SOS - Em má companhia escrita por Leelan


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Alguém aí querendo mais um cap? ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617136/chapter/7

Uma banana pelo pensamento de cada menino ali.

Melhor deixar claro que não era como se ela estivesse totalmente ok com aquilo, nem mesmo 80%, nenhum mosquito transmissor do calor caribenho tinha picado-a o suficiente pra ela estar pegando fogo. Quer dizer, ela os conhecia a vida toda e agora estava ficando nua - quase -, pode cavar o buraco.

E, no mais, banana? Eles não trocariam por banana, ninguém mais queria saber de banana e, que bom, ela não queria mesmo conhecer o que estava por trás daquelas caras de paspalhos. Mikasa riu por dentro, eles estarem boquiabertos já bastava. Eles. Ele.

Quando as pernas da calça finalmente passaram por seus pés, ela chutou a roupa para o lado e correu para a água. Era tão cristalino que podia ver a profundidade, e ela soube a hora certa de mergulhar, suspirando de alívio em pensamento. Como era bom, ser acariciada por aquela água gelada era tão gratificante que queria chorar. Ela ouviu quando os meninos entraram, sentiu as ondas que eles faziam, mas continuou boiando de barriga pra cima, os olhos fechados.

Um dedo traçou uma linha vertical de onde terminava seu sutiã até o seu umbigo e ela se arrepiou. Mas sempre foi controlada, e conseguiu dizer calmamente:

– Não abuse da sorte.

– Muita sorte. - Ele respondeu sorrindo, ela podia sentir, porque ainda mantinha os olhos fechados. - Quem diria que esse dia chegaria?

– Não seja tão… - Ela pensou rápido no que ele não devia ser. - ...virginal. São só um sutiã e uma calcinha simples.

Ele riu, mas também suspirou.

– Virginal são essas peças, mas inesperadamente quentes. Eu sei, se não são as peças, só pode ser o corpo por baixo.

Ela bufou.

– Me deixe em paz, estou no ápice do prazer, e você está estragando a vibe.

– Querida, não use essas palavras sujas comigo - Ele ronronou.

Ela voltou a ficar na vertical, batendo um pouco os braços para se manter na superfície e o encarou.

– Você. é. um. canastrão, sabia? - Perguntou, jogando água nele a cada palavra.

– E o que isso deveria significar? - Jean perguntou.

– Que você é péssimo. - Mikasa arqueou uma sobrancelha.

– Ah, é? - Ele jogou água nela.

– É. - Ela retribuiu o gesto e uma guerra d’água se instalou por um tempo, só chegando ao fim quando ela se impulsionou para cima e apoiou as duas mãos no alto da cabeça dele, empurrando-o para baixo - ao que ele deixou. Quando voltou, espirrou água pra todo lado, balançando a cabeça.

– Você está literalmente jogando água na minha arte de conquista. - Ele acusou, sorrindo.

– Mas é isso o que estou tentando te dizer - Ela respondeu, sorrindo. -, não é arte.

SE fossem um grupo de amigos, estariam em pares, realizando uma briga de galo ou algo assim, um tentando derrubar ou afundar o outro, mas não… seria até mais seguros que se mantivessem longes dessas atividades, porque definitivamente não seria uma brincadeira.

Jean ainda nadava, mas Mikasa se recolheu, sentada perto da margem. Como não queria ficar desfilando de calcinha e sutiã entre eles, ela tornou a vestir a roupa mesmo molhada e nem tremeu muito até se esquentar, o sol estava no auge. Alguém se sentou ao seu lado e ela esperou que fosse Armin.

– Ei.

Não era.

A não ser por apertar as mãos nos joelhos, que estavam dobrados até o peito, ela se manteve normal.

– Oi.

Eles ficaram ali, olhando para a frente, até mais um minuto se passar.

– Alguém conseguiu lidar com o Jean, hã?

Ela odiava os “hã?” nos fins de frases, eram pequenas provocações. Ela forçou pra não fechar os olhos, tentou intensamente.

– Não é tão difícil. - Ela respondeu pausada e calmamente. - Ele não é tão idiota.

Ele deu um risinho rouco de auto depreciação.

– Eu sou? - E, um momento depois: - Quer dizer, ainda?

– ...quando se conhece. - Ela pronunciou como se estivesse terminando a fala, mas ele não a tinha interrompido. Ela queria perguntar se ele entendeu. Entendeu a indireta, Eren? Mas não podia gritar. “Não vou perder o controle”

– Entendi. - Respondeu como se lesse sua mente, e ela de repente ficou com muita raiva. Seria típico dele ler sua mente, deixá-la sempre em desvantagem. - 15 anos podem ser 15 dias.

Ela franziu o cenho, mas não se atreveu a desviar o olhar daquela vegetação tão interessante do outro lado.

– Não em duração, passaram-se 15 anos.

– E você não me conhece? - Os pés dele empurraram mais a terra abaixo, provavelmente testando sua firmeza, provando que não podia desmoronar.

– Eu não quero mais conversar.

Mikasa levantou e andou até desaparecer por entre as árvores atrás dele.

Passou-se um bom tempo, os dedos de Jean já estavam terrivelmente enrugados, então ele saiu tremendo da água e se jogou na camisa, sem se importar de continuar de cueca. Olhou em volta e Armin e Eren estavam sentados juntos, ele ficou os encarando um pouco, vendo como interagiam, e se sentiu um cientista maluco. Obcecado com um grupo de animais do qual nunca iria fazer parte.

Se podia ter aversão a alguém, ele tinha à Eren. Ninguém o irritava mais, nem mesmo Anne. Então pensou nela e suspirou, querendo mudar de assunto. Olhou ao redor de si, mas nada de Mikasa. A tinha visto sair, mas já tinha se passado uma hora, mais ou menos. Onde diabos ela estava?

Não queria aprofundar o pensamento sobre nada, era o que o mantinha assim, de boa com a situação. Se é que podia caracterizar seu estado desde que tinha chegado ali como “de boa”. Ele sentia-se no limite o tempo todo, mas sempre que ia transbordar, soltava uma piada, irritava alguém, e assim conseguia manter aquilo dentro, acalmando. Era só não dar atenção. E, por isso, preferiu não dar atenção a sua recente “amizade” com Ackerman. Mas na falta do que fazer, não viu outra opção.

O que ele podia dizer, ou melhor, pensar? Ela era legal, bonita e o desafiava. Não tão legal, mais que bonita e o desafiava. Assim era mais verdadeiro. Mas apesar do tom de flerte da maioria de suas conversas, ele não tinha certeza sobre aquilo. Era mais brincadeira, achava. E ele se espantou ao chegar a uma conclusão meia boca de que, possivelmente, podia ser amigo de uma menina.

Jean Kirstein, quem diria.

Suspirou, olhando mais uma vez em volta, e começou a se preocupar com a ausência dela. Pela fisionomia de Armin, e um Eren em pé olhando para o além, eles também estavam desconfiados. Se não fosse lá puxar conversa, eles o deixariam ali, mas ele sempre podia segui-los, como quem não quer nada, era melhor do que ceder e transformar a relação estritamente de implicância que tinha com os dois.

Ele ouviu passos de alguém correndo e sorriu quando ela apareceu. Parecia um pouco descabelada agora que o cabelo secou, e as bochechas estavam vermelhas, certamente pela corrida. Ela colocou as mãos nos joelhos, como tinha feito após espantar o veado, e depois de um momento olhou para cada um deles. Se endireitando, puxou o cabelo para trás, prendendo em um coque com um elástico que estava em seu pulso e respirou fundo antes de falar.

– Eu vi alguém.

Um dos elementos chave de Mikasa definitivamente era a surpresa. Ela era uma mulher surpreendente. Jean pendeu a cabeça de lado e apertou os olhos, olhando-a até que a informação assentasse. Ao mesmo tempo que caia a ficha para Armin e Eren também.

– O QUÊ? - Os três gritaram.

– Era uma criança, no máximo adolescente. Tava cantado. Eu ouvi a melodia e a segui, silenciosamente, mas nem tanto porque a menina percebeu minha presença, arregalou os olhos e correu. Eu a segui, mas a perdi. Ela conhece muito isso aqui, me deixou pra trás.

– Isso demorou uma hora?

– Eu me perdi - Ela revirou os olhos. - Quando a perdi, ainda tentei descobrir algum caminho, andei mais um pouco, mas pensei que me perderia, quando na verdade já estava perdida. - Ela fez um som indignado de frustração, os olhos brilhando.

– Ei, o importante é que você viu. - Armin tentou acalmá-la.

– Não, Armin, teria sido mais importante que eu a alcançasse, interrogasse, sei lá. Algo útil, algo que nos tirasse daqui, desse verde horrível. Chega de verde, tô cansada!

Armin não ousou comentar que verde era a cor preferida dela, enfatizar as artimanhas do carma nunca era uma boa ideia.

– Como ela era, a menina? - Eren perguntou.

À medida que ela ia descrevendo - normal, negra, batia na sua cintura, olhos grandes e bonitos, vestuário comum -, Jean se perguntou como aquela pergunta valia de alguma coisa, mas à medida que ela ia descrevendo, ela ia ficando mais calma e Jean olhou para o asno do Eren e o achou menos asno que o usual, não que um dia fosse admitir.

– É isso, civilização. Estamos perto! - Armin reforçou a ideia, ao que Mikasa reagiu querendo partir naquela hora mesmo.

– É melhor não. - Eren a interrompeu.

– Mikasa - Armin foi ao auxílio de Eren, antes que ela o devorasse com o olhar, e sorriu para a amiga. - Devemos estar no meio da tarde, logo ficará escuro. É melhor aqui, perto do rio, onde podemos aproveitar do recurso mais um pouco antes de nos jogarmos no desconhecido, do que em um pedaço de mata idêntico a qualquer outro, sem saber se longe ou não do alvo.

Ela suspirou, se rendendo.

– Tá. Vamos catar alimento, então.

– E galhos. - Contribuiu Jean. - Não custa nada manter nossos colegas irracionais longe.

Mais tarde eles sentaram pra comer e uma conversa sobre super heróis acabou surgindo. É claro que Eren e Jean tinham que descordar um do outro em tudo, mas foram surpreendentemente civilizados quanto a isso. Mikasa disse que heróis eram humanos com poderes, ou seja, um outro nível de fodidos. Ela estava muito bem sem poderes para potencializar sua bagunça e os meninos riram, dando crédito a sua observação.

– Mas eu não me importaria de ter uma super mente fotográfica… - Armin não resistiu em divagar, e é claro que suscitou os outros meninos a listarem que poderes gostariam. Mikasa só ria e comentava, satisfeita por ser “normal”.

Quando a noite baixou, eles distribuíram os galhos em uma fogueira e descobriram que Jean tinha um isqueiro consigo, para salvação da nação. Não precisou de acordo ou conversa quando se deitaram para dormir, extremamente cansados após a longa caminhada no calor escaldante da manhã, eles sabiamente deitaram um ao lado do outro - Jean, Mikasa, Armin e Eren -, de frente para a fogueira. Mikasa fez menção de vestir o casaco, mas a noite estava fresca e não precisava, pôs a malinha embaixo da cabeça e apagou. Assim como foi fácil dormir, foi fácil acordar.

Os olhos estavam injetados, ainda estava escuro, mas a fogueira não tinha acabado, proporcionando um pouco de luz. Ela não sabia porque tinha acordado e resmungou, apertando mais o rosto no material abaixo. Talvez porque estivesse esfriando, e ela se encolheu, tentando garantir mais um pouco de calor.

Foi um segundo. Ela estava pensando sobre pegar o casaco, pesando os prós e contras, sendo o único contra ter que se mover quando só o que queria era dormir. Ela estava pensando, quando seu olhar vagou e fixou em uma figura, em pé, ao lado de Jean. Olhando pra eles, olhando pra ela.

Um segundo para que ela começasse a gritar histericamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bjos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "SOS - Em má companhia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.