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Capítulo 17
Capítulo 16 — Elton Gonzalez


Notas iniciais do capítulo

Olá sz



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Elizabeth deslizava seus saltos escuros no piso claro de sua sala, a delegada não conseguia ficar sentada, a ansiedade pelo resultado da análise da evidência recolhida no Westin Hills não deixava Marsh fazer mais nada a não ser pensar nisso e elaborar teorias sobre isso, a mulher tinha medo de dormir e sonhar com a situação.

— Marsh.

A delegada levou rapidamente seus olhos à porta quando ouviu seu nome. Para sua decepção, não era Grace com os resultados, era Hunter. E ele também trazia algo. Elizabeth fez sinal para que ele entrasse, e sentou-se em sua cadeira atrás da mesa. O perito entrou e fechou a porta, daí sentou-se em frente à mesa de Elizabeth e contou-a sobre tudo o que descobriu após hackear o histórico do chat online que havia sido descoberto semanas atrás.

— Todos os computadores das vítimas estão logados aquela sala. E consequentemente eles estão na lista de membros. E, claro, na fila da morte. — finalizou Hunter. — E há “Galeno”, o dono da sala, que também é o nome do grande assassino da história do Enzo, ou Anonimato. Tanto faz.

Elizabeth não respondeu no momento. O silêncio se alastrou pela sala. A delegada estava com o queixo apoiado nas mãos, enquanto fitava o rosto de Hunter, mas parecendo não enxergá-lo exatamente.

— Evacue a sala de bate-papo, agora. — ao ouvir a voz firme da delegada, o perito levantou-se. — Quero todos fora.

Hunter assentiu e sem dizer nenhuma só palavra, deixou a sala.

A mente de Elizabeth era um emaranhado de pistas que não se encaixavam, suspeitos impossíveis, tais como um autor louco e internado. Parecia tudo impossível à sua vista. Ela rezava para que os resultados das análises lhe dessem um rumo com duas certezas: conclusão e prisão. Novamente, a delegada ouviu o rangido da porta se abrindo, ergueu a cabeça e encontrou os olhos claros de Grace, a perita forense.

A mulher esbelta trajava um jaleco branco até os joelhos e saltos beges, ela tinha o cabelo castanho claro curto na altura dos ombros. Grace segurava no braço direito uma pasta cinza aparentemente cheia, e na mão esquerda tinha um cappuccino.

— Finalmente! Tenho esperado você como se espera um filho! — Elizabeth suspirou aliviada. — E então?

— Então — suspirou Grace — O sangue é de alguém que conhecemos, no primeiro momento eu não tinha certeza, mas o sangue é do tipo AB, o mesmo do escritor Enzo Monroe. Entrei em contato com o Westin Hills e consegui uma amostra de sangue dele, e sim, o sangue na bandeja é dele, portanto a arma do crime.

Elizabeth assentiu devagar.

— E os fios de cabelos encontrados na roupa preta são de alguém dos nossos registros, ou seja, algum criminoso que já passou pelas nossas mãos. — Grace finalizou. — E que inclusive solta muita caspa, o que nos ajudou muito a identificá-lo, claro.

— E de quem eram os fios de cabelo?

Elton Gonzalez.  O zelador do Instituto Westin Hills. Ele já passou pelas nossas mãos, por roubo de joias no centro do condado, num dia movimentado em agosto de 2010. — Grace entregou a pasta que tinha à Elizabeth. — Recolhi o caso de Elton.

A delegada inspirou o ar gelado de seu escritório e pegou a pasta.

— Muito obrigada, Grace. — Elizabeth abriu a pasta, folheando-a. — Por favor, quando sair, chame Buckerman. Temos um suspeito pra interrogar e nos melhor dos casos, prender.

**

Alice e Lydia encaravam-se sentadas à mesa da cozinha, naquela casa vazia e silenciosa, porém com mentes barulhentas. Agora que Soul sabia que as meninas haviam descoberto seu segredo, elas se preocupavam mais ainda com as conseqüências.

— Você disse que ele saiu daqui com as drogas, e ele parecia de nervoso demais. Acho que devíamos tentar falar com Enzo novamente. — Opinou Alice. — Por vários motivos.

Lydia negou.

— Não há motivos para fazer isso. — a garota olhou com seriedade para Alice. — O seu irmão está usando drogas, um alucinógeno perigoso, que pode machucá-lo. No mínimo deveríamos falar com seus pais.

Alice encostou a testa na mesa gelada, deixando seus cabelos dourados se espalharem. Ela fechou os olhos e podia sentir sua cabeça começar a latejar.

— Eu não consigo parar de pensar nos bilhetes que recebemos. Soul disse que recebeu, mas nós nunca o vimos! E ainda tem a lista, Lydia! Não podemos ignorar isso...

Alice foi interrompida pelo barulho alarmante vindo da televisão. Era o som do noticiário urgente. Sem hesitação, as garotas caminharam até a sala e ficaram em frente a TV, Alice pegou o controle o e aumentou o volume.

— Estamos falando em frente à Delegacia Central do Condado de Madrin. Acabamos de receber novas informações sobre o caso de mortes de leitores do site Dark Side Homem, que liam uma história em comum, Cemitério das Cinzas. — disse a repórter, ajeitando discretamente sua roupa. — Todos os leitores assassinados até agora tinham um segundo vínculo em comum além da história, uma tela de chat online. Que funcionava com uma lista de membros! Os nomes dos membros eram os mesmos que os nomes de usuários no site, e alguns tinham um risco em cima e após investigações, os nomes que haviam sido riscados correspondem aos usuários MORTOS! Ou seja, era de lá que, Galeno, o nome do criador da sala, selecionava suas vítimas. Através de uma tela de bate-papo na internet...

Alice desligou a TV por impulso. Não houve silêncio dessa vez.

— A lista de membros, Alice. — Lydia disse de imediato, com a voz gelada.

 — O criador da sala é Galeno, quem assinava os bilhetes era Galeno. Ele não quer nos matar, ele nos tirou da lista. — Alice falava quase empolgada.

— E tudo o que Anonimato lhe disse? A ira contra leitores fantasmas? Era nisso que nós acreditávamos, certo? Era o que você acreditava pelo menos. — Lydia começou a falar acelerado. — E por que nós, Alice? Por que logo nós três fomos “poupados”?!

— Eu não sei! Mas nós estamos fora da lista, nós nunca entramos naquela sala. Talvez as pessoas sejam adicionadas, sei lá. — Alice fez uma pausa, e sentou-se ao lado de Lydia. — Isso é bom, não fique nervosa, por favor. Estamos e sempre estivemos fora disso. E agora nós precisamos ver o único que pode nos responder. O criador de tudo isso. Temos que ir atrás de Anonimato outra vez.

Lydia levantou-se abruptamente e olhou Alice com repreensão.

— Não depois do que houve com você! — Lydia finalmente gritou. — Eu chorei por culpa e você chorou por medo! Não vamos repetir aquilo! Eu não posso repetir aquilo!

— E nós não vamos. Vamos nos proteger. — Alice ficou de pé em frente à prima. — Por favor, Lydia, essa é a história onde os adolescentes idiotas salvam o dia. Galeno tem algo especial conosco, e quem melhor para falar sobre Galeno do que seu dono?

Lydia continuou negando.

— Enzo é louco, Alice! — ela insistiu.

— Eu também sou. — Alice bateu o pé e foi em direção à porta. — Eu vou com ou sem você!

Quando Alice tocou na maçaneta, ela virou pra trás e Lydia estava calçando seu tênis.

— Bom, pelo menos parou de chover. — ela olhou para a janela após amarrar o cadarço. — Vamos.

Com um sorrisinho vitorioso, Alice saiu de casa com sua prima.

**

Nervoso e apreensivo. Era assim que ele se encontrava. Fazia quase duas semanas que Elton Gonzalez estava escondido em uma casa afastada da cidade, quase na divisa entre condados. Após atacar um paciente do Westin Hills, o ex-zelador teve que se esconder. Sem avisar aos chefes e largando seu amado curso de teatro. Todo dia Elton assistia ao noticiário que sempre falavam algo sobre o caso mais famoso do momento: os assassinatos de pessoas aleatórias com algo tão minúsculo em comum: uma história. E agora uma sala de bate-papo.

Elton ouviu o tilintar do seu celular. Ele ligou a tela e era uma mensagem de um número restrito, mas ele o reconhecia. Ele jamais poderá salvar aquele número, ter o nome daquela pessoa gravado em seu celular poderia ser um desastre.

“Tudo segue como o plano de sempre. Está enviado.”

Essa era mensagem que aparecia no visor. Elton sorriu com seus dentes tortos e amarelos. Aquela mensagem significava que o seu esperado dinheiro já estava enviado.

— Ah, que maravilha. Consigo até imaginar o cheiro do dinheiro. — disse Elton, sorrindo.

Antes que pudesse pensar em ir retirar seu dinheiro do banco, ele ouviu altas sirenes de viaturas policiais cruzando a esquina. Elton ficou desesperado. Ele procurava alguma janela para fugir, mas todas elas dariam em um lugar fácil para ser pego. Não teve muito tempo pra pensar e logo escutou uma voz grosseira do outro lado da porta:

— Elton Gonzalez, você está preso por agressão contra Enzo Monroe, paciente esquizofrênico do Instituto Westin Hills. — era Buckerman. — Abra ou arrombaremos a porta.

Elton iria rebater, mas sabia que não tinha chance. Procurou com os olhos um lugar para se esconder. Mas era impossível, ele seria pego. E não demorou muito para a porta ser derrubada e os policiais invadirem a casa. Elton teve de ser render.

— Não foi difícil. — debochou Buckerman, segurando os pulsos de Elton e os prendendo com algemas prateadas.

— Eu não fiz nada. — disse Elton entre os dentes, sacudindo os braços.

— Ah, e foi pro isso que não abriu a porta? — Buckerman esnobou arrastando o homem para fora da casa até a viatura. — Babaca.

**

A delegada Marsh estava sentada à sua mesa em sua sala, com diversos papéis espalhados. Ela estava fazendo anotações e montando esquemas, de vez em quando ela lançava um olhar ao seu quadro no canto da sala, onde havia rabiscado mil soluções para o caso. Mas algo ainda não fechava, ainda haviam várias questões, e ela esperava, ansiosamente, que Elton Gonzalez botasse fim em alguma delas. Dois sujeitos caminhavam pelo corredor em direção à sala de Marsh. Era um policial com um homem desconhecido. Para a alegria de Elizabeth, era Buckerman e finalmente Elton.

— O indivíduo. — Buckerman entrou na sala arrastando o ex-zelador emburrado.

— Leve-o para a sala de interrogatório, estarei esperando. — ordenou Marsh, saindo com seu notebook debaixo do braço.

A delegada passou por eles e saiu, enquanto andava pelos corredores da delegacia até a sala de interrogatórios, Elizabeth sentia-se energizada, tinha quase certeza que agora algo surgiria. Ela chegou à sala, colocou seu notebook sobre a mesa e poucos minutos depois Buckerman chegou com Elton, que o deixou lá e saiu. Buckerman e alguns outros policiais e detetives ficaram observando do lado de fora, através da parede transparente da sala. Elizabeth ficou de pé rente à mesa, encarando Elton. O homem tinha um olhar baixo. A delegada acariciou a arma que tinha na cintura, e Elton viu e engoliu a seco.

— Sente-se. — ela ordenou, apontando com a cabeça para a cadeira em frente à mesa.

— Bom, um assalto no centro em agosto de 2010. Preso por quatro anos, com condicional. E seu nome nunca saiu de nossos registros! Foi fácil pegar você, fácil desvendar seu nome, mas foi difícil chegar até você. — começou Elizabeth, encarando Elton um tanto sarcástica.

— Eu já fui preso sim! Já paguei minha cota. Não sou mais bandido, não sei por que estão atrás de mim! — resmungou o homem.

— Ah, pare. Você acertou uma bandeja na cabeça de um louco. Soubemos de seus cursos de teatro. Agora é ator? — perguntou Marsh, abrindo seu bloco e pegando sua caneta azul.

— Sim. Eu decidi fazer algo bom da minha vida. Isso é crime agora?! Eu não sei quem acertou Enzo Monroe, não fui eu! Eu nem estava lá no dia do acidente.

— Não mesmo. E não apareceu mais para trabalhar desde então. Por quê? E por que estava em uma casa tão afastada da cidade? — indagou a delegada.

— Tive problemas. — Elton respondeu secamente.

— Ah, claro. Achamos sua roupa preta enterrada junto com a bandeja sangrenta. Qual é a sua desculpa? — Elizabeth apoiou os cotovelos na mesa e encarou o suspeito de forma desafiadora.

Elton travou.

— Mas por que você faria isso? Ah, vamos! Você era um zelador que estudava teatro! Por que atacaria um escritor esquizofrênico? O que ganhou com isso, Elton? — Marsh continuou fitando-o. — O que isso tem a ver com você?

Ele balançava a cabeça negativamente, olhando para o chão.

— Há alguém por trás de você! Diga quem é Elton, um nome, apenas um nome! — Elizabeth insistiu com a voz alterada, que ia aumentando o tom cada vez mais.

Buckerman e os outros policiais que observavam de fora se preparavam para intervir se houvesse qualquer problema.

Elton negava cada vez mais rápido.

— Vamos, rapaz! Um nome e eu o livro de muita coisa! — Marsh levantou, apoiou as mãos sobre a mesa e olhou de cima para baixo Elton, fitando-o com firmeza. — Diga, agora!

— Eu não posso! — Berrou ele, levantando-se também, e em seguida abaixando a cabeça.

A respiração do homem estava desacelerando.

— Não acoberte ninguém, Elton!— insistiu a delegada, seu grito firme fez a sala parecer minúscula por um instante. — Fale Elton! Saiba eu não me importo em fazer o papel da policial má!

Um silêncio misterioso pairou, Elizabeth estava quase tirando a arma de sua cintura. Elton fitava o chão e ele balançou a cabeça para os lados, ergueu os olhos pequenos e com um sorriso escárnio, encarou Elizabeth.

— Me dê o nome, Elton. — ela repetiu.

Soul Ashter.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem chegado até aqui sz