Caminhos Tortos escrita por La Loca


Capítulo 2
Capítulo 2 - Minha irmãzinha




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Um ano depois que nós estávamos morando ali, muitas coisas mudaram. Eu me socializei com muitas pessoas na escola, inclusive com uma das garotas mais ricas da escola. É isso aí. O nome dela era Natasha Barcellos. Ela era muito estilosa, na verdade, sempre foi bonita também. Era um pouco arrogante e estressadinha, mas era uma boa pessoa. Ela chegou a fazer parte do clubinho das meninas que eu formei com todas as meninas que não suportavam o Leo e seus amigos ridículos. Mas o nosso grupo não girava só em volta do mundinho deles. Nós nos divertíamos juntas, fazíamos acampamentos, festas do pijama, dia da festa da Barbie... Essa última eu não gostava muito, até porque, como já disse, nunca gostei de bonecas. Mas tirando isso, eu amava estar com todas as minhas novas amigas. De todas as brincadeiras e festas que fazíamos, as melhores eram sempre as da casa da Natasha. No começo, eu era mais vista como a líder do grupo, mas quando a Natasha chegou eu passei a dividir a liderança com ela. Eu nem ligava, na verdade, até gostava, porque ela realmente era muito legal.

— Oi meninas. Quando vai ter acampamento e onde vai ser? Perguntou Sophia.

— Ah, eu não sei. O que acham de ser na minha casa? Aí a gente faz um pique nique no dia seguinte e toma banho de piscina. Sugeri.

— Ah, eu acho que na minha casa vai ser melhor. Aí a gente acampa no meu quarto, ver filmes, canta no karaokê, brinca com o meu jogo novo de dança... No dia seguinte a gente toma banho de piscina e faz pique nique. Disse a Natasha.

E todas preferiram a casa dela, pois aquele jogo de dança era o jogo do momento e todas as meninas queriam tê-lo.

— Esta bem. Então vejo vocês amanhã. Falei descendo da van.

— Mari. Disse a Natasha.

— Oi?

— Você ficou chateada com a escolha delas?

— É claro que não, Naty. Eu também quero muito ir à sua casa. Respondi sendo sincera.

— Hum... Tchau amiga. Disse ela acenando dentro da van.

— Tchau. Respondi acenando.

Eu fui até o portão, abri e entrei em casa. Assim que entrei achei muito estranho, pois minha mãe estava em casa, e o meu pai também.

— Oi mãe, oi pai... Está tudo bem? Perguntei sendo direta.

— Está sim filha. Sente aqui. Disse o meu pai apontando para o sofá.

Eu fui até lá e me sentei.

—Filha, temos uma notícia muito boa para te dar. Você vai ter um irmãozinho. Disse minha mãe alisando a barriga com os olhos brilhando de emoção.

— É sério mãe? Perguntei não acreditando, porque eu sempre quis e pedi para ter um irmão ou uma irmã. Nem sabia o que eu estava pedindo.

— É sério filha. Disse ela sorrindo.

— Mas é menino? Perguntei.

— Eu não sei ainda, a gente tem que esperar um pouco para saber isso, porque ainda não dar.

— Por quê? Perguntei cheia de curiosidade, sabe como é criança não é?!

— Porque ele ou ela é muito pequenininho, mas daqui a uns meses vamos saber o que é. Disse minha mãe tentando explicar.

— Estranho... Eu achei que já dava para saber. Respondi.

Os meses foram se passando, descobrimos que era uma menina e eu escolhi o nome de Amanda, porque era o nome da minha prima que eu mais era apegada de Minas. Minha mãe não gostou muito no início, mas com o tempo aceitou a ideia. Meus pais fizeram um quarto para ela, o decoraram todo cheio de coisinhas bonitinhas e rosa claro de bebês. Eu sempre ia ao quarto para olhar e admirar porque era muito bonito mesmo e, toda a vez que ia lá ficava cada vez mais ansiosa para ver a minha irmãzinha, se ela parecia comigo e tal.

Numa segunda feira, eu estava pronta para ir para a escola e fiquei esperando minha mãe na sala, pois ela estava prendendo o cabelo para me levar até o portão para esperar a van. A barriga dela estava enorme e ela estava linda. Meu pai estava na cozinha bebendo café e lendo jornal. Estava dando “As três espiãs demais” o meu desenho favorito na TV, quando ouvi um grito vindo do banheiro e era da minha mãe. Eu não entendi nada, mas fui correndo ver o que tinha acontecido. Assim que cheguei lá, minha mãe estava se segurando no meu pai e dizendo:

— É hoje Russo. Acho que ela vai nascer hoje.

Meu pai estava meio nervoso, pois não sabia o que fazer e minha mãe gritavam de dor.

— Calma... Vamos até o carro, vou te levar ao hospital. Disse ele a levando devagar até o seu carro.

Eu estava preocupada com a minha mãe, pois nunca tinha visto ela daquele jeito. “Por que a Amanda estava machucando a minha mãe?” Fiquei me perguntando mentalmente. Eles estavam tão nervosos que se esqueceram de mim. Então eu fui sozinha até o portão e a van estava lá me esperando.

— Bom dia Marina. Você demorou bastante hoje em. Disse o motorista.

— É eu sei. É que a minha mãe foi agora para o hospital, acho que minha irmã está machucando ela. Respondi. Caraca, eu era tão ingênua e engraçada, eu não sabia das coisas direito.

— Não Marina. A sua irmã não está machucando a sua mãe, ela está querendo nascer. Explicou o motorista.

— Mas por que a minha mãe está sentindo dor então? Perguntei.

— Ah... Por que... Sei lá Marina, depois você pergunta a ela. Disse o motorista não sabendo o que dizer. As crianças sempre fazem perguntas difíceis e deixam os adultos sem palavras, é incrível.

Cheguei a escola, tudo foi como sempre, as aulas foram tranquilas, eu sentei junto com o meu grupinho, o Leo junto com o dele, ficamos uns jogando bolinhas de papel no outro, mas quem começaram foram eles. A professora chegou e então paramos, no intervalo brincamos de polícia e ladrão, as meninas contra os meninos, como sempre. Mas neste dia eu não consegui brincar direito, pois ainda estava muito preocupada com a minha mãe. Então saí da brincadeira sem avisar nada a ninguém e fui até a secretária da escola. Quando cheguei à porta da secretaria o Leo me colou e começou a rir de mim e dizer:

— Otária! Te peguei.

— Mas eu não estou mais brincando. Respondi abrindo a porta.

— Mesmo assim te colei. Disse ele.

— E daí? Perguntei.

— E daí que você perdeu para mim. Disse ele cheio de si.

— É mesmo? Legal! Eu não me importo. Falei entrando na secretaria.

— Não? Perguntou ele estranhando.

— É claro que não, não agora que tenho coisas mais importantes para me importar. Respondi fechando a porta na cara dele.

— Marina, o que faz aqui lindinha? Perguntou a secretária.

— Ah, eu vim pedir para você ligar para o meu pai, por favor... E contei tudo o que aconteceu de manhã, mostrando estar realmente preocupada com o estado da minha mãe.

Ela ligou para o meu pai, que estava na sala de espera aguardando notícias de como minha mãe estava. Assim que ela desligou o telefone me disse isso e falou que minha mãe estava bem e que provavelmente minha irmã nasceria hoje e que era para eu ficar calma que tudo ia dar certo. Eu fiquei mais tranquila e fui continuar a brincadeira. As horas se passaram, eu fui para casa e minha avó de parte de mãe estava lá e disse que passaria uns dias comigo, me fazendo companhia. Eu não era muito próxima dela, apesar de ela ser uma ótima pessoa e muito agradável.

Uns três dias se passaram e meus pais chegaram em casa, minha mãe estava com a minha irmã nos braços e todos nossos familiares estavam em minha casa, tanto os de MG quanto os do Rio, pois estavam todos curiosos para saber como seria a nova integrante da família. Até os meus vizinhos, os pais do Leo e mais outros que se simpatizaram com os meus pais foram na minha casa ver a minha irmã. Eu fui correndo até a minha mãe e pedi para segurar a Amanda, pois queria ser a primeira de todos a segurá-la depois da minha mãe. Os mais velhos ficaram com medo de eu derrubá-la, mas minha mãe ficou apoiando suas mãos sobre as minhas, pois ela também tinha medo. Depois de um tempo fui brincar com os meus primos no quintal para matar a saudade deles, mas para estragar a brincadeira o meu primo chamou o Leo para brincar com a gente. Que saco! Ele ficou se fazendo de tímido, mas só eu conhecia bem essa peça. Eu fingi não ligar de ele participar da nossa brincadeira, mas teve um momento que não estava mais dando certo, até porque ele sempre arrumava um jeito de nós brigarmos na brincadeira, era impressionante. O meu pai e a mãe dele foi nos separar e a mãe dele disse:

— Vocês dois não mudam, não é mesmo? Até quando vão continuar com essas brigas frequentes?

— Ah é. Se continuar assim, no futuro isso vai dar em casamento. Disse o meu pai caçoando de nós dois.

— É claro que não. Que nojo! Eu não gosto dele. Falei fazendo cara de nojo.

— Eca! Eu nunca me casaria com essa maluca, metida a sabe tudo e mandona. Disse ele fazendo vômito.

— Seu nojento. Bradei.

— Sua tampinha! Bradou ele na minha cara.

— Seu gordo! Bradei mais alto na cara dele.

— Sua quatro olhos! Bradou ele.

— Parem com isso! ­— Exclamou a mãe dele o puxando pelo braço. — Venha Leo, vamos para casa! Você precisa aprender lidar com as pessoas antes de querer brincar com os outros.

— Mas mãe... Foi ela quem começou. Disse ele quase chorando.

— Não me interessa. Disse ela ainda o puxando.

O meu pai ficou me olhando seriamente e eu falei:

— O que foi pai?

— Você sabe muito bem o que é. Depois você vai pedir desculpas para ele. Disse ele.

— O quê? Nunca! Foi ele quem começou. Respondi.

— Não interessa, você vai fazer o que mandei e ponto. Disse o meu pai indo para dentro de casa.

Que saco! Por isso eu odiava aquele garoto, ele sempre teve o dom de acabar com a minha vida, a minha alegria e minha diversão... Como pode?

Os anos foram se passando, minha irmã foi crescendo, mas eu sempre ajudei a minha mãe a cuidar dela, eu ajudava a trocar as fraudas, dar banho, dar mamadeira, papinha, olhar ela dentro do berço, segurava quando precisava e quando eu queria também e etc... Eu acompanhei tudo dela, os primeiros passos, dentes e adivinhe o que ela falou primeiro?

“Nina”

Que linda! Eu amei a ouvir falar o meu nome primeiro. Pelo menos nas primeiras vezes, até porque depois de um tempo ela não parou mais e até hoje ela me enche o saco me chamando. Meus pais e, principalmente minha mãe ficou decepcionada em saber que ela não falou “mamãe” primeiro, pois ela ficava o tempo falando:

— Diga “mamãe”!

E eu só falei para ela repetir o meu nome umas três vezes. Meu pai nem ligou muito, na verdade até gostou.


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