Fiquei atrás de Lidya, de modo que pudesse olhar por sobre seu ombro, vendo o jogo dela e de Atena. Há dez minutos, haviam começado uma partida de xadrez.

— Atena vai vencer. — Declarei, sussurrando em seguida: — Sacrifique o bispo e pegue a rainha dela.

— Sai fora, Cabeção. Se eu der ouvidos a você, acabarei perdendo.

— Você vai perder de qualquer jeito. — Atena disse, dando um xeque-mate com a torre. — Xeque-mate, mana.

— Mas que droga, Atena!

Eu ri.

— Eu avisei. — Não resisti a dizer. Ela lançou-me um olhar zangado.

— Venha jogar comigo, então, já que é tão bom.

Assumi o lugar de Atena e recomeçamos o jogo. Lidya era melhor do que eu imaginara, e conseguiu me vencer três vezes seguidas.

— Porra, Lidya! — Rosnei. — É impossível ganhar de você!

— Eu sei.

— Modéstia mandou lembranças, gata.

— Cala essa boca, idiota.

Seguiram-se mais três jogadas em silêncio. Eu sabia que iria perder.

— Argh, eu desisto! Sua sabe-tudo irritante. — Resmunguei, derrubando meu rei e me rendendo. Lidya riu.

— Atena me venceu. — Lembrou. — Você é que é um baka.

Ela se levantou e foi pegar um copo de uísque. Fiz com que um garfo espetasse de leve sua nuca. Ela virou-se de um salto.

— Você mereceu. — Declarei, e saí correndo.

— Ares, seu desgraçado! Volte aqui, covarde! Eu vou te matar!

— Primeiro tem que me pegar, morena.

Eu consegui despistá-la, e aí aproveitei para rir da cara dela. Lidya com raiva era muito engraçado.