And So We Go escrita por Lavínia Black


Capítulo 1
Capítulo 1 - E eu faço uma não tão terrível escolha


Notas iniciais do capítulo

Olá Cupcakes! Como vão vocês? Aqui estou eu finalmente criando coragem de postar essa fanfic que têm estado na minha cabeça desde que eu assisti Os Vingadores 2, que por sinal ficou INCRÍVEL!Então, leiam, mandem reviews porque essa é a alma do negócio e beijocas, até o próximo capítulo!- Black



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Lisla estava começando a entrar em desespero.

– Senhor, eu não falo a sua… - Ela olhou nervosamente para os lados, procurando uma maneira de evitar essa situação constrangedora. Claro que ela deveria ter estudado o idioma local antes de impulsivamente subir no avião, mas era como seu pai um dia tinha lhe dito, em uma das vezes que ele se lembrou que tinha uma filha adolescente, ações impulsivas tem consequências, na época, Lisla supôs que ele a estava prevenindo sobre matar aulas ou sair para festas escondido e não sobre entrar no primeiro avião para um país desconhecido.

Horas de puro prazer sádico se passaram até que a realidade resolveu bater na sua porta, ela agora estava parada na saída do aeroporto enquanto o taxista em sua frente a encarava como se fosse uma alienígena enviado para lhe atrasar. Respirou fundo e colocou em seu rosto o sorriso mais natural que conseguiu, mesmo que todo o seu rosto expirasse desespero. Será que se eu usar mímicas ele entende? Mas antes que ela pudesse fazer os movimentos que a deixaria marcada pelo resto da vida o taxista lhe deu uma última olhada e foi embora, saindo do aeroporto, provavelmente com medo de mais garotas perdidas que não falavam sua língua.

Uma mulher de casaco preto passou atrás dela, esbarrando levemente na garota, a fazendo tropeçar na própria mala e cair no chão frio.

– É isso, Lisla, você praticamente se jogou na fogueira - Com a mão direita ela tirou a franja da frente dos olhos e se levantou, respirando fundo, agora não era um bom momento para se desesperar, não em um aeroporto lotado de pessoas que poderiam a reconhecer facilmente, é só alguém ter entrado no Twitter da agente do seu pai, porque ela duvidava que Tony Stark teria notado que sua filha desapareceu de madrugada. Não, eles não poderiam estragar tudo, não quando tudo que ela queria era se afastar da antiga vida. Olhou novamente para as pessoas ao seu redor, não haviam muitas, o que apenas comprova sua suposição de ter parado em um país não tão visitado, para sua sorte. Ela tinha que encarar isso como uma oportunidade, oportunidade de mudar Lisla Stark-Price, se tornar apenas Lisla Price.

Um novo começo. Sim, um novo começo, sem mães desaparecidas, armaduras, festas destruídas e perigos de morte.

De cabeça baixa, com seu cabelo longo servindo como uma cortina, ela atravessou a multidão, mantendo os passos em um ritmo que não soasse suspeito, mas ainda assim andando rápido, até encontrar um banheiro.Perfeito, longe dos olhos curiosos.

Lisla tratou de tomar as devidas prevenções antes de começar sua mudança, ela estava realmente inspirada pela sua súbita ideia de mudança, checou se o banheiro estava vazio, para enfim entrar carregando sua mala, abrindo-a em cima da pia de mármore, sem se importar em molhá-la, suas roupas e acessórios pularam da mala, Lisla não era uma das pessoas mais organizadas do mundo, principalmente quando se tratava de algo tão trivial como arrumar sua mala, ela tinha o péssimo costume de simplesmente jogar tudo e lutar para fechar depois. Ainda se sentindo nervosa, ao mesmo tempo que sua ansiedade aumentava, ela virou para olhar sobre e ombro, temendo que alguém estivesse chegando, para sua sorte, nada aconteceu.

Ela, com rapidez, começou a caçar as ferramentas que precisava por entre suas roupas, seu babyliss cor de rosa foi o primeiro a aparecer, uma tesoura longa, e a tinta de cabelo que ela comprou para situações de emergências, quando ainda estava decidindo o que trazer. Pôs tudo aquilo em cima da pia e respirou fundo, encontrando seus olhos no espelho em sua frente. Seus olhos castanhos não teriam como ser mudados, ela não conseguiria usar lentes e seus olhos grandes eram icônicos demais para que valesse a pena esconder e, no fundo, no fundo, ela não queria se esconder do seu pai, apenas mudar o suficiente para que ele não a reconheça. Não, não valia a pena mudar seus olhos. Mas seu cabelo sim.

Ela aproximou a tesoura afiada de uma das mechas do seu cabelo longo e, sem pensar duas vezes, cortou e a mecha que um dia fez parte do seu cabelo caiu na pia. Um, dois, três, quatro cortes depois e todo o seu cabelo, que antes descia até a cintura, agora mal chegava ao ombro. Lisla tentou cortar o mais reto possível, para que ficasse no mínimo decente, mas não conseguir ter certeza até terminar tudo o que tinha que fazer. Checou novamente o corredor do lado de fora do banheiro, e pegou seus objetos para pintar o cabelo. A tinta do cabelo era do tom mais escuro que ela conseguiu achar, o mais próximo do preto que um cabelo pode ficar.

Ela tentou fazer o serviço o mais rápido possível, com o coração batendo com força a cada barulho do lado de fora do banheiro, seria no mínimo estranho se alguém entrasse agora e a encontrasse pintando o cabelo, com a maior atitude suspeita. Quando ficou pronta, usou um dos banheiros para lavar os cabelos. Agora além de curtos, eles estavam mais escuros, o que contrastava melhor com a sua pele branca, quase pálida demais para ser saudável, sem nenhum alisamento, eles voltariam a ficar ondulados, bem diferente de como ela normalmente os usava.

Ótimo, diferente o suficiente para ninguém me delatar ao meu pai, mas ainda parece eu.

Um barulho de vozes soou novamente do lado de fora e Lisla sabia que não poderia mais arriscar tanto, juntou todas as suas coisas, com cuidado para não deixar nenhum rastro para trás. Antes que ela pudesse estender a mão para abrir a porta, ela se abriu, batendo nela com força suficiente para jogá-la para trás um pouco e deixando uma garota entrar. Todas as coisas de Lisla caíram no chão com um estalo e a morena xingou em pensamento, se abaixando rapidamente. A garota que entrou falou algo em uma língua esquisita, mas Lisla lhe mandou um olhar confuso e ela trocou para um inglês com um sotaque carregado, algo que soava europeu.

– Aqui, deixe-me ajudar - Se abaixou junto com Lisla, estendendo-lhe um dos perfumes que rolara para perto da pia. Lisla, mesmo de cabeça abaixada, se manteve atenta aos movimentos da outra garota, observando se ela demonstrava alguma atitude hostil ou de reconhecê-la, mas apesar de parecer ameaçadora, sua avó materna teria um ataque do coração com as roupas dela, a garota não parecia querer lhe matar. Ela parecia ter a sua idade, 18 anos ou algo assim, não pelo jeito que se vestia, mas seu rosto ainda tinha feições jovens, tinha os cabelos longos e bem escuros, olhos grandes, claros, cansados e demarcados com uma maquiagem escura, vestia roupas desgastadas e cheias de personalidade, um vestido preto e algo que parecia um xale vermelho, Lisla decidiu não julgar a moda do lugar.

Quando elas recolheram todas as coisas, a morena lhe deu um sorriso pequeno e entrou em uma das cabines, sem olhar para trás. E Lisla fez o mesmo, só que em direção à saída.

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Pouco depois de sair do aeroporto, do conforto do ar-condicionado, ela teve que se desfazer do casaco que vestia, ou derreteria. Lisla ainda não tinha ideia de onde estava, mas com certeza não era no Alaska. Era cedo ainda, por volta do meio-dia, o sol queimava forte nas ruas de pedra estreitas e logo ela se desfez da touca que usava. Ela andava pelas calçadas procurando por alguma placa que lhe dissesse onde estava, mas novamente, só via palavras em uma língua estranha. Quando ela estava na frente do que parecia um restaurante, o objeto que ela tanto tinha esquecido deu sinal de vida tocando Taylor Swift no volume máximo.

Seu celular.

Ela enfiou a mão no bolso quase em um piscar de olhos, levemente atordoada com a sua própria estupidez. Por que diabos ela não se livrou do celular antes? A facilidade com que seu pai poderia lhe achar não poderia ser medida agora, mas para a sua sorte o nome que apareceu no identificador de chamadas era um pouco menos suspeito. Um pouco.

Pepper Potts

Sua madrasta em um futuro quase perfeito. Pepper era a secretária loira do seu pai e uma das melhores pessoas que Lisla já conheceu, ela praticamente a criou nos dias que ela passava em Malibu, sempre com seus ternos e sorrisos gentis. Lisla sempre preferiu passar tempo com Pepper em vez de com Tony. Não era uma surpresa que a mulher estivesse lhe ligando.

–Alõ, Pepper? - Usou a voz mais inocente que conseguiu, Pepper era esperta o suficiente para desconfiar de algo, o jeito era esconder desde o começo.

– 14 horas sem notícias, me diga, sem hesitar que você não está na casa de um desconhecido de ressaca, Lis, eu não consigo aguentar dois Tony Stark - Lisla mordeu o interior da bochecha para impedi-la de dar uma resposta impulsiva, teria que despistar Pepper.

– Ah, não. Eu acabei dormindo na casa de uma amiga… Olive, lembra dela, uma ruiva? - Seu tom despreocupado parecia real e ela quase riu ao mencionar Olive, que nem existia, mas Pepper provavelmente não se deu o trabalho de decorar os rostos de todas as suas amigas.

– Bom, quando você volta? Não quero ter que explicar para o Tony o que você estava fazendo, você ainda está com raiva dele? - Lisla mordeu a bochecha novamente, mas agora para evitar um comentário amargo. Como se ele ligasse. Soltou uma risadinha sem humor.

– Eu vou voltar para casa da minha avó, Pep - Falou baixinho, voltando a andar pelas ruas vazias. Acredite, Pepper, não questione.

– O que? - A voz de Pepper não saiu estridente como seria a reação da maioria, não era do feitio dela, mas Lisla sabia que ela estava desconcertada.

– Faz tempo que não a vejo, é uma boa hora para visitá-la, sabe, agora que terminei a escola - A mentira saiu mais fácil agora, com detalhes.

– Entendo, não quer falar com Tony antes? - Eu quero fugir dele, Pepper.

Acho que não precisa…eu mando mensagem depois… - As perguntas dela estavam lhe deixando nervosa - Ah, olha, Emília chegou, tchau Pepper.

Emilia? Droga!

Ela respirou fundo por dois segundos, olhos arregalados com o seu próprio deslize. E, por impulso, jogou o celular no chão, pisando em cima em seguida, com força, até ter certeza que esse aparelho nunca voltaria a pegar.

Como seguir em frente depois de uma dessas? Um passo de cada vez, Lisla.Respirou fundo, pegou os restos do seu celular e voltou a andar, decidida a se organizar por completo. Tinha conseguido escapar da Califórnia sem dar notícias a ninguém, tinha um álibi com Pepper, se ela não pegasse seu deslize em relação a amiga que nunca existiu, mas e agora? Lisla tinha total consciência que não poderia vagar pelas ruas para sempre, apenas à espera que alguém lhe reconhecesse ou que morresse de fome antes. Descobrir onde estava era o melhor passo, e a mais óbvia se ela fosse sincera com ela mesma.

Ela voltou a andar, tinha quase certeza que já havia cruzado essa mesma rua, pelo menos umas três vezes, um dos bolos de uma vitrine lhe parecia vagamente familiar, mas não custava nada a procurar. Nenhuma placa em inglês, e nada que ela pudesse identificar como o nome de um país ou uma língua. O desespero começou a bater de novo, o arrependimento também e a vontade infantil de querer voltar para casa, onde tudo era mais fácil e tranquilo. Pare com esses pensamentos, não são saudáveis.

Suas esperanças foram alimentadas quando chegou no fim de uma das ruas, ela encontrou o primeiro humano desde a saída do aeroporto. Era um senhorzinho, calvo, que vestia um terno verde escuro e usado, quase derrubando uma maleta que carregava no braço direito, enquanto passava a mão na testa suada. Parecia um homem comum, que acabara de sair do trabalho e voltava para casa, um homem que você facilmente veria nos Estados Unidos. Mas e se ele não falasse a sua língua? Não. Era a sua chance. Talvez não tivesse outra em um bom tempo, a não ser que voltasse para o aeroporto.

– Senhor? Senhor? Teria um momento. - Chamou mais alto pela segunda vez, indo em direção à ele, que pareceu surpreso por ser intimado por uma garota estrangeira. Ele lhe deu um sorriso acolhedor, apenas para provar que ele estava lhe entendendo. Para seu alívio.

– Eu provavelmente vou fazer a pergunta mais estranho que o senhor vai ouvir na vida - Ela começou, apenas para ele dar uma risada, provavelmente não acreditando nela. Lisla deu um sorrisinho nervoso de volta, certa de que iria o surpreender - Onde estamos?

Os olhos pequenos dele se arregalaram, com certeza estranhando a pergunta, não que Lisla pudesse culpá-lo. Ele abriu a boca para responder, mas voltou a fechá-la.

– Estamos… estamos… -

– Eu quis dizer em que país! - Agora ele deu um passo discreto para trás, e isso despertou a curiosidade dela. Por que ele estaria desconfiado dela, será que estavam em um país tumultuado? Onde ninguém podia confiar em ninguém? Esperava que não. Lisla não tinha uma armadura como seu pai. Ela podia ver que o homem estava mesmo desconfiado dela, então resolveu explicar - É que eu peguei o avião errado, preciso saber em que país eu estou para poder voltar para casa.

Ele voltou a relaxar, ela se transformou em apenas uma adolescente inocente de novo.

————

–Ah, querida, estamos em Sokovia, de onde você era, provavelmente nunca ouviu falar daqui - a voz dele soava quase melancólica, como se apesar de sentir orgulho do país, quase sentisse pena dela por ter parado ali.

Sokovia? Onde diabos ficava Sokovia? Isso ao menos existia?

Lisla avaliou o rosto do homem, procurando sinais de que ele estava tirando onda da cara dela, sabia que era bem fácil de isso acontecer com jovens perdidos, por diabos, seu pai provavelmente seria um desses que não perderia a piada. Mas ele parecia sincero o suficiente para ela voltar a ser simpática, para arrancar o máximo de informações possíveis.

–Eu sou dos Estados Unidos, e para ser sincera, nunca tinha ouvido mesmo - Ela soltou uma risadinha com a última frase, e o senhor a acompanhou. Lisla não queria segurar muito o homem, tinha certeza que ele tinha uma esposa e filhos para encontrar, ela podia ver a aliança dourada à distância, então tratou de prosseguir com o assunto. - Que língua vocês falam por aqui? Só para o caso de eu precisar acionar o Google Tradutor.

– Russo, mas creio que boa parte fale o inglês decentemente, se você não se importar com o sotaque, claro.

– Tenho certeza que não vou me incomodar, o senhor por exemplo, quase não tem um - Claro que era uma mentira, era quase difícil de compreender o que ele falava na maior parte das vezes, o sotaque que agora ela reconhecia como russo era carregado até na forma em como ele pronunciava o Eu. Mas o falso elogio pareceu alegrá-lo - Uma última coisa, tenho certeza que o senhor tem coisas mais interessantes para fazer além de conversar com uma estrangeira. Onde posso achar um hotel?

– Um… O que? - Tropeçou nas palavras.

– Um hotel, uma pousada, algo assim - Explicou, gesticulando para ver se ele entendia. Não que ela pudesse culpá-lo, tivera uma conversa completa com ele sem tropeçar em nenhuma palavra.

– Pelo jeito nós que teremos problemas com seu sotaque - riu alto e Lisla mordeu o interior da bochecha, estava virando quase um hábito agora, ela tinha certeza que sabia falar sua língua perfeitamente. Ela ainda tinha o sotaque de New York, onde estudou em vez de pegar o desleixado sotaque da Califórnia, graças a Deus. Ela rapidamente evitou o comentário e permaneceu com um semblante simpático, à espera da resposta

– Está vendo aquele prédio azul? - Ele a puxou pelo braço a virando na direção certa, onde um prédio de mais ou menos 5 andares se destacava - Ali fica o hotel mais próximo, é muito bom, diga-se de passagem, tenho certeza que conseguirá conforto.

– Muito obrigada, de verdade - Ela agradeceu, afinal Pepper lhe ensinará bons modos e o homem seguiu seu caminho, entrando em uma das ruas para enfim desaparecer de sua vista.

–––-

O prédio não parecia muita coisa agora que ela chegou mais perto, ele passaria despercebido por completo em New York, disso ela tinha certeza. O prédio era antigo pois a pintura azul estava descascando, as janelas eram fechadas e não tinham grandes varandas como as dos hotéis que Lisla estava acostumada, mas parecia limpo e seguro. Não era um hotel cinco estrelas, na verdade apenas a placa com letras neon que formavam uma palavra russa que provavelmente era o nome do hotel lhe confirmava que se tratava de verdade de um hotel, pois senão ela confundiria o prédio com qualquer outro. A entrada era aconchegante, enfeitada com vasos de flores e móveis de madeira escura, com um tapete listrado estendido desde a calçada até o interior do prédio.

Lisla não hesitou ao entrar, seus tênis sujaram o tapete de terra mas ela se importou em limpar, seguiu reto para a bancada, com mais um de seus sorrisos no rosto. A recepcionista era uma mulher de meia idade, com cabelos escuros e presos em um coque, maquiagem no rosto e batom vermelho nos lábios que definitivamente não combinavam com seu suéter verde escuro e lenço com a mesma estampa do tapete da entrada, o padrão do hotel, talvez? Ela estava mexendo em alguma coisa no celular antes de avistar Lisla e falar alguma coisa em russo. A garota acenou com a cabeça dizendo que não estava entendendo.

Eu definitivamente preciso aprender a falar russo, isso está ficando chato.

– No que posso ajudar, senhorita? - Sua pronúncia era relativamente melhor que o homem com quem Lisla havia falado, muito provável por ser recepcionista. Ela sorriu simpaticamente, mas de forma mecânica. Lisla fez o mesmo.

– Vocês teriam um quarto vago? - Lisla estava levemente envergonhada com sua falta de conhecimentos na área de reservar um quarto, mas em sua defesa quem sempre fazia isso era Pepper. A recepcionista desviou o olhar rapidamente para o computador à sua frente, buscando o que ela havia pedido.

– Sim, boa parte de nossos quartos estão vagos, tem preferência por algum andar? - Perguntou educadamente, e Lisla ia responder que não, mas segurou a língua no último momento. Você é uma fugitiva, Lisla, tem que começar a pensar de forma diferente.

– Os andares mais baixos, por favor. - Mais fácil de escapar caso me encontrem.

– Seu nome, por favor? - Essa era a parte complicada, se ela respondesse a verdade era muito provável que a recepcionista não acreditasse ou então a mandasse de volta para Os Estados Unidos. Você queria ser outra pessoa, então seja.

– Lisla Price - Puxou o único documento com esse nome, a identidade que tirou quando ainda morava com a avó, sabia que aquilo viria a calhar. Segurou a respiração enquanto a recepcionista analisava o documento, o coração acelerado esperando ela cair na mentira.

– Prontinho, quarto 113, nesse mesmo andar, é só seguir por aquele corredor, gostaria que alguém carregasse suas malas? - Lisla suspirou, até que fora fácil. Pegou as chaves que lhe foi entregue.

– Não, eu consigo levá-las sozinha, obrigada. - Não era que ela estava levando uma armadura contrabandeada da bolsa, mas não parecia certo deixar seus únicos bens na mão de desconhecidos, especialmente quando ela se sentia tão nervosa e ansiosa por estar em um país diferente, ela sempre foi uma pessoa desconfiada, mas sua atual situação elevava isso ao extremo.

—-

Lisla conseguiu descansar completamente pela primeira vez em dias.

A cama do hotel era confortável, mas sua última experiência com o sono foi em uma cadeira de avião, com uma criança pequena e espanhola chorando bem ao seu lado. Era completamente relaxante voltar a dormir na horizontal. Como prometido pela fachada, o hotel não era dos mais luxuosos que ela tanto ficara durante a vida, Tony Stark não ficava em nenhum lugar se não o melhor e ela era arrastada junto com ele, era um quarto pequeno e aconchegante, sensação dada pelo piso de madeira, tons avermelhados nos móveis, cortinas de um tecido leve que Lisla como não conhecedora de tecidos nunca poderia adivinhar. O quarto era preenchido pela cama, um guarda-roupa e um frigobar branco, pouco, mas suficiente para Lisla.

Mimada e infantil Lisla Stark poderia achar que era simples demais, mas Lisla Price não tem um pai bilionário.

Lisla não admitiria a ninguém, mas ela estava se divertindo com Lisla Price, ela parecia uma garota mais correta, ou idealizada como uma, e parecia mais… ela. Em sua essência, Lisla Price era muito mais Lisla do que Lisla Stark, ou assim, ela gostava de pensar, pois era mais fácil separar as duas Lisla, quando provavelmente elas eram uma pessoa só, seus defeitos e qualidades misturados, formando uma bomba relógio de carne e osso que causava mais estrago do que explodir. Sim, talvez Lisla Price e Lisla Stark sejam a mesma pessoa, mas eu preciso que elas sejam diferentes. Preciso.

Lisla Price era a liberdade, ela não tinha cordões sobre ela. Nenhuma pressão, ninguém para se decepcionar com algo de errado, porque Lisla Price não tinha ninguém. E as vezes isso era uma coisa boa.

Mas Lisla Price também não tinha ninguém que lhe sustentasse, e apesar de não gostar de que sua personagem utópica tivesse problemas, Lisla não podia negar esse problema. Como se manter em Sokovia, pois se quisesse realmente se libertar dos Stark, teria que se libertar do dinheiro dele também. Arrumar um emprego por aqui? Começar uma vida do começo? Literalmente? Qual seria a sua história? Tinha que planejar tudo com calma, divagar deitada em uma cama de hotel não estava ajudando, nenhuma ideia surgia.

Ela se levantou de debaixo dos lençóis, sendo atacada pelo vento frio que vinha da janela, uma surpresa, pois estava quente no dia anterior. Até o clima daqui é imprevisível. Respirou fundo, deixando seus pés tocarem a madeira fria do chão, andando até a varanda. Essa sua falta de criatividade estava lhe deixando ansiosa, como o costume. Ela sempre foi boa em inventar mentiras e sair de situações quase impossíveis apenas com a sua lábia, mas agora nada saia. Passou as mãos nos cabelos em sinal de frustração. Vamos, cérebro, pense.

Era melhor apagar tudo, explicar sua falta de contato com sua família, ou assim ela esperava, com uma morte. Órfã, pais mortos na Batalha de New York, um evento real e famoso causaria mais comoção, mas também seria fácil de ser desmascarada. Não dê motivos para eles desconfiarem, atue, Lisla. Mas por que ela estaria em Sokovia? Ai vem a parte fácil, garota órfã e de luto foge da realidade subindo no primeiro avião que ela encontra, caindo milagrosamente em Sokovia. Quando a mentira é apenas uma verdade destorcida tudo fica mais fácil.

Sokovia até parecia bonita ao nascer do sol, apesar de não ter pego um dos melhores ângulos, a vista era agradável. Nada parecia com New York, ou mesmo Malibu. A arquitetura era diferente, a aura do lugar era diferente, New York passava uma aura de oportunidade e agitação, enquanto Sokovia era assustadoramente deserta, como se segurasse o fôlego esperando a próxima tempestade.

É realmente nesse lugar que eu quero recomeçar a minha vida?


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Notas finais do capítulo

Ah, aviso final, caso queiram ver como eu imagino os personagens é só seguir o meu tumblr: dearmarvelgot.tumblr.com; estarei postando fotos e comentando também, além dos reviews aqui, podemos bater um papo por lá.Lembrem de comentar o que gostaram.- Black



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