Carta ao Remetente escrita por não convencional


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Antes de ler este capítulo, ouçam "Find Me" na voz de Boyce Avenue e depois comentem o que acharam da musica e do capítulo *-*



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Enquanto ele se ajeitava na poltrona, o ônibus foi diminuindo a velocidade e sendo iluminado pelas luzes da cidade da qual nos aproximávamos.

–Aonde você vai? -perguntou segurando meu pulso quando, ja de pé, fiz menção de me afastar.

–Preciso de um banheiro de verdade... -sussurrei. Ele tem um olhar diferente, um jeito de me olhar diferente ao ponto de me constranger mesmo eu não sendo do tipo que se constrange fácil. Ele ta usando esse olhar agora. -Solta... -olhei para onde a mão dele me apertava.- Eu preciso ir...

–Por que isso parece uma despedida? -e então era isso, não dava mais para continuar ali, não daria para dividir um espaço tão pequeno como aquele ônibus e esperar que ele não se aproximasse. Ele ja estava próximo demais. Ele me confundiu no momento que se preocupou com meu pesadelo. Ele me confundiu desde então e agora, olhando-o um pouco mais de perto, percebo.

–Você está certo sobre as duas coisas... - ele enrugou a testa em resposta por talvez não ter associado de imediato e antes que ele pudesse dizer algo, abaixei próxima ao seu rosto e beijei-lhe a bochecha. A expressão dele refletia algo que não me dei tempo para decifrar.

Peguei as mochilas, a pequena mala de roupas e fui ao banheiro feminino. Tinha uma péssima aparência mas nada que se comparasse com a que vi após todo o tempo evitando espelhos. Uma vez me disseram que os espelhos refletem aquilo que escondemos com sorrisos e tentamos minimizar com as lágrimas e, abdicar da vaidade por medo do reflexo da parte obscura que ta tão na superfície ultimamente, se tornou minha realidade até hoje...

Foi a primeira vez que me olhei em um espelho desde que fugi pela primeira vez. Não consegui encarar minha imagem por muito tempo então abri a torneira na tentativa de que quando lavasse o rosto, a água me curasse de mim mesma. Tentei não pensar no quanto essa ideia era idiota enquanto a fazia.

–Confesso que prefiro as loiras naturais mas você? hm... você é gostosinha mesmo assim.-não precisei nem olhar para trás, pude ouvir e sentir aquele ser asqueroso se aproximando. Ainda imóvel, comecei a arquitetar uma estratégia de fuga rápida e eficiente. -Vira pra mim docinho, quero ver o resto do pacote. - pela visão periférica pude ver uma sombra se mexendo e fechei os olhos.

–DESGRAÇADO !- ouvi a voz de Sérgio e me virei a tempo de vê-lo atirar o corpo do senhor que estava sentado a duas poltronas atrás de nós contra uma das cabines do banheiro. O mesmo senhor que estava reclamando da quantidade de decibéis que emanava dos fones do Sérgio.

–SÉRGIO ! -gritei e ele correu em minha direção após observar o corpo sem reação por alguns instantes.

Eu estava prestes a sentir a aproximação de um estranho que provavelmente iria me violentar fisicamente para, em questão de segundos, ser psicologicamente violentada pela intensidade do abraço que aquele não-mais-tão-estranho me deu.

Era bom está nos braços dele.

Reconfortante saber que aqueles mesmos braços não me deixariam sozinha.

–Tô aqui, tô aqui.- repetia ele enquanto alisava-me os cabelos. -Ta tudo bem agora, eu vou te tirar daqui.- e carregando minha mala, das minhas mochilas e a própria, saímos dali. Não estava em condições de fazer perguntas sobre onde íamos então aceitei seu braço ao meu redor enquanto caminhávamos pela estrada.

–Para uma "sem destino" mudar o caminho de vez em quando não faz mal...- falei e ele sorriu, criei coragem para continuar.- ...principalmente quando se tem um não-mais-tão-estranho que acabou de salvar sua pele, como companhia. Obrigado! -Apoiei a cabeça nele.

–Não por isso. - disse beijando minha testa


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