Death And All His Friends escrita por fukkk


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários! Bom, acabei de decidir que não terei um dia fixo para postar, pois assim não fico presa na rotina (coisa que odeio). Vou tentar postar, pelo menos, três vezes por semana ou mais. Segue mais um capítulo, espero que gostem.



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Sonhei com Lissa esta noite (quantos dias se passaram? não sabia dizer). Estávamos na corte, todos juntos; Lissa, Christian, Dimitri, Eddie, Jill, Adrian e eu. Era um dia normal, uma folga talvez, jogávamos conversa fora, ríamos das besteiras de Eddie, zombávamos de Christian, ouvíamos as histórias bizarras de Adrian e nos divertíamos. Tudo me era familiar. As cascatas louras de Lissa, as covinhas de Christian, o livro no criado-mudo, o hálito de uísque e cravo de Adrian, as mãos de Dimitri sob as minhas, o ar gélido do inverno americano; nostalgia.

"Sua vez de nos contar uma história, Rose", dizia Lissa. "Vamos lá, Damphirinha. Só não vale ser uma em que envolva um certo russo caxias...", caçoou Adrian. Ri e olhei em volta. Pensava em uma história divertida para contar, mas era algo difícil pois todos sabiam o que acontecia comigo. Depois de uma demora cortante, Lissa disse: "Por que você não começa nos contando sobre quando você fodeu com um homem no bosque da corte? Nos diga como foi a sensação de fugir e nos deixar?". Olhei assustada para Lissa, não sabendo como responder tais acusações de que era completamente culpada. "Liss.. o que.... não há história alguma... eu não estou entend..." antes de completar, Dimitri me interrompeu: "Não finja que não sabe de nada, sua vadiazinha egoísta. Todos nós, perdão, a corte toda sabe sobre a sua traição e humilhação". Nunca havia sentido tanta culpa na minha vida. Meus amigos, tudo o que tinha, estavam me acusando e depreciando. Não me restava mais nada. "Vadia!", "O que você ainda está fazendo aqui? Volte para a sua corja!", "Você não é digna de proteger uma rainha!". As acusações me vieram cortantes, como uma faca recém afiada. "Lissa? Lissa?", chamava-a em vão. Eu não consegui me defender dos socos e puxões que estava levando. Aliás, não estava nem tentando. Senti alguém segurar meus cabelos, me deixando em uma posição vulnerável para um ataque frontal; este alguém era Dimitri. À minha frente vinha Lissa segurando uma estaca. "Lissa?", gritava. "LISSA?". "Você quebrou o meu coração", respondeu: "Você me matou", e olhando em meus olhos, ela enfiou-me a estaca.

Me vi livre deste pesadelo. Não conseguia contar quantas vezes o havia tido. Só sabia que tudo era tão real que às vezes tentava achar a cicatriz no local em que ela havia me estacado. A chuva caía forte lá fora. Os velhos telhados da igreja pareciam não suportar tal violência e as goteiras eram muitas. Os passos de camponeses tentando tirar seu gado da chuva, o choro das crianças que temiam o trovão, discussões de casais e a lamentação de senhoras era ouvido por mim. Não sabia identificar o quão perto ou longe os barulhos estavam de mim, só sabia que podia ouvi-los. Meus olhos me eram muito pesados, por vezes tentava os abrir; em vão. Quando finalmente consegui, não estava na cama com um dhampir russo, mas sim em uma velha igreja em um vilarejo qualquer na Inglaterra. Não havia ninguém na minha frente, mas sabia que não estava sozinha. Podia sentir e ouvir. A fome me veio mortal e rápida. Uma fome na qual eu nunca havia sentido antes queimava meu estômago e minha mente. Só queria comida. Levantei-me do chão e fui à caça. Onde estaria a fonte da sopa que havia tomado? Precisava achá-la, ou talvez uma espécie de cozinha. Tentando achar alimento, percorri pelos cantos mais sombrios da igreja. Nada. Nem uma migalha. Decidi então ir aos aposentos do padre, o medo agora não me impedia; só pensava em comer.

Algo me tirou do meu transe em achar comida: o padre não estava sozinho. Estava com um homem alto, elegante e louro de aproximadamente quarenta anos. Conversavam em uma língua que não conseguia reconhecer, galês certamente. Pude notar como o homem possuía uma beleza extraordinária, quase igual ao demô.... Não, nada se compara à ele. Quando ia seguir meu instinto em achar comida, eles me notaram. Na verdade, acho que já haviam me notada há muito. "Olha só quem acordou!", disse o louro com um forte sotaque irlandês. "Quem é você? Ou melhor, quem são vocês? O que fizeram comigo?", eu gritava. E cada vez que gritava mais, meu estômago implorava por alimento. "Está faminta, não é?", perguntou-me o louro. "Mas, do que exatamente você está com fome?", continuou. "Como assim, do que? De comida! Preciso comer e exijo que me digam aonde achar alimento!". Esperava um comando ou uma fúria, mas ao invés disso fui recebida por gargalhadas. Gargalhadas que mais pareciam canções dos céus do que uma risada propriamente dita. "O que há de engraçado?", perguntei. "Se continuar a rir, foi esfolar cada parte deste couro cabeludo louro". As minhas ameaças saiam como rosnados, selvagens e raivosos. Poderia muito bem ter os matado. "Vou lhe mostrar aonde está seu alimento", disse o louro: "Bem aqui", referindo-se á ele próprio. Antes que eu conseguisse esboçar qualquer reação, ele rasgou a pele do pulso com os dentes e me ofereceu. Sangue. E por algum motivo, isto era tudo o que eu mais desejava e ansiava no mundo. Corri em sua direção, como se isso fosse tudo o que eu sabia fazer. "Beba", ele dizia: "Saboreie cada gota". "Não posso! Eu não sou uma strigoi! Isso não é humano, isto não é natural", disse. O louro me estapeou e disse: "Nunca mais na sua existência me chame de strigoi ou enfrentará a minha fúria. E, ora, o que é este delicioso pecado comparado ao que você vem cometendo, pelo menos, nestes últimos dois anos?". De fato, ele não era um strigoi. Seus olhos, escuros como a noite, não possuíam nenhum tom vermelho. Sua pele, apesar de muito branca, era vívida e pura. A sua beleza poderia ser comparada à de um deus grego. Ele definitivamente não era um strigoi.

Em um instante, ele me prensou na parede e afugentou seu pulso e seu sangue em minha boca. Era tudo o que eu mais queria no momento, uma fome que não seria saciada por mais nada além disso. Eu bebi apressadamente, como que com medo de que aquele momento acabasse. Sentia o sangue correr pela minha garganta, curando a minha ânsia e meus medos. Era a minha fonte, aquilo que me bastava. Infelizmente, depois de um tempo, o pulso foi tirado de mim. Mas não era suficiente, ainda sentia muita fome.

O que era aquilo? Quem eu era? Por que aquela fome me enlouquecia e queimava minhas vísceras? Sentia uma dor antes nunca sentida. Meus músculos se retraíam, minha pele queimava, minhas gengivas doíam, minha cabeça girava; estava agoniando. Meu estômago foi atingido por uma dor incalculável, uma ânsia me afligia e então vomitei. O sangue que havia sido jogado para fora de meu corpo estava ali bem na minha frente, no chão. Não hesitei em lambê-lo. Não podia desperdiçar, tinha que tomá-lo de volta. O choque me fez parar de lamber o chão. Assustada, olhei a minha volta e para minhas mãos sujas de sangue. Parecia um animal. Eu era um animal. "Quem é você?", perguntei aos prantos. "O que você fez comigo? Que tipo de mostro eu sou?". O louro se ajoelhou na minha frente e com a voz mais doce, respondeu: "Você é o monstro mais belo de todos, e, eu sou William Lancaster".


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Notas finais do capítulo

Eai, gostaram?



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