Daniel andava de um lado para o outro no quarto. Estava nervoso, pois hoje seria sua primeira reunião com o conselho. Não sabia o que diria. Como, simplesmente, iria conseguir se acostumar a isso de uma hora para outra.

Seu irmão deveria ser o futuro rei, não ele. Não foi treinado para ser rei, seu irmão sim. Mas negou ao trono depois da morte da noiva. Ele ficou tão abalado e triste que não conseguiu reunir forças para governar um reino. Ele diz que nunca conseguirá amar outra garota e Daniel estava chateado por, de uma hora para a outra, ter que carregar um peso que não estava destinado a ser dele.

O rei Julian bateu na porta do quarto de Daniel o chamando para acompanha-lo até a sala de reuniões. Desde que Cristoph negou a coroa o povo tem se rebelado a aceitar que Daniel assumisse o trono. Todos o julgavam por ele não ter uma noiva e por ser jovem demais.

Daniel foi com o rei para a sala de reuniões e participou da reunião, mas só falou quando pediram sua opinião. O conselheiro de estrutura social citou com detalhes a revolta dos súditos. Vários incêndios estavam acontecendo em várias castas e aquilo simplesmente era inaceitável para o rei.

Julian não conseguia entender porque o povo estava com tanto medo. Era apenas uma mudança de planos repentina que seria controlada.

–- O povo precisa de entretenimento. – Disse o conselheiro de estrutura social. – Algo que os deixem convencidos de que o príncipe é responsável e que ele será um ótimo rei.

–- Está sugerindo um reality show? – Perguntou o rei.

–- Talvez devêssemos colocar algumas câmeras espalhadas pelo palácio para mostrar o dia a dia do príncipe.

–- Essa não é uma boa ideia, ele ainda está em treinamento. – Rebateu o rei.

–- E se fizéssemos A Seleção? – Sugeriu o conselheiro de publicidade e diversidade social.

–- A seleção? – Daniel perguntou espantado. – Está sugerindo que eu deveria me submeter a um Seleção?

A seleção não acontece há mais de cem anos, pois o decreto foi revogado por decisão do povo. Era um tipo de Reality show de tradições antigas, onde o príncipe deveria escolher uma noiva dentre 35 garotas plebeias. Significava a união da família real com o povo.

–- Essa não é uma ideia ruim. – pigarreou o rei.

–- Mas papai, isso significa que terei que casar com uma desconhecida.

–- Isso acalmaria o povo por alguns meses Daniel. Essa ideia entreteria o povo e daria a chance de você escolher uma noiva.

–- Mas A Seleção não acontece a mais de noventa anos e eu não sei se estou preparado para casar.

–- Mas o reino precisa de você, agora mais do que nunca.

Daniel ficou chateado. Ele não conseguia aceitar o favo de ter que escolher entre 35 garotas. Trinta e cinco! Como ele poderia achar o amor de sua vida de uma hora para outra? Nunca tinha se apaixonado por ninguém. O único amor que conhecia era o de seus pais, nunca tinha vivido um. E pensar na Seleção o deixou mais nervoso ainda.

–- Peço permissão para sair. Estou com enxaqueca.

–- Saída concedida. – Respondeu o rei.

Daniel saiu da sala o mais rápido possível e foi ao quarto de seu irmão, Cristoph. Bateu na porta duas vezes e entrou. Cristoph estava parado em frente a janela olhando para o nada, provavelmente pensando em Alissa.

–- Oi. – falou Daniel.

–- Você não deveria estar na reunião do conselho agora?

–- Recebi permissão para sair. Preciso falar com você.

–- O que você quer?

–- Nosso pai quer fazer uma Seleção para mim, não sei o que fazer.

–- Ele quer entreter o povo por causa dos protestos, não é? – perguntou Cristoph virando-se para o irmão.

–- Sim. Como posso escolher uma noiva entre trinta e cinco garotas que nunca vi? Como acharei a garota certa?

–- Daniel, você tem dezenove anos, já é bem grandinho. Você está preocupado demais com uma coisa que ainda nem começou a acontecer. Talvez essa seja uma oportunidade para você encontrar seu amor.

–- Mas não sei como fazer isso.

–- Porque não será apenas você a fazer. Você conhece a história da Seleção, mas não sabe se a sua será igual. Pense direito, você ainda não é o rei, tem muito tempo para pensar.

–- Porque você simplesmente desistiu da coroa? Eu não sei se consigo carregar tanta responsabilidade.

–- Não é porque neguei a coroa que significa que não te ajudarei. Sou seu irmão, você sabe que sempre pode contar com minha ajuda.

–- É tão ruim perder alguém que ama? – Daniel perguntou de cabeça baixa.

–- É como se toda a sua vida fosse embora junto com ela. Como se... Como se o mundo a sua volta perdesse toda a cor e graça.

Daniel ficou tocado pelas palavras do irmão e essas palavras o fizeram ter esperança de um dia amar alguém como Cristoph amou Alissa.

Daniel voltou para seu quarto e tomou um banho antes do jantar. Já tinha uma decisão. Faria A Seleção mesmo que não fosse preciso fazer.

Queria seguir o exemplo do seu irmão e amar alguém como Cristoph amou Alissa.