Descobrindo o amor escrita por Luana


Capítulo 1
Capítulo 1




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Anastásia abriu a carta que acabara de chegar da Espanha.

Notou que a letra forte e decidida no envelope não pertencia a seu pai.

Por um momento, imaginou de que a remetente era sua madrasta.

Lembrou-se então que a caligrafia de Consuelo era bastante diferente e muito feminina.

– De quem pode ser?- Perguntou-se ela.

Anastásia decidiu que precisava ler a carta para encontrar a resposta.

Ao terminar, voltou ao início e leu outra vez.

Qualquer pessoa que a visse naquele momento, saberia que havia levado um choque violento.

Finalmente, ela se sentou no banco sob a janela e fitou com olhar distante o jardim a sua frente.

Quase uma hora depois, a porta se abriu e Katherine, irmã de Anastásia, entrou na sala.

Ela estava adorável, os cabelos loiros emoldurando seu belo rosto ligeiramente corado.

Seus olhos verdes tinham a mesma cor da esmeralda.

Katherine era tão bonita que parecia ter descido do paraíso.

–Fiz uma cavalgada maravilhosa, Ana!- Ela exclamou.- Fui até Beacon e não havia vivalma por lá.

Como sua irmã não respondeu, Katherine aproximou-se um pouco mais.

– O que aconteceu?

– Recebi... uma carta... Da Espanha – Anastásia replicou.- Por favor, sente-se, Katherine.

– De papai? – Katherine inquiriu.- E por que isso deveria aborrecê-la?

A irmã de Anastásia sentou-se mais próxima à janela e seus cabelos cintilaram ainda mais à luz do dia.

–É uma carta... – Anastásia começou devagar- Da polícia de Barcelona.

– Da polícia? – Katherine exclamou, assustada.- O que aconteceu a papai?

Anastásia conteve a respiração.

– Papai... morreu – ela respondeu, afinal – Consuelo também.

Katherine limitou-se a fitar a irmã sem dizer nada.

Após um momento, indagou com a voz incerta:

– Você disse...morreu?

– Sim. Segundo esta carta da polícia, papai e Consuelo estavam em uma viagem de Barcelona para a França e uma tempestade súbita abateu-se sobre o navio que eles estavam e acabou batendo em um navio muito maior e ... com o impacto acabou afundando. Conseguiram resgatar quase todos os corpos... e o de papai e Consuelo estavam entre eles... afogados. Ninguém sobreviveu.

A voz de Anastásia soava bastante estranha, como se fosse muito difícil proferir as palavras.

Katherine cobriu os olhos com as mãos.

– Oh, pobre papai! Como ele pôde se afastar tanto assim da gente?

– Achei difícil acreditar também - Anastásia comentou. - Leia a carta você mesma. Está em espanhol.

– Sabe muito bem que meu espanhol não é tão bom quanto o seu – Katherine reclamou. – Por favor, diga o que está escrito.

– Como já lhe contei – Anastásia replicou – papai e Consuelo estavam em uma viagem de Barcelona para a França. Ambos se afogaram após o acidente e a polícia levou algum tempo para descobrir quem era papai e quem poderia contatar para informar sobre a tragédia.

Anastásia olhou para a carta que tinha nas mãos e prosseguiu:

– Na verdade, foi só depois de terem lido a carta que enviamos que descobriram o endereço de papai.

– Então a polícia escreveu a carta para você – Katherine concluiu. – Quando...tudo aconteceu?

– É difícil acreditar, mas foi há um mês – Anastácia respondeu com pesar.

– Por que levaram tanto tempo para nos informar?

Por um momento, Anastásia nada disse. Então com a voz embargada pela dor, comentou.

– É terrível imaginar que, enquanto nos divertíamos, papai já estava morto.

Um novo silêncio se seguiu. Depois de algum tempo Katherine observou: - Mas... ele não se preocupou muito com a gente depois de seu casamento com...Consuelo.

Havia um tom de amargura na voz da menina que não passou despercebido a sua irmã.

Katherine levantou-se da cadeira e aproximou-se de Anastásia envolvendo-a em seus braços.- Imagino como deve estar magoada – ela observou – pois sei o quanto papai significava para você. Mas sabe, tanto quanto eu, que perdemos papai depois que ele se casou com aquela espanhola.

Anastásia conteve a respiração.

– Tem razão – ela concordou – Aquela espanhola, como você mesma diz, mudou-o completamente. Parece que papai não viveu com o mesmo nome em Barcelona, o que significa que ele não desejava ser localizado por nenhum de seus amigos.

– Como ela conseguiu dominá-lo tanto assim? - Katherine indagou, completamente perdida.

Sua irmã não respondeu.

Dois anos mais velha que Katherine, ela sabia que a madrasta havia dominado seu pai inteiramente, fazendo dele um homem egoísta.

O pai de Anastásia havia ido para Barcelona, na esperança de esquecer a morte da esposa, sua adorada Carla. A casa onde viviam de repente se tornou insuportável.

– Vejo sua mãe em cada canto, eu me vejo chamando por ela quando entro pela porta de entrada e não consigo dormir à noite sem tê-la ao meu lado. – Ele confidencia para a filha mais velha.

Antes que o pai dissesse qualquer coisa, Anastásia já sabia o que viria a seguir.

– Tenho que ir embora daqui- resolveu o Sr. Raymond Steele – Preciso aprender a viver com a ausência de sua mãe, mas sei que aqui, nesta casa, acabarei enlouquecendo.

Havia uma amargura na voz dele, que Anastásia não teve dúvidas de que o pai falava a verdade.

– Tem razão papai. – ela respondeu – É melhor mesmo que se ausente por algum tempo, pois sei que quando voltar vai se sentir bem melhor.

Anastásia ajudou o pai a fazer as malas e Sr. Steele partiu no dia seguinte, sozinho.

Ela sabia que o pai tomara aquela decisão na intenção de esquecer o que sua casa significara durante anos.

Por ser mais velha que sua irmã e mais chegada ao pai, Sr. Steele lhe confidenciara que aproveitara muito a sua juventude . Ele tivera vários affaires, tendo se divertido em Londres e viajado por todo o continente.

Raymond Steele podia arcar com as despesas de todos os seus divertimentos e prazeres. Não tinha problemas financeiros. Possuía cavalos magníficos e uma boa plantação em sua fazenda.

Tinha ainda cavalos de raça que ganharam vários prêmios em corridas. Ele jogava pólo e era membro de dois clubes finíssimos.

Sem que seu pai dissesse, Anastásia já sabia que ele fora um homem muito bonito e admirado por várias mulheres de Londres.

Era um homem de posses e muito bem quisto pela sociedade londrina. Sempre se hospedava nas casas das famílias mais nobres nos vários países que visitava. Sua família era conhecida como uma das mais respeitadas e tradicionais de Londres. A rainha e o príncipe frequentemente convidavam-no para o castelo.

Mas sem que ninguém esperasse ele se apaixonou.

Anastásia sabia que sua mãe fora uma mulher belíssima, mas com pouca importância social.

Seu pai era um cavalheiro e nobre rural, porém, jamais sonhara em brilhar na sociedade em que vivia.

Após ter se apaixonado, seu caráter e personalidade sofreram uma mudança.

Ele comprou uma casa em uma pequena cidade nos arredores de Londres e se estabeleceu com a mulher que amava.

Esqueceu os amigos de noitadas , com quem convivera a maior parte do tempo em Londres. Seu único desapontamento, durante os anos que se seguiram ao casamento, foi o fato de não ter tido um filho.

Mas, sua única filha era lindíssima e adorável. Ele lhe deu o nome de Anastásia, o nome de sua querida avó. A menina era bem diferente da mãe, tinha cabelos negros, muito brilhantes. Seus olhos de um azul da cor do céu.

– Ela é linda , Carla, tenho certeza que foi um presente enviado dos céus. – Ele fala orgulhoso.

A segunda filha, Katherine., que nascera dois anos depois, lembrava bastante a mãe. Ela é muito bonita e gentil, o que fazia com que todos a amassem, como amavam sua mãe.

Anastásia é intensa e geniosa como seu pai.

Herdara dele a imaginação e inteligência aguçadas.

Sr. Steele ficou surpreso com as qualidades da filha e ambos se entendiam muito bem. Ele costumava conversar sobre quase todos os assuntos com a filha e ela o ouvia com atenção, coisa inimaginável na época.

Ele lhe falava que esperava que ela encontrasse um bom homem para adorá-la e amá-la e que estimulasse sua inteligência e sagacidade.

Ela guardou essas palavras, no coração, como guarda um tesouro e jamais se permitirá compartilhar uma vida, com um homem que não a valorize... E assim cresceu junto com sua irmã, num ambiente cercado de muito amor.

Mas aí veio a doença da mãe e o desespero do pai.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?