Depois de longas conversas, eu e Scott caminhamos para o lado de trás da casa, onde tinha uma vista perfeita da cede da Caridade. O sol estava indo embora, uma paisagem que acalmava e relaxava após um dia cheio de tragédias e guerras. Entrelacei minha mão na de Scott e paramos em um canto , embaixo de uma árvore enorme com poucas folhas. Parecia que eu estava ali apenas visitando os meus pais, e logo voltaríamos para a cede e continuar nossa rotina de habilidoso, mas não. Era difícil de aceitar o que estava acontecendo em nossas vidas, no nosso país.
Passou pela minha cabeça nesses poucos minutos de silêncio entre mim e ele, de como seria se outra menina conquistasse o coração de Scott, o que ela faria no meu lugar? Seria corajosa e destemida como eu? Ou seria fraca e medrosa para suportar tudo isso? Sinceramente, não tenho ideia. Só sei que eu fui privilegiada por ter ele como companheiro e amigo, mesmo com discussões bobas e momentos bons. Ele era a pessoa certa para mim, e eu para ele. Não o abandonaria de modo algum, eu precisava dele mesmo que esteja sofrendo mais. Não me apaixonei por um príncipe, mas sim por um homem maravilhoso que é, e sim, admito mais uma vez, eu amo Scott Roberts.

– Como está se sentindo? - ele perguntou acariciando meu rosto. - Não queria te colocar nessa situação.
Naquele momento não o respondi, o puxei mais para mim e o beijei. Sentia que todo aquele peso saía cada vez que eu estava com ele, e seu beijo me deixava tranquila e segura.
– Estou bem, agora. - sussurrei e vi um sorriso nele. - O que vamos fazer?
– Esperar um pouco, Joseph depois de hoje, não reinará mais.

***
Duas semanas se passaram, eu e Megan estávamos ajudando minha mãe na cozinha, e os meninos carregando caixas na Caridade.
Alguém bateu desesperadamente na porta e fui atendê-lo.
Era um soldado oficial.
– Preciso falar com Natalie Johnson e Scott Roberts.
– Eu sou a Natalie.
– Vocês não estão vendo os noticiários? O povo precisa de um novo rei, e eu sei que Scott Roberts é o verdadeiro príncipe.
Congelei, meu coração estava a mil.
– E Philipe?
– Foi preso logo após o pai. - o soldado respondeu. - Ah, e enquanto Anna, não se preocupe, ela está bem.
– Como sabe de tudo isso?
– Não se lembra de mim? Sou Thomas, amigo de Scott. - sorriu.
Ergui a sombrancelha.
– Thomas, o soldado que nos ajudou a escapar do palácio.
– Sim, eu mesmo. Precisamos de vocês urgentemente, amanhã. O país irá votar e decidir se Scott governará.

Levantei e saí até os jardins da casa. O vento estava um pouco forte, mas era bom.
Scott estava lá, com um terno azul escuro e um sorriso estampado em seu rosto. Seus olhos brilhavam e pude notar que somente uma coisa competia com este brilho; sua coroa.
Sorri.
– Perdi a coroação?
Ele não me respondeu, permanecia da mesma forma.
Scott estendeu e vi uma aliança em sua mão.
Olhei a minha e não havia nada.
Uma mulher morena caminhou até Scott e segurou sua mão. Se colocou ao seu lado e pude notar sua tiara.
– Minha rainha. - sussurrou Scott.
Não...
– Não! - gritei.
Senti mãos me segurando o que me deixou mais aflita. Tentei me soltar, mas foi inútil.
– Ei, ei... Calma. Natalie!
Era a voz de Scott.
Me acalmei e senti algumas lágrimas escaparem. Ele me abraçou e sussurrava que fora só um sonho. Parecia tão real, a sensação de perdê-lo não me fez bem. Nada bem.
– Está tudo bem.-
Scott secou meu rosto e eu me acalmei.
– Foi tão ruim?

Assenti.
– Não tinha... Nunca cogitei isso. É... Péssimo.

Ele franziu a testa.
– No sonho, eu não fui a rainha. Mas não foi isso que me deixou mal... Você era o rei.
Scott entendeu.
– Como no xadrez; não existe rei sem rainha. Não existe Scott Roberts sem Natalie Johnson.
O beijei.
– Sabe como deixar uma garota sem palavras.
– Eu tento. - brincou.
– Certo, você não tem um país para cuidar?
– Ainda não fui "eleito".
– Nem vai se não for ao palácio.
Ele levantou me levando consigo e tentamos ir o mais rápido para o palácio.

Antes de sairmos, não coloquei um vestidinho ou algum traje de gala, e sim meu uniforme de habilidosa. Scott colocou um terno preto e ri quando o vi.
– O que foi? - ele deu uma voltinha.
– Nada. - tampei a boca. - Bem, só um pouco estranho e muito elegante.
Ele sorriu também.

Todos nós nos encontramos na sala, estávamos prontos. A Caridade e os passistas iriam conosco. Uma grande multidão tomou o trem, em poucos minutos chegamos no jardim central da Política.
Todos os grupos se posicionaram e Scott e eu subimos no enorme palco aberto.
– Pai? - Scott disse.
– Scott, meu filho. - o senhor James Roberts estava lá e veio cumprimentar o filho, mesmo contra a vontade de Scott. - Estou torcendo por você.
Os dois fizeram uma pequena reverência e voltei a ficar ao lado dele.
Um outro governador subiu no púlpito e deu duas batidinhas no microfone antes de falar.
– Boa tarde! Sejam bem vindos. Estamos hoje aqui para anunciar uma importantíssima votação.
Vi Scott nervoso, coloquei uma de minhas mãos em suas costas para acalmá-lo.
– Como todos já sabem de toda a verdade, precisamos decidir o futuro do nosso país e do mundo! Está aqui o nosso verdadeiro príncipe, Scott Roberts. - continuou e apontou para nós. - Vocês precisam escolher se ele herdará o trono, ou se o nosso país será governado por um responsável de cada grupo.
Quem ficou tensa agora fui eu. Tremia de nervoso e ansiedade. Olhava para uma multidão indecisa, foquei em meus pais que me davam um sinal de "vai ficar tudo bem".
– O príncipe Scott tomará a palavra.
Scott caminhou firme até o microfone.
– Como todos sabem, eu sou o príncipe. Mas o que não sabem é que eu nunca desejei me tornar rei, e foi por isso que me mudei para a habilidade. Mas Joseph não soube cuidar de seu povo, então precisávamos dar um jeito. Conheci uma pessoa maravilhosa nesses tempos atrás, uma companheira que poucos tem o privilégio de ter. - ele disse e lágrimas em mim brotavam. - Ela me ajudou e me deu força para suportar tudo, muitas coisas aconteceram na minha vida, e ela, a Natalie - Scott virou para mim. - esteve comigo sempre. E como o nosso país precisa de um novo rei, quero que saibam que eu farei o possível para deixar tudo em ordem e ajudá-los, prometo que tentarei fazer de tudo por um reinado justo. Obrigado.
As palmas e gritos começaram, senti um orgulho tão grande, que não cabia no peito. Scott veio até mim e me deu um beijo na testa.
O vice governador tomou a palavra novamente ordenando que todos se dividissem em filas para votar. E assim fizeram.

Três horas mais tarde, já tinham o resultado em mãos e todos, principalmente Scott estava esperando ansiosamente pelo resultado.