O que foi um caminho longo pelo fato de ser longe da cede dos habilidosos.

Descemos e o guiei até minha casa. Eram uma das primeiras, não deu muito trabalho chegar nela.

A porta não estava trancada, então entrei sem bater.

– Falta de educação entrar sem bater.

Revirei os olhos.

– Estava aberta, Scott. E eu moro aqui!

– Morava.

Entrei na cozinha e minha mãe estava de frente para a pia cortando algo, enquanto papai estava na mesa rindo.

– Bonito... Devia ajudá-la ao invés de rir. - disse cruzando os braços.

Ele olhou para trás e assim que me viu levantou e veio até mim.

O abracei tão forte o quanto pude. Mamãe virou e sorriu quando me viu.

Ele me largou e direcionou o olhar para algo atrás de mim. Scott.

– Ah... Sim, esse é Scott.

– Scott? Não me é estranho o nome... - disse minha mãe enquanto tirava o avental e se aproximava.

– Scott Roberts. - respondeu o mesmo. Mas era claro em sua voz que ele não gosta muito do título.

– É um prazer receber o filho de um importante político em minha humilde casa. - minha mãe sorriu e o cumprimentou.

– Sou um habilidoso agora, senhora Johnson. - ele sorriu de volta.

– Venham, sentem-se aqui. - disse meu pai.

Nos sentamos.

– Como estão as coisas por lá Natalie ? - minha mãe perguntou voltando a preparar alguma coisa para comer.

– Tirando o ataque dos rebeldes ontem e Ethan, está tudo bem.

– Ataque ? Como não fiquei sabendo ainda ? - ela perguntou.

– Não deve ter passado no noticiário ainda mãe. Mas foi horrível. - eu queria esconder a minha aflição e arrependimento no que fiz no ataque, mas eu precisava me manter calma. - Está tudo em ordem agora.

– Sabe o quanto fico preocupado dia e noite com você longe de casa e se arriscando ? - disse meu pai.

– Não se preocupe com ela, Natalie é uma ótima habilidosa e sabe se proteger, e prometo que não deixarei acontecer nada com ela. - Scott interferiu e colocou seu braço envolta das minhas costas. Meus pais se entreolharam e eu fiquei com as bochechas fervendo. Fingi uma tosse e ele tirou seu braço de mim.

– Tem algo para me contar que eu ainda não estou sabendo? - meu pai franziu a testa e eu segurei uma risada.

– Não pai. - eu sabia no que ele estava se referindo, mas resolvi não contar nada sobre mim e Scott, até porque não temos nada sério. - Que cheirinho bom. - fechei os olhos e tentei respirar mais o aroma.

– Nossa! Os biscoitos estão queimando. - minha mãe abriu o forno de microondas e os tirou.

– São os meus preferidos, estava com saudades disso. - levantei indo em sua direção. Os dois foram para a sala conversar, e fiquei com medo do que iria sair pela boca de Scott.

Peguei um biscoito e comi, queimei a língua. Fiz careta.

– Ai! - coloquei a língua para fora e minha mãe sorriu.

– Natalie. - ela olhou para onde eles estavam, se certificando de que não iriam ouvir e chegou mais perto. - Pode confiar em mim.

A olhei sem entender.

– Eu confio mãe, o que quer saber ?

– Você e o filho de James Roberts estão...

– Mãe! - sussurrei.

– Isso é um sim ou não? - ergueu a sombrancelha.

– Isso é um não... sei. - desviei o olhar, mas percebi o sorriso em seu rosto, ela enxugou as mãos e me abraçou.

– Minha menina está crescendo.

– Por favor, não me faça chorar. Eu te amo.

– Eu também te amo filha.

Chamamos Scott e meu pai para tomarmos café juntos. Ficamos mais um tempo conversando e logo me despedi deles, antes que Ethan acorde.

Saimos da minha casa e chegamos perto do trem.

– Quero saber o que vocês dois tanto conversaram.

– Nada de mais. - ele me olhou de lado e sorriu.

Franzi a testa e lhe dei um empurrão.

Entramos no trem e estava vazio, apenas na companhia de algumas tralhas.

O trem balançou por conta da velocidade e eu me segurei em Scott.

Olhei em seus olhos, estavam escuros, o que só os deixavam mais lindos. Sempre adorei os olhos de Scott.

Ele me puxou para longe da porta do trem, evitando que eu caisse. Pôs os braços em volta da minha cintura e beijou minha testa. Aquilo deveria me fazer recuar, mas ao invés disso eu queria mais. Mais dele, se possível.

Pus a mão em seu rosto e o puxei para mim, odeio admitir, mas senti falta disso. Suas mãos acariciavam minha cintura me causando arrepio.

Ele quebrou o beijo, sorriu e me deu um selinho.

– Achei que levaria semanas para você me beijar outra vez. - sussurrou e riu.

Bati no seu peito em protesto pela piadinha sem graça.

Scott suspirou.

– O que foi ? - perguntei, ainda estávamos bem próximos.

– Queria ver Anna de novo, não sinto segurança com ela no palácio.

– Mas é seguro lá, o palácio é cercado por guardas, soldados e alguns habilidosos.

– Não é desse tipo de segurança, não confio em Philipe.

– Qual é o problema de vocês dois ?

Ele desviou o olhar.

– Vem, estamos chegando. - ele pegou na minha mão e saltamos.

Chegamos na cede e Ethan apareceu com uma flecha, ele jogou em mim e eu desviei.

– Você é louco ? - Scott ia avançar em Ethan, mas eu o impedi.

– Eu os liberei ? Não me lembro disso. - Ethan falou.

– Fui visitar os meus pais.

– Sem a minha ordem ?

– Me deixe em paz! - sai andando, empurrei Ethan e fui para o meu quarto, Scott me seguiu.

Bufei.

– É melhor você ficar calma.

– Calma ? Não me manda ficar calma.

Ele fez um gesto de rendição com as mãos.

– Vou me arrumar, vai ficar aqui me olhando? - coloquei a mão na cintura.

Scott sorriu e saiu do quarto.

Cheguei no refeitório sozinha, sentei na companhia de Eric e Cam.

Olhei para a porta, vi Scott e Mike entrarem. Scott deu um beijo na minha bochecha e se sentou, Mike veio até mim e me entregou uma carta.

– Mandaram para você. - Mike disse e foi para a fila.

Abri a carta.

" Natalie,

Eu sei que conversamos pouco e quero ter a oportunidade de nos encontrar outra vez.

A convido para um passeio pelo palácio amanhã, ficarei grato se aceitar.

Príncipe Philipe. "

Arregalei os olhos.

– Deixe-me ver. - Scott falou e pegou o papel da minha mão e começou a ler. - Você vai ? - ele ergueu a sombrancelha.

– Não sei. Mas seria uma boa, você poderia ir comigo e ver Anna.

Ele riu.

– Está de brincadeira? Eu não quero você perto dele.

– Ciúmes? - sussurrei para que os outros não ouvissem.

– Preciso mesmo responder? - ele ergueu a sobrancelha de novo.

Ri.

– Certo, compreensivo. - peguei o papel de volta. - Mas eu vou, e você também.

Puxei a caneta da mão de Cam.

"Aceitarei. Mas leve Anna Roberts com você. Por favor.

Natalie Johnson"

– Dê a Phil. - entreguei o papel para Mike e devolvi a caneta para Cam.

– Phil? Que intimidade é essa? - perguntou Scott.

– Scott... Vamos esclarecer as coisas. Certo?

– Estou a disposição.

Cam e Eric prestaram sua atenção a nós dois.

– Eu só beijei você, Philipe não. Eu não vejo Phil como vejo você. Não há necessidade dessa birra! Entendeu?

– Sim professora!

Não gostei do seu tom.

– Scott!

– Desculpa. Só... Esquece. - suspirou. Beijou minha cabeça e sorriu. - Sinto muito.

– Não se desculpe, não é necessário.

– Argh... Fiquei diabético. - brincou Cam.

Eric riu assim como Scott e eu.

***

No dia seguinte, me aprontei rápido e Scott já estava na porta me esperando. Vesti uma calça jeans preta, uma blusa preta com mangas e aberto nas costas, bota sem salto de cano curto.

Coloquei minha arma na cintura, não posso sair desarmada, nunca.

Ethan sabia que Scott iria comigo.

Pegamos o trem e Scott estava com uma cara nada boa.

Mas não disse nenhuma palavra. Ele ficou olhando para fora de costas para mim, aquilo me deixou irritada.

– Scott ?

– O que ?

Olhei para fora também e já estávamos chegando.

– Chegamos.

Ele revirou os olhos, não estava nenhum pouco tranquilo com a visita.

Entramos no palácio, passei pelo jardim e vi algumas selecionadas conversando.

– As meninas daqui são bonitas. - Scott disse.

A olhei franzindo a testa.

– O que foi ? Não vejo as meninas como vejo você. - ele riu. Senti um tom vingativo na sua frase.

Nos separamos, e fui encontrar Philipe.