Um Gesto Fala Mais escrita por Echo


Capítulo 1
Cap. Único - Um Gesto Fala Mais




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Um Gesto Fala Mais – Capítulo Único

– Por Mary Chan –

– E então, ele concordou em aparecer no meu apartamento? – Shizuo perguntou, encarando seu chefe pelo canto do olho, sentindo-se um pouco intimidado pelos olhares que Tom lançava para si. Os dois fizeram uma pequena pausa, e agora, o moreno estava lá, sentado ao seu lado no balcão da cafeteria, apreciando com gosto uma xícara de café preto, mas mesmo assim, não conseguia evitar de lançar olhares curiosos – e maliciosos – ao loiro.

– Desculpe, Shizuo-San... – Mairu respondeu do outro lado da linha. Shizuo percebeu que a mais nova diminuía o tom de voz, mesmo que já estava sussurrando. Ás vezes, aumentava o tom de voz e falava coisas aleatórias. O loiro entendia o porquê. Ambas as gêmeas estavam no apartamento do irmão mais velho, e como os três – e mais Namie – planejaram, o moreno não deveria saber o motivo para que fosse até o apartamento do guarda-costas. – Mas o Iza-Nii quer saber o motivo, e ele já deixou bem claro que se nós não contarmos, ele não vai ir...

– Mas apenas para confirmar, vocês não disseram á ele o nosso plano, né?

– Não, Shizuo... – o guarda-costas reconheceu a voz calma de Kururi, a mais calminha das gêmeas. Shizuo suspirou, completamente aliviado. – Estamos fazendo o plano como o senhor nos pediu...

– Ainda bem. – o loiro murmurou, feliz por seu plano estar começando a dar certo. – E Yagiri-San? Está ajudando vocês?

– Sim! Namie está nos ajudando, mas... – a frase de Mairu pairou no ar, sendo cortada pelo silêncio. Um calafrio de medo percorreu o corpo do loiro, fazendo-o se arrepiar. – N-não fale besteiras, Suka-Chan! Todos sabem que o Tomiko-Kun não gosta de você! Não é mesmo, Kururi?!

– Tomiko-Kun não gosta de você, Suka-Chan...

– Viu, Suka-Chan?!

Shizuo voltou a respirar – nem percebeu em que momento havia prendido a respiração. Sorriu ao ver o claro desespero de Mairu. Izaya deveria ter entrado na cozinha, lugar onde as gêmeas estavam. Shizuo não conseguia parar de imaginar a cara de dúvida que o informante fazia quando entrava no cômodo e via as duas irmãs conversarem com "Suka-Chan", uma "colega de aula".

Tom, ao ver o sorriso que havia brotado nos lábios do outro, balançou a cabeça de um lado para o outro. O moreno não estava escutando a conversa, era particular e somente entre as gêmeas e o loiro, mas até que achava engraçado o jeito do loiro agir com as duas garotas mais novas. Os três até que se davam muito bem.

A conversa sobre Tomiko e seu não amor por Suka durou dois minutos e meio, até o silêncio permanecer por uma fração de segundos.

– Desculpe, Shizuo-San. Iza-Nii entrou na cozinha e demorou um pouco, acho que estava tentando descobrir o que estávamos falando. Mas ele já foi! – Mairu voltou a sussurrar. – Namie tentou convencer ele, mas você sabe como o Iza-Nii é...

– Iza-Nii já deixou bem claro que só vai ir se falarem o motivo. – Kururi completou a frase da irmã, com seu jeito calmo de sempre.

Shizuo rangeu os dentes, irritado. Izaya não era assim, não quando o assunto era Heiwajima Shizuo. Se fosse qualquer um, até entenderia, mas dessa vez, não era qualquer um. O guarda-costas estranhou o fato do amante estar se recusando á ir até o loiro. Aquilo não era normal. Orihara não precisava nem de um convite para se encontrar com o Heiwajima.

Suspirou, teria que tomar medidas drásticas. Despediu-se das gêmeas Orihara, e desligou o celular, guardando no bolso. Virou-se para Tom, que lhe encarava com um sorriso sacana, e sentiu-se extremamente incomodado com aquilo. Desde que contara ao chefe sobre o inicio do namoro com o informante de cabelos negros, o guarda-costas loiro havia virado um alvo para piadinhas de duplo sentido e olhares maliciosos de seu chefe. Shizuo não podia nem mais falar ao telefone que os olhares de Tom já começavam.

– Tom-San, será que eu posso sair mais cedo? – Shizuo perguntou ao moreno, torcendo para que o mesmo não começasse com a malícia.

Mas sua esperança foi completamente destruída.

– Claro, Shizuo. Pode deixar que eu dou conta do recado! – e era agora... – Mas o que houve, Shizuo? Aconteceu alguma coisa?

– Hoje é o aniversário do Izaya. – Shizuo respondeu, ainda encarando o moreno. Do que iria adiantar se escondesse isso? Tom já sabia do namoro do Heiwajima com o Orihara, então não teria que esconder tal novidade. Tom, com certeza, descobriria do mesmo jeito. – E eu preparei uma surpresa pra ele, mas esse verme decidiu não colaborar!

Tom apenas riu da raiva do outro homem. Para ele, o amor de Shizuo e Izaya era o mais complicado de todos. Não só complicado, mas o mais engraçado, também. O "eu te amo" dos dois eram apenas ameaças, e muito bem acompanhados de perseguições incansáveis pela cidade de Ikebukuro.

– Pode ir, Shizuo... Mas faça uma surpresa bem picante para o Izaya, tá?!

Shizuo crispou os lábios, levantando-se da cadeira e saindo do Café, deixando um Tom, que se matava de rir, para trás.

~X~

– Mas o que será que deu nas meninas para terem agido assim? – Izaya se perguntava enquanto terminava de digitar mais um relatório sobre a vida de um dos seus amados humanos. Já se passara alguns minutos desde que Namie e as gêmeas haviam ido embora, mas o Orihara mais velho ainda estava um pouco desconfiado com o comportamento das duas irmãs mais jovens. – Primeiro, elas tentam me convencer á ir até o apartamento do Shizu-Chan, depois ficaram grudadas no telefone, conversando com uma garota chamada Suka-Chan...

Izaya estava desconfiado, e muito. O que Shizuo tinha haver com uma colegas das gêmeas? Por que Namie também havia tentado a convence-lo a visitar o loiro? O que é que estava acontecendo?

Mas Orihara sorriu, estava começando a entender a jogada das gêmeas.

– Estranho... – Izaya continuava a falar consigo mesmo. – Yamaguchi Sukaki se mudou para Londres com a mãe depois do divorcio dos pais. Ela perdeu todos os contatos que tinha, principalmente o das minhas irmãs. Não é possível que ela tenha encontrado o número de Mairu e Kururi. – Izaya fez uma pequena pausa, mas ainda estava com um sorriso irônico nos lábios. – E as minhas queridas gêmeas fizeram questão de nunca mais entrar em contato com Sukaki-Chan...

O informante de cabelos negros sacou a jogada das mais novas: elas estavam escondendo algo dele. Mas mesmo assim, não conseguia entender onde o homem mais forte de Ikebukuro se encaixava naquela história. E por causa disso, o sorriso de Izaya desapareceu de seus lábios finos.

– Onde diabos o Shizu-Chan entra nessa história? – o informante se perguntava enquanto terminava de salvar o relatório em um pen-drive. – O que será que elas estão aprontando?

Izaya desistiu de tentar descobrir o que as gêmeas estavam tramando – no final das contas, os três Oriharas não eram tão diferentes assim. Desligou os computadores e se jogou para trás na cadeira, espreguiçando-se. Olhou o relógio, faltavam apenas quinze minutos pras sete, e mesmo sendo tão cedo, o informante de Shinjuku sentia todo o pesar do cansaço sobre si.

Mas aquele cansaço era muito bem recompensado quando o informante de cabelos negros conseguia tudo aquilo que mais queria de seus amados humanos.

Levantando-se da cadeira om a xícara de café em mãos, Izaya caminhou até a cozinha. Deixou a xícara de porcelana no balcão e deligou a cafeteira. Crispou os lábios ao ver que as gêmeas haviam esquecido de colocar o telefone no lugar. Aproximou-se do aparelho, que estava jogado encima da mesa, e o pegou em mãos. Em sua cabeça, Izaya estava em um conflito interno. Deveria ou não ligar para Shizuo?

Mordeu o lábio inferiror, em um puro e claro nervosismo.

Era incrível que Heiwajima Shizuo era o único que conseguia deixar Orihara Izaya assim.

Estava tão distraído que nem notou a porta do apartamento ser aberta e fechada. Estava tão distraído que nem havia notado que o visitante havia entrado na cozinha, e que agora, se aproximava de si. O informante só saiu de seu mundo quando sentiu braços fortes lhe abraçarem por trás, e o puxarem para perto de um corpo másculo e forte. O cheiro de tabaco invadiu as narinas do moreno. Orihara estremeceu, sentindo fortes calafrios subirem por seu corpo. Izaya conhecia muito bem aquele cheiro.

Virou-se para encarar o rosto de seu amado. Izaya deu de cara com o rosto de Shizuo. Os olhos castanhos-dourados do ex-barman estavam sérios, como sempre, mas portavam um brilho de carinho que fazia o moreno perder o fôlego, e até mesmo, um pouco do autocontrole que tinha.

– Shizu-Chan... – Izaya estava pronto para perguntar o por quê do guarda-costas estar ali, mas antes de sequer pensar, o dedo indicador de Heiwajima pousou em seus lábios finos e delicados, o silenciando.

– Feliz aniversário, Izaya. – Shizuo sussurrou, um sorriso doce surgindo em seus lábios. As pupilas do loiro se dilataram ao presenciarem o rosto pálido do informante começar a ficar rubro. Izaya estava corado!

Fofo, Shizuo pensou.

Shizuo depositou suas mãos no rosto vermelho do amado, uma de cada lado. Por instinto, os braços de Izaya rodearam o pescoço do loiro, e os dois foram se aproximando um do outro, bem lentamente, como se fosse uma cena de algum filme romântico.

Quando os lábios de ambos os homens finalmente se tocaram, foi quase que um alívio. Shizuo foi o primeiro a começar a se mexer. Sua língua explorava a boca de Izaya, sentindo o doce e inebriante gosto do moreno. Izaya deixava-se guiar pelos movimentos do loiro, enroscando sua língua á dele, aproveitando ao máximo as sensações que o outro lhe proporcionava.

Shizuo colocou Izaya sentado encima da mesa, e postou-se no meio de suas pernas, sem interromper o beijo. Heiwajima decidiu ser mais ousado. Desceu suas mãos para a cintura fina do outro, apertando-a com um pouco de força, e sua boca viajou até o pescoço do outro, distribuindo beijos e lambidas por toda aquela extensão tão branca. Orihara deixou um gemido de prazer escapar de seus lábios.

A pele tão branca e macia do amado implorava para ser marcada, o que Shizuo prontamente atendeu. As mordidas eram fracas, apenas no inicio, mas começavam a se transformar em chupões. Oh, com toda a certeza, eles ficariam ali, e por um bom tempo! Tudo que Izaya conseguia fazer era deixar gemidos baixos e roucos escaparem, e suas unhas finas passarem por cima da camisa e do colete de barman que o amado usava.

Calafrios de prazer percorriam o corpo de Izaya, o fazendo se arrepiar a cada toque que era depositado por sua pele. Sua pele parecia queimar. Porém, tudo aquilo fora interrompido pelo próprio loiro, que se afastou minimamente para encarar os olhos castanhos-avermelhados do informante.

– Eu fiz uma surpresa para você... – o loiro sussurrou, sentindo-se envergonhado por qualquer motivo que desconhecia. Izaya arregalou os olhos. Shizuo havia feito uma surpresa? E para ele? – Eu combinei com Mairu e Kururi, e até com Yagiri, para que tentassem te convencer á ir até o meu apartamento para receber o seu presente. – uma pequena pausa. – Mas, como sempre, você estragou a surpresa...

Izaya sentiu-se envergonhado, e completamente culpado. Havia desconfiado do loiro, e por consequência, acabando com as expectativas do mesmo. Pela primeira vez na vida, o moreno sentiu vontade de voltar no tempo e corrigir aquilo. Mas, por outro lado, até que se sentia feliz por não ter ido. Shizuo estava ali, amando-o do jeito que gostava, e Izaya correspondia do mesmo jeito.

Um pequeno, mas verdadeiro, sorriso brotou nos lábios de Izaya quando encarou o rosto sereno – e um pouco corado – de Shizuo. Seu coração estava desgovernado, louco. Batia tão rápido, tão forte, que o moreno acreditava que ele pudesse pular de sua caixa torácica a qualquer momento. Shizuo, percebendo o sorriso que se formara nos lábios finos – e levemente inchados por causa do beijo – , ficou confuso.

– Shizu-Chan é um bobo! – o informante de cabelos negros falou, divertindo-se com a situação. – Mas é um bobo muito romântico.

Izaya abraçou Shizuo. Não era um abraço que transmitia segundas intenções, mas era verdadeiro, era sincero. Carregava todo o agradecimento que Orihara tinha. Desde do início da relação, todas as coisas românticas que Shizuo fazia eram muito bem recompensadas pelo informante.

Izaya estranhava quando via o quanto havia mudado com o início do namoro. Mas o que ele poderia fazer? O amor muda as pessoas! Mesmo que essa pessoa seja um informante filho da puta que ama destruir a vida dos outros. Até mesmo uma pessoa assim, como Orihara Izaya, podia mudar!

O amor fazia coisas inacreditáveis.

– Não importa se eu estraguei a sua surpresa... – Izaya enterrou seu rosto na curva do pescoço de Shizuo, inalando com prazer o cheiro de só o loiro tinha. O guarda-costas, por sua vez, retribuiu o abraço, colocando uma de suas mãos nas costas do outro homem, trazendo-o para mais perto de si. – Estou pouco me lixando para a surpresa... – Shizuo poderia considerar essa frase como uma ofensa, mas queria ouvir até o final. – O que importa é que você está aqui...

Izaya vacilou um pouco, sentia-se tão patético por falar aquilo.

– Eu... Eu gosto de ficar assim, abraçadinho com o Shizu-Chan... – Izaya sentiu seu rosto esquentar de uma forma absurda e violenta. Shizuo ficou chocado, nunca imaginou que um dia ouviria o moreno falar aquilo. – Eu gosto do beijo do Shizu-Chan... É o melhor presente que eu ganhei.

Sim, com toda a certeza, o loiro corou, e muito. Ouvir aquele tipo de declaração sair dos lábios de um ser humano que destruía o emocional de muitas pessoas era uma grande surpresa. Mas o loiro nem se importou com aquilo. Sorriu, abraçando o moreno, enterrando seu rosto nos cabelos negros do mesmo, sentindo a maciez e o cheiro de hortelã do shampoo.

Os dois ficaram assim, apenas curtindo a companhia do outro. Para Orihara Izaya, aquele simples gesto de carinho e amor havia sido o seu melhor presente de aniversário.

Feliz Aniversário, Orihara Izaya!


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