Todos dias, em qualquer momento em que eu resolvesse virar a cabeça em sua direção lhe via sorrindo para o livro repousado na mesa ou colo, as vezes, para o nada, ou até então, para o caderno com atividades.

Independente da situação, ela estava lá, sorrindo. Sabia que ela era inteligente e atenta as coisas ao seu redor, sendo assim, sabia que ela sabia perfeitamente que as pessoas ao seu redor a odiavam.

Ela sabia que naquela sala, naquela escola, não tinha ninguém. Ela estava sozinha.

Sendo assim, porque sorria tanto?

Era um sorriso tão ameno que me irritava, me invejava. Porque alguém como ela que está sempre sozinha sorria com tanta facilidade e eu que estou cercada de amigas não consigo ter a mesma felicidade?

Por que ela é feliz e eu não?!

Claro, não era como se eu não sorrisse nunca, se fosse assim não teria tanta gente ao meu redor, nenhum rapaz me desejaria e nenhuma menina iria querer ser minha amiga. Não, claro que sorria.

Mas, não era feliz, não era um sorriso verdadeiro. Talvez quem me vissem sorrindo não duvidaria. Mas, ao ver o sorriso daquela menina teria certeza de que era verdadeiro.

A odiava. Deixava isso claro, mas não era bem que eu a odiasse, na verdade eu odiava unicamente a mim por não me aproximar.

Eu a invejava, mas sabia que na verdade gostaria de estar ali, ao lado dela, sendo o motivo de tantos sorrisos belos e amenos.

Nunca me aproximei dela, mesmo com anos de convivência em mesma sala, nunca troquei muitas palavras.

Hoje, o que eu mais me arrependo em minha época de escola era não ter ido até ela e dito:

"Hey, posso ser o motivo do seu sorriso?"