A Sangue Frio escrita por Bia Flor Escritora


Capítulo 11
O Assassino e seu Motivo


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a resolução do crime. Vamos ver quem acertou!



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Sara respirou fundo antes de começar a falar:

— Aí é que está o problema Nick! – ela começou a esclarecer – Averiguei o álibi de Paul e confere. Ele estava trabalhando no Cassino Royale na hora do crime. As gravações das câmeras de segurança, as câmeras internas e todos os funcionários confirmam tê-lo visto lá e que ele não saiu um só instante.

Nick voltou a sentar-se no mesmo lugar em que estava frustrado. Pensara realmente que haviam descoberto quem era o assassino, mas se enganara.

— Vocês não acham estranho esse monte de evidências na cena do crime e que não nos levam a lugar nenhum? – questionou Warrick revirando-se em seu assento.

Os olhos de Henry Morgan brilharam como se ele tivesse tido um surto súbito de sabedoria. Como ele não percebera antes? Como fora estúpido!

— Não, não é estranho. Agora tudo faz sentido para mim. Está tudo claro como água – declarou Henry Morgan.

— Você já sabe quem matou Richard? – perguntaram todos em uníssono.

— Sim, eu já sei! – ele respondeu satisfeito – Richard foi morto realmente por alguém que ele conhecia. Isso é incontestável. As câmeras de vídeo da casa mostram que ninguém a não ser os residentes da casa e eu, entrou ou saiu dela. O assassino aproveitou quando não tinha ninguém na casa que pudesse ir em auxílio da vítima, para executar seu plano genial.

Todos ouviam atentamente a explicação de Morgan. Ele aproximou-se ainda mais de Sara e interpelou-a:

— A janela do quarto de Richard estava aberta, foi isso o que a senhorita disse, não foi senhorita Sidle?

— Sim – ela concordou – Até agora não entendo o por quê.

— Porque foi por onde nosso assassino entrou e saiu para não levantar suspeitas. Ele usou a escada que estava ao lado e teve muito cuidado para não deixar digitais. No entanto, conseguiu plantar algumas pistas para afastá-lo de uma suspeita imediata. O que ele não contava era que praticamente todos os habitantes da casa se tornassem suspeitos – ele falava com brilho nos olhos.

Grissom acompanhava atentamente o raciocínio de Henry Morgan. Compreendia onde o legista de Nova York queria chegar. Seus olhos também brilharam com a descoberta. Como ele não percebera antes?

— Não aguento mais tanto suspense – bufaram Greg e Lucas ao mesmo tempo – quem matou Richard Pratts afinal?

— O jardineiro! – responderam Grissom e Morgam juntos.

— Se vocês vasculharem bem o jardim certamente acharão nossa arma do crime: o punhal da preciosa coleção de armas de Richard e talvez mais algumas coisas – concluiu Morgan satisfeito.

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Antes que eles saíssem em busca de John Black, Grissom aproveitou a balburdia provocada pela pequena multidão ali presente – levantou os olhos para o alto e agradeceu aos céus por isso – para acariciar sem que ninguém percebesse a mão de Sara. Lançou-lhe um sorriso e um olhar apaixonado e murmurou sem emitir som algum um “Eu te amo!” que ela recebeu com todo carinho. Sussurrou em resposta também sem emitir som um “Eu também te amo!”. Era sempre assim. Sempre que podiam trocavam olhares, carícias furtivas. Era inevitável. Queria sempre estar perto dela, sentir seu cheiro, tocar sua pele como se fosse por casualidade. Desde que haviam começado a namorar a cerca de seis meses era assim: inventavam uma maneira de estarem juntos – sempre que podia ele a escalava para ser seu par nos casos – uma forma de se falarem mesmo sem palavras, apenas com gestos, o quanto precisavam um do outro.

Henry Morgan também se valeu da situação para “esbarrar por acaso” em Jo e assim tocar-lhe suavemente a pele alva. Sentiu um arrepio frio percorrer-lhe a espinha.

— Oh! Desculpe-me detetive – ele desculpou-se, porém sem arrependimentos – Foi sem querer – ele mentiu.

As duas equipes seguiram para a casa de Richard Pratt dessa vez, no entanto, Grissom e Morgan também estavam presentes e junto com eles vinha o capitão Jim Brass. As coisas poderiam sair do controle, então era melhor prevenir. Em um dos carros que seguiam para a mansão, Sara recusava-se a acreditar que tivesse sido enganada pelo olhar inocente – pelo menos ela achou isso – do jardineiro. Acreditou realmente que ele não fosse o culpado, mas pelo visto se enganara. Os anos de trabalho como perita não haviam lhe ensinado a não confiar inteiramente nos suspeitos? Grissom sempre falava: “pessoas mentem, evidências não”. Como sempre, ele estava certo.

Ao chegarem ao local, sem precisar que ninguém dividisse tarefas, Sara e Nick seguiram direto para o espetacular jardim da casa, enquanto os outros permaneceram na sala de espera. Precisavam encontrar as evidências. Eles olharam em volta. Nenhum sinal do jardineiro. Melhor assim. Em seu íntimo Sara alimentava a esperança de que John Black não fosse o assassino. Ela olhou para Nick e depois para o imenso jardim. Se não se separassem, não terminariam a busca tão cedo.

— Eu fico com o lado direito e você com o lado esquerdo – ela propôs e ele aceitou. Puseram-se a procurar avidamente por qualquer coisa que pudesse parecer com a arma do crime. Começaram a vasculhar cada canto do belo jardim. Já haviam se passado vários minutos sem nada encontrar, já pensavam em desistir quando Sara decidiu olhar mais de perto a velha e grande árvore do centro.

—Achei alguma coisa – ela gritou para Nick e ele com poucos passos aproximou-se de onde ela estava. Lenta e cuidadosamente Sara calçou suas luvas e das frestas das enormes raízes da árvore tirou uma mochila preta de tamanho médio. Abriu-a com extremo cuidado e com grande espanto tirou de dentro o valioso punhal de lâmina de aço carbono medindo cerca de 20 centímetros, bainha cravejada de joias, em cujo cabo havia uma gravura de uma águia em ouro. Sua lâmina estava suja de sangue. Olhou mais atentamente para a arma.

— Há uma digital aqui – Sara informou, abrindo seu kit e tirando a fita adesiva especial para a coleta de evidências como aquela. Abriu-a e coletou a digital. Olhou novamente para dentro da mochila e encontrou uma camisa branca também manchada de sangue e um par de luvas.

— Acho que terminamos por aqui – comentou Nick – Vamos mostrar para os outros o que achamos – ele propôs.

Seguiram para a casa onde encontraram Grissom e Brass interpelando o mordomo sobre onde o jardineiro estava.

— Ele deve estar no jardim – Sullivan respondeu solenemente.

— No jardim ele não está – informou Nick – Acabamos de vir de lá - disse apontando para si e para Sara – E fizemos um achado interessante.

— Acharam o punhal? – indagou Henry Morgan ansioso.

— Sim – confirmou Sara – Achamos uma mochila onde estavam o punhal e uma camisa sujos de sangue e um par de luvas.

— Onde o senhor Black pode ser encontrado quando não está no jardim? – quis saber Grissom.

— Ele pode ser encontrado no seu quarto – respondeu James.

— Que fica...? – instigou-o Brass para que ele desse a localização do cômodo onde residia o jardineiro.

— O quarto dele fica nos fundos do jardim – informou no mesmo tom solene.

— Obrigado! – agradeceu Brass.

— Enquanto vocês vão falar com nosso amigo jardineiro, eu levarei essas evidências para o laboratório para processar – concluiu Sara.

— Eu vou com você Sara – ofereceu-se Nick – Assim podemos adiantar o trabalho.

—Então vamos – ela aceitou a oferta – Mas eu dirijo - Deixaram a casa e seguiram em direção ao laboratório.

O restante do grupo observou os dois peritos saírem.

— Agora vamos ao show! – declarou Morgan satisfeito.

Toda a equipe que ali se encontrava se dirigiu para a habitação de John Black. Nos fundos do elegante jardim, havia uma simples e espaçosa construção de alvenaria. O contraste era gritante. A habitação era feita de pequenos tijolos e coberta por telha estilo colonial. A porta era de madeira. Havia uma janela que se encontrava fechada. Foi Brass quem bateu na porta.

— Polícia de Las Vegas! Abra a porta! – ele ordenou, porém não obteve resposta.

—Polícia de Las Vegas! Abra a porta! – ordenou novamente. E novamente não obteve resposta.

Warrick Brown por instinto ou intuição, resolveu sair dali. Não disse para onde ia. Apenas deixou o jardim. Brass sacou sua arma e abriu a porta a pontapé. O quarto não estava vazio, pela janela, com uma mochila em suas costas, Black fugia da mansão dos Pratts.

Percorreu alguns metros, mas foi alcançado por Brown que se jogou sobre ele.

— Pretendia ir a algum lugar, senhor Black? – indagou Warrick algemando-o – O único lugar para onde o senhor vai é para o Departamento.

John Black foi levado para o departamento sob o olhar inquiridor dos repórteres, mais uma pessoa era levada detida para o Departamento, seria essa o assassino? Não aguentavam mais de ansiedade para saber quem havia matado o grande magnata dos Cassinos.

— Muito bem senhor Black – começou Brass pacientemente – o senhor pode me explicar porque o senhor estava fugindo?

— Eu não estava fugindo... – ele hesitou por um momento – Recebi a informação de que minha mãe estava doente...

Brass interrompeu-o.

— Para cima de mim? Conte outra! – ele bradou exasperado – O senhor sabe que sua fuga foi um atestado de culpa, não foi?

— Mas eu sou inocente, eu juro! – declarou Black.

Nesse momento a porta foi aberta e por ela entrou Sara que ouviu a última declaração de John.

— Não é isso que dizem as evidências, senhor Black – Sara declarou mostrando uma pasta em suas mãos – Encontramos sua mochila no jardim e algumas coisas muito interessantes nelas.

Tirou as fotos e mostrou-as para Black.

— A arma do crime com sua digital e uma camisa sua com o sangue de Richard Pratts, além de um par de luvas com mostras de sua pele – ela enumerou os itens quase que sem respirar.

— Vamos! Economize meu tempo – pediu Brass – Admita que foi você quem matou Richard Pratts.

Os olhos de John Black assumiram um novo brilho. Um brilho maligno e um sorriso maléfico de quem só agora tirara a máscara de bom moço. Aqueles profundos olhos negros agora deixavam transparecer todo o ódio e ira que o consumia por dentro.

— Sim, fui eu – ele confessou com prazer – Fui eu quem matou o grande Richard Pratts. E o mataria quantas vezes fosse preciso.

— Explique-nos porque – pediu Brass.

— Ele me tirou quem eu mais amava no mundo, por culpa daquele desgraçado meu pai, meu querido pai, tirou a própria vida – Black pronunciava cada palavra com ódio – Uma vida por outra – concluiu simplesmente.

— John Black, você está preso pelo assassinato de Richard Pratts – declarou Brass colocando as algemas ao redor de seus pulsos com um pouco mais de força do que o necessário. Nunca sentira tanto prazer em efetuar uma prisão, como naquele momento – Pode levá-lo – disse para o policial que o acompanhava na sala de interrogatórios.

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Na sala de convivência eles conversavam sobre aquele caso e como Henry havia descoberto o assassino.

— Como você descobriu que John Black era o assassino Morgan – questionou-o Lucas intrigado.

— Por vários motivos, mas o principal deles foi quando ele disse que não pode ouvir os gritos de socorro de Richard por causa do alvoroço provocado pelos cães em suas casinhas – ele explicou.

— Não consigo entender aonde você quer chegar – comentou Greg confuso.

Foi Grissom quem respondeu:

— Pense Greg! Isso era impossível. O jardineiro não podia ter ouvido os latidos dos cães porque o mordomo havia saído para passear com eles. O que foi provado pelo policial que fazia a ronda no bairro.

Greg deu um leve tapa em sua testa.

— Mas claro! Logo, tudo o mais que ele contou podia ser mentira – concluiu Greg.

— Mas nós o vimos nas gravações – objetou Sara.

— Sim, o vimos nas gravações, mas porque ele queria que o víssemos para que tivesse um álibi para a hora do crime – argumentou Morgan.

— E quanto a todas as evidências que encontramos? – indagou Warrick.

— Foram todas fruto do acaso. A única evidência plantada na cena do crime foi a pegada do sapato de Paul Pratts. Ele usou o sapato de Paul para incriminá-lo.

— E quase conseguiu – lamentou Nick.

— E quanto a essa vingança? – questionou Jo.

Henry Morgan suspirou. Ia pisar em campo minado.

— Bem, quanto a isso, quando estive na casa de Richard para encontrar-me com ele, quando vi o jardineiro tive a sensação de já tê-lo visto. E isso de fato ocorreu. Eu o conheci quando ainda era jovenzinho. Não o reconheci porque ficamos muitos anos sem nos ver. John Black era apenas um adolescente quando Richard obrigou o pai dele a vender sua propriedade para a construção do maior Cassino de sua rede. O pai do menino não superou a venda forçada e foi fraco o suficiente para tirar a própria vida. Black culpou Richard por isso... Por isso dedicou sua vida a elaboração de sua vingança. Uma vingança a sangue frio. Durante anos a fio ele elaborou seu plano. Infiltrou-se na casa de Richard como jardineiro. Estudou cada detalhe da casa, cada membro da família e cada empregado. Tentou e conseguiu ganhar a confiança de todos, principalmente a de Richard Pratts. Ele o servia cordialmente, mas por dentro era consumido pelo desejo de vingança.

Grissom percebeu o desconforto de Morgan ao explicar aqueles detalhes. No começo podia não suportar o legista petulante, mas agora admirava aquele homem brilhante. Por isso interrompeu-o.

— Bem, caso encerrado. Todos estão felizes! O Xerife já tem o nome do assassino e a impressa tem matéria para o mês inteiro.

Estavam todos ali, sentia que devia um pedido de desculpas a Henry. Um sorriso travesso brincou em seus lábios. Já sabia muito bem como desculpar-se.


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Notas finais do capítulo

Bem, o assassino foi descoberto, mas a fic ainda não acabou. Depois de um caso exaustivo nossas equipes queridas merecem uma confraternização e a despedida.
O que acharam? Me digam o que estão achando da fic, por favor!



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