Quando acordei no outro dia de manhã, o sol aquecia minha pele de maneira revigorante. Fiquei impressionada por ainda estarmos na mesma posição.

–Bom dia -falei me espreguiçando.

–Bom dia dorminhoca! -respondeu bocejando.

–Eu dirijo agora. Você ta cansado e morrendo de sono...- ele riu. -Anda, para o carro que agora é a minha vez de curtir essa belezura !

–Como quiser - disse rindo.

(...)

Não demorou muito para que ele pegasse no sono. Por conta do seu tamanho, achou mais confortável esticar as pernas no banco de trás.

Alguns quilômetros à frente, tive que abastecer. O Sérgio ainda dormia como um anjinho e decidir ir no mercadinho comprar algo para comer. Quando voltei para o carro não pude conter o impulso de observá-lo. Estava tão calmo e fofo apesar do provável desconforto daquela posição...

–Ei, psiu! Acorda mocinho. - cutuquei-o pela janela e não obtive resposta. Resolvendo por algo que surtisse efeito, abri a porta em que seus pés estavam apoiados e engatinhei até próximo ao seu ouvido. - Você não parece nada confortável. E se passássemos o resto do dia em algum lugar para descansar?

–Hmmmm... - respondeu ainda com os olhos fechados, provavelmente nem consciente do que eu disse.

–Okay, então vamos lá !- disse enquanto tentava me virar no banco.

–Eu posso dirigir? - perguntou segurando firme na minha cintura de maneira que fez percorrer um arrepio pelo meu corpo.

–Claro...- disse sem graça.

(...)

–Um quarto com duas camas, por favor. - ele pediu assim que entramos.

–Desculpe senhor, só temos quartos de casal.

–Dois quart...- comecei a pedir quando ele interrompeu com um sutil puxão.

–Eu fiz uma promessa, Letícia, não vou quebrá-la.

–Não vai me deixar sozinha, podemos pedir dois quartos vizin...

–Você se importaria de compartilharmos um quarto de casal?

–D-dormir n-na mesma cama?- peguntei assustada. Tudo bem que já dormimos no mesmo quarto e já fizemos coisas demais juntos mas compartilhar a mesma cama? É um pouco demais, não?

–Eu poderia improvisar no sofá ou no chão mesmo, só não quero te deixar sozinha... - disse ainda muito certo de si, me sentia patética por hesitar tanto.

–Tudo be...

–Um quarto de casal,por favor.- interrompeu-me.

Após nos instalarmos, resolvemos por tomar uma cerveja e curtir algum barzinho da cidade. Enquanto ele tomava banho, aproveitei para escolher algo diferente de jeans e tênis. Quando ele saiu do banheiro eu já estava separando a maquiagem que usaria porém ainda indecisa quanto a roupa.

–Tem água quente mas vê se não demora. - ele avisou enquanto passava por mim já de calça e com a toalha sob os ombros.

Não tinhamos água quente nos motéis das cidades anteriores. Tudo bem que escolhíamos sempre os mais em conta por conta do dinheiro do Sérgio que estava acabando e mas enfim, o que importa é que vou ter o primeiro banho relaxantemente quente pela primeira vez em dias !

–Vou tentar ser rápida.-peguei minha roupa e fui para o banheiro.

Enquanto prendia o cabelo para não molhar, fiquei me perguntando sobre a roupa que havia escolhido: um vestido longo florido e uma sandália baixa. Não parecia mais uma boa escolha para a ocasião, precisava ser um pouco mais... despojado.

–SÉRGIO!- gritei.

–Esqueceu a toalha de novo,não é? - resmungou do outro lado da porta me fazendo rir. Não era algo que fazia de propósito e ele sempre resmungava quando eu deixava-a estendida no banheiro para não mais esquecer ou quando eu pedia para pegá-la.

–Também mas preciso de outro favor seu. -gritei novamente. - Preciso que pegue minha mochila de roupas e a coloque na porta do banheiro.

–Uai, não tinha pegado um vestido já?

–SÉRGIO! Só faz o que tô pedindo, por favor?

–Tá, tá, tá !

20 minutos depois abri a porta e já o ouvia reclamar.

–... e disse que não ia demorar e... - ele calou quando me viu.

–Eu disse que ia tentar não demorar. - me defendi.

–Uau Letícia ! V-você está... - disse de uma maneira estranha que me fez me arrepender duplamente pelo vestido preto costas-nuas e a maquiagem forte nos olhos.

–Me dá um segundo que eu tiro isso...- falei já tirando um dos sapatos

–NÃO , NÃO! - pediu- Você só está... diferente.

–Tô estranha, eu sei...

–Você está incrivelmente... linda! -sussurrou e eu sorri sem graça. -Já vi que vou ter trabalho hoje, pronta? -perguntou estendendo a mão e eu a peguei.