Feliz aniversário, mamãe. escrita por Madie


Capítulo 1
Capítulo único.




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Acordei com o barulho do despertador, eram 7:00 da manhã de quarta, dia 20 de maio.

Estava escrito na tela que era um dia especial, eu tinha essa mania de adicionar o lembrete de que era um dia especial, mas nunca colocava o evento que estava sendo comemorado, pois eu queria lembrar por mim mesma.

Puxei na memória, mas não conseguia me lembrar. O que poderia ser? Dia da independência? Dia dos pais? Não.

Mesmo depois de um bom tempo forçando a mente, não consegui me recordar. É, eu estava ficando velha.

Passei os olhos pelo quarto até que avistei, em cima da mesinha, num lindo porta-retratos, uma foto. Eu, com meus sete anos, abraçada à minha mãe, que segurava um buquê de flores sortidas e um cartão feito em casa bem simples, os olhos um pouco vermelhos, indicando que havia chorado. Foi no dia do aniversário dela...

O aniversário dela!

Como pude me esquecer? Eu tinha que preparar algo, ou pelo menos ligar para ela.

***

Depois de ligar, comecei a me lembrar daquela foto. A história por trás dela é engraçada.

Eu estava voltando da escola, preocupadíssima por não ter comprado nada pra minha mãe. Passei pela floricultura da dona Vera, até dei uma olhada nos preços das flores. Revirei os bolsos e a mochila, achei algumas moedas. Tinha um e cinquenta... droga, não era o suficiente.

Continuei andando, bem triste agora. Eu precisava presentear ela, de alguma forma.

Lembrei que na praça tinha um canteiro bem cuidado de flores, mas era um desvio muito grande do meu trajeto, e mamãe já detestava o fato de que eu andava sozinha, imagina se me atrasasse.

Então, passei pela casa da dona Emília, com o jardim impecável, as flores perfumando os arredores. Perfeito!

— Dona Emília? — Chamei, batendo palmas. A mulher logo apareceu na porta.

— Sim?

— Sabe, minha mãe faz aniversário hoje. A senhora poderia me dar algumas flores? Por favooooor... por favorzinho.

Fiz uma cara de pidona. A mulher esboçou um sorriso.

— É claro, entra.

E eu fui. Emília me sugeriu que fizesse um cartãozinho enquanto ela procurava uma fitinha para amarrar as flores. Eu me sentei no chão perto da mesinha de centro, coloquei tudo ali e comecei meu trabalho. Peguei uma folha do caderno de desenho, tirei a barbatana, fiz desenhos de borboletas, corações, árvores, entre outras figuras fofas. Dobrei e dentro escrevi: “Mãe, te amo. Você é muito legal. Beijos e feliz aniversário. ” É claro, minha caligrafia não ficou das melhores, mas o que vale é a intensão, não é?

Pus todas as coisas na mochila e aguardei a volta da dona Emília.

— Vamos lá tirar algumas flores? — Ela estava com luvas, segurando em uma mão uma tesoura de poda e na outra uma fitinha, que me pediu para segurar.

No jardim, eu escolhi um monte de espécies diferentes. Florezinhas brancas de miolo amarelo, que só anos depois descobri se tratarem de margaridas; rosas, entre outras flores que, naquele tempo, me eram desconhecidas.

Amarramos com a fita, no topo inseri o cartão. Estava bem bonito, até. Sorri, agradeci dona Emília e segui o resto do caminho, sorridente e feliz, mamãe iria amar!

Chegando lá, escondi o presente atrás das costas e entrei.

Mamãe estava branca como cera, sentada no sofá, aparentemente, aflita. Quando me viu, correu até mim e começou a gritar.

— Onde você estava? Meu Deus! Você quase me matou de susto, Sofia! — Ela pôs a mão na testa, respirou fundo e continuou, com um tom mais calmo — estava preocupada.

— Desculpe... — Só falei isso.

— Desculpe. — Ela repetiu em tom irônico. — Se não quiser apanhar, é bom ter uma ótima explicação.

Devagar, entreguei a ela as flores com o cartão e contei uma versão rápida do que havia acontecido.

Por um momento, estava estática, boquiaberta, sem palavras. Eu a abracei.

— Me desculpa, mãe. — Suspirei. — Feliz aniversário.


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