou no chão.

         - Desculpa – ele coçou a cabeça.

         - Bom, seja bem vinda Bells – Alice sorriu e nós fomos para o estacionamento – Sei que você ama Nova York, mas eu espero que você se dê bem aqui.

         - Sim – sorri com sinceridade, Alice podia ser uma grande amiga – Eu tentar.

         - Soube que você aprontou mais uma prima – Emmett falou naquele tom brincalhão enquanto carregava minhas malas.

         - É, por isso estou aqui – dei um sorriso amarelo – Mamãe acha que a tia Esme pode colocar algum juízo em mim.

         Os dois riram.

         Nós chegamos na BMW do meu tio e eu já teria que me acostumar a dirigir novamente, eles não tinham motorista, que saco.

         - Então como estão as coisas por aqui? – perguntei enquanto Emmett colocava minhas coisas no porta malas.

         - Tudo ótimo! Emmett já entrou na faculdade com a bolsa de esportes que ele tanto queria, eu vou começar a cursar moda esse semestre e Edward vai para o ultimo ano como você, Esme está muito orgulhosa de nós – Alice sorriu – E Carlisle tem trabalhado muito então... Tudo nos conformes.

         Eu achava estranho essa mania que Alice tinha de chamar a mãe e o pai dela pelos nomes.

         - Que bom! – sorri enquanto entrava no banco de trás.

         - É, mesmo eu querendo cursar moda em Londres... Mas você sabe eu tenho o Jasper aqui então...

         Argh, esse clima de romances é outra coisa que eu não suporto, Alice namorava Jasper há dois anos e eles formavam o típico casal perfeito e feliz. Não que eu não fique feliz por ela, mas agüentar ela falando dele, ah... Isso eu não consigo.

         - Mas você vai deixar de fazer uma faculdade em Londres por causa do Jasper? – perguntei.

         - Claro Bells, eu o amo não suportaria ficar sem ele por tanto tempo.

         Revirei os olhos e vi Emmett sorrir pelo retrovisor.

         - Cada coisa né! – eu murmurei.

         Então nós seguimos para a casa deles, Alice conversava o tempo todo comigo e Emmett também, nós paramos em frente a casa deles que era uma das mais bonitas do bairro, obviamente eles moravam no melhor bairro de Port Angeles, mas mesmo assim a casa era espetacular comparada com a que eles tinham antes, bom pelo menos isso.

         Emmett desceu e já começou a levar as malas para dentro.

         Tia Esme me esperava na porta com um enorme sorriso.

         - Olá minha querida sobrinha! – ela me abraçou.

         - Oi tia Esme – retribui.

         - Estou tão feliz por você ter vindo pra cá – ela falava enquanto entravamos na casa que era minuciosamente decorada – Vem vou mostrar seu quarto!

         Eu sorri e assenti, Alice veio com nós.

         A casa tinha três andares e a maioria dos quartos ficavam no segundo andar e no final do corredor havia duas portas, a da esquerda era o meu e o da direita era de Edward, ambos tinham vista para a piscina. Minha cama era de casal e o quarto era excessivamente rosa, aposto que isso foi coisa da Alice.

         - Alice me ajudou com a decoração – tia Esme falou – Eu achei um pouco rosa demais, mas você gostou?

         - Gostei sim tia – eu sabia! – Muito obrigado por tudo.

         Meu deus Isabella, você agradecendo os outros? e mentindo só pra agradar? Argh, Port Angeles já começou a surtir seus efeitos.

         - Aqui é o seu banheiro – ela falou abrindo outra porta – Fiquei na duvida se você iria querer ou não uma banheira, então resolvi optar pelo sim.

         - E acertou tia! – falei mais animada – Eu adoro!

         - Gostou do quarto Bells? – Alice perguntou enquanto entrava.

         - Adorei Alice! – sorri.

         - Que bom – ela deu aquele típico sorriso de fada.

         Emmett já trazia todas as minhas malas para o quarto, e eu não via a hora de tomar um banho.

         A parte que eu mais gostei foi o banheiro, por incrível que pareça! A banheira era grande caberia duas pessoas facilmente ali, ao lado tinha um box com um chuveiro grande, a pia era gigante também e caberia todas as minhas coisas facilmente, sem contar no espelho que revestia toda a parede.

         - Bom, eu vou deixar você tomar um banho e arrumar suas coisas... – Esme falou – Vou aguardar você na sala de estar para conversarmos.

         - Mas, a empregada não pode guardar minhas coisas no armário? – falei pasma.

         - Nossa empregada só limpa as coisas, lava louça e coisas do tipo Bella, suas coisas pessoais você terá que cuidar de agora em diante – tia Esme falou meio séria.

         - Ok – falei surpresa.

         Agora eu teria que bancar a gata borralheira também? Ah que saco!

         Ela saiu junto com Alice e eu olhei para as minhas malas enormes.

         Mas que merda, isso daria um trabalho danado! Arghh, eu quero voltar pra minha cidade!

         Arrumei meu cabelo em um coque desajeitado, suspirei e comecei a arrumar minhas coisas.

         Duas horas depois e eu guardava a ultima peça, sentei na cama exausta. Esse negócio de arrumar roupa é mais difícil do que eu pensava.

         Fui para o banheiro e tomei um banho demorado, sequei meus cabelos, coloquei um short vermelho goiaba, uma regata branca e desci.

         Edward estava na sala de estar junto com Esme, eles viam Tv desanimados.

         - hey Edward – o cumprimentei.

         Ele me olhou por um instante.

         - Oi. – ele falou corando.

         Eu já disse que esse garoto é estranho?

         Ele usava um óculos de grau meio desproporcional para o seu rosto, o cabelo era repartido no meio o deixando ainda mais estranho desde que eu o vi pela primeira vez ele vestia aquele mesmo estilo de roupa, calça jeans e T-shirt com alguma estampa de desenho, filme ou banda.

         - Sente-se Bella – tia Esme deu um tapinha no lugar ao seu lado – precisamos conversar sobre algumas coisas.

         Regras, argh, as malditas regras. Fui me sentar ao seu lado.

         - Eu entendo que você é jovem e está na flor da juventude, querendo aproveitar o momento e todas essas coisas – O que? Ela falou mesmo isso? Flor da juventude, o quão brega isso pode ser? – Eu já tive sua idade e entendo perfeitamente, mas aqui em casa nós temos regras. Eu conversei com a sua mãe e com seu pai, e creio que você também tenha conversado com eles. Então para nós não termos nenhum conflito e nem algo do tipo fica mais fácil se você seguir a regras como os meus filhos. Aqui nós temos um estilo de vida totalmente diferente de Nova York, menos agitos, menos escândalos e tudo mais.

         - Eu sei que eu vou ter que respeitar as regras, foi pra isso que eu vim pra cá. – falei sem animo.

         - Bom, melhor assim. – Ela sorriu – Então Bella uma das regras é estar em casa até as 9h da noite, se por um acaso você for se atrasar me ligue e avise onde você está e se vem para jantar.

         As 9h? Quantos anos eu tenho, 10?

         - Sim...

         - Bom, nada de bebidas alcoólicas e drogas. – ela falou mais seria – Isso é sério Bella eu não quero ver você drogada ou bêbada.

         - Sim, eu não vou fazer isso.

         Não que eu me drogasse diariamente ou algo do tipo, tinha sido só algumas vezes e bebida... Bom que atire a primeira pedra quem nunca tomou um porre.

         - Ótimo! – ela sorriu – Vou dar um voto de confiança para você Bella, mas não o perca, caso contrário as coisas vão ser piores.

         Nossa, ela parecia uma daquelas freiras castigando os alunos ou algo do tipo.

         - Sim.

         - Bom, agora só mais uma coisa... Eu quero ver todas as suas provas e acompanhar de perto as suas notas tudo bem?

         - Ok. – estava me sentindo como uma pirralha de 12 anos e não uma mulher de quase 18.

         - Ótimo, por enquanto é só isso – ela sorriu e pegou minha mão – Sei que você queria estar em Nova York querida, mas acredite é melhor passar por isso agora enquanto você está nova do que se recuperar mais tarde.

         - Eu sei, bom se isso é tudo... Eu vou subir e descansar um pouco, tudo bem? – perguntei me levantando.

         - Sim querida, pode ir.

         Eu estava começando a subir as escadas quando ela me chamou de novo.

         - Bella, esqueci de falar que as suas aulas começam amanhã, em seu primeiro dia você pode ir sem o uniforme, mas depois nós iremos comprar.

         - Mas eu vou de quê? – perguntei.

         - Enquanto seu carro não chega, você pode pegar uma carona com Edward.

         Eu olhei para o meu primo estranho que estava limpando a lente sebosa de seus óculos.

         É, Port Angeles iria ser um saco total.

         - Ok.

         Eu subi rapidamente as escadas, abri a porta de meu quarto e me joguei na cama pensando em que merda de buraco eu fui me meter.