Pov Alexandria Wayne

Normalmente, quando pensamos em momentos entre pai e filha, pensamos em conversas, brincadeiras, saídas… É claro que no meu caso isso seria muito improvável, afinal o meu pai é, nada mais nada menos, que o famoso bilionário e ex-playboy Bruce Wayne, também secretamente conhecido como Batman.

Flashback ON

Depois de mais um típico almoço de família, estava na sala com a minha mãe a conversar sobre o meu regresso à escola, quando o meu pai surgiu com uma mochila enorme às costas e outra na mão. Atirou me a outra mochila e disse:

-Vai vestir uma roupa confortável, vamos acampar os dois.

-O quê?- normalmente não sou tão lerda mas desde que voltei para casa o meu pai tem estado esquisito, sempre a observar-me e raramente fazemos alguma coisa juntos, por isso acho que é normal eu estar espantada por ele subitamente decidir que íamos acampar.

-Todos os anos fazemos este programa Alex, e eu não quero deixar de passar tempo de qualidade com a minha filha.

Aquilo surpreendeu-me pois achava que o meu pai se tinha esquecido das caminhadas que fazíamos todos os anos como nos últimos dois anos não pudemos fazer. Mas levantei-me e fui para o meu quarto, vestir-me.

Flashback OFF

Agora cá estamos, na floresta em redor da mansão Wayne. Estávamos a caminhar em silêncio há já alguns minutos o meu pai seguia à minha frente a liderar o caminho. As nossas outras caminhadas não eram assim, estávamos sempre a rir e contar o nosso dia, o meu pai e eu eramos muito chegados eu era a menina do papá, agora já não tenho a certeza disso.

Passado algum tempo, chegámos ao local onde acampávamos, montamos o acampamento ainda em silêncio e depois fizemos uma fogueira e sentámo-nos a conversar.

-Eu costumava fazer esta mesma caminhada com o meu pai, todos os anos exatamente como fazemos agora. Mas só depois da sua morte entendi o porquê de a fazermos. Era um momento de descontração onde partilhávamos segredos, preocupações, aventuras…- deu me alguns momentos para assimilar a informação e depois continuou- E eu decidi fazer o mesmo contigo pois quero que saibas que eu já passei pelo mesmo que tu passaste, já treinei com a Liga de Assassinos e vi o que eles fazem. Quero que saibas que eu estou aqui para te ajudar a ultrapassar.

-Estou farta!-disse descontrolando-me eu sabia que o meu não estava a fazer por mal mas não aguentava mais estes discursos lamechas que toda a gente me faz- Eu não quero compaixão, não quero pena. Estou farta que me tratem como uma criancinha, eu já não sou aquela criança inocente que não tinha noção do que a rodeava. Eu posso ser tudo menos inocente, eu vi e vivi coisas que muitas pessoas nem sequer imaginam, eu estive 7 meses dentro de uma prisão onde a única maneira de sobreviver era lutar, tive de treinar com uma das maiores assassinas de todos os tempos, eu vi pessoas a morrer, a serem torturadas, crianças a morrer à fome… Eu não quero que me tratem como uma coitadinha, quero que simplesmente aceitem o que me aconteceu, assim como eu já o fiz.

-Muito bem Alexandria. Mas ao contrário do que tu pensas ninguém acha que tu foste e voltaste a mesma criança, ninguém acha que manténs a tua inocência muito pelo contrário, tu já viste coisas que nenhum dos teus irmãos viu. Nós só te queremos ajudar. -agora até me sentia mal por ter explodido desta forma, mas eu tinha tanta raiva dentro de mim, eu só quero que me tratem como tratam todos os outros, eu não quero ser diferente- Eu não quero que me contes o que viveste nestes últimos anos, só quero que contes a alguém porque acredita quando te digo que eu já passei pelo mesmo e desabafar com alguém ajuda a superares.

- Eu sei pai e eu irei fazer isso. Desculpa ter-me descontrolado, eu só quero ser tratada como os outros.

O meu pai levantou-se, abraçou-me e disse:

-Eu sei, princesa. E acredita que eu não quero mais nada a não ser ver te bem e recuperada.