Indeterminado escrita por Hont91


Capítulo 6
Capitulo 6, Minha caminhada pós-jantar.


Notas iniciais do capítulo

Então, eu me sinto como lixo por ter ficado 4 meses sem atualizar a fic, como pedido de desculpas vou me esforçar nesse feriadão pra pegar um ritmo bom escrevendo.

nossa, 50 reviews estou emocionado xD garanto que logo logo eu respondo todos eles.

Agradecimentos especiais a hannaelize por ter recomendado a fic, voce não imagina o quanto isso significa pra mim

agora sem mais delongas, finalmente o capitulo, um pouco maior pra compensar, apesar de eu achar que é impossivel compensar esse atraso ridiculo (so sorry T_T)

ps: o titulo é secundario porque o nyah não me deixou usar o titulo original inteiro e eu me recuso a cortar ele, desculpem or isso "



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Capitulo 6, Minha caminhada pós-jantar.

 

Eu dormi.

Bem, na verdade eu não tenho certeza se dormi de verdade ou se eu me distrai tanto a ponto do meu cérebro começar a funcionar em segundo plano, se é que isso faz algum sentido, pra mim com certeza não faz, mas que qualquer forma, não importando como isso aconteceu, se eu estava dormindo ou não, eu só sei que sonhei, se é que se pode chamar aquilo de sonho, parecia mais um pesadelo.

No meu sonho, eu não tinha a mínima idéia de onde estava, parecia uma floresta, bem, na verdade não, porque eu não via arvores nem nada, eu sentia que era uma floresta, por mais estranho que isso parecesse, mas hei! É um sonho, esse tipo de coisa é normal.

Eu estava correndo em um caminho de sombras, sem medo de pisar na escuridão enquanto alguém me seguia rindo malignamente, ouvi o som de algo assoviando no ar e me desviei ao estilo matrix de uma flecha que estava mirada pro meu coração, ela explodiu soltando chamas em algum lugar a minha frente, eu me virei.

Não pude ver a sua face, apesar de me parecer alguém conhecido, meus olhos estavam fixos no arco que ele carregava, era dourado, muito bonito, e muito assustador, ele puxou a corda do arco e uma flecha se materializou no lugar, gritei por ajuda pouco antes da flecha atravessar meu coração.

Ainda gritando, senti minha vida desaparecendo, engolida pela escuridão.

 

“AHHHHHHHHHHHHH”

Acordei gritando e fazendo os gêmeos Stoll pularem 5 metros para longe da cama, os encarei ofegante e, como me disseram depois, com os olhos de um animal encurralado. Eles não estavam muito melhor que eu, levaram um susto daqueles e estavam com os olhos assustadoramente arregalados.

Ninguém falou nada até...

“Caramba Vincent! Que grito de mulherzinha é esse?!!” Ganhou 1 dólar quem adivinhou que o Arthur resolveu aproveitar esse momento para aparecer.

Apesar do meu susto meus reflexos me fizeram arremessar o travesseiro e gritar um ‘cala a boca’ pra ele, o que ajudou a me acalmar, e aparentemente os gêmeos.

“Então, o que vocês estão fazendo aqui?” Perguntei.

“Viemos te acordar pro jantar” Disseram os gêmeos ao mesmo tempo com um sorriso estranho, que me fez checar a minha carteira imediatamente, e como esperado, estava vazia.

“Taxa de despertador” Disse Connor, antes de sair com o irmão, eu suspirei, eram apenas 5 dólares mesmo, e não parece que vou morrer de fome aqui no acampamento.

Desci da cama e estralei todos os ossos do corpo, é serio, dormir é bom, mas quando agente tem essas drogas de pesadelos parece que agente fica fazendo exercício o tempo todo em vez de relaxar. Arthur ainda estava ali, eu o encarei mal-humorado.

“Que foi?” Perguntei, ele estava com a cara de quem queria fazer uma pergunta.

“Que tipo de pesadelo era?” Havia um vestígio de nervosismo na voz dele que eu decidi ignorar por ora.

“Eu tava fugindo de um louco com um arco dourado que queria me matar.”

Ele não falou nada, mas juro que por trás daqueles óculos escuros ele arregalou os olhos, como eu acho isso? Simples, conheço esse projeto de semideus a tempo demais pra não pensar isso, mas no momento não dei muita importância ao que meus instintos diziam...

Mais tarde cheguei à conclusão de que isso foi um erro.

 

Fomos até o pavilhão aonde eram feitas às refeições, eu simplesmente fiquei de queixo caído com tudo o que eles tinham, aquilo não era uma janta, era um banquete, e o infeliz do Arthur vinha aqui há três anos, mais tarde eu ia dar uma surra nele pra extravasar minha frustração, mas agora eu só queria comer, quem mandou dormir de barriga vazia né?

Me sentei junto aos filhos de Hermes com quase todo mundo do acampamento me encarando como se eu fosse levantar da mesa, arrancar minha camisa, gritar “AHU!!” e começar a matar pessoas... O que não seria muito ruim, já que eu odeio ser encarado dessa forma. Suspirei baixo e agradeci por ser de noite já, assim eu não parecia TÃO diferente.

Todo mundo se levantou e levou a comida ao fogo, fazendo uma espécie de agradecimento, cada um agradecendo ao seu pai ou sua mãe olimpiana, e eu fiquei ali olhando aquilo, eu não queria entregar parte da minha comida para um deus que me deixou sozinho no mundo por 15 anos, que me escondeu, e que nem se importou eu me reclamar depois que foi comprovado que eu era um meio-sangue... Na verdade eu estava com raiva de seja lá quem fosse, afinal, eu tava dando uma de aberração de circo e nem era minha culpa.

Alguém tocou no meu ombro, eu me virei e vi Percy me encarando.

“Cara, todo mundo sabe que eu não sou o maior fã dos deuses, e que a maioria deles não é lá meu fã também, mas você não devia ficar com raiva ainda, pelo menos não até ouvir o outro lado...”

Eu fiquei ali encarando ele, era obvio que o Percy não era bom nesse tipo de coisa, e estava se esforçando...

Cerrei os olhos.

“Annabeth te pediu pra me dizer isso?”

“É”

“Valeu”

“De nada”

Rimos um pouco, e eu notei que não tinha tanta raiva assim, eu queria conhecer minha mãe, ou meu pai caso a historia que contaram ao orfanato seja mentira...

Encarei as chamas e empurrei um pedaço que parecia delicioso de peito de peru para o fogo, a fumaça subiu, cheirava a grãos de café e mais alguma coisa que não consegui reconhecer, sorri.

‘Queria te encontrar...’ pensei para as chamas

 Notei que todo mundo me encarava em silencio, baixei a cabeça escondendo os olhos e voltei para a mesa de Hermes, eu tinha perdido a vontade de surrar alguém.

O clima relaxou um pouco no acampamento depois disso, conversei com alguns filhos de Hermes, descobri os melhores lugares para se esconder e os melhores atalhos do acampamento só ouvindo eles, entre outras coisas, aparentemente eles gostavam de se gabar de tudo o que sabiam.

 

Quando finalmente consegui me distrair, dei uma boa olhada em volta. O pavilhão era gigantesco, com uma mesa para cada chalé, apesar de que algumas mesas eram menores que as outras por terem menos campistas e por questão de espaço, as 12 mesas principais, do olimpianos, eram as maiores, e notei que muitas delas dificilmente tinham pessoas suficientes, como a mesa de Poseidon, onde Percy comia sozinho. Havia até mesas vazias.

“Porque tem mesas vazias?” Me vi perguntando antes de pensar no que estava fazendo, os irmãos Stoll se olharam e deram de ombros, respondendo juntos.

“Por respeito”

Eu continuei com a cara de quem não entendia nada, então um garoto alto, magro e meio desengonçado que eu não lembrava o nome começou a explicar.

“Algumas mesas estão vazias simplesmente porque ainda não tem nenhum semideus do respectivo deus, mas alguns deuses simplesmente não têm filhos com mortais, como Hera, deusa do casamento, que nunca vai chifrar o marido, ou Ártemis, que jurou se manter virgem, mas seria desrespeitoso elas não terem chalés aqui entende? Também tem os casos especiais, Zeus tinha uma filha até alguns anos atrás mas ela virou uma caçadora, o filho de Hades tem permissão para ficar longe do acampamento o quanto quiser, Percy é um caso a parte também, era pro chalé estar vazio, mas agora que ele é o herói do Olimpo ninguém se importa realmente com isso.”

Eu ainda queria ouvir a historia inteira, de como ele havia passado de filho indesejado de um dos três grandes para herói do olimpo, poderia ser bem útil no meu futuro, sabe como é, me manter vivo enquanto os deuses decidem me matar ou não.

Eu ia perguntar mais sobre essa historia quando Quiron se levantou, bem, não exatamente se levantou, porque ele estava na forma de centauro, e devo dizer, era uma forma impressionante, mas estou me desviando do assunto novamente, de qualquer forma, ele chamou atenção batendo os cascos e ajeitando a postura, o que fez todo mundo olhar para ele, parece que ia fazer um discurso.

“Bem...” Ele começou e tossiu um pouco para limpar a garganta.

“Alguns já me conhecem, mas vou me apresentar novamente, meu nome é Quiron, o centauro, e eu sou o responsável pelo acampamento meio-sangue, e é com muito orgulho que digo ter treinado todos os grandes heróis sobre os quais vocês já ouviram falar ou ainda vão ouvir.”

“Mas eu não estou aqui para falar do passado, a partir de hoje, cada um de vocês meio-sangues, serão treinados aqui no acampamento para se tornarem verdadeiros heróis, todos vocês, sem exceção, são dignos e com certeza trarão muito orgulho aos seus pais... Mesmo que não pareça assim ainda...” E nesse momento nossos olhos se encontraram, ele manteve o olhar por um instante antes de continuar.

“Heróis! A partir de amanhã o acampamento meio-sangue recomeçará as suas atividades. Veteranos, suas atividades sofreram algumas alterações de horários, chequem o quadro de avisos instalado ao lado do muro de escalada para rever suas atividades, quanto aos novatos, amanhã de manhã vocês terão o primeiro treinamento em conjunto, preparem-se bem!” Ele fez uma pausa, olhou para o Sr. D que parecia completamente entediado, e com um suspirou decidiu deixar por isso mesmo.

Todas as mesas começaram a conversar ao mesmo tempo, animados com o acampamento. Novatos perguntavam como seria e veteranos respondiam com historias macabras para assustar. Vendo que ninguém prestava atenção em mim eu deslizei pelo banco e fui me afastando do pavilhão, aproveitando a cobertura da noite.

Caminhei sozinho um pouco, eu gostava de fazer isso, aproveitar a noite, não é como se eu estivesse fugindo da comemoração, é só que... Bem, falando sinceramente eu ainda não conseguia tirar aquele sonho da cabeça, meus instintos insistiam em dizer que havia algo de muito importante no sonho, algo que, como antes, deveria ser obvio, mas ainda assim não era.

“Que droga! Eu também queria festejar!” Gritei para a noite, já estava afastado do pavilhão e de qualquer forma duvido que alguém fosse me ouvir.

Parei de andar, e respirei fundo o ar gelado da noite. Era uma noite mais fria que o normal, como se estivesse compensando os dias absurdamente quentes que eu passei antes, e agradeci por isso, ajudou a me acalmar.

Passei pelos estábulos e vi que Philip, o cavalo voador que sofreu o acidente comigo estava muito melhor que a ultima vez em que o vi, que por sinal era quando ainda estávamos desesperados por nossas vidas. Ele dormia e eu não queria os cavalos me olhando como se eu fosse idiota então passei direto.

Apenas parei de andar no porto de canoagem, e encarei a água do lago, que refletia a lua.

“Tão bonita” Eu sussurrei, e para o meu espanto a água tremeu e um rosto surgiu no lugar da lua.

Era uma garota, muito bonita, com cabelos dourados, ela sorria como se eu tivesse acabado de a elogiar.

“O que?” Eu pisquei os olhos mais de uma vez e ela continuava ali sorrindo e rindo de mim.

Ela estendeu a mão para fora da água e eu senti um impulso de pegar na sua mão, comecei a estender a mão, ela sorriu mais ainda e então...

“Eu não faria isso se fosse você.” Disse uma voz feminina atrás de mim.

A garota na água fez uma expressão furiosa e espirrando água desapareceu para o fundo do lago novamente, e eu fiquei ali com a mão estendida, o transe quebrado.

“O que diabos aconteceu?” Eu realmente não sabia.

“As naiades gostam de seduzir garotos e afogá-los, tome cuidado com ela”

Até agora eu não tinha me virado mas não precisei, a pessoa que me chamou a atenção sentou ao meu lado, e pude vê-la, era uma garotinha de 8 anos, cabelos escuros e olhos castanhos que tinham bem no fundo uma estranha chama, me peguei relaxando completamente encarando seus olhos.

“Não sabia que é falta de educação ficar encarando uma garota?” Ela me perguntou sorrindo, não parecia nenhum pouco ofendida com a minha falta de educação.

“Ah, desculpe, eu só... Você disse naiades? Pensei que fossem só mitos...”

“Você é lento hein? Se existem dríades, quimeras, deuses, centauros e meio-sangues, entre outras coisas, qual a estranheza em se ver uma naiade? Na verdade não é mais estranho se você não vê-las?”

Meu queixo caiu, eu estava levando uma lição de uma menininha, tudo bem, uma menininha que falava bem demais pra idade e que tinha olhos estranhos...

“E você?” Eu perguntei. “É o que?”

Ela sorriu.

“Não o que, quem.” Ela me corrigiu mas não disse mais nada.

Eu não estava com paciência para discutir com ela.

“Então, essa naiade ia me afogar?” Ela não parecia alguém que fosse fazer isso.

“Bem, essa ai não estava realmente planejando fazer isso, eu diria que ela se encantou com você, e quando você a elogiou, e não diga que não fez isso porque ela estava te encarando debaixo do reflexo da lua, quando você a elogiou, ela simplesmente caiu de amores por você.”.

Ótimo, tudo que eu precisava, primeiro uma arvore, agora um rio, qual a dificuldade em atrair uma garota normal? Ok, eu não sou normal, ela não precisa ser normal, mas que tal pelo menos ser humana? Porque eu tinha de ser popular justo com espíritos da natureza? Mais uma coisa para o Arthur rir de mim até o fim dos tempos, que maravilha.

 

Durante todo o tempo enquanto eu tinha um ataque de raiva contra o modo como o mundo funcionava, ela continuava sentada me encarando, eu respirei fundo, controlando a raiva, não seria bom falar assim com uma garotinha, e meus instintos me diziam que não seria bom deixar ela irritada, eu segui os meus instintos, o que um dia iria salvar minha vida.

“Melhor?” Ela perguntou como se tivesse acompanhado toda a minha crise mental, mas isso é impossível, não?

Consegui sorrir vagamente para ela.

“Acho que sim, eu só...” Parei, me dando conta de que estava a ponto de desabafar com uma criança, me senti ridículo.

“Só...” Ela encorajou.

Eu engoli em seco.

“Eu só estou com raiva com o modo como o mundo funciona, eu acho...” Eu disse balançando a cabeça negativamente como se não levasse isso tão a serio.

Bem, ela levou isso bem a serio, a ponto de tirar o sorriso do rosto e analisar as minhas expressões milimetricamente. Estranhamente a temperatura pareceu subir.

“Isso é uma coisa perigosa para se pensar quando se é um meio-sangue.” Ela disse, a voz sem emoção.

Eu apenas consegui encará-la e concordar com a cabeça, novamente eu estava com medo de alguma coisa que não fazia sentido, mas eu já começava a suspeitar.

“Meio-sangues tem o poder de influenciar tanto o mundo mortal quanto o mundo dos deuses, eles vivem completamente separados mas um meio-sangue transita facilmente por esses dois mundos, pertencendo a ambos, sendo ferido por ambos, e mais importante, mudando ambos.” Ela me explicou, deixando de olhar para mim e encarando o lago a distancia, mas eu sabia que ela estava olhando para algo mais longe que o lago.

“Como se sente sendo um meio-sangue?” Ela estranhamente perguntou.

Eu ia responder que estava extremamente irritado com isso, mas não era verdade, pensei por alguns segundos antes de finalmente dar uma resposta.

“Para falar a verdade, eu me sinto aliviado, mas duvido que você entenda porque.”

Ela me encarou novamente por longos minutos em que eu apenas segurei o olhar por força de vontade, havia uma ameaça escondida na figura daquela menina que meus instintos reconheciam facilmente, por fim ela suspirou e voltou a sorrir, a sombra da ameaça desapareceu.

“Você não é tão ruim assim.” E então se levantou e se afastou pouco a pouco de mim.

Eu me levantei também.

“Você... Quem é você?” Eu esperei e ela confirmou minhas suspeitas.

“Você pode me chamar de Hestia, a deusa das chamas.” Ela disse, o sorriso se alargando.

“Porque você veio falar comigo?” Eu perguntei.

Ela fez um movimento com a cabeça como que aprovando a pergunta.

“Porque eu queria saber que tipo de pessoa seria você, que nunca considerou lugar algum como seu lar.”

Chamas começaram nos seus pés, estranhamente não queimavam a grama.

“Acho que você deveria saber. O olimpo esta uma bagunça, completamente dividido sobre como lidar com você, então eu tomaria cuidado se fosse você, espíritos da natureza serão os menores dos seus problemas em pouco tempo. Até outra vez Vincent Red.”

E então, as chamas em seus pés subiram, cobriram seu corpo, e ela desapareceu assim mesmo, deixando apenas o vazio.

 E eu sabia de uma coisa, aquele verão ficaria na minha memória para sempre.

Eu não tinha idéia do quanto.


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Notas finais do capítulo

Bem, postei o capitulo logo depois de terminar e como não tenho beta temo pela boa boa gramatica, perdão.

dessa vez não peço reviews, seria egoismo depois de todo esse tempo